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segunda-feira, 8 de outubro de 2018

Alimentação rica na infância ajuda a evitar a perda auditiva na juventude


Quanto menor o consumo de frutas, vegetais e proteínas durante os primeiros anos de vida, maior o risco de subnutrição, o que pode levar à perda de audição na idade adulta



Quem não conhece uma criança que tem dificuldade para comer mas que se entope de guloseimas? Esse hábito ruim, que muitos pais fingem não ver, pode causar uma série de prejuízos à saúde, inclusive danos na formação do sistema auditivo. Estudo realizado pela Universidade Johns Hopkins Bloomberg School of Public Health, nos Estados Unidos, mostrou que jovens adultos, desnutridos na primeira infância, têm duas vezes mais chances de perda auditiva. Por isso, quanto menor o consumo de frutas, vegetais e proteínas durante os primeiros anos de vida, maior o risco de subnutrição ou mesmo de desnutrição, o que pode levar à perda de audição na idade adulta.

A pesquisa testou a audição de mais de 2.200 jovens adultos. Todos os participantes do estudo tinham feito parte, 16 anos antes, quando crianças, de um teste nutricional realizado no Nepal. “Nossas descobertas ajudam a esclarecer as consequências do alto nível de negligência das políticas públicas e como uma intervenção nutritiva mais cedo na infância ajudaria a prevenir a perda auditiva”, disse Keith West Jr., professor do International Health at the Bloomberg School, principal pesquisador do estudo.

Ser muito franzino na infância pode ser consequência de má alimentação, tornando as crianças mais suscetíveis a infecções, incluindo a dos ouvidos, que repetidamente podem causar perda de audição. “Muita gente não sabe, mas o labirinto, órgão responsável pelo equilíbrio, fica na parte interna dos ouvidos. Uma vez inflamado, pode afetar as células ciliadas causando a perda de audição”, explica Isabela Papera, fonoaudióloga da Telex Soluções Auditivas.

Durante a vida adulta não há mais produção das células ciliadas, que ficam na cóclea, logo à frente do labirinto, e são responsáveis pela audição sensorial. Quando danificadas, não se regeneram. “Dessa forma, o indivíduo vai perdendo a audição ao longo dos anos, dependendo dos hábitos e ambientes - com pouco ou muito barulho - que frequentam. Má alimentação pode agravar a situação”, acrescenta a fonoaudióloga, que é especialista em audiologia.

Para evitar a subnutrição das crianças, é importante proporcionar a elas uma alimentação bastante variada, rica em alimentos que possuem potássio e vitaminas (como A, C, E), entre outros, que são importantes para a formação de uma boa saúde auditiva.  Muitas crianças têm uma alimentação pobre porque os pais não se esforçam para que provem outros nutrientes. Eles precisam ficar mais atentos às dietas alimentares para que os filhos não sofram efeitos negativos em seu desenvolvimento.

"São causas relativamente frequentes de subnutrição infantil: introdução inadequada dos alimentos, hábitos alimentares errados, déficit específico de micronutrientes, alta frequência de infecções, histórico de prematuridade e saneamento básico domiciliar precário ou inexistente. Nota-se nesse estudo que baixo peso para a idade e baixa estatura durante a infância afetaram profundamente a capacidade física e geraram a perda auditiva”, diz a nutricionista Luciana Coppini, membro da Câmara Técnica do Conselho Regional de Nutricionistas da 3ª Região SP-MS.

Por outro lado, quem pensa que a falta de nutrientes prejudica o indivíduo apenas durante a infância está errado. O jejum prolongado afeta muito a audição. Ficar sem se alimentar por um longo tempo pode acarretar perda auditiva, zumbido e tontura. O mesmo se aplica a uma criança que passa longos períodos sem ingerir água. As células ficam desnutridas, podendo afetar o fluxo de sangue no órgão auditivo.

“Muitos acreditam que a perda de audição é resultado de ações presentes, mas os danos à audição podem começar nos primeiros anos de vida. Uma dieta pobre na infância é um fator de risco para perda auditiva em outros estágios da vida”. Cuidar bem da alimentação é cuidar também da saúde auditiva, conclui a fonoaudióloga da Telex.


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