O Brasil é o segundo país
mais estressado do mundo, de acordo com uma pesquisa feita pelo International Stress Management
Association. Na nossa frente, apenas os japoneses. O que mais estressa o
brasileiro é o trabalho, segundo 69% dos
entrevistados. Eles relatam sofrer com as longas jornadas de trabalho,
sobrecarga de tarefas e tensão no ambiente corporativo. Com a crise, a situação
só se agravou. Quem continua empregado, passou a assumir o trabalho que antes
era feito por três, quatro pessoas. E o fantasma da demissão continua
assombrando.
Os
transtornos mentais e emocionais são a segunda causa de afastamento do trabalho
no Brasil. Nos últimos dez anos, a concessão de auxílio-doença desses males
aumentou em quase 20 vezes, segundo o Ministério da Previdência Social.
Frequentemente, os doentes ficam mais de 100 dias longe de suas funções. No
mundo todo, os gastos com essas doenças podem chegar a 6 trilhões de dólares
até 2030, mais do que a soma dos custos com diabetes, doenças respiratórias e
câncer, de acordo com do Fórum Econômico Mundial. Ainda assim, apenas 18%
das empresas brasileiras mantém algum programa para cuidar da saúde mental dos
seus colaboradores.
Nos altos
cargos, a situação é ainda pior. Gerentes, diretores e presidentes são cada vez
mais exigidos. A pressão por resultados é grande e a responsabilidade delegada
a esses profissionais chega a ser insana. Muitos acabam criando rotinas
desgastantes, buscando superação e um perfeccionismo inatingível. Mesmo quando
não estão na empresa, continuam trabalhando em seus smartphones e laptops.
Algumas empresas, em busca de resultados audaciosos, chegam a estimular a
competição entre os próprios colaboradores, criando ambientes insalubres.
Provar sua
capacidade vira uma obsessão para muitos. Na ânsia por melhores resultados,
alguns acabam passando por cima de si mesmos e de seus limites. Quem permanece
na empresa sente a pressão diária pelo atingimento de metas, gerando um clima
de competitividade. Assim, o clima organizacional vai pesando, a comunicação
deixa de ser fluida e o estresse toma conta. Os relacionamentos se tornam
conflitantes, já que não há mais espaço para uma troca saudável entre as
pessoas. Nesses casos, é mais sábio evitar o confronto e apostar no diálogo.
Combater
essa situação não é algo fácil. O profissional precisa, primeiramente,
desenvolver técnicas para uma melhor gestão do seu tempo. É preciso priorizar
as tarefas em vez de achar que dá conta de tudo. Nesse sentido, também é muito
importante aprender a dizer não. Nem tudo é possível, e é necessário comunicar
isso com clareza e honestidade. Para isso, os profissionais precisam
desenvolver inteligência emocional. Infelizmente, costumamos ver excelentes
técnicos, mas péssimos gestores emocionais. Terapia e Coaching são técnicas que
podem ajudar muito no autoconhecimento.
Outro ponto
essencial é buscar o equilíbrio entre vida pessoal e profissional. É preciso
quebrar a rotina de trabalho com atividades prazerosas, como uma atividade
física, aulas de pintura, culinária, meditação, etc. Em casa, não há espaço
para o profissional, e sim para o marido, pai, filho, irmão. Quem leva trabalho
para casa constantemente acaba criando conflitos nas relações familiares. Quem
não cria válvulas de escape para desacelerar pode ficar doente ou até adotar
vícios, como álcool e drogas.
Por fim,
mesmo ao longo da dura rotina no trabalho, é importante que o profissional se
permita pequenas pausas. Muitas vezes, um café no meio da tarde ou um almoço em
boa companhia podem proporcionar um relaxamento importante para quebrar o
estresse. Nosso cérebro precisa de descanso para funcionar a pleno vapor.
Profissionais que se permitem ter esses pequenos prazeres ao longo do dia
costumam ser mais criativos e produtivos. Muitas vezes, cinco minutos de
descanso podem render mais que longas horas de trabalho.
Fernanda Andrade -
Gerente de Hunting e Outplacement da NVH - Human Intelligence.
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