Em menos de 15 dias nos deparamos com a morte de
duas figuras que nos proporcionaram boas risadas em filmes e séries. Robin
Williams, ator e comediante Hollywoodiano, e Fausto Fanti, comediante
brasileiro, supostamente compõem os 350 milhões de pessoas no mundo que sofrem
com a depressão, segundo dados da Organização Mundial da Saúde.
Mas afinal, o que é a depressão? É tristeza?
Desânimo? Cansaço? Vontade de chorar?
A depressão é um transtorno caracterizado pela
presença de sintomas como: humor deprimido, perda de interesse e prazer em
entretenimento, cansaço devido ao aumento da fadiga e diminuição da energia,
sentimento de culpa e inutilidade, pessimismo intenso, insônia ou aumento da
necessidade de dormir, alteração de apetite, aumento da sensação de dor, perda
de memória, dificuldade de concentração e diminuição de desempenho em
atividades rotineiras.
A depressão, como qualquer outra doença médica,
pode ter diferentes graus de intensidade e necessitar de diversos tipos de tratamento
Casos em que há risco de morte ou alguma impossibilidade de tratamento
ambulatorial necessitam de internação hospitalar enquanto outros casos podem
ser acompanhados em casa com medicamentos e psicoterapia ou mesmo só
psicoterapia.
Atualmente a questão “depressão” é supervalorizada
ou menosprezada pela população. Algumas atividades do dia a dia vão exigir um
esforço maior do que o costume e isto não significa que a pessoa está com o
desempenho comprometido e consequentemente sofrendo com depressão.
O mesmo acontece para o oposto, diagnósticos da
doença são encarados como frescura, falta de fé ou do que fazer e são
mascarados pelos pacientes por meio de sorrisos vazios e alegrias transbordando
tristeza.
O quadro pode ser desencadeado por uma série de
fatores, por exemplo, diagnóstico ou recuperação de doenças físicas, traumas
recentes, problemas sérios na vida profissional e pessoal, fracasso em relação
a algo que se buscava o sucesso. A depressão não escolhe classe social, sexo ou
idade.
Muitas vezes familiares e amigos bem intencionadas
afirmam que a pessoa não precisa de remédios para ser feliz, afinal tem uma boa
família e saúde. Porém, ninguém daria um conselho deste a um diabético,
por exemplo. A depressão é uma condição médica e grande parte das recaídas
acontecem por abandono de tratamento influenciado por sugestão de amigos,
parentes ou vizinhos. Por isso, em primeiro lugar, temos que respeitar quem
está doente e apoiá-lo a fazer o tratamento. A medicação não irá modificar a
personalidade da pessoa, nem deixá-la apática sem opiniões próprias, mas irá
sim tratar essa condição médica que leva o paciente a ter um enorme sentimento
de culpa, pessimismo, tristeza etc.
Mas por que não aceitar ser afetado por este
problema?
- Ponto de referência: algumas pessoas acometidas pela doença são referência dentro do seu ambiente de trabalho ou são pilares importantes dentro da relação familiar, por isso, não aceitam o diagnóstico.
- Perfil: outra parcela de pessoas afetadas pelo transtorno possui um perfil nervoso ou explosivo e consideram a inconstância normal em suas vidas. Ou o contrário, a pessoa é extremamente engraçada e autêntica e não aceita passar por um quadro depressivo.
- Falta de informação: a depressão pode ser considerada uma doença relativamente nova, pois 20 ou 30 anos atrás os especialistas não discutiam sobre o assunto com a mesma seriedade que é tratado atualmente. Hoje muito se fala sobre, mas, muitas vezes, a pessoa por possuir uma origem simples não aceita ser vítima deste transtorno.
A depressão é um problema muito complexo que pode
levar o paciente à morte, não só por suicídio, mas também por negligência de
cuidados com outras doenças. Atualmente dispomos de um arsenal terapêutico
vasto que pode melhorar muito a qualidade de vida das pessoas.
A busca pela felicidade e qualidade de vida não é
utópica, muito pelo contrário, todos nós, independente de posição social e
responsabilidades, podemos ter uma excelente qualidade de vida.
Doutor Douglas Motta Calderoni - médico psiquiatra
e sócio-fundador da clínica Sintropia.
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