Especialista explica por que e dá dicas de outras medidas que
podem ajudar
Que o leite materno é um superalimento para o bebê, todo mundo
concorda. Diversos estudos têm demonstrado o quanto ele pode fazer diferença,
não somente na primeira infância, mas durante toda a vida. É possível,
inclusive, comprovar como a ação do aleitamento pode modificar o organismo,
para melhor. “Pesquisas feitas por meio de medidas ultrassonográficas mostram
aumento do órgão chamado ‘timo’ em crianças de 4 meses de idade com amamentação
exclusiva no peito, em comparação com as que não mamavam. O timo é um dos
órgãos responsáveis pela imunidade e formação de anticorpos”, explica o
otorrinolaringologista do Hospital CEMA, Gustavo Mury.
O aumento da
glândula é bem substancial, chegando a dobrar de tamanho. “Isso mostra o quanto
os componentes do leite materno são importantes na formação e amadurecimento do
sistema imunológico infantil”, diz o médico. Além desse crescimento do timo, um
estudo divulgado no jornal oficial da Academia de Pediatria Americana mostrou
redução nas infecções de garganta, ouvido e seios paranasais – as mais comuns
na infância – em crianças que se alimentaram exclusivamente no peito até os 6
meses de idade. Os benefícios da amamentação vão além dos primeiros meses,
reduzindo o número de consultas médicas e episódios de rinossinusites até os 6
anos de vida.
O ato de sugar
também tem um importante papel no desenvolvimento estomatognático – composto
pelos músculos, dentes, ossos e nervos da cabeça e pescoço -, levando ao
crescimento harmônico do maxilar e arcos dentários. “Enquanto a respiração, a
deglutição e a mastigação devem se desenvolver paralelamente na criança,
existem diferenças no aprendizado destes movimentos coordenados entre aquelas
amamentadas no peito e na mamadeira”, detalha o especialista. O hábito
alimentar da mamadeira pode levar ao desenvolvimento de modos de sucção não
nutritivos, gerando má oclusão dentária que repercute na vida adulta, caso não
seja diagnosticada a tempo.
Além disso, os
nutrientes e minerais presentes no leite materno são mais facilmente absorvidos
pelos bebês, contribuindo com a mineralização dos dentes, aumento da imunidade
e supressão da propagação de bactérias na boca e parte superior do aparelho
respiratório. A amamentação ajuda ainda na prevenção de alergias. Um
levantamento feito em mais de mil artigos científicos publicados pelo mundo,
entre 1983 e 2012, mostrou redução dos riscos para o desenvolvimento da asma
até os 2 anos de idade nas crianças que mamaram no peito. “Embora de forma não
tão clara, parece existir benefício até a idade escolar na redução desses
índices”, diz o otorrinolaringologista.
Como medida
complementar para fortalecer a imunidade das crianças pequenas, o médico
recomenda a lavagem nasal com soro fisiológico. “Ela deveria ser feita em todas
as idades como um hábito diário, da mesma forma que escovar os dentes, pois é
uma medida que complementa o combate às infecções das vias aéreas, sendo mais
eficaz que o uso de antibióticos no tratamento de sinusites”. Ter uma
alimentação saudável, praticar esportes, evitar o tabagismo, manter a casa
sempre limpa, evitar contato com produtos químicos e consultar regularmente o
médico são algumas das medidas que auxiliam na prevenção de doenças na primeira
infância. A amamentação, nesse cenário, deve sempre ser incentivada. “O
aleitamento materno é ainda a forma mais simples e com melhor custo-benefício
para prevenir infecções e alergias. É a melhor proteção que se pode dar para o
bebê”, finaliza o médico do CEMA.
Instituto CEMA
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