Uma triste estatística: cerca de 280 mil mulheres morrem, todos os
anos, em decorrência de complicações no parto no mundo, segundo a Organização
Mundial da saúde. Estes dados estão bem longe da meta estipulada pela ONU e
fazem parte dos objetivos do desenvolvimento do milênio. No Brasil, em 2015,
foram 62 casos por 100 mil nascidos vivos, dados que ainda estão longe do
ideal. Ainda assim, o Brasil conseguiu avanços significativos e reduziu em 43%
as mortes maternas entre 1990 e 2013. Mas ainda estamos longe. A meta
brasileira para diminuir esse triste índice é chegar em 2030 a 20 mortes a cada
100 mil nascidos vivos. A mortalidade materna pode ocorrer entre o ciclo
gravídico puerperal e até 8 semanas após o parto. As principais causas dos
óbitos são a eclâmpsia (ocorrência grave decorrente de pressão alta durante a
gestação), hemorragia pós-parto, infecções puerperais ,doenças do aparelho
circulatório complicados pela gravidez e aborto clandestino. As condições
sociais e econômicas da população estão intimamente relacionadas a estes
desfechos trágicos.
Segundo a Dra. Marisa Patriarca, médica ginecologista e obstetra,
com mais de 30 anos de carreira e professora de pós-graduação da UNIFESP, essa
triste realidade decorre da atual realidade do sistema de saúde. Embora o
acesso às consultas de pré-natal tenha melhorado– devem ser no mínimo seis – a
qualidade do atendimento público piorou nos últimos anos.
O óbito materno é um importante indicador da deficiência da
qualidade da assistência à saúde feminina e o Brasil ainda está muito aquém das
metas propostas.
Medidas governamentais mais efetivas na formação de bons
profissionais de saúde, bem como na promoção da saúde, principalmente para a
população mais vulnerável, poderão melhorar a saúde integral da mulher e
diminuir ainda mais a mortalidade materna. É imperioso a adoção de medidas
preventivas com avaliação clínica e ginecológica anual, controle da obesidade,
da hipertensão, do diabetes e facilitar práticas esportivas e boa alimentação.
Dra. Marisa chama a atenção de todos nesse Dia Nacional de Combate
à Mortalidade Materna : “tenho certeza que esse assunto tão delicado e
relevante é de responsabilidade de todos na sociedade e que devemos nos
mobilizar para evitar tragédias que marcam famílias inteiras pelo resto da
vida.
Dra. Marisa Patriarca é ginecologista e obstetra.
Professora de ginecologia do curso de pós-graduação da Unifesp. Tem mestrado e
doutorado pela Unifesp. É médica assistente doutora e coordenadora do
Setor Multidisciplinar de Pesquisa em Patologia da pele feminina do
Departamento de Ginecologia da Unifesp. Chefe do Setor de Climatério do
Hospital do Servidor Público Estadual de São Paulo ( IAMSPE).
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