O
vício em determinados tipos de alimentos foi discutido no XX Congresso
Brasileiro de Nutrologia, que está sendo realizado no Centro de Convenções Frei
Caneca, em São Paulo, até amanhã, dia 8 de outubro. Em palestra na manhã de
hoje, a Dra. Karen Muñoz, médica nutróloga do Hospital Ernesto Dornelles, de
Porto Alegre, traçou um paralelo entre o vício já conhecido em substâncias
químicas e as reações provocadas pela ingestão excessiva de alimentos
industrializados e processados, como açúcar, sal e gordura, conhecidos como
hiperpalatáveis, indicando que ambos são ligados ao alívio de um estado
emocional negativo. Causas emocionais e falta de informação são detectadas como
principais responsáveis pelo desenvolvimento de distúrbios alimentares.
O
tema é polêmico, mas alguns testes têm contribuído para o entendimento do
problema.
Em um deles, apresentado pela Dra. Karen, a conclusão foi
que as pessoas consideradas viciadas, ao ingerirem milk shake, tiveram o
sistema nervoso mais ativado do que as outras que não apresentavam os sintomas
(consumo independente da fome, fadiga após a ingestão, ansiedade e agitação
quando não é feito o consumo, ingerir esses alimentos mesmo sabendo que causará
mal-estar, entre outros). Segundo a médica, o tratamento é semelhante ao de um
dependente químico: envolve conversas motivacionais, terapia
cognitivo-comportamental e o paciente deve buscar uma adequação em sua rotina,
procurando estratégias saudáveis para tolerar sentimentos como angústia,
tristeza e raiva.
“Eu costumo recomendar que, se o paciente estiver triste, é
melhor ele chorar do que descontar os sentimentos nos alimentos”, brinca a
especialista.
A
nutricionista Rita Coelho Lamas, também palestrante no Simpósio, alertou para
outro problema: as dietas da moda. Segundo ela, as promessas de resultados
milagrosos, rápidos e os desafios impostos são os principais atrativos para que
esses procedimentos fiquem tão famosos. Sua aula, porém, indica que não são
benéficos para a saúde de quem os adota. Citando os exemplos das conhecidas
dietas ‘das proteínas’, ‘detox’, ‘dos dois dias’ e ‘paleolítica’, ela alertou
para a linguagem convincente utilizada pelos autores, mostrou que estudos não
comprovam a efetividade dos métodos e indicou “cada paciente é um caso e dietas
realizadas espontaneamente não são positivas para a saúde”.
A
ABRAN é uma entidade médica científica reconhecida pelo Conselho Federal de
Medicina. Fundada em 1973, dedica-se ao estudo de nutrientes dos alimentos,
decisivos na prevenção, no diagnóstico e no tratamento da maior parte das
doenças que afetam o ser humano, a maior parte de origem nutricional. Reúne
mais de 3.800 médicos nutrólogos associados, que atuam no desenvolvimento e
atualização científica em prol do bem estar nutricional, físico, social e
mental da população. Visite WWW.abran.org.br
e curta a ABRAN no Facebook: www.facebook.com/nutrologos
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