As carótidas são
artérias localizadas nos dois lados do pescoço, responsáveis por transportar
sangue rico em oxigênio para o cérebro. Quando um desses vasos calibrosos
não está em pleno funcionamento, talvez pelo acúmulo de placas de gordura
(calcificadas ou não) em suas paredes, o cérebro fica sem o suprimento
necessário e o paciente pode sofrer um AVC (acidente vascular cerebral). Estudo
recentemente publicado no JAMA Internal Medicine, jornal da Associação
Médica Americana, avalia que mais de 90% das ultrassonografias das carótidas em
pacientes assintomáticos foram solicitadas de forma inapropriada. Atualmente,
há novas recomendações.
A equipe liderada
pelo médico Salomeh Keyhani, da Universidade da Califórnia (Estados Unidos),
destacou a necessidade de melhorar a base de evidências de testes de ultrassom
da carótida. Esclarecer as diretrizes atuais e desenvolver ferramentas de
suporte à decisão com base em evidências tem se mostrado fundamental para
selecionar bem o paciente que precisa fazer exames de imagem das carótidas –
sendo útil no longo prazo. Até 15% dos AVCs isquêmicos são causados por
aterosclerose das carótidas.
Além de servir para
diagnosticar doenças nessas artérias, esse exame tem a função de avaliar o espessamento médio-intimal
(EMI) da parede da artéria carótida comum, que é considerado fator de risco
cardiovascular, incluindo doença arterial coronariana precoce. “Vale lembrar
que a disfunção erétil de origem arteriogênica pode ser a primeira manifestação
de doença cardiovascular por aterosclerose”, diz Leonardo Piber, médico
ultrassonografista do CDB Medicina Diagnóstica, em
São Paulo.
Piber afirma que
cerca de 50% dos pacientes que sofreram infarto já tinham também placas
obstruindo vasos do coração. “De modo geral, as pessoas não devem achar que
podem comer de tudo, sem censura, e que o organismo não vai se ressentir mais
adiante. Quando você tem uma dieta pouco saudável, rica em carnes vermelhas,
carboidratos, sal e açúcar, mais cedo ou mais tarde surgem problemas de saúde.
Principalmente se, além disso, você for fumante, sedentário ou se tiver pais
que já sofreram infarto ou derrame”.
O médico explica que
o ultrassom das carótidas com Doppler é um dos melhores exames para avaliar o
problema. “Trata-se de um procedimento rápido e indolor que evidencia o
espessamento da artéria carótida. O resultado costuma ser usado como referência
da doença vascular. Por exemplo, quando um paciente adulto (menos de 65 anos)
tem um espessamento de artéria maior que um milímetro, o risco de ele sofrer um
infarto ou um AVC é seis vezes maior. Neste caso, seu médico cardiologista
deverá fazer um controle mais rígido das taxas de colesterol e triglicerídeos,
da pressão arterial e, inclusive, um controle do peso”.
Na opinião do
especialista, quem tem histórico familiar de doenças do coração deve se
prevenir desde os 35-40 anos. “Nessa faixa etária, é sempre bom procurar um
médico, fazer todo o check-up do coração e dar início a um projeto de vida que
contemple evitar o acúmulo de placas de gordura nas artérias. Até mesmo um
simples exame de sangue poderá apontar o risco de a pessoa sofrer um infarto em
cinco ou dez anos. Mas quem tiver condições de fazer toda a bateria de exames,
incluindo o ultrassom das carótidas, terá uma noção mais próxima da realidade
sobre o que deve fazer para preservar a saúde por mais tempo e evitar um
infarto ou um derrame cerebral. Geralmente, mudanças na dieta, a prática de
exercícios aeróbicos e o abandono do fumo e do álcool em excesso, vão ajudar
bastante – associados, muitas vezes, a medicamentos de uso contínuo”.
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