O Centro de Informações sobre Saúde e Álcool –
CISA, uma das principais fontes no país em relação ao binômio Saúde e Álcool,
oferece dicas e orientações de como pessoas próximas podem conversar com um
indíviduo que tenha problemas com o consumo excessivo de álcool para auxiliá-lo
na buscar por ajuda. A família e os amigos desempenham papel muito importante
na identificação dos problemas por uso de bebidas alcoólicas e, em especial,
podem motivar o indivíduo a iniciar e permanecer em tratamento.
A dependência do álcool é uma doença complexa,
pois ao mesmo tempo em que a pessoa enxerga os problemas gerados pelo uso e a
necessidade de parar de beber, ainda há motivações para continuar bebendo. No
Brasil, estima-se que 5,6% dos brasileiros apresentam transtorno relacionado ao
uso do álcool, seja abuso ou dependência. Ou seja, cerca de 6% dos adultos
brasileiros possuem, ao menos, um problema social ou de saúde, para si ou para
terceiros, associado ao consumo nocivo de bebidas alcoólicas. Quando os
problemas são mais numerosos e impactantes, o transtorno caminha para o
diagnóstico de dependência ou alcoolismo.
Para compreender a dificuldade, é necessário
reconhecer que o consumo de álcool conta com uma considerável aceitação social,
o que dificulta o reconhecimento de padrões de uso que podem gerar prejuízos em
diferentes níveis. O êxito na ajuda oferecida ao alcoolista dependerá do grau
de dependência, da consciência dos problemas que o hábito está causando e da
relação de confiança estabelecida com a pessoa que se prontificou a auxiliar.
A boa notícia é que a maioria das pessoas com
transtorno por uso de álcool pode se beneficiar de alguma forma de tratamento.
Pesquisas mostram que cerca de um terço das pessoas tratadas não apresentam os
sintomas após um ano e muitos outros reduzem significativamente o consumo da
substância, relatando menos problemas relacionados ao álcool e melhora
consistente na qualidade de vida.
O CISA apresenta algumas dicas para lidar com
essa situação, mas lembre-se de que os efeitos são variáveis de acordo com cada
pessoa. Por isso, o ideal é buscar ajuda de um profissional da saúde
especializado para obter orientações mais adequadas a respeito do caso em
questão.
O fundamental é fazer uma aproximação afetuosa
e amigável, com respeito pela pessoa, sem acusá-la ou culpá-la por seu
comportamento relacionado ao uso do álcool. Uma abordagem acusatória leva a
pessoa a reforçar suas defesas e negar que esteja enfrentando problemas.
Observe que o simples fato de mostrar a preocupação e assegurar o apoio no
processo de busca por tratamento já é muito valioso.
• Antes de
iniciar a conversa, verifique se a pessoa está sóbria. A conversa deve ser
conduzida com calma e em ambiente com privacidade.
• Evite
rodeios. Diga que está preocupado com o consumo e quer auxiliá-lo a procurar
ajuda. Fundamente a conversa com exemplos de situações negativas que ocorreram
com ele em função do uso do álcool.
• Trabalhe
com a motivação para que a mudança seja feita por meio de uma relação amiga,
mas também firme, procurando ajudá-lo a reconhecer que pode ter desenvolvido
uma doença e que as pessoas não esperam que ele vá conseguir parar de beber
sozinho, incentivando a busca por tratamento.
• Procure
demonstrar que há um lado prejudicial desse comportamento, fazendo-o considerar
os motivos que teria para continuar e os motivos para interromper o uso, com o
objetivo de reforçar o desejo de mudar que o dependente tem, mesmo que de forma
inconsciente.
• Uma vez
que a motivação para mudança pode oscilar constantemente, a ajuda precisa estar
sempre disponível. Mantenha uma relação de troca, ofereça suporte e se informe
sobre as opções de tratamento.
• Tenha a
consciência de que mesmo com muito esforço e dedicação, a mudança será um
processo difícil, demorado e permeado por dúvidas e recaídas.
Ajudar um dependente de álcool a mudar seu
comportamento não é simples, mas o primeiro passo pode ser dado com a
compreensão, o apoio e a disposição de fazê-lo refletir e, junto a ele,
encontrar um caminho. Por isso, além de auxiliar o indivíduo, é importante que
haja um acompanhamento específico e dirigido aos amigos e familiares, para que
todos possam compreender a doença e seus desdobramentos e, posteriormente,
receber orientação adequada sobre a melhor forma de ajudar o outro e a si
mesmo.
http://cisa.org.br/
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