(Imagem
meramente ilustrativa)
Mulheres,
por receio, ainda negligenciam o exame fundamental para rastreamento de câncer
de mama
Patrícia Pillar,
Elba Ramalho, Arlete Salles, Joana Fomm, Sheryl Crow, Shannen Doherty, Brigitte
Bardot, Jane Fonda, Costanza Pascolato e Joyce Pascowitch são alguns exemplos
de profissionais que se destacam nas carreiras de atriz, cantora,
apresentadora, jornalista ou ícone da moda. Entretanto, mais do que a fama,
estas mulheres têm uma luta em comum: todas elas foram diagnosticadas com
câncer de mama e venceram a batalha contra a doença.
Para muitas
delas, o grande fator que contribuiu para o bom desempenho do tratamento foi o
diagnóstico precoce da doença, que pode ser feito através de mamografia. O
autoexame também é importante, mas não substitui a mamografia. Muitas mulheres
ainda não criaram o hábito de fazer o acompanhamento anual com o ginecologista.
Foi justamente para realçar a importância de realizar o exame para a detecção
precoce do câncer de mama que um Projeto de Lei da Senadora Maria do Rosário
(PT-RS), instituído há dois anos, estabeleceu o dia 5 de fevereiro como o Dia
Nacional da Mamografia.
Muitos podem
ser os fatores que fazem com que as mulheres tentem evitar o exame: desde o
receio de sentir dor na hora da mamografia até o medo de receber um diagnóstico
positivo em relação à doença. Esses motivos as levam a retardar ou ignorar o
exame, que é fundamental para o rastreamento do câncer de mama.
Para os especialistas, a questão da dor na hora de fazer a mamografia é
relativa. “Existem mulheres que não sentem nada, nem dor nem desconforto. Já
outras sentem apenas uma rápida pressão nas mamas; e ainda há aquelas mais
sensíveis que podem sentir um pouco de dor”, explica a ginecologista Lilian
Fiorelli. “Mas, esta dor é passageira e suportável. Mais do que isso: no caso
das mulheres mais sensíveis, é importante ressaltar que é um pequeno
desconforto que pode salvar a vida. E é isso que as mulheres precisam entender
para superar o medo de realizar o exame”, complementa.
Ter um diagnóstico positivo em relação à doença é outra causa que
amedronta. “Por mais assustador que seja receber esta notícia, em muitos casos,
a doença é detectada no início, o que beneficia muito o tratamento. Ademais, a
medicina está avançada e os casos de cura completa têm sido cada vez mais
frequentes”, destaca Lilian.
Ressaltar a
prevenção é importante uma vez que o câncer de mama é o tipo de câncer mais
comum entre as mulheres no Brasil e no mundo, depois do de pele não melanoma.
Eles correspondem a cerca de 25% dos casos novos de câncer diagnosticados a
cada ano. Dados do Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM) do Instituto
Nacional do Câncer (INCA) apontam que, em 2013, mais de 14 mil mulheres
morreram por conta da doença no País. Para este ano, a estimativa é de 57.960
novos casos. “O trabalho ainda é grande para
desmistificar algumas informações e reforçar a importância da prevenção, que
deve ser feita de forma contínua”, avalia a ginecologista.
A especialista explica que a doença é mais rara antes dos 35 anos. “Acima desta idade, sua
incidência cresce de maneira progressiva, especialmente após os 50 anos”, diz.
Mas, mesmo fazendo parte do grupo de risco, muitas mulheres ignoram a
prevenção. Segundo informações da Pesquisa
Nacional de Saúde (PNS) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
(IBGE), divulgada no segundo semestre de 2015, quase 40% das mulheres entre 50
e 69 anos não fizeram mamografia em 2011 e 2012. O índice é maior quanto menor
é o grau de escolaridade: entre as que não têm qualquer instrução ou têm o
ensino fundamental incompleto, 49,1% deixaram de fazer o exame, já entre as que
têm ensino superior completo, a taxa caiu para 19,1%.
A indicação é que mulheres a partir dos 40 anos comecem a fazer a
mamografia todo os anos. “Mas as que têm histórico de câncer de mama na
família, em parentes de primeiro grau (mãe, irmã e/ou filha), devem realizar o
exame antes dessa idade, pois o risco de câncer de mama pode ser maior”,
explica Lilian. Vale ressaltar que antes dos 35 anos a ultrassonografia de
mamas pode ser mais indicada, já que a densidade das mamas dificulta a
visualização de lesões na mamografia.
Para a realização do exame, existem dois tipos de aparelhos de mamografia: o convencional e o
digital. Ambos utilizam o raio-X para a produção da imagem da mama. A diferença
está na forma como ocorre a captação da imagem mamográfica. No primeiro, a
imagem é armazenada em um filme e caso haja algum problema técnico com o filme,
este terá que ser refeito. Já na digital, usa-se um detector que transforma o
raio-X em sinal elétrico e transmite a informação para um computador. Assim, a
imagem mamográfica pode ser armazenada e recuperada eletronicamente, além de
permitir ao radiologista ajustar as imagens, no próprio monitor da estação de
trabalho, realçando ou ampliando alguma área, para melhor analisá-la.
Lilian
alerta também que o câncer de mama não é exclusividade das mulheres. “Embora
representem apenas 1% do total de casos da doença, os homens também podem
desenvolver o câncer. Para ambos casos, a melhor prevenção é fazer
acompanhamento rotineiro com seu médico”.
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