Parkinson:
muito além do tremor
Romper estigmas por meio do
esclarecimento quanto aos sinais que indicam doença ainda é um desafio a ser
vencido
Um dos maiores desafios no processo
diagnóstico da doença de Parkinson consiste na identificação dos sintomas. O
alerta é da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia (SBGG). Enquanto
um tremor pode ser o sinal mais conhecido de Parkinson pela população, na
verdade, o principal indicador é a bradicinesia, que consiste na lentidão dos
movimentos.
De acordo com o geriatra
titulado pela SBGG José Elias Soares Pinheiro, esta condição é associada a
outros fatores que incluem além do tremor a rigidez muscular e instabilidade
postural. “Juntas estas características firmam o diagnóstico indicativo do
Parkinson. A doença não possui um marcador sorológico, apenas critérios
clínicos, o que torna fundamental o conhecimento acerca dos sintomas”,
esclarece Pinheiro, que também é co-autor do Tratado
de Geriatria e Gerontologia e assina o
capítulo sobre a doença na obra.
Segundo o médico pelo fato
de muitas vezes os idosos apresentarem lentidão nos movimentos, este sinal
dificilmente é associado ao Parkinson, sendo comumente reconhecido como uma
característica intrínseca ao envelhecimento do organismo, o que dificulta o
diagnóstico precoce. Para ele é necessário haver mais informações e campanhas
de suporte para o tratamento da doença, o que facilitará a disseminação das
informações a todos.
Em contrapartida, o geriatra
esclarece que nem todo o tremor é Parkinson e explica que este quadro
pode estar associado ao uso de algum fármaco ou decorrer de outra origem a ser
investigada. “Por isso, a bradicinesia associada a outro sinal motor é o
principal indicativo de Parkinson”, reforça Pinheiro.
Fora os sinais motores,
existem indicações não-motoras que auxiliam no processo de diagnóstico, tais
como alterações de humor, como depressão, ansiedade e irritabilidade; prisão de
ventre e insônia.
Prevalência,
fatores de risco e tratamento
Segunda doença degenerativa
mais prevalente no mundo, atrás apenas do Alzheimer, o Parkinson se desenvolve
de maneira progressiva, atingindo o sistema nervoso, o que faz com que afete os
movimentos. Em resumo, o cérebro de uma pessoa lentamente deixa de produzir um
neurotransmissor chamado dopamina. Com essa redução, a pessoa apresenta cada
vez menos capacidade de regular os seus movimentos, seu corpo e as emoções.
Seu fator de risco principal
é a idade, sendo reconhecidamente mais comum em pessoas acima dos 60 anos de
idade. A prevalência na população idosa, atinge de 100 a 200 casos por 100.000 habitantes,
conforme dados do Ministério da Saúde de 2012. Ainda, informações da
Organização Mundial da Saúde, apontam que de 1% a 2% da população de
idosos apresentam a doença.
Embora não tenha cura, a
doença de Parkinson em si não é fatal. No entanto, as complicações decorrentes
da doença sim, são consideradas graves. Pinheiro explica que ainda é comum o
paciente ao receber o diagnóstico traçar um “quadro dramático” do que será a
vida a partir dali. “Na verdade, por ser uma doença crônica o paciente alcança
qualidade de vida e tem probabilidade de viver mais de uma década e não morrer
de Parkinson, mas de outra doença. Por isso o Parkinson causa mais morbidade
que mortalidade”, explica.
Hoje o tratamento consiste
no uso da levadopa, um medicamento responsável por melhorar sensivelmente os
sintomas motores e que contribuem para o retardo da progressão de seus agravos.
Nos idosos a droga é hoje a principal opção medicamentosa existente (padrão
ouro), sendo distribuída gratuitamente na saúde pública e a baixo custo em
farmácias populares. O geriatra relata que no caso de o paciente se tornar
refratário a este tratamento, pode haver a indicação cirúrgica como
terapêutica.
Principais sintomas motores da DP:
- Lentidão de movimentos, chamada bradicinesia
- Agitação ou tremor em repouso
- Rigidez dos braços, pernas ou tronco.
- Problemas com o equilíbrio e quedas, também chamado de instabilidade postural
Principais sintomas não-motores da DP:
- Humor (depressão, ansiedade, irritabilidade)
- Alterações cognitivas (atenção, problemas visuo-espacial, problemas de memória, alterações de personalidade, psicose / alucinações)
- Prisão de ventre
- A hiperidrose (suor excessivo), especialmente das mãos e pés
- Perda de olfato
- Distúrbios do sono
- Insônia
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