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sábado, 1 de novembro de 2025

Lima à Mantiqueira: quando o planejamento vira qualidade de vida

 

Durante a pandemia, percebi que não era só a liberdade de ir e vir que me faltava era o espaço para transformar. Sempre gostei de criar, de ver ideias virarem realidade. E isso nunca esteve restrito às finanças. Ao concluir o bacharelado em Ciências Contábeis, antes de pensar na especialização em Direito Tributário, fiz seis meses de estilismo. Durante a pandemia, em meio a obras, mergulhei num curso de design de interiores. Não buscava diplomas, mas conhecimento. Técnica e arte sempre caminharam lado a lado na minha vida. Essa mescla é o que me mantém com um olhar holístico. 


Na Mantiqueira encontrei outro laboratório de criação. Céu azul de verdade, noites escuras e estreladas, vagalumes bailando no breu. Um silêncio que contrasta com o barulho constante da cidade. Ali, aprendi que ver uma planta crescer exige mais disciplina do que fechar um trimestre positivo.

 

Nos primeiros anos, a fazenda não se paga. Ela cobra na frente: tempo, suor e dedicação. É preciso observar o solo, a região e a si mesmo. O que queremos fazer por um longo prazo? O que conseguimos gerir além de números? Hoje já vendemos ovos caipiras, conservas e alguns legumes. E ampliamos nossa atuação ao vender produtos de parceiros locais (queijos, azeite, mel, hortaliças) fortalecendo a economia da comunidade. É menos sobre lucro imediato e mais sobre entender: qual é o nosso talento fora das salas de reunião?

 

Essa dualidade se tornou meu maior aprendizado. A cidade me ensina a ser estratégica; o campo, a ser resiliente. Em São Paulo, tudo é meta e urgência. Na Mantiqueira, até a chuva tem seu próprio tempo. Para mim um mundo não existe sem o outro: sem a pressão da Faria Lima, eu talvez não valorizasse a calmaria da fazenda. Sem a fazenda, talvez a cidade já teria me engolido.

 

E há paradoxos deliciosos. Ouvir o povo local contar suas histórias é um verdadeiro curso de storytelling: sem PowerPoint, sem marketing pessoal, só narrativa bruta, carregada de inteligência empírica. Enquanto isso, muitos executivos gastam fortunas em cursos para aprender o que um agricultor sabe desde criança: como prender a atenção de quem escuta.

 

Também aprendi empatia. Conviver com pessoas que não têm conta em banco, que não usam WhatsApp e não sentem falta alguma disso, me tirou da bolha. São engenheiros improvisados, verdadeiros “professores Pardal”, que resolvem problemas com soluções tão criativas quanto qualquer inovação de startup.

 

E sim, a fazenda é investimento. A máxima “quem compra terra não erra” continua valendo. A terra é um recurso limitado que tende a valorizar continuamente com o passar do tempo. E não é por acaso que Bill Gates virou o maior dono de terras agrícolas nos EUA, Ted Turner da CNN acumulou milhões de acres, e até Jeff Bezos entrou nessa. No Brasil, nomes como Jorge Paulo Lemann não deixam o real estate fora da carteira. Terra é diversificação, é segurança, mas também é trabalho.

 

O erro de quem chega achando que vai só descansar é descobrir rápido que fazenda exige manutenção constante. As instalações precisam de manutenção frequente; cercas se deterioram, máquinas quebram, estruturas envelhecem. As plantações demandam cuidado diário? rega, adubação, poda, controle de pragas que não esperam pelo seu descanso. Os animais também carecem de atenção todos os dias, faça chuva ou faça sol, inclusive fins de semana e feriados. Descobri que sempre há algo a fazer: consertar a bomba d’água, reparar o galinheiro, monitorar o crescimento das hortaliças ou simplesmente ficar de olho no clima para proteger o que plantamos.

 

Descansar, no campo, significa trocar o e-mail pelo conserto do galinheiro. E, no fim do dia, a sensação é melhor que qualquer meta batida.

 

O turismo de refúgio só reforça essa busca coletiva por equilíbrio. O chamado forest bath deixou de ser moda e virou necessidade. Um banho de floresta pode ser tão restaurador quanto uma sessão de terapia e muito mais barato.

 

(Um passeio pela floresta (o chamado banho de floresta) tem efeitos terapêuticos comprovados na redução do estresse e da ansiedade.)

 

Hoje, vivo entre dois universos. Um pé na Faria Lima, outro na Mantiqueira. De um lado, relatórios e conselhos. Do outro, a simplicidade que me obriga a ouvir mais e falar menos. Essa escolha me deu mais que liberdade: me deu um novo ritmo. Descobri que prosperidade e sanidade não precisam ser excludentes.

 

Liberdade, no fim, não é escolher entre cidade ou campo. É ter o planejamento para viver nos dois.





Adriana Melo - CFO da SAS Brasil, com mais de 20 anos de experiência em finanças corporativas, planejamento, controladoria e uma especialização estratégica em tributação


Do sertão ao faroeste: duas conquistas e o mesmo silêncio

A conquista do chamado Oeste paulista e a do Oeste americano nasceram de sonhos parecidos: fé, destino e expansão. Em ambos os lados do continente, o território “vazio” foi o argumento moral para a ocupação e a violência. O resultado foi semelhante — povos originários expulsos, rios desviados, matas arrasadas e um imaginário nacional construído sobre o mito da conquista. 

A partir de 1850, o interior de São Paulo tornou-se palco daquilo que o Império chamava de “civilização do sertão”. O fim das sesmarias e a Lei de Terras abriram caminho para o domínio. A espada dos bugreiros, a catequese dos capuchinhos e a caneta dos cartórios e os grileiros completaram o trabalho. Os Botocudos e Caiuás, como os Sioux ou os Cheyenne, foram retratados como obstáculos à modernidade. 

Nos Estados Unidos, a doutrina do Destino Manifesto justificava: o direito divino de ocupar e explorar. No Brasil, a retórica era outra, mas a lógica, a mesma — uma missão civilizadora, movida por lucro, medo e fé. Os dois “Oestes” criaram seus próprios mitos fundadores: o cowboy e o bandeirante. Ambos inventaram heróis para encobrir suas sombras. 

A série Yellowstone, fenômeno global, revisita esse imaginário com rara franqueza. Mostra que a fronteira nunca acabou: ela apenas mudou de rosto. Os conflitos por terra, água e pertencimento continuam, agora entre empresários, povos nativos e o próprio Estado.  

No Brasil, o Oeste Paulista vive uma versão silenciosa do mesmo enredo. A monocultura substituiu a mata; o agronegócio, o coronel; e o progresso, a promessa. Mas as feridas permanecem. O sertão ainda arde sob o asfalto, e o país, como os Dutton de Yellowstone, continua lutando para sustentar uma ideia de posse que o próprio tempo já desmente. 

Entre o faroeste e o sertão, há menos distância do que parece. Ambos nasceram da crença de que conquistar é o mesmo que existir — e ambos ainda buscam, no fundo, a coragem de devolver a terra à sua própria verdade. 

 

Henrique A. Chagas - escritor, genealogista e autor do livro “Tavares Terra – A diáspora mineira, os Tavares Terra e José Theodoro de Souza no sertão paulista”. Formado em Direito, estudou Psicologia e Filosofia, foi coordenador jurídico da Caixa Econômica Federal e atualmente dirige uma organização social que atende pessoas com deficiência visual na região de Presidente Prudente (SP).


Como lidar com o ressentimento? Psicóloga compartilha cinco sugestões para transformar a dor em crescimento

Como lidar com o ressentimento? Psicóloga compartilha cinco
sugestões para transformar a dor em crescimento
Pexels/MART PRODUCTION
Reconhecer o que se sente, compreender o sentido da dor e redirecionar a energia são caminhos possíveis para quem busca se libertar do peso do ressentimento sem negar o que aconteceu, explica a psicanalista e doutora em Psicologia pela PUC-SP, Blenda Oliveira.

 

O ressentimento é um sentimento comum, mas difícil de admitir. Ele nasce quando uma dor, uma injustiça ou uma frustração não encontram resolução e passam a ocupar espaço dentro de nós, alimentando-se da repetição mental do que aconteceu. “O ressentimento é uma forma de aprisionamento psíquico”, afirma Blenda Oliveira. “A pessoa fica presa a uma cena do passado, como se não conseguisse sair de lá. Enquanto isso, a vida segue, mas ela permanece girando em torno do mesmo eixo de dor.” 

Segundo a especialista, lidar com o ressentimento não é um exercício de esquecimento, mas de elaboração. É um processo que exige consciência, coragem e disponibilidade emocional para olhar para dentro e dar outro destino ao que machuca. “O objetivo não é apagar o que aconteceu, mas transformar a experiência em algo que faça sentido, que não continue produzindo sofrimento”, diz Blenda. 

A seguir, a psicanalista aponta cinco caminhos possíveis para começar esse processo de transformação.

 

1 - Reconhecer o ressentimento 

Antes de qualquer coisa, é preciso admitir o sentimento e perguntar-se: qual o sentido desse ressentimento agora? “Não se trata mais de discutir se você tem ou não razão”, explica Blenda Oliveira. “A questão é entender qual o lugar que isso ocupa hoje na sua vida. O ressentimento, muitas vezes, revela algo não resolvido dentro de nós, e reconhecê-lo é o primeiro passo para se libertar.”

 

2 - Dar sentido à dor 

Todo sofrimento traz uma mensagem. É importante se perguntar: o que essa experiência mostrou sobre mim? Que necessidade ou expectativa foi frustrada ou ferida? “Ao fazer essas perguntas, abrimos espaço para aprender sobre nossos limites, sobre como amamos e o que esperamos dos outros”, observa Blenda. “A dor, quando compreendida, pode se tornar uma professora.”
 

3 - Diferenciar perdão de reconciliação 

Muitas vezes, confundimos o ato de perdoar com o de se reconciliar. Mas são processos distintos. “Perdoar não é negar o erro nem voltar a se relacionar com quem nos feriu”, destaca Blenda Oliveira. “Perdoar é se libertar do sofrimento. É tomar para si a gestão da própria energia psíquica, retirando do outro ou da situação o poder de continuar gerando dor.”
 

4 - Aceitar a imperfeição dos outros e a própria 

Segundo Blenda, o ressentido quer “justiça perfeita” e “reparação exata” — duas coisas impossíveis. “Aceitar que o outro erra, e que eu também erro, é abrir espaço para uma humanidade mais real, menos idealizada. O ressentimento se alimenta da fantasia de que o outro poderia ter agido de forma diferente, quando na verdade todos estamos sujeitos às nossas próprias limitações.”
 

5 - Investir a energia em novas direções 

Por fim, o movimento é o antídoto do ressentimento. “Todo ressentimento é uma energia parada”, lembra Blenda Oliveira. “A transformação acontece quando essa energia encontra um novo destino na arte, na espiritualidade, no trabalho, nas amizades, na terapia ou mesmo no silêncio. É o movimento que dissolve o ressentimento, não o esquecimento.” 

Transformar o ressentimento é, portanto, um gesto de maturidade emocional. É deixar de esperar que o passado se desfaça e começar a cuidar do presente. Como conclui Blenda Oliveira, “perdoar é uma forma de recuperar a própria potência, de voltar a ser sujeito da própria história, sem que a dor continue ditando o rumo da vida.”

 

Blenda Oliveira - Ela é doutora em psicologia pela Pontifícia Universidade Católica (PUC-SP) e psicanalista pela Sociedade Brasileira de Psicanálise de São Paulo (SBPSP). É autora do livro Fazendo as pazes com a ansiedade, publicado pela Editora Nacional, que foi indicado ao Prêmio Jabuti em 2023. A especialista também palestra sobre saúde mental e autoconhecimento e vem se dedicando ao tema do envelhecimento e solidão.
  

Simples e complicado: nós na tradição ocidental

Fui à Grécia cumprir tributo aos gregos. Lá encontro os atos inaugurais do que a historiografia nomeia Tradição Ocidental. Visitei muitos lugares, porém, os destinos mais pretendidos eram: o recinto onde o bom deus Dionísio ensinou vinho e festa à humanidade; o Oráculo de Delfos, sítio do “Conhece-te a ti mesmo”; um despenhadeiro chamado Termópilas. Ali, só, entrado no mato, prestei reverências a Leônidas I de Esparta; compenetrado, agradeci-lhe pela civilização que me constitui como humano.

Trezentos mil persas chefiados por Xerxes I vinham em vingança, com pretensões de tomar toda a Grécia. Sete mil gregos foram enfrentá-los. A maioria combateu no estreito de Artemísio. Em Termópilas, um ponto estratégico, contudo, fincaram-se setecentos téspios, quatrocentos tebanos e trezentos espartanos. Leônidas comandou-os em resistência por três dias. Foi tempo bastante para a Grécia se organizar, revidar e vencer os persas, bem mais tarde, em Salamina e Plateias.

Isso ocorreu há dois mil e quinhentos anos. Um século e meio depois os macedônios dominaram os gregos, mas a cultura grega subsistiu e desenvolveu-se com o Helenismo. Mais dois séculos e os romanos tomaram o controle da Macedônia e da Grécia. A civilização grega, contudo, emprenhou as instituições romanas. Roma era o mundo. Há 17 séculos, após muita glória e muitos desmandos, o Império Romano viu Constantino tornar-se seu imperador. Constantino fundou a igreja católica.

Há 16 séculos começou a Idade Média: retrocesso social, superstições, penúria, doenças, perseguições. A igreja católica presidiu absoluta o assassinato de cada dissidente e a morte de todas as ideias discrepantes da sua. Há sete séculos o obscurantismo católico foi tocado pelo Renascimento, que recuperava os gregos; a igreja reagiu recrudescendo a violência. Há três séculos os pensadores iluministas começaram a pôr luzes nas trevas que regravam o poder e os detalhes da vida social.

A Revolução Burguesa há pouco mais de 200 anos interrompeu os assassinatos religiosos e garantiu o direito de se ter ideias e de se dizer ideias. A Razão, entretanto, não penetrou desde logo na Espanha, em Portugal e nos países que herdaram sua cultura. Por isso, talvez, há pouco mais de meio século, no Brasil, religiosos católicos e restolhos da Ditadura Militar ainda impunham censura cultural. Quiçá por isso o tão lamentável discurso da presidenta Dilma Rousseff na ONU (2017).

A sua fala: “Como presidenta de um país no qual vivem milhares e milhares de brasileiros de confissão islâmica, registro neste plenário nosso mais veemente repúdio à escalada de preconceito islamofóbico em países ocidentais”. A presidenta embarcou em explicação insustentável: os assassinatos ideológicos de ocidentais que islâmicos praticaram, amparados por discursos rancorosos e obscurantistas – e, suspeito, por logística – de seus governos, são responsabilidade dos EUA. Coisa nenhuma!

“Do alto de seus minaretes, os aiatolás condenam à morte estrangeiros residentes em países estrangeiros por atos cometidos em países estrangeiros e que no estrangeiro não constituem crime. Autoridades islâmicas legislam urbi et orbi e o islã pegou gosto pela abrangência de sua jurisdição.”  Editei e pluralizei o que Janer Cristaldo disse de Khomeini (FSP, 26set12). Em verdade, embalados por fanatismo, islâmicos que vão viver em outras culturas dificilmente deixam de ouvir seus guias morais originários.

Conforme a mesma fonte: “Se migrantes de todos os quadrantes normalmente se adaptam à cultura europeia, há um imigrante particular que não só causa problemas na Europa como quer dominá-la culturalmente. São muçulmanos, que querem instituir no continente suas práticas, muitas vezes tipificadas como crime nas legislações nacionais”. Exagero? Pensa: se encontrares uma mulher com véu por aqui, nada passará; se uma mulher for encontrada sem véu por lá, será apedrejada. Simples e complicado assim.

Essas absurdidades são uma continuação de um antigo conflito de civilizações consubstanciado em guerra religiosa. Não tenho ilusão quanto às intenções dos religiosos muçulmanos (ou de quaisquer outros). Enquanto países ocidentais são lenientes com agressões à sua soberania, felizmente a arte - com sacrifício de artistas - segue em resistência, já, não a católicos, mas a muçulmanos. Tenho, e muita gente tem, medo desses novos cruzados. Creio que isso é sinal de que Leônidas está em perigo.

Este texto eu o publiquei há muito tempo. Retomo-o porque se acirraram no Oriente Médio, por meios brutais, infames, imorais de parte a parte, as belicosidades de fundo religioso. Não sei se existe guerra que não seja brutal, infame, imoral, mas esta que o Irã provocou contra Israel agenciando o Hamas e sacrificando a Palestina foi um dos espetáculos mais hediondos que o mundo talvez tenha acompanhado. Sim, acompanhado, porque divulgado em tempo real nos seus detalhes mais sórdidos.

Está no oráculo dos tempos atuais, o Google: “Existem várias guerras e conflitos ativos atualmente [...] O mundo registrou número recorde de guerras em 2024, o maior desde a Segunda Guerra Mundial. Em 2024 ocorreram 61 conflitos armados em 36 países (Instituto de Pesquisas de Paz de Oslo)”. Alguém discordará da desproporção de notícias comparando-se todas as outras guerras com a da Palestina? Alguém sabe o motivo dessa “preferência” por uma guerra em detrimento de todas as outras?

Quem se preste às contas e às explicações teria que estudar cada guerra, compreender-lhes as razões geopolíticas e ideológicas da “predileção”. Dei-me à pachorra de procurar, ler e ouvir explicações. Nada de conclusivo. Algo interessante: aos europeus, segundo entrevista que conduzi para o Instituto Cidade, preocupa-os a guerra da Ucrânia, não a da Palestina. Leia-se: preocupação com abastecimento energético. E a nós, o que nos conduziu a preocuparmo-nos com outra, com a “nossa” guerra?

Minha hipótese: foi Napoleão Bonaparte mais que do que a Revolução Francesa, embora Bonaparte seja um desdobramento da Revolução, que, força das armas, implantou o Iluminismo na Europa. Contudo, Espanha e Portugal ficaram fora disso. O Iluminismo não alcançou a Península Ibérica com força para marcar a cultura. Resta que somos mais herdeiros ideológicos do catolicismo que das luzes revolucionárias. É com tais “conceitos” que, ainda hoje, tomamos partido nos acontecimentos.

Argumenta-se que o petróleo move a guerra. Embora indícios consistentes de gás natural nas águas de Gaza, o conflito é anterior à sua descoberta e é com os aiatolás do Irã, não com os palestinos. A luta, pois, parece-me, é pelos motivos religiosos que sempre o moveram. E os brasileiros com isso? A direita brasileira, cristã, lê o Israel como terra sagrada. Quanto à esquerda, boa parte tem outra “religião”: professa a crença de que tudo que atinja um aliado dos EUA prepara a “revolução” que derrubará o capitalismo.

A direita religiosa sonha com um retorno ao mundo antigo, um saudosismo de um lugar que só existiu na narrativa católica dos acontecimentos (os demais cristianismos relevantes bebem da mesma fonte). A maior parte da esquerda tradicional, historicamente vinculada ao comunismo real da extinta URSS, cultiva ressentimento por sua causa perdida. A esquerda identitária, originada no liberalismo estadunidense, alicerça seus reclames nos direitos humanos, o que é sempre uma causa respeitável.

A guerra da Palestina nos interessou particularmente, portanto, por nossas próprias posições ideológicas, sejam as de fundo religioso, sejam as de fundo “revolucionário”. Saudosismo e ressentimento movem as paixões mais exaltadas. Posso ser contestado com o válido argumento de que a guerra é recriminável em si mesma. Concordo desde logo. Porém, contesto: todas as guerras são recrimináveis, e repergunto: por que uma das tantas guerras que estão pelo mundo nos toca particularmente?

Há muitas expressões civilizatórias. É complicado hierarquizá-las em termos morais. Eu não ousaria ditar modos de estar no mundo a ninguém. Todavia, meço e defendo os modos políticos de organização social com alguns critérios. Do que objetivamente dispomos, empresto maior valor à democracia republicana laica, depois, a outras formas democráticas, a seguir, já com desgosto, a monarquias democráticas. Não me confortariam os modos de uma teocracia; acho triste um país que tem dono.

Fico com a Tradição Ocidental, não obstante os seus tantos defeitos. Protesto que é injusta, porém, só cabe propor revisão, melhora e superação porque trata-se de uma tradição que aceita crítica e se critica. A crítica abre todos os caminhos, inclusive os revolucionários. O silêncio social imposto em ditaduras de intérpretes de comandos divinos nega a História, que só se realiza onde há movimento nas maneiras de se viver em comum. Não sei se estou certo, mas este me parece um modo Leônidas de pensar. 



Léo Rosa de Andrade
Doutor em Direito pela UFSC
Psicanalista e Jornalista


A fé na ‘comunhão dos santos’

 

A Celebração dos Fiéis Defuntos, no dia 2 de novembro, chama a nossa atenção para o sentido mais profundo da vida cristã. Se morrermos em Cristo, porque vivemos a nossa vida em comunhão com Ele, seremos admitidos na comunhão dos Santos. A celebração desse dia se insere nessa perspectiva. E a Igreja não esquece seus irmãos falecidos, mas reza por eles, oferece sufrágios, celebra Missas e oferece esmolas, para que também as almas, que ainda precisam de purificação, após a morte, possam alcançar a visão de Deus. 

A respeito disso, o Papa Bento XVI, na sua encíclica Spe Salvi  — É na esperança que fomos salvos —, publicada no ano de 2007, fala de três categorias de pessoas. Há pessoas que ‘destruíram totalmente em si próprias o desejo da verdade e a disponibilidade para o amor’,  e que serão condenadas. Por outro lado, ‘podem existir pessoas puríssimas, que se deixaram penetrar inteiramente por Deus e, consequentemente, estão totalmente abertas ao próximo’ e serão premiadas no Céu, logo depois da morte. Mas, ‘segundo a nossa experiência, nem um nem outro são o caso normal da existência humana. Na maioria dos homens perdura no mais profundo da sua essência uma derradeira abertura interior para a verdade, para o amor, para Deus. Nas opções concretas da vida, porém, aquela é sepultada sob repetidos compromissos com o mal’ (n. 45-46). Os moralistas, neste caso, falam de uma ‘opção fundamental’ para Cristo, mas misturada com atos que revelam expressões de egoísmo. Essas pessoas, a partir da morte, precisarão completar aquele processo de conversão a Cristo e aos irmãos que só tinha começado. Eis o ‘lugar’ do purgatório.

O Credo, no seu 9º artigo, proclama a fé na ‘comunhão dos santos’, quer dizer, a união entre os santos do céu, as almas do purgatório que completam o processo de conversão e os cristãos aqui na terra que professam a fé em Jesus Cristo. Graças a esta ‘comunhão’, nós somos chamados a celebrar as festas dos santos do Céu,  a rezar pelos vivos e pelas almas do purgatório.

Nesta perspectiva, entende-se o lugar da ‘indulgência’. A “Indulgência” indica, na doutrina católica, a promessa de uma particular intercessão da Igreja para que Deus perdoe a pena temporal dos pecados que já foram perdoados, mas cujas consequências continuam.

Do dia 1° a 8 de novembro pode-se lucrar a indulgência plenária aplicável aos mortos, ou seja, pode-se oferecer a indulgência por uma pessoa que já tenha falecido e as penas dos pecados que essa pessoa cometeu em vida serão reparadas. É o que diz o diretório litúrgico: “Aos que visitarem o cemitério e rezarem pelos defuntos mesmo só mentalmente, concede-se uma indulgência plenária, só aplicável aos defuntos diariamente, do dia 1º ao dia 8 de novembro, nas condições costumeiras, isto é: confissão sacramental, comunhão eucarística e oração nas intenções do Sumo Pontífice, nos restantes dias do ano, indulgência parcial”.

Esta fé da Igreja nos ajuda a viver de maneira mais profunda a comemoração dos Fiéis Defuntos.

 

Lino Rampazzo -é professor no curso de Teologia da Faculdade Canção Nova.

 

Escola pode ser linha de frente na prevenção de ansiedade e estresse entre jovens

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Com aumento de até 3.300% nos atendimentos por transtornos de ansiedade no SUS, especialista alerta para o papel crucial das instituições de ensino na promoção da saúde mental infantojuvenil


Nos últimos dez anos, o Sistema Único de Saúde (SUS) registrou um aumento alarmante em assistências à crianças e adolescentes com transtornos de ansiedade. Entre 2014 e 2024, o número de atendimento para crianças de 10 a 14 anos subiu quase 2.500%, enquanto entre jovens de 15 a 19 anos o crescimento foi ainda mais expressivo, chegando a 3.300%. 

Para especialistas, o cenário é de necessidade urgente de estratégias de prevenção e apoio emocional desde a infância, que pode contar com um apoio fundamental das instituições de ensino nesse processo. “É na escola que as crianças e adolescentes passam grande parte do tempo, tornando-se um ambiente privilegiado para a identificação precoce de sinais de sofrimento emocional e para a implementação de ações preventivas”, afirma Wagner Venceslau Dias, diretor pedagógico do Colégio Leonardo da Vinci

A pressão por desempenho acadêmico, o uso excessivo de tecnologias e as questões sociais podem ser fatores que contribuem para o aumento dos casos de ansiedade e estresse entre os jovens, conforme o diretor. Há, portanto, a preocupação em ter um espaço de acolhimento dentro das escolas, onde os alunos se sintam seguros para expressar suas emoções e buscar apoio quando necessário. 

“Programas de educação socioemocional, capacitação de professores para identificar sinais de aflição e a promoção de um ambiente escolar saudável em diferentes frentes. Essas são algumas ações que podem ser implementadas pensando em prevenir o agravamento de transtornos mentais entre os jovens. Investir na saúde mental é também investir no futuro da sociedade e precisa ser tratado com mais seriedade”, complementa Wagner. 

Além disso, o especialista reforça que o envolvimento da família e da comunidade escolar também é essencial para o sucesso das iniciativas de prevenção, como atividades que promovam a comunicação aberta entre pais, professores e alunos para ajudar a criar uma rede de suporte ampla. 

Da mesma forma, a tecnologia, quando usada de forma orientada, pode se tornar uma aliada, principalmente em meio ao uso crescente no dia a dia. Plataformas de acompanhamento emocional, aplicativo de mindfulness e ferramentas digitais de monitoramento de humor podem complementar o trabalho pedagógico. 

“O importante é que a tecnologia não substitua o contato humano, mas sim amplie a capacidade de cuidado. Já o trabalho conjunto entre escola e família potencializa o efeito das estratégias preventivas garantindo que a criança ou adolescente seja acolhido em todos os ambientes em que circula. Esse é um compromisso muito importante visando a construção de uma sociedade mais saudável, e a escola pode, mais uma vez, ter interferência e fazer a diferença para isso”, conclui o diretor do Colégio Leonardo da Vinci.


Inteligência Relacional: o diferencial humano em uma era dominada por algoritmos

Em um mundo cada vez mais encantado (e por vezes hipnotizado) pelos avanços da inteligência artificial, há uma competência silenciosa, mas poderosa, que continua sendo insubstituível: a inteligência relacional.

Se a IA impressiona sua capacidade de processar dados, automatizar tarefas e até gerar conteúdos complexos, a inteligência relacional nos lembra de algo essencial - quem somos enquanto espécie: humanos. Seres de conexão, de afeto, de trocas emocionais e de leitura de nuances. E isso, até onde sabemos, nenhum algoritmo aprendeu a decodificar com autenticidade.


O que é inteligência relacional?

Mais do que saber se comunicar, a inteligência relacional é a habilidade de construir e sustentar relações genuínas, baseada em empatia, escuta ativa, leitura de contexto, respeito às subjetividades e capacidade de adaptação diante da complexidade dos vínculos humanos.

Ela é estratégica porque atravessa todos os aspectos da vida e dos negócios: da liderança à cultura organizacional, do atendimento ao cliente à inovação colaborativa. É ela que sustenta as pontes em tempos de crise, que amortece conflitos e que potencializa parcerias.


Inteligência Artificial e Inteligência Relacional: o paradoxo da era

A inteligência artificial é, sem dúvidas, uma das ferramentas mais transformadoras do mundo atual, mas quanto mais avançamos na automação, mais valiosa se torna a dimensão humana das relações. É o paradoxo contemporâneo: ao mesmo tempo em que nos tornamos mais eficientes tecnologicamente, corremos o risco de nos tornarmos mais pobres em nossa capacidade de nos relacionarmos.

Não é raro ver profissionais altamente técnicos enfrentando desafios em áreas onde a lógica não resolve: feedbacks difíceis, gestão de pessoas, construção de confiança, comunicação em tempos de ambiguidade. É aí que a inteligência relacional se mostra não como um “soft skill”, mas como uma core skill - essencial, estruturante e vital.

Na nova economia, em que a colaboração é base, a diversidade é motor e o propósito é moeda de troca, quem domina a inteligência relacional lidera com vantagem. Porque sabe compor com a diferença, lidar com o incômodo, provocar diálogos transformadores.

Inteligência relacional não é sobre agradar a todos - é sobre saber transitar entre mundos, narrativas e interesses, sem perder o eixo humano.


O que a IA nunca vai substituir

A escuta que acolhe. O olhar que compreende sem julgar. O silêncio que respeita a dor do outro. A coragem de ser vulnerável em um ambiente competitivo. A capacidade de inspirar, de tocar, de mobilizar não só pela lógica, mas pela emoção.

Essas são expressões de uma inteligência que não está nos chips, mas nos vínculos. Que não opera por comandos, mas por confiança. Que não se atualiza com códigos, mas com presença.

Diante da era das máquinas inteligentes, o convite é claro: re-humanizar as relações. Valorizar o que há de mais sofisticado na experiência humana: a arte de se relacionar com intenção, ética e empatia.

Investir em inteligência relacional é, hoje, uma escolha estratégica. É um posicionamento. É dizer: “Sim, queremos tecnologia, mas queremos, acima de tudo, continuar sendo humanos.”

 

Laís Macedo - Presidente do Future Is Now (plataforma de networking para lideranças que protagonizam a nova economia), conselheira do CJE (Comitê de Jovens Empreendedores da FIESP), mentora do IFTL (Instituto de Formação em Tecnologia e Liderança) e embaixadora do Sweet Club (business club de grandes líderes empresariais). Com uma ampla e qualificada rede de networking, acredita no poder das conexões, das relações humanas e de uma rede bem consolidada. Palestra, escreve e assessora projetos dentro dessa temática.


Dia de Finados: 6 livros para ressignificar o luto

Unsplash


Fizemos uma seleção com títulos emocionantes que ajudam a compreender a perda e celebrar a memória de quem amamos


O Dia de Finados (02/11) é um momento de lembrar aqueles que já partiram e de refletir sobre a importância de suas histórias em nossas vidas. É uma data comovente, que desperta saudade, emoções intensas e a necessidade de acolhimento.

Pensando nisso, selecionamos livros que oferecem conforto e esperança em meio às recordações. São obras que acolhem a alma e mostram que é possível seguir em frente com leveza e afeto.

Nesta lista, os autores apresentam reflexões sobre ausências e reencontros, para adultos e crianças: da aceitação do vazio à celebração das memórias, do contato com as emoções à chance de seguir em frente com serenidade e esperança. Confira as dicas:

 

Memórias em papel timbrado

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Mundo Cristão


Após enfrentar momentos de dor profunda, Paula deixa São Paulo em busca de recomeço no interior de Santa Catarina. Na solidão da fazenda herdada, o luto se transforma em palavras: ela escreve cartas a um amor futuro que jamais as receberá. Entre memórias, fé e novos afetos, ela descobre que amar e acreditar novamente é também uma forma de curar o que a dor tentou apagar.

(Autora: Pat Müller | Editora: Mundo Cristão | Onde encontrar: Amazon)

 

 

A primeira pessoa: duas histórias

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 Alta Books/Minotauro


Adriano de Paula Rabelo traz duas narrativas recomeços e as marcas deixadas pelas despedidas. Os personagens enfrentam tragédias e aprendem a lidar com o luto. O livro aborda amor, morte, amizade e desafios contemporâneos e mostra como superar a dor e reconstruir a vida.

(Autor: Adriano de Paula Rabelo | Editora: Minotauro | Onde encontrar: Amazon)

 

 

Mortinha da Silvia

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 Ciranda na escola

Todas as bruxas têm um animalzinho como parceiro de feitiços. Silvia tem uma gatinha, que é tão especial que se chama Vida. Um dia, porém, Vida dorme e não acorda mais, e a menina não entende o que aconteceu. Entre cartas mágicas e doces malucos, Silvia conta com a ajuda da Dona Morte e da amorosa Vovó Velória para resgatar a sua gatinha. Escrito por Marcos Martinz e ilustrado por Isabella Pedrão, a obra mostra, de forma leve e para todas as idades, a importância da memória, a necessidade de lidar com o luto e a magia de sentir a vida.

(Autor: Marcos Martinz | Editora: Ciranda na escola | Onde encontrar: Amazon)

 


Depois do fim

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VR Editora


Em um vilarejo isolado pela floresta e cercado por rios, Tonho cresce entre memórias, segredos e o fluxo da vida. Quando perde quem mais ama, o garoto precisa encontrar forças para seguir sem se perder de si mesmo. O tempo e o rio se entrelaçam em uma narrativa sobre despedidas, reencontros e amadurecimento. Com delicadeza e lirismo, Flávia Lins e Silva celebra a beleza das idas e vindas da vida.

(Autora: Flávia Lins e Silva | Editora: VR | Onde encontrar: Amazon)

 


As perdas no caminho

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inVerso

Renata Seldin faz um relato intimista sobre as marcas emocionais de duas perdas gestacionais, além da dor de perder seus pais. Com uma perspectiva sensível para as vulnerabilidades, os traumas e os desafios experienciados durante uma década, ela mostra como precisou ressignificar as relações pessoais, a maneira de compreender seu lugar no mundo e o trabalho.

(Autora: Renata Seldin | Editora: inVerso | Onde encontrar: Amazon)

 

 

Vida e luto: 50 cartas para refletir sobre a nossa finitude


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 Matrix Editora


Em um livro caixinha, Cristiane Assumpção propõe reflexão sobre perdas e o sentido da vida. São 50 cartas, cada uma com uma pergunta que convida à introspecção. As cartas ajudam a lidar com a saudade, valorizar a vida e compreender o amor que permanece mesmo após a partida de alguém querido.

(Autora: Cristiane Assumpção | Editora: Matrix Editora | Onde encontrar: Amazon)



“O que fez sentido no passado, pode não fazer mais sentido neste momento”: especialista aborda o certo e o errado em um relacionamento

 

Vivian Ritter, autora do livro “Assuma o (des)controle de sua vida – a arte de viver bem o que não se domina”, destaca que não há fórmula única para os relacionamentos, mas um jeito único de fazer funcionar para dar certo

 

Quando o assunto é relacionamento, não existe um manual universal que defina o que é certo ou errado. É o que ressalta a Drª Vivian Ritter, pós-doutora em Direito e Filosofia, psicanalista e especialista em neurociência, comportamento e desempenho. Autora do recém-lançado livro “Assuma o (des)controle de sua vida – a arte de viver bem o que não se domina”, Vivian propõe uma reflexão sobre como os casais podem construir juntos uma convivência satisfatória.
 

Segundo a escritora, tentar reproduzir comportamentos ou regras de relacionamentos anteriores é um dos erros mais comuns. “Cada casal precisa encontrar seu próprio jeito de funcionar. O que fez sentido no passado, no início da relação, pode não fazer mais sentido neste momento do relacionamento, assim como aquilo que funcionava em outra relação pode não servir para a atual. O importante é entender o que, neste momento atual da relação, tem feito bem e quais os comportamentos que precisam de ajustes”, destaca a especialista.

Conforme ressalta Vivian, as pessoas mudam com o tempo e que os relacionamentos precisam acompanhar essas transformações. “Combinados que antes funcionavam podem deixar de fazer sentido. É natural e saudável rever regras e expectativas para que a relação continue fluindo”, explica. A autora afirma que um dos pilares de uma relação saudável é a comunicação. Expressar os sentimentos e incômodos de forma clara evita mal-entendidos e conflitos desnecessários. “Falar sobre o efeito que o comportamento do outro causa, sem acusar ou julgar, abre espaço para ajustes e fortalece a cumplicidade”, destaca. Para a especialista, toda vez que deixamos de falar sobre o que nos incomoda, deixamos de resolver a questão e prejudicamos a relação, afinal, apenas jogar para embaixo do tapete não resolve o problema.
 

Na mesma linha, Vivian destaca Freud, que tem uma fala muito interessante para as emoções e sentimentos que tentamos esconder: “As emoções não expressas nunca morrem. Elas são enterradas vivas e saem de piores formas mais tarde”. Portanto, a autora afirma: conflito adiado, se torna um conflito ampliado. Para ela, silenciar não é a melhor alternativa quando desejamos relacionamentos positivos, pois é fundamental que os casais conversem sobre o respeito aos limites individuais. “Cada pessoa carrega uma bagagem emocional única. Alguns trazem questões que cabem em uma pequena mala, outros precisam de um contêiner. Reconhecer essas diferenças é essencial para que pequenos desentendimentos não cresçam e fragilizem a relação”, explica.
 

Outro ponto destacado pela especialista é o peso das expectativas irreais. “Muitas vezes exigimos reações que só existem nas nossas projeções. Aceitar o parceiro como ele é, com suas qualidades e imperfeições, não significa tolerar tudo, mas reconhecer os limites inegociáveis e decidir juntos o que precisa mudar”, complementa. Para a especialista, o equilíbrio no relacionamento nasce do diálogo e da disposição para evoluir. “Reconhecer que certo e errado são conceitos subjetivos, mas devem ser transformados em prática diária do casal, nos permite viver relações mais felizes”, conclui.
 

Vivian Ritter - pós-doutora em Direito e Filosofia, psicanalista e especialista em neurociência, comportamento e desempenho. Há 20 anos ajuda a desenvolver pessoas, lideranças e organizações. Mais informações acesse: Link


Mutirão Nacional de negociação de dívidas bancárias começa hoje, 1º de novembro

  Negociação abrange dívidas em atraso no cartão de crédito, cheque especial, consignado, que terão condições especiais de negociação, de acordo com a política de cada banco 

Vídeo com Amaury Oliva, diretor de Cidadania Financeira e Relações com o Consumidor da Febraban  comentando sobre o mutirão, para download neste link 

 

Começa amanhã, 1º de novembro, o tradicional Mutirão Nacional de Negociação de Dívidas e Orientação Financeira, uma iniciativa conjunta da Federação Brasileira de Bancos (Febraban), Banco Central do Brasil, Secretaria Nacional do Consumidor (Senacon) e Procons de todo o país e tem por objetivo ajudar o consumidor a negociar suas dívidas bancárias e reequilibrar suas finanças. 

Mais de 160 instituições participam da ação, ampliando o alcance das negociações e das ações de educação financeira, que também são foco do mutirão. 

Durante a ação, os bancos participantes oferecem parcelamento, descontos no valor da dívida ou ainda taxas de juros reduzidas para refinanciamento, conforme sua política de crédito. 

Podem ser negociadas dívidas no cartão de crédito, cheque especial, crédito consignado e demais modalidades de crédito contraídas de bancos e instituições financeiras, que estejam em atraso e não possuam bens dados em garantia, nem dívidas prescritas. 

Todas as informações sobre o mutirão, assim como a relação completa das instituições participantes e os canais oferecidos pelos bancos para a negociação das dívidas, estão disponíveis no portal Meu Bolso em Dia Febraban

Já as dívidas podem ser consultadas no Registrato, sistema do Banco Central por meio do qual é possível acessar, entre outros, o Relatório de Empréstimos e Financiamentos (SCR), que contém a relação de dívidas perante as instituições financeiras. 

As negociações podem ser feitas diretamente com a instituição credora em seus canais oficiais, ou pelo portal ConsumidorGovBr, lembrando que é preciso ter sua conta Prata ou Ouro. 

“Os bancos estão empenhados em ofertar condições especiais para a negociação de dívidas em atraso e contribuir para a recuperação financeira do consumidor. A mobilização nacional propicia ao consumidor planejar o quanto tem de dívidas em atraso e o quanto sobra de dinheiro para negociar com a instituição credora. Também traz conteúdo relevante de orientação financeira”, afirma Amaury Oliva, diretor de Cidadania Financeira e Relações com o Consumidor da Febraban. 

O Mutirão Nacional de Negociação de Dívidas e Orientação Financeira vai até o dia 30 de novembro e é uma das iniciativas do acordo de cooperação técnica assinado entre a Febraban e o Banco Central (BC) para desenvolver ações coordenadas de educação financeira e evitar o endividamento de risco.

 

Negociação de dívidas não bancárias

A Serasa é um dos parceiros, e no mesmo período do Mutirão, promove o seu Feirão Serasa Limpa Nome, por meio do qual o consumidor também tem a oportunidade de quitar dívidas não bancárias em atraso, e com descontos, contraídas de empresas de varejo, telecomunicações, concessionárias de energia, saneamento, universidade e financeiras. 

Outra possibilidade é negociar as dívidas nas agências dos correios participantes. Basta escolher a agência mais próxima e, no balcão de atendimento, perguntar pelo Serasa Limpa Nome.

 

Ações de educação financeira

A Febraban tem uma longa história de ações de educação financeira, sempre buscando gerar conhecimento que possa produzir, no longo prazo, transformações positivas no comportamento das pessoas, melhorando sua relação com o dinheiro e sua qualidade de vida. 

Para apoiar o consumidor na organização financeira, foi criado o Portal Meu Bolso em Dia, um dos primeiros portais de educação financeira do Brasil que conta com mais de 70 milhões de acessos ao longo dos anos e mais de 34 milhões de usuários únicos.

A plataforma foi lançada em novembro de 2021 com recursos educacionais digitais e interativos e foi desenvolvida pela Febraban em cooperação com o Banco Central do Brasil. Possui recurso de gamificação para aumentar o engajamento dos usuários, trilhas personalizadas de aprendizagem com uso de inteligência artificial, ferramentas online e para download de planejamento financeiro pessoal e familiar e integração com o Índice de Saúde Financeira do Brasileiro (I-SFB). 

A Febraban tem liderado diversas frentes para ampliar o acesso à educação financeira e fortalecer a cidadania financeira no Brasil. Além da plataforma Meu Bolso em Dia, as ações incluem:

  • Parceria institucional com o Banco Central do Brasil, desde 2019, por meio de um Acordo de Cooperação, que foi renovado até 2029. Esse acordo visa promover iniciativas conjuntas de educação financeira e o desenvolvimento de programas voltados ao bem-estar financeiro da população brasileira.
  • Ampliação de parcerias com membros do Sistema Nacional de Defesa do Consumidor para compartilhamento dos conteúdos produzidos pelo Meu Bolso em Dia Febraban. Acordos firmados com 10 Procons, Defensorias Públicas, Secretaria de Prêmios e Apostas do Ministério da Fazenda e Câmaras Municipais.
  • Realização do Mutirão Nacional de Negociação e Orientação Financeira, que se consolidou como uma das mais relevantes iniciativas do setor bancário brasileiro para apoiar a recuperação da saúde financeira da população. Ele é realizado duas vezes no ano, em março, mês do consumidor, e em novembro, e conta com o apoio do Banco Central, Senacon e Associação Procons Brasil.
  • Campanhas nacionais de orientação financeira e prevenção a golpes e fraudes.
  • Participação setorial em todas as edições da Semana Nacional de Educação Financeira (Semana ENEF), com produção de conteúdos, vídeos e ações educativas em múltiplos canais e de impacto nacional.

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