Com aumento de até 3.300% nos
atendimentos por transtornos de ansiedade no SUS, especialista alerta para o
papel crucial das instituições de ensino na promoção da saúde mental
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Nos
últimos dez anos, o Sistema Único de Saúde (SUS) registrou um aumento alarmante
em assistências à crianças e adolescentes com transtornos de ansiedade. Entre
2014 e 2024, o número de atendimento para crianças de 10 a 14 anos subiu quase
2.500%, enquanto entre jovens de 15 a 19 anos o crescimento foi ainda mais
expressivo, chegando a 3.300%.
Para especialistas, o cenário é de necessidade urgente de
estratégias de prevenção e apoio emocional desde a infância, que pode contar
com um apoio fundamental das instituições de ensino nesse processo. “É na
escola que as crianças e adolescentes passam grande parte do tempo, tornando-se
um ambiente privilegiado para a identificação precoce de sinais de sofrimento
emocional e para a implementação de ações preventivas”, afirma Wagner Venceslau
Dias, diretor pedagógico do Colégio Leonardo da Vinci.
A pressão por desempenho acadêmico, o uso excessivo de tecnologias
e as questões sociais podem ser fatores que contribuem para o aumento dos casos
de ansiedade e estresse entre os jovens, conforme o diretor. Há, portanto, a
preocupação em ter um espaço de acolhimento dentro das escolas, onde os alunos se
sintam seguros para expressar suas emoções e buscar apoio quando necessário.
“Programas de educação socioemocional, capacitação de professores
para identificar sinais de aflição e a promoção de um ambiente escolar saudável
em diferentes frentes. Essas são algumas ações que podem ser implementadas
pensando em prevenir o agravamento de transtornos mentais entre os jovens.
Investir na saúde mental é também investir no futuro da sociedade e precisa ser
tratado com mais seriedade”, complementa Wagner.
Além disso, o especialista reforça que o envolvimento da família e
da comunidade escolar também é essencial para o sucesso das iniciativas de
prevenção, como atividades que promovam a comunicação aberta entre pais,
professores e alunos para ajudar a criar uma rede de suporte ampla.
Da mesma forma, a tecnologia, quando usada de forma orientada,
pode se tornar uma aliada, principalmente em meio ao uso crescente no dia a
dia. Plataformas de acompanhamento emocional, aplicativo de mindfulness e
ferramentas digitais de monitoramento de humor podem complementar o trabalho
pedagógico.
“O importante é que a tecnologia não substitua o contato humano,
mas sim amplie a capacidade de cuidado. Já o trabalho conjunto entre escola e
família potencializa o efeito das estratégias preventivas garantindo que a
criança ou adolescente seja acolhido em todos os ambientes em que circula. Esse
é um compromisso muito importante visando a construção de uma sociedade mais
saudável, e a escola pode, mais uma vez, ter interferência e fazer a diferença
para isso”, conclui o diretor do Colégio Leonardo da Vinci.
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