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sexta-feira, 5 de setembro de 2025

Setembro Vermelho: doenças cardiovasculares matam mais do que todos os tipos de câncer. InCor reforça ações de conscientização

Com o tema "O coração é o maestro da sua vida", o Instituto do Coração (InCor-HCFMUSP) lança campanha reforçando a importância da conscientização sobre as doenças cardiovasculares. Neste ano, o pianista e maestro João Carlos Martins é o embaixador da iniciativa, simbolizando como cada nota da partitura da vida deve ser bem conduzida para manter o bom funcionamento do principal regente do corpo humano: o coração

 

Durante o mês de setembro, o Instituto do Coração (InCor-HCFMUSP) intensifica suas ações de prevenção contra as doenças cardiovasculares, chamando a atenção da população para a importância do tema. Assim como na música, a vida exige ritmo, equilíbrio e harmonia. O coração, como um maestro e principal regente do corpo humano, a cada batida representa um compasso que sustenta a melodia da nossa existência. É com essa analogia que o InCor convida a população a "ouvir a sinfonia que vem de dentro", reforçando que escolhas saudáveis, gestos de gentileza e atenção aos sinais do corpo são atitudes fundamentais para manter a saúde cardiovascular em dia. 

A campanha tem como tema “O coração é o maestro da sua vida” e conta com a participação especial do maestro e pianista João Carlos Martins como embaixador. A proposta é criar um diálogo entre música e saúde, despertando a consciência coletiva sobre a importância da prevenção das doenças cardiovasculares, a exemplo de infarto e AVC. Todas são responsáveis por grande parte das mortes evitáveis no Brasil e por mais mortes por dia do que todos os tipos de câncer juntos. 

O Prof. Dr. Roberto Kalil Filho, presidente do Conselho Diretor Instituto do Coração – InCor HCFMUSP, alerta para a crescente vulnerabilidade dos jovens às doenças cardiovasculares. Segundo a Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC) estima-se que cerca de 400 mil brasileiros morrem todos os anos em decorrência de doenças cardiovasculares, com um óbito a cada 90 segundos, totalizando 46 mortes por hora — e que boa parte desses casos poderiam ser evitados com ações preventivas adequadas. 

O aumento dos casos entre as faixas etárias mais jovens está associado diretamente a comportamentos de risco como o sedentarismo, consumo excessivo de álcool, tabagismo, obesidade, alimentação inadequada e estresse crônico. “Em resposta a esse cenário preocupante, reforço que exercícios físicos regulares, alimentação equilibrada e abstinência de hábitos nocivos são fundamentais para controlar e prevenir doenças cardíacas desde cedo”, explica o médico. 

Da mesma forma, o colesterol alto é um problema de saúde sério porque, quando em excesso no sangue, pode se acumular nas paredes das artérias, favorecendo a formação de placas de gordura — processo chamado aterosclerose. Essas placas estreitam ou até bloqueiam os vasos sanguíneos, dificultando a circulação e aumentando o risco de doenças cardiovasculares, como infarto do miocárdio, acidente vascular cerebral (AVC) e insuficiência arterial periférica. Muitas vezes silencioso, o colesterol alto não apresenta sintomas, o que reforça a importância de exames regulares para monitorar os níveis no organismo. 

Além do efeito direto ao coração e ao cérebro, o colesterol elevado também pode agravar o risco de outras condições de saúde, como hipertensão e diabetes. O LDL, conhecido como “colesterol ruim”, é o principal responsável por esse acúmulo de gordura nas artérias, enquanto o HDL, o “colesterol bom”, ajuda a remover esse excesso. Outros componentes como triglicerídeos e a lipoproteína(a), ou Lp(a), também podem aumentar os riscos de eventos cardiovasculares, especialmente quando aumentados. “Por isso, manter uma alimentação equilibrada, praticar exercícios físicos e, quando necessário, usar medicação prescrita são medidas fundamentais para controlar o colesterol e proteger a saúde do coração”, finaliza Kalil.

 

Ação Setembro Vermelho na Linha 4

Com o objetivo de promover informação e prevenção de doenças cardiovasculares, o Instituto do Coração (InCor) realizará a iniciativa Estação de Saúde na Linha 4 – Amarela do Metrô, ações gratuitas na estação Pinheiros, um dos pontos de grande circulação de pessoas na capital paulista. No dia 17, das 10h às 16h, profissionais da saúde estarão presentes para orientar os passageiros e frequentadores sobre cuidados essenciais com o coração, com foco especial na prevenção e controle de fatores de risco como colesterol alto, hipertensão, diabetes, fumo e sedentarismo. 

Durante as atividades, o público poderá participar de ações interativas e educativas, além de receber orientação médica gratuita sobre como adotar hábitos de vida mais saudáveis. A proposta do InCor é ampliar o acesso à informação em locais de grande circulação, reforçando que medidas simples — como manter uma alimentação equilibrada, praticar exercícios físicos, controlar o estresse e realizar acompanhamento médico regular — são fundamentais para prevenir doenças graves e salvar vidas. Conhecer o próprio histórico de saúde e agir de forma preventiva são atitudes poderosas na luta contra o infarto, o AVC e outras complicações cardiovasculares. 

A fachada do Instituto do Coração será iluminada de vermelho durante o período da campanha, em referência à importância da prevenção e do cuidado com a saúde cardiovascular. A ação faz parte das iniciativas de conscientização promovidas pela instituição, que é referência em cardiologia na América Latina e atua há 48 anos no atendimento de pacientes, na formação de profissionais de saúde e no desenvolvimento de pesquisas voltadas ao coração.

 

Confira a agenda:

13 de setembro – Ação de saúde no Instituto Raphael Veiga (9h ao 12h)

Voltada para mais de 100 crianças e pais atendidos pela instituição, a atividade contará com aferição de pressão arterial, medição de glicemia e orientações da equipe farmacêutica. O objetivo é promover cuidados e orientações em saúde para a comunidade local.

 

14 de setembro - Caminhada em parceria com ABTO (9h30)

Concentração uma hora antes na Fiesp, localizada na Avenida Paulista, 1313

Caminhada especial de conscientização sobre a importância da doação de órgãos. A ação faz parte da programação do Setembro Vermelho e do mês dedicado à doação de órgãos, e tem como objetivo mobilizar a população para salvar vidas por meio da doação consciente e solidária. Os participantes seguirão em caminhada até a entrada do Centro de Convenções Rebouças (CCR), onde haverá uma recepção especial e a apresentação musical. A atividade busca unir saúde, solidariedade e cultura, envolvendo a comunidade em uma causa essencial: a ampliação da rede de doadores de órgãos no Brasil.

 

24 de setembro - Dia Mundial da Consciência sobre Hipercolesterolemia Familiar (HF)

InCor – Térreo (horário a confirmar)

Ação de dosagem gratuita de colesterol para mapear possíveis casos em pacientes, colaboradores e visitantes que quiserem realizar o teste.

 

COMO IDENTIFICAR OS SINAIS DA ANSIEDADE E DEPRESSÃO NA PRIMEIRA INFÂNCIA

No mês da prevenção contra o suicídio, Setembro Amarelo, neurocirurgião e especialista em desenvolvimento explica como a ansiedade e depressão podem se desenvolver na primeira infância.

 

Setembro Amarelo, mês da conscientização e prevenção do suicídio, é uma oportunidade importante para refletir sobre como as doenças emocionais, a ansiedade e a depressão, afetam as crianças durante a primeira infância, fase que acontece do nascimento até os seis anos. 

Doenças emocionais são constantemente relacionadas a adultos e adolescentes, mas segundo o neurocirurgião e especialista em desenvolvimento infantil André Ceballos, elas também afetam muitas crianças. “Ansiedade e depressão podem passar despercebidas, em alguns casos, e esse é um grande desafio, porque crianças nessa idade ainda não conseguem verbalizar claramente o que sentem. Por isso, os sinais aparecem principalmente no comportamento, e precisam ser observados de perto pelos pais e cuidadores.” 

É durante essa etapa que a criança constrói suas bases cognitivas, emocionais e sociais, aprendendo a lidar com frustrações, criar vínculos afetivos e desenvolver autonomia. Quando esse processo é marcado por dificuldades emocionais ou falta de apoio adequado, surgem os riscos de desenvolver quadros de ansiedade e até depressão.
 

Como identificar os primeiros sinais da ansiedade e depressão na primeira infância

Segundo o doutor Ceballos, pais e tutores precisam ter um olhar atento para suas crianças nos primeiros anos de vida. Os sintomas mais comuns de doenças emocionais podem ser identificados por meio de alguns sinais, como:

 

1 - Irritabilidade sem motivo

Algumas crianças respondem aos sintomas da ansiedade e depressão com explosões de raiva, gritos e comportamento agressivo. Já outras vão em contramão a isso, ficam mais reclusas, buscam se isolar e se sentem mais confortáveis e seguras. Em alguns casos, elas se negam a sair de casa, ir para a escola ou frequentar a casa de parentes.

 

2 - Problemas para dormir ou para comer

Insônia, pesadelos, não querer dormir sozinho ou até mesmo xixi na cama constantemente podem indicar que a criança está sofrendo com algum problema emocional. O mesmo vale para a questão alimentar, não ter interesse pelo alimento ou comer excessivamente pode ser um pedido silencioso de socorro.
 

3 - Dificuldades de concentração

A ansiedade e a depressão também podem afetar o desempenho escolar e o interesse pelas atividades cotidianas, como brincar, desenhar, assistir desenhos. Crianças que se distraem com facilidade, não conseguem terminar tarefas simples ou demonstram falta de motivação para aprender podem estar manifestando um quadro de sofrimento psicológico.

 

4 - Dores de cabeça ou barriga frequentes sem explicação

Quando a criança apresenta dores frequentes, mas os exames médicos não identificam nenhuma causa física, é possível que o problema esteja ligado ao emocional. “Na infância, o corpo muitas vezes fala pelo que a mente ainda não consegue expressar em palavras. Essas queixas devem ser levadas a sério e investigadas” reforça o neurocirurgião.

 

Qual o papel da família?

Segundo o doutor Ceballos, a família tem um papel essencial no processo de identificação da ansiedade e da depressão na infância. “Pais e responsáveis devem estar atentos a mudanças de comportamento e de humor. Ao perceber esses sinais, o ideal é procurar um médico. Com o diagnóstico, o ambiente familiar torna-se fundamental para um tratamento bem-sucedido e, em muitos casos, para a cura”, comenta o especialista. 

Manter um diálogo aberto, oferecer um espaço acolhedor, propor atividades prazerosas como passeios e momentos em família, além de demonstrações de afeto no dia a dia, são atitudes que contribuem para o cuidado contínuo da saúde emocional. Todo o núcleo familiar precisa estar envolvido e atento às mudanças da criança, para que ela se sinta valorizada, apoiada e ouvida.

 

Dr. André Ceballos - Médico neurocirurgião, Ceballos atua como Diretor técnico do Hospital São Francisco, referência no diagnóstico e tratamento de crianças com transtornos do desenvolvimento. O médico tem como missão identificar precocemente condições que possam comprometer o pleno desenvolvimento das crianças, oferecendo intervenções terapêuticas baseadas nas melhores evidências científicas. A atuação do Dr. Ceballos vai além do atendimento clínico e da gestão hospitalar e reconhecendo a importância da informação e da educação para a saúde pública, se dedica a projetos de divulgação e conscientização sobre os marcos do desenvolvimento infantil, com o objetivo de influenciar políticas públicas que beneficiem especialmente as populações mais vulneráveis. Saiba mais em: Link


Você já ouviu falar em neuroblastoma?


· Embora seja um câncer raro, ele figura entre os mais frequentes da infância, com 80% dos casos diagnosticados antes dos 5 anos. Fique atento aos sinais e saiba quando procurar ajuda médica

· A doença exige diagnóstico rápido e tratamento emergencial. Cada dia sem acesso à terapia pode ser decisivo para a criança.

 

Neste “Setembro Dourado”, mês de conscientização sobre o câncer infanto juvenil, a farmacêutica Adium, companhia presente em 18 países da América Latina, alerta para um tipo raro e ainda pouco conhecido de tumor, mas que já figura entre as neoplasias mais frequentes da infância, o neuroblastoma. O nome vem das estruturas onde surgem a doença, os neuroblastos, que são células nervosas imaturas do sistema nervoso simpático¹. 

Elas têm origem na crista neural, uma estrutura embrionária que dá origem a diferentes tecidos, incluindo células do sistema nervoso simpático, responsáveis por funções como batimentos cardíacos, pressão arterial, respiração e digestão. A ciência ainda não compreende totalmente a origem do neuroblastoma, mas acredita-se que seja uma combinação de fatores genéticos e ambientais, que resultam na alteração dessas células. Assim, o tumor geralmente se manifesta nas glândulas suprarrenais, pescoço, tórax ou abdômen². 

No Brasil, dados do INCA (Instituto Nacional do Câncer) demonstram que o neuroblastoma representa o terceiro tumor infantil mais comum, sendo o mais frequente fora do sistema nervoso central. A neoplasia corresponde a algo entre 8% e 10% dos casos de câncer em crianças, com prevalência é estimada em 1 caso a cada 7.000 nascidos vivos. Mais de 80% dos diagnósticos ocorrem antes dos cinco anos de idade². 

“O neuroblastoma pode ter início silencioso e sintomas inespecíficos, que acabam confundidos com outras doenças. Por isso é importante que a criança seja encaminhada ao médico para a melhor avaliação”, destaca o Dr. Eduardo Issa, diretor médico da Adium, farmacêutica presente em 18 países da América Latina, incluindo o Brasil. Os sinais e sintomas podem variar conforme a localização do tumor, mas distensão abdominal, associada a dor e massa palpável costumam ser indicadores frequentes, uma vez que 65% dos casos ocorrem na região abdominal².

 

Tratamento

Quanto mais cedo for o diagnóstico, melhor são as chances de sucesso no tratamento. Para tumores de baixo ou intermediário risco, cirurgia com ou sem quimioterapia representa uma abordagem eficaz. Já nas formas de alto risco, combinam-se cirurgia, quimioterapia intensiva, radioterapia, transplante de medula e imunoterapia. As taxas de sobrevida em tumores de risco baixo ou intermediário chegam a 90%, enquanto nos casos de alto risco esse índice cai para cerca de 50% — resultado de tratamentos modernos e integração terapêutica¹. 

Nesse cenário de avanços, a Adium desempenha um papel fundamental ao reforçar a disponibilidade de terapias inovadoras no Brasil. Ano passado, a companhia trouxe ao mercado nacional o Danyelza® (naxitamabe), anticorpo monoclonal anti-GD2, administrado em combinação com fator estimulante de colônia de granulócitos-macrófagos (GM-CSF). A terapia destina-se a pacientes (a partir de 1 ano de idade ou adultos) com neuroblastoma de alto risco recidivado ou refratário na medula óssea ou osso, que tenham apresentado resposta parcial, menor ou doença estável após terapia anterior¹. 

Essa nova alternativa terapêutica traz respostas clínicas expressivas. No Estudo 201, alcançou-se resposta global em 68% dos casos, incluindo 59% de resposta completa. Já o Estudo 12-230, os índices ficaram em 34% de resposta global e 21% de resposta completa — com infusão entre 30 e 90 minutos e eventos adversos controláveis, como se espera de imunoterapias anti-GD2¹. 

As conquistas clínicas ampliam as alternativas terapêuticas e fortalecem o acesso à saúde no país. Combinadas com a sensibilização da sociedade sobre a necessidade do diagnóstico precoce, as terapias inovadoras ajudam a construir novos e melhores desfechos aos pacientes.

 

Adium

 

Referências:

1) Adium Saúde. Quais as causas do neuroblastoma? Disponível em: https://adiumsaude.com.br/blog/quais-as-causas-do-neuroblastoma/. Acesso em 29/08/2025.

2) Instituto Nacional do Câncer (INCA). Neuroblastoma. Disponível em: https://www.gov.br/inca/pt-br/assuntos/cancer/tipos/infantojuvenil/especificos/neuroblastoma/versao-para-profissionais-de-saude. Acesso em 29/08/2025.

 

SETEMBRO AMARELO

 

Prevenção ao suicídio e inteligência artificial: o silêncio das máquinas e a urgência da escuta humana 

Campanha Setembro Amarelo ganha novo peso diante do uso de chatbots por adolescentes em sofrimento

 

A solidão nunca foi tão numerosa. Um relatório da Organização Mundial da Saúde, lançado em julho de 2025, estimou que uma em cada seis pessoas no mundo se sente sozinha — entre adolescentes, o índice chega a um em cada cinco. O isolamento social está associado a mais de 871 mil mortes anuais, o equivalente a cerca de 100 vidas perdidas a cada hora, um impacto comparável ao da obesidade ou do tabagismo. 

Neste Setembro Amarelo, mês dedicado à prevenção do suicídio, especialistas da Rede Ebserh analisam como esse cenário global se cruza com um fenômeno contemporâneo: o recurso crescente a ferramentas digitais de apoio emocional, como os chatbots de inteligência artificial. O que parece uma saída acessível e constante pode, na prática, reforçar vergonhas, estigmas e sentimentos de desvalia — silenciando, em vez de abrir espaço para a fala. 

A Rede Ebserh soma vozes de seus hospitais universitários para lembrar que acolher salva vidas. Essa é também a mensagem central da campanha: transformar silêncio em diálogo, solidão em vínculo e angústia em esperança.
 

O risco de um alívio raso 

Segundo Edilson Reis, professor do Curso de Extensão em Prevenção do Suicídio do Hospital Universitário Maria Aparecida Pedrossian (Humap-UFMS), a inteligência artificial pode até oferecer respostas rápidas, mas nunca substituirá a escuta humana. “Nós precisamos do outro. Gente precisa de gente e pessoas precisam ser cuidadas por pessoas. O olhar clínico, a escuta e o vínculo de afeto não podem ser substituídos por uma máquina”, afirma. 

O psicólogo alerta que a IA, ao se basear em dados coletivos, ignora a singularidade de cada paciente. “A pessoa digita suas angústias no teclado e recebe uma resposta que pode até suavizar o momento, mas não tem base científica, terapêutica ou de cuidado real. É um alívio raso, que pode mascarar sintomas graves”, explica. 

Pesquisadores da Universidade de Stanford chegaram a conclusões semelhantes: em um estudo recente, verificaram que chatbots terapêuticos reforçavam estigmas em casos de alcoolismo e esquizofrenia, ao reproduzirem vieses presentes em suas bases de dados. Para Edilson, esse tipo de falha pode ser devastador. “A esperança tem um significado muito concreto: dá expectativa em relação ao futuro da pessoa. A inteligência artificial não tem isso. Ela apenas repete dados e oferece o que o usuário quer ouvir, mas não o que precisa para mudar seu contexto de vida”, avalia. 

Além disso, ele lembra que a prática clínica envolve responsabilidade profissional e vínculo humano. “O acolhimento não é só falar ou ouvir, mas olhar, perceber expressões, transmitir confiança. E a IA não tem códigos éticos nem afetivos. Ela pode dar respostas erradas, até enganosas, em casos graves. Uma dor não compartilhada dói mais — e esconder a dor atrás de uma tela só aumenta o risco”, alerta.
 

Tecnologia que agrava sintomas  

A psicóloga Laís Arilo, do Hospital Universitário da Universidade Federal do Piauí (HU-UFPI), chama atenção para outro perigo: “O contexto atual nos levou a buscar soluções cada vez mais rápidas. Seguindo essa tendência, temos visto a procura pela inteligência artificial até mesmo para o alívio de sintomas emocionais. É como se estivéssemos tratando o problema alimentando a sua causa”. 

Segundo ela, cuidar da saúde mental envolve tempo, relação, escuta e intervenção técnica. “O indivíduo pode ter respostas, mas dificilmente conseguirá alcançar mudanças ou se envolver em um processo reflexivo e duradouro”, explica. Para Laís, o risco aumenta quando a solidão se combina à pressão por padrões irreais impostos pelas redes sociais. “Nessa situação, adolescentes tornam-se ainda mais vulneráveis”.
 

Adolescência em risco  

Para o psiquiatra infantil Lucas Hosken, do Instituto de Puericultura e Pediatria Martagão Gesteira (IPPMG-CH-UFRJ), a adolescência é um período crítico de transformação, em que vínculos sociais presenciais são fundamentais. “A adolescência consiste numa fase de grandes mudanças biológicas, psicológicas e sociais. É nesse processo, feito em conjunto com os pares, que se enriquece a experiência de construção da identidade e do autoconhecimento”, explica. 

Segundo ele, surgem riscos quando esse processo é substituído por vínculos apenas digitais. “É uma interação muito mais pobre em qualidade e variedade de estímulos. Cada amizade, cada discussão, namoro, frustração ou sucesso na vida real ensinam uma miríade de aprendizados sociais, com todas as suas sutilezas. Isso não é replicado em uma tela”, afirma. 

Embora reconheça que a tecnologia possa ser útil em alguns casos — como para jovens tímidos ou com transtornos do neurodesenvolvimento —, Lucas lembra que não há garantias. “Cabe à escola, à família e aos serviços de saúde mental promover um uso equilibrado e saudável desses recursos, sem perder de vista que nada substitui a presença humana”, reforça. 

Essa visão é compartilhada pelo psiquiatra Sávio Teixeira, do Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Goiás (HC-UFG). Para ele, adolescentes em busca de respostas rápidas podem se deparar com um perigo invisível. “Nessa fase da vida, as emoções são muito intensas e as ferramentas de autogestão ainda incipientes. A tecnologia parece oferecer uma solução fácil e neutra, mas há um ponto cego: por mais avançado que seja, um chatbot não sente, não sustenta o silêncio, não compartilha a presença. O perigo está justamente na substituição: transformar uma experiência relacional complexa em um diálogo com linhas de código”, alerta. 

Sávio reforça que políticas públicas precisam ir além da reação: “É preciso garantir que o acesso ao cuidado em saúde mental seja concreto, humano e próximo. As tecnologias podem até ser aliadas, mas se o único espaço disponível para falar de sofrimento for uma tela, o problema não é a tela: é o vazio em volta”.
 

A escuta que salva  

Em hospitais, onde o sofrimento psíquico costuma se somar ao adoecimento físico, o psiquiatra Godson Teixeira, do Hospital Universitário da Universidade Federal do Vale do São Francisco (HU-Univasf), já percebe os efeitos da busca por respostas digitais. “Tenho visto pacientes abandonarem terapias individuais porque acreditam que a inteligência artificial pode executar uma análise próxima à de terapeutas famosos como Freud ou Lacan”, destaca. 

Esse fenômeno é descrito por pesquisadores como technological folie à deux, quando a interação com a IA reforça ideias equivocadas ou paranoias em ciclos de retroalimentação. Para Godson, essa dinâmica é especialmente perigosa em situações de crise. “Nenhuma máquina se importa de fato com o ser humano, ela apenas executa tarefas. Já na interação com o outro surgem oportunidades de empatia, de conexão e de detecção precoce de sinais de risco”, afirma. 

Godson ressalta que, diante da vulnerabilidade do paciente hospitalizado, gestos simples de cuidado fazem toda a diferença: “Uma escuta atenta, o reconhecimento da dor ou a oferta de companhia reduzem significativamente a chance de agravamento do sofrimento psíquico. Ainda que não seja mais possível uma realidade sem máquinas inteligentes, reforço que o primeiro passo para quem tem sofrimento grave é sempre procurar outra pessoa: amigos, familiares, profissionais de saúde. Afinal de contas, são pessoas que se importam com pessoas e que ainda salvam pessoas”, conclui.
 

Ebserh


Setembro Amarelo: como as doenças ginecológicas afetam a saúde mental

   

O mês de setembro traz sempre uma discussão muito importante sobre o suicídio e também sobre a saúde mental. De acordo com dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), divulgados no último dia 2 de setembro, o suicídio figura entre as principais causas de óbito de jovens, independentemente do país ou condição socioeconômica. Transtornos de saúde mental, como ansiedade e depressão, são altamente prevalentes em todos os países e comunidades. “É a segunda maior causa de incapacidade a longo prazo, gerando perda de qualidade de vida”, destaca a OMS. 

Mesmo diante de dados alarmantes, este assunto ainda é muito evitado, assim como o cuidado com a saúde mental costuma ser negligenciado. "Muitos distúrbios psicológicos podem estar relacionados às condições ginecológicas. Precisamos falar sobre isso, não só em setembro, como o ano todo. Além disso, essa pauta deve ser assunto de todas as especialidades, afinal, não é possível falar de saúde sem considerar a mente", comenta Dr. Thiers Soares, especialista em miomas, adenomiose e endometriose. 

 

Como as doenças ginecológicas podem afetar a saúde mental


A partir da primeira menstruação até a menopausa, as mulheres podem sofrer com transtornos mentais específicos para o sexo feminino, como transtorno disfórico pré-menstrual, depressão perinatal e depressão perimenopáusica. Além disso, existem as mudanças de humor - sintomas depressivos e de ansiedade que são consequências de doenças ginecológicas. Endometriose, menopausa precoce, ovário policístico, miomas, entre outras doenças, podem afetar a saúde mental.

 

Os transtornos mentais podem se desenvolver com mais facilidade em pessoas que já sofrem com outras doenças. Desta forma, no momento em que uma mulher é diagnosticada com algum problema ginecológico, ela também pode entrar na zona de risco para desenvolver algum distúrbio psicológico.

 

Além disso, algumas patologias interferem significativamente na vida pessoal, profissional e íntima das mulheres, comprometendo a vida social, afetiva e familiar. Essa característica também pode ser a origem de doenças mentais, como depressão, ansiedade e estresse. 

 

Muitos profissionais negligenciam essa correlação entre diagnósticos – o que pode comprometer o sucesso do tratamento da paciente. Portanto, além de entender a condição física da paciente, é fundamental investigar sua saúde mental e, se necessário, encaminhá-la para o tratamento psicológico e/ou psiquiátrico. 

 

Saúde mental e doenças ginecológicas 

Algumas doenças ginecológicas podem gerar sintomas ou patologias psicológicas. São elas:

 

Endometriose: doença de característica inflamatória, ocorre devido às glândulas endometriais que se espalham por outros órgãos do corpo, como intestino, bexiga e ovários. Pacientes com essa doença podem sentir dores crônicas, além de ter dificuldade para engravidar. É comum o aparecimento de sintomas de ansiedade e depressão. 

 

Menopausa precoce: acontece quando os ovários param de produzir óvulos antes dos 40 anos. Entre os diversos sintomas, está a mudança hormonal, que afeta não só o corpo, mas também a mente da mulher. Após a menopausa precoce, a produção do hormônio estrogênio reduz muito, o que causa alterações de humor, falta de disposição e pode levar ao surgimento da depressão. 

 

Miomas: são tumores benignos que crescem dentro do útero durante a idade reprodutiva da mulher. Essa doença possui sintomas como sangramento anormal e cólicas intensas. Tudo isso gera muito medo e pode afastar a mulher do seu companheiro, familiares e amigos. Além disso, em último caso, uma das formas de tratamento de miomas mais graves é a histerectomia (remoção do útero), o que pode afetar muito a mulher que deseja engravidar. A histerectomia deve ser reservada a pacientes que não desejam engravidar, mas, infelizmente, algumas mulheres que querem ter filhos são submetidas a esse procedimento. Esses acontecimentos também podem afetar o psicológico e gerar transtornos mentais. Procurar ajuda é o primeiro passo. 


 

De acordo com o especialista, com o acompanhamento correto, essas condições podem ser totalmente tratadas. "É fundamental procurar um ginecologista especializado e deixar o medo de lado. Isso porque muitas mulheres deixam de realizar as consultas ginecológicas por vergonha ou por receio de um possível diagnóstico ruim. Todo diagnóstico precoce aumenta as chances de sucesso no tratamento. Além disso, um profissional capacitado será responsável por guiar, orientar e acolher", acrescenta Soares. 




Futebol em ação: CBF apoia campanha Setembro Verde Esperança 2025

CBF compartilhará mensagens de conscientização sobre a asfixia perinatal durante o Campeonato Brasileiro

 

A Confederação Brasileira de Futebol (CBF) se une ao Instituto Protegendo Cérebros, Salvando Futuros em apoio à campanha Setembro Verde Esperança 2025. Durante a 23ª rodada do Campeonato Brasileiro, que ocorrerá entre os dias 13 e 15 de setembro, a Confederação realizará a Rodada Verde Esperança e exibirá informações sobre a campanha, cujo mote é #EuRespiroaVida, a fim de alertar a sociedade e o poder público sobre estratégias de prevenção de sequelas neurológicas em recém-nascidos causadas principalmente pela asfixia perinatal. A mobilização contará com a exibição da campanha nas placas de LED durante o pré-jogo e intervalo, divulgação da campanha no site oficial da CBF, além da exibição do vídeo institucional no telão dos estádios. 

Para o período, estão previstas as seguintes partidas: Fluminense x Corinthians; Vasco da Gama x Ceará; Palmeiras x Internacional; São Paulo x Botafogo; Red Bull Bragantino x Sport; Atlético-MG x Santos; Grêmio x Mirassol; Bahia x Cruzeiro; Fortaleza x Vitória e Juventude x Flamengo. 

De acordo com o médico neonatologista, Dr. Gabriel Variane, que é presidente e fundador do Instituto, “o futebol é mais do que um esporte, é uma linguagem universal, capaz de mobilizar milhões de brasileiros em torno de um propósito. Para nós, essa união com a CBF representa um marco histórico na luta contra a asfixia perinatal. Quando a maior paixão nacional entra em campo por essa causa, mostramos que salvar vidas e garantir futuros é um jogo que precisa ser vencido por todos”, diz. 

Para o presidente da CBF, Samir Xaud, o engajamento em causas sociais é um dos pilares da entidade.

“Como presidente da CBF e médico sei da importância do tema. Asfixia perinatal, que é uma privação de oxigênio que um recém-nascido sofre antes, durante ou após o parto, é algo muito sério, que pode levar o bebê à morte ou deixá-lo com profundas sequelas. Campanhas como essa ajudam a salvar vidas, com esclarecimentos, conscientização e mobilização. Para nós, da CBF, é uma obrigação estar ao lado da sociedade em demandas que dizem respeito ao bem-estar de todos”, disse o presidente da CBF.

 Dr. Gabriel Variane, neonatologista e fundador do
Instituto Protegendo Cérebros Salvando Futuros
Dr. Variane diz também que as parcerias e o aumento da visibilidade sobre o tema são fundamentais para salvar vidas. “Quando a sociedade conhece a gravidade do problema, cresce a pressão por políticas públicas eficazes, equipes capacitadas e acesso a tecnologias que previnem e tratam lesões cerebrais. Estamos falando não só em reduzir mortes, mas em evitar sequelas que impactam famílias para sempre”, comenta. 

A Campanha Setembro Verde Esperança está na sua 6ª edição e carrega o lema “Eu Respiro a Vida”. A ação teve como importante idealizadora a médica neonatologista Mariana Dizotti, cofundadora do Instituto Protegendo Cérebros, Salvando Futuros. Ela explica que o mês de setembro anuncia a chegada da primavera, trazendo renovação, e que o termo esperança vem de “esperançar”, ou seja, de agir para oferecer tratamento adequado no tempo certo, garantindo que cada bebê tenha a melhor chance de sobrevivência e desenvolvimento saudável.

Dra. Mariana Dizotti, cofundadora do Instituto
e idealizadora da campanha.


Sobre a asfixia perinatal

 

A asfixia perinatal é uma dura realidade. Após realizado o diagnóstico, estima-se que menos de 5% dos recém-nascidos com problemas de oxigenação no cérebro em nosso país têm acesso ao tratamento e suporte mais adequado, segundo estudo publicado no American Journal of Perinatology (2019). Como consequência, grande parte desses bebês podem ter seus futuros comprometidos por sequelas neurológicas, muitas vezes evitáveis, como paralisia cerebral, deficiência cognitiva, cegueira ou surdez. 

A Organização Mundial da Saúde (OMS) aponta que o quadro representa 23% de todas as mortes de recém-nascidos, tornando-se a terceira maior causa de óbitos evitáveis no mundo. Essa situação pode ocorrer durante ou logo após o parto. “Queremos que a asfixia perinatal, uma condição grave e pouco conhecida, ganhe a atenção que merece. A cada ano, de 20 a 30 mil bebês são afetados no Brasil, e milhões em todo o mundo. Nossa meta é transformar silêncio em diálogo, informação em prevenção e, acima de tudo, consciência em ação”, finaliza Dr. Variane.

 

Sobre o Instituto Protegendo Cérebros Salvando Futuros 

O Instituto Protegendo Cérebros Salvando Futuros é uma entidade sem fins lucrativos, criado por profissionais da área da saúde que objetivam disseminar estratégias para prevenção de sequelas neurológicas em bebês.


Dia da Saúde Sexual: ISTs avançam e estigma contra o HIV persiste

Sífilis congênita, HIV em jovens e saúde mental abalada pelo preconceito marcam cenário da saúde sexual no país



Na semana em que se celebra o Dia da Saúde Sexual, o Brasil enfrenta um cenário preocupante: o avanço das Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs) e a persistência do estigma contra pessoas com HIV. Juntos, esses fatores agravam a crise em saúde pública e reforçam a urgência de conscientização e respeito.

 

O Índice de Estigma em Relação às Pessoas Vivendo com HIV 2025, lançado pelo programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/AIDS (UNAIDS), revela que 52,9% dessas pessoas já sofreram algum tipo de discriminação, enquanto 38,8% relatam ter sido alvo de comentários ou fofocas. Esse estigma afasta os indivíduos dos serviços de testagem, diagnóstico e tratamento, dificultando a quebra da cadeia de transmissão das ISTs. Ao mesmo tempo, dados parciais do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan) mostram que no último ano o país notificou 23.055 casos de sífilis adquirida e 4.743 novos casos de HIV/Aids, números que reforçam a urgência da mobilização.

 

O psicólogo da Afya Montes Claros, Dr Carlos André Moreira, explica que muitas dessas pessoas não sofrem diretamente por causa do vírus, mas sim por causa do preconceito historicamente associado a ele.“Esse estigma afeta profundamente a saúde mental, pois reforça a exclusão, a culpa e o medo do julgamento, tornando o enfrentamento da condição muito mais difícil do que seria se fosse tratada como qualquer outra doença crônica”. 

 

O psicólogo da Afya ainda reforça que, apesar dos avanços no tratamento do HIV, comentários, fofocas e discriminações sociais ainda afetam profundamente o bem-estar emocional de quem convive com o vírus.“Mesmo que o HIV não represente mais uma sentença de morte, o momento do diagnóstico ainda reativa sentimentos como medo, culpa e vergonha. Muitas pessoas, especialmente as mais jovens, que vivem a sexualidade com mais liberdade, acabam sendo brutalmente confrontadas com julgamentos morais ao receberem o diagnóstico. Esses estigmas reforçados por falas e atitudes cotidianas dificultam o acolhimento e agravam o sofrimento psíquico, mostrando que o preconceito ainda é uma das maiores barreiras enfrentadas por quem vive com HIV”, complementa o especialista. 


 

Prevenção, riscos e o alerta para a Sífilis no Brasil

 

Diante desta situação, a Organização Mundial da Saúde (OMS) também divulgou que mais de 1 milhão de ISTs curáveis são adquiridas diariamente no mundo. As consequências vão além dos sintomas físicos, podendo incluir infertilidade, complicações na gestação e aumento do risco de transmissão do HIV. 

 

Para o infectologista da Afya Itajubá, Dr Bruno Michel e Silva, as medidas preventivas mais eficazes contra as ISTs podem ser adotadas de forma combinada ou individualizada, dependendo do contexto e da vulnerabilidade de cada pessoa. “Entre as principais estratégias, destacam-se as vacinas contra o HPV e as hepatites B e C, o uso regular de preservativos masculinos e femininos, a testagem periódica para detecção precoce de infecções e o uso de antivirais para prevenção do HIV. Tanto a PEP (profilaxia pós-exposição), indicada após uma situação de risco, quanto a PrEP (profilaxia pré-exposição), voltada à prevenção contínua em pessoas mais expostas. Essas ações, quando articuladas, ampliam significativamente a proteção e o controle das ISTs.”

 

A sífilis no Brasil ainda é um dos maiores pontos de atenção. De acordo com o Boletim Epidemiológico 2024 do Ministério da Saúde, houve um aumento expressivo nas taxas de detecção da doença, tanto na população geral quanto em gestantes, o que eleva o risco de sífilis congênita, com impactos sérios para os recém-nascidos. Também foram registrados 785 casos de hepatite B e 205 de hepatite A. 

 

“O crescimento expressivo entre gestantes é especialmente preocupante devido ao risco de transmissão vertical, ou seja, da mãe para o bebê, o que pode causar consequências graves à saúde da criança. Por isso, a identificação precoce da infecção durante o acompanhamento pré-natal é fundamental para a prevenção da sífilis congênita e para a proteção da saúde materno-infantil”, conclui o infectologista da Afya Itajubá. 



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Estudo¹ revela que pacientes tratados com medicação oral para esclerose múltipla são 3 vezes mais positivos sobre o futuro em comparação com outras terapias

 

  • Tratamento oral é o preferido entre os pacientes, que enfrentam até 6 horas por mês de deslocamento para retirada de medicamento injetável, com impacto direto na rotina²
  • 60% dos pacientes já desmarcaram compromissos pessoais e profissionais para realizar etapas do tratamento, como a medicação via infusão³
  • Pacientes em tratamento infusional têm 4,8x mais chances de faltar ao trabalho no comparativo com aqueles em tratamento oral ou autoinjetáveis4
  • A forma de administração do tratamento também está associada à positividade dos pacientes em relação ao futuro.


Uma pesquisa inédita realizada pela Associação Brasileira de Esclerose Múltipla (ABEM), com apoio da Merck, líder global em ciência e tecnologia, revela os principais desafios enfrentados por brasileiros com esclerose múltipla (EM). Entre os destaques do levantamento, estão o longo tempo para o diagnóstico, os impactos da rotina de tratamento na vida pessoal e profissional, e a preferência marcante por terapias orais¹. 

“Em geral, a pesquisa comprovou pela primeira vez dados e percepções em relação aos brasileiros com Esclerose Múltipla, que antes eram apresentados apenas por meio de levantamentos internacionais – e, adicionalmente, trouxe um dado muito interessante e, até então, novo para nós, que é como a forma de administração do tratamento torna as expectativas mais otimistas em relação ao futuro por parte dos pacientes”, explica Dr. Fabio Armentano (CRM-SP 120929 e RQE Nº: 44714), líder de área terapêutica para Neurologia e Imunologia na Merck Brasil. 

O estudo, que ouviu 476 pessoas com EM de diversas regiões do país, aponta que o tempo médio entre o surgimento dos primeiros sintomas e a confirmação do diagnóstico é de cinco anos. Dificuldade para andar (29,2%), tontura (23,1%) e fraqueza muscular (20,6%) estão entre os sintomas iniciais mais relatados.5 

“Ainda vemos pacientes convivendo por anos com os sintomas antes de receberem o diagnóstico correto, com diversas limitações pontuais ou permanentes, sem sequer saber a origem. Conscientizar a população e capacitar profissionais de saúde é essencial para garantir diagnóstico precoce e mais qualidade de vida”, afirma Dr. Guilherme Olival (CRM-SP 135992 CNRM - SP 306370), neurologista e diretor médico da ABEM.
 

Deslocamento excessivo e impacto na rotina 

A pesquisa também revela que os pacientes gastam, em média, seis horas por mês em deslocamentos para buscar, retirar ou administrar o tratamento. O impacto é ainda maior entre os pacientes que utilizam terapias infusionais, aplicadas em períodos determinados em ambiente hospitalar: eles têm 4,8 vezes mais chances de faltar ao trabalho em comparação com os que estão em outras modalidades de tratamento4. 

Essa logística interfere diretamente na vida pessoal e profissional, como mostram os dados:

  • 60% dos participantes já desmarcaram compromissos pessoais e profissionais devido ao tratamento;
     
  • 51% já faltaram ao trabalho ou estudos.


Preferência por medicamentos orais 

A análise mostrou também que o modo como o tratamento é administrado também interfere na experiência dos pacientes. A maioria (70%) afirma que, se pudesse escolher, preferiria a via oral. Entre os motivos, destacam-se a praticidade e o menor desconforto durante a administração. A taxa de efeitos adversos relatada também foi menor entre os que utilizam medicamentos orais (25,2%), contra 26,3% nos infusionais e 54,5% nos autoinjetáveis. Além disso, pacientes em tratamento oral exteriorizaram 3 vezes mais chances de enxergar o futuro com otimismo, enquanto o uso de medicamentos infusionais esteve relacionado a uma percepção mais negativa. 

“Pessoas que sentem desconforto com terapias infusionais ou autoinjetáveis tendem a preferir a via oral, influenciando diretamente na adesão ao tratamento. Essa percepção deve ser considerada pelos profissionais de saúde no momento da escolha da medicação, somada é claro a outros fatores cruciais como eficácia e manejo de eventos adversos. Não sabemos ao certo o que faz os pacientes terem essa percepção tão diferente sobre o futuro, mas podemos levantar a hipótese de os tratamentos orais, por proporcionarem mais autonomia e flexibilidade, melhoram a autoestima e a positividade em relação ao futuro. Já as terapias infusionais, por exigirem internações frequentes, podem reforçar sentimentos de limitação e insegurança”, comenta Olival.



Planejamento familiar e maternidade 

A maternidade é um tema que desperta dúvidas e receios em muitas mulheres com esclerose múltipla, especialmente quando se trata de conciliar tratamento e planejamento familiar. Vale lembrar que elas são as mais afetadas pela doença: entre as 2,8 milhões de pessoas que vivem com esclerose múltipla no mundo, pelo menos 69% são mulheres e 31% são homens, o que representa uma proporção de pelo menos duas mulheres para cada homem7. No levantamento, 41% das mulheres relataram já ter filhos, enquanto 40%, que ainda não têm filhos, afirmaram não pretender ter. 

Ao serem questionadas sobre preocupações relacionadas à fertilidade ou à evolução da gravidez, 52% das mulheres entrevistadas afirmaram ter esse tipo de preocupação. Ao serem questionadas sobre como se sentem em relação às opções de tratamento adequadas à sua condição, apenas consideram-se suficientemente informadas. 

Caso engravidassem, 76% relataram que teriam preocupação em conciliar a amamentação e o tratamento da EM. A pesquisa indica ainda, em relação a esse tema, que não há associação estatística entre o tipo de tratamento e riscos à fertilidade, gravidez ou amamentação, reforçando a importância do acompanhamento médico especializado. 

“Ao contrário do que muita gente imagina, mesmo as próprias pacientes muitas vezes, é sim possível que mulheres com esclerose múltipla engravidem e amamentem com segurança8. Com os tratamentos disponíveis hoje, conseguimos preservar a saúde da mulher e apoiar na maternidade, sem abandonar o tratamento da esclerose múltipla”, afirma a Dra. Maria Augusta Bernardini (CRM-SP 100744), diretora médica da Merck para Brasil e América Latina.
 

Acolhimento, preconceitos e expectativas para o futuro 

Ao todo, 71% dos pacientes afirmam se sentir acolhidos atualmente — percentual que sobe para 84,6% entre os que usam medicamentos orais. Entre os entrevistados, 58% dos pacientes relataram experiências de preconceito, principalmente no ambiente de trabalho e social, e 47% dos entrevistados relataram ter escondido seu diagnóstico de Esclerose Múltipla com medo de perder o emprego ou relacionamento.
 

Sobre a pesquisa 

O estudo ouviu 476 pessoas com esclerose múltipla em todas as regiões do Brasil. A média de idade dos participantes foi de 37,9 anos, sendo 78,6% mulheres. A amostra, coletada via formulário online, representa de forma abrangente o perfil da população brasileira com a condição. 

 



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Sobre a ABEM
A Associação Brasileira de Esclerose Múltipla (ABEM) é uma instituição filantrópica sem fins lucrativos, fundada em 1984, com sede em São Paulo. Referência na América Latina, a ABEM tem como missão promover a qualidade de vida de pessoas com Esclerose Múltipla, oferecendo atendimento multidisciplinar em áreas como neurologia, fisioterapia, psicologia, neuropsicologia, terapia ocupacional, fonoaudiologia e outras especialidades. Além do suporte direto aos pacientes e familiares, a ABEM atua na conscientização, divulgação de informações e defesa de direitos, promovendo campanhas educativas, eventos de sensibilização e advocacy para ampliar o acesso a terapias e tratamentos.

 Referências:

  1. Pesquisa ABEM & Merck, v. 01, 2025
  2. Pesquisa ABEM & Merck, v. 01, p. 33, 2025
  3. Pesquisa ABEM & Merck, v. 01, p. 36, 2025
  4. Pesquisa ABEM & Merck, v. 01, p. 39, 2025
  5. Pesquisa ABEM & Merck, v. 01, p. 11, 2025
  6. Pesquisa ABEM &Merck, v01, p. 37, 2025
  7. Associação Brasileira de Esclerose Múltipla. (2020). Atlas da Esclerose Múltipla – 3ª edição. Último acesso em junho/2025 Link

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