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sexta-feira, 5 de setembro de 2025

Dia da Saúde Sexual: ISTs avançam e estigma contra o HIV persiste

Sífilis congênita, HIV em jovens e saúde mental abalada pelo preconceito marcam cenário da saúde sexual no país



Na semana em que se celebra o Dia da Saúde Sexual, o Brasil enfrenta um cenário preocupante: o avanço das Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs) e a persistência do estigma contra pessoas com HIV. Juntos, esses fatores agravam a crise em saúde pública e reforçam a urgência de conscientização e respeito.

 

O Índice de Estigma em Relação às Pessoas Vivendo com HIV 2025, lançado pelo programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/AIDS (UNAIDS), revela que 52,9% dessas pessoas já sofreram algum tipo de discriminação, enquanto 38,8% relatam ter sido alvo de comentários ou fofocas. Esse estigma afasta os indivíduos dos serviços de testagem, diagnóstico e tratamento, dificultando a quebra da cadeia de transmissão das ISTs. Ao mesmo tempo, dados parciais do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan) mostram que no último ano o país notificou 23.055 casos de sífilis adquirida e 4.743 novos casos de HIV/Aids, números que reforçam a urgência da mobilização.

 

O psicólogo da Afya Montes Claros, Dr Carlos André Moreira, explica que muitas dessas pessoas não sofrem diretamente por causa do vírus, mas sim por causa do preconceito historicamente associado a ele.“Esse estigma afeta profundamente a saúde mental, pois reforça a exclusão, a culpa e o medo do julgamento, tornando o enfrentamento da condição muito mais difícil do que seria se fosse tratada como qualquer outra doença crônica”. 

 

O psicólogo da Afya ainda reforça que, apesar dos avanços no tratamento do HIV, comentários, fofocas e discriminações sociais ainda afetam profundamente o bem-estar emocional de quem convive com o vírus.“Mesmo que o HIV não represente mais uma sentença de morte, o momento do diagnóstico ainda reativa sentimentos como medo, culpa e vergonha. Muitas pessoas, especialmente as mais jovens, que vivem a sexualidade com mais liberdade, acabam sendo brutalmente confrontadas com julgamentos morais ao receberem o diagnóstico. Esses estigmas reforçados por falas e atitudes cotidianas dificultam o acolhimento e agravam o sofrimento psíquico, mostrando que o preconceito ainda é uma das maiores barreiras enfrentadas por quem vive com HIV”, complementa o especialista. 


 

Prevenção, riscos e o alerta para a Sífilis no Brasil

 

Diante desta situação, a Organização Mundial da Saúde (OMS) também divulgou que mais de 1 milhão de ISTs curáveis são adquiridas diariamente no mundo. As consequências vão além dos sintomas físicos, podendo incluir infertilidade, complicações na gestação e aumento do risco de transmissão do HIV. 

 

Para o infectologista da Afya Itajubá, Dr Bruno Michel e Silva, as medidas preventivas mais eficazes contra as ISTs podem ser adotadas de forma combinada ou individualizada, dependendo do contexto e da vulnerabilidade de cada pessoa. “Entre as principais estratégias, destacam-se as vacinas contra o HPV e as hepatites B e C, o uso regular de preservativos masculinos e femininos, a testagem periódica para detecção precoce de infecções e o uso de antivirais para prevenção do HIV. Tanto a PEP (profilaxia pós-exposição), indicada após uma situação de risco, quanto a PrEP (profilaxia pré-exposição), voltada à prevenção contínua em pessoas mais expostas. Essas ações, quando articuladas, ampliam significativamente a proteção e o controle das ISTs.”

 

A sífilis no Brasil ainda é um dos maiores pontos de atenção. De acordo com o Boletim Epidemiológico 2024 do Ministério da Saúde, houve um aumento expressivo nas taxas de detecção da doença, tanto na população geral quanto em gestantes, o que eleva o risco de sífilis congênita, com impactos sérios para os recém-nascidos. Também foram registrados 785 casos de hepatite B e 205 de hepatite A. 

 

“O crescimento expressivo entre gestantes é especialmente preocupante devido ao risco de transmissão vertical, ou seja, da mãe para o bebê, o que pode causar consequências graves à saúde da criança. Por isso, a identificação precoce da infecção durante o acompanhamento pré-natal é fundamental para a prevenção da sífilis congênita e para a proteção da saúde materno-infantil”, conclui o infectologista da Afya Itajubá. 



Afya
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