Sífilis congênita, HIV em jovens e saúde mental abalada pelo
preconceito marcam cenário da saúde sexual no país
Na semana em que se celebra o Dia da Saúde
Sexual, o Brasil enfrenta um cenário preocupante: o avanço das Infecções
Sexualmente Transmissíveis (ISTs) e a persistência do estigma contra pessoas
com HIV. Juntos, esses fatores agravam a crise em saúde pública e reforçam a
urgência de conscientização e respeito.
O Índice de Estigma em Relação às Pessoas
Vivendo com HIV 2025, lançado pelo programa Conjunto das Nações Unidas sobre
HIV/AIDS (UNAIDS), revela que 52,9% dessas pessoas já sofreram algum tipo de
discriminação, enquanto 38,8% relatam ter sido alvo de comentários ou fofocas.
Esse estigma afasta os indivíduos dos serviços de testagem, diagnóstico e
tratamento, dificultando a quebra da cadeia de transmissão das ISTs. Ao mesmo
tempo, dados parciais do Sistema de Informação de Agravos de Notificação
(Sinan) mostram que no último ano o país notificou 23.055 casos de sífilis
adquirida e 4.743 novos casos de HIV/Aids, números que reforçam a urgência da
mobilização.
O psicólogo da Afya Montes Claros, Dr Carlos
André Moreira, explica que muitas dessas pessoas não sofrem diretamente por
causa do vírus, mas sim por causa do preconceito historicamente associado a
ele.“Esse estigma afeta profundamente a saúde mental, pois reforça a exclusão,
a culpa e o medo do julgamento, tornando o enfrentamento da condição muito mais
difícil do que seria se fosse tratada como qualquer outra doença
crônica”.
O psicólogo da Afya ainda reforça que, apesar
dos avanços no tratamento do HIV, comentários, fofocas e discriminações sociais
ainda afetam profundamente o bem-estar emocional de quem convive com o
vírus.“Mesmo que o HIV não represente mais uma sentença de morte, o momento do
diagnóstico ainda reativa sentimentos como medo, culpa e vergonha. Muitas
pessoas, especialmente as mais jovens, que vivem a sexualidade com mais
liberdade, acabam sendo brutalmente confrontadas com julgamentos morais ao
receberem o diagnóstico. Esses estigmas reforçados por falas e atitudes
cotidianas dificultam o acolhimento e agravam o sofrimento psíquico, mostrando
que o preconceito ainda é uma das maiores barreiras enfrentadas por quem vive
com HIV”, complementa o especialista.
Prevenção,
riscos e o alerta para a Sífilis no Brasil
Diante desta situação, a Organização Mundial
da Saúde (OMS) também divulgou que mais de 1 milhão de ISTs curáveis são
adquiridas diariamente no mundo. As consequências vão além dos sintomas
físicos, podendo incluir infertilidade, complicações na gestação e aumento do
risco de transmissão do HIV.
Para o infectologista da Afya Itajubá, Dr
Bruno Michel e Silva, as medidas preventivas mais eficazes contra as ISTs podem
ser adotadas de forma combinada ou individualizada, dependendo do contexto e da
vulnerabilidade de cada pessoa. “Entre as principais estratégias, destacam-se
as vacinas contra o HPV e as hepatites B e C, o uso regular de preservativos
masculinos e femininos, a testagem periódica para detecção precoce de infecções
e o uso de antivirais para prevenção do HIV. Tanto a PEP (profilaxia pós-exposição),
indicada após uma situação de risco, quanto a PrEP (profilaxia pré-exposição),
voltada à prevenção contínua em pessoas mais expostas. Essas ações, quando
articuladas, ampliam significativamente a proteção e o controle das ISTs.”
A sífilis no Brasil ainda é um dos maiores
pontos de atenção. De acordo com o Boletim Epidemiológico 2024 do Ministério da
Saúde, houve um aumento expressivo nas taxas de detecção da doença, tanto na
população geral quanto em gestantes, o que eleva o risco de sífilis congênita,
com impactos sérios para os recém-nascidos. Também foram registrados 785 casos
de hepatite B e 205 de hepatite A.
“O crescimento expressivo entre gestantes é
especialmente preocupante devido ao risco de transmissão vertical, ou seja, da
mãe para o bebê, o que pode causar consequências graves à saúde da criança. Por
isso, a identificação precoce da infecção durante o acompanhamento pré-natal é
fundamental para a prevenção da sífilis congênita e para a proteção da saúde
materno-infantil”, conclui o infectologista da Afya Itajubá.
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