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quarta-feira, 2 de julho de 2025

Cobrado por no-show? Entenda o que é e saiba quais são os seus direitos

AirHelp explica como agir em caso de cobrança de taxa por alteração da data de reserva

 

Você sabia que o não comparecimento ou cancelamento de voos sem aviso prévio pode acarretar a cobrança de uma taxa adicional pelas companhias aéreas? Essa tarifa é chamada de no-show e pode ser aplicada quando o passageiro não comparece ao voo sem realizar o cancelamento da reserva ou faz o check-in, mas não embarca. 

O no-show voluntário acontece quando o passageiro com uma reserva confirmada não se apresenta para o embarque no voo, sem cancelamento prévio, as companhias aéreas costumam cobrar uma taxa pelo não comparecimento do viajante. Essa tarifa funciona como uma multa cobrada pela companhia aérea ao reembolsar ou alterar uma passagem após a data original de embarque. 

De acordo com o artigo 19 da Resolução nº 400 da ANAC, a companhia aérea poderá cancelar o trecho de volta, caso o passageiro não utilize o trecho inicial da passagem de ida e volta. Essa regra não se aplica caso o passageiro informe à empresa, até o horário originalmente contratado para o trecho de ida do voo doméstico, que deseja utilizar o trecho de volta, sendo vedada a cobrança de multa. 

Já o no-show involuntário ocorre quando o passageiro é impedido de embarcar pela companhia aérea. Um dos principais ocasionadores desse tipo de no-show é a prática conhecida como overbooking, quando a companhia aérea vende mais passagens do que o número de assentos disponíveis. Outras situações que podem contribuir para que o viajante tenha o seu embarque recusado são a troca de aeronave por falha técnica e a realocação dos passageiros. 

Nesse caso os passageiros não devem arcar com custos adicionais. A Resolução n° 400 da ANAC garante o direito à reacomodação em outro voo, reembolso integral ou, se for o caso, a execução do serviço por outra empresa, sem qualquer cobrança extra. 

“É essencial que os passageiros conheçam os seus direitos em casos de no-show e overbooking. Em uma pesquisa realizada pela AirHelp constatamos que apenas 20% dos passageiros aéreos conhecem os seus direitos. Uma das missões da empresa é conscientizar os viajantes, tanto aqueles que não puderam voar quanto aqueles que tiveram algum problema durante o voo, e buscar indenização por esses incidentes", afirma Luciano Barreto, diretor-geral da AirHelp no Brasil. 

A AirHelp, empresa de tecnologia de viagens que auxilia passageiros em interrupções de voos, reuniu algumas orientações para que o viajante evite passar por situações de estresse como essas. Confira:
 

Realize o check-in com antecedência: essa é a principal maneira que o passageiro tem de confirmar para a companhia aérea que tem sim interesse em embarcar.
 

Confira os documentos: antes de sair de casa é importante verificar se está portando documento de identificação necessário para o embarque como, por exemplo, RG, CNH ou passaporte.
 

Planeje o deslocamento até o aeroporto: programe o percurso e saia com bastante antecedência a fim de evitar atrasos indesejados.
 

Viaje apenas com bagagem de mão: se chegar ao aeroporto próximo ao final do horário do check-in, o passageiro só terá de se direcionar para o portão de embarque. Se tiver malas, poderá ficar preso em filas demoradas.
 

Fique atento aos avisos no aeroporto: esteja sempre alerta às informações do voo e a possíveis mudanças no portão de embarque.
 

“A lei brasileira prevê o pedido de indenização por danos morais quando houver o no-show involuntário, isto é, quando o passageiro teve o seu embarque negado em casos de overbooking e chegou ao seu destino com quatro ou mais horas de atraso. Já em situações de cobrança abusiva de taxa de no-show ou quando o trecho de volta foi cancelado inadequadamente, ocasionando prejuízos para o passageiro como o não reembolso ou despesas extras, também pode caber indenização por danos morais”, conclui Barreto. 



AirHelp
www.airhelp.com/pt-br/
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Frio intenso aumenta casos de doenças respiratórias em São Paulo: Unisa oferece atendimento médico gratuito à população

Com a chegada das baixas temperaturas na capital paulista, o Hospital-Escola da Universidade Santo Amaro (Unisa) alerta sobre o aumento expressivo de doenças respiratórias  

 

A previsão do tempo para julho indica a chegada de uma intensa massa de ar polar, que deve derrubar as temperaturas em diversas regiões do país, especialmente no Sul e Sudeste. Em São Paulo, os termômetros podem registrar mínimas abaixo de 10 °C, exigindo atenção redobrada com os grupos mais vulneráveis, como crianças, idosos e pessoas com doenças respiratórias

 

De acordo com levantamento realizado pela Universidade Santo Amaro (Unisa) – uma das principais faculdades médicas do país – aponta crescimento de até 50% nos atendimentos realizados no Hospital-Escola da Unisa (Hospital HEWA) relacionados a gripes, resfriados, pneumonias, bronquites, faringites, otites, amigdalites, rinites e rinossinusites durante o período de frio intenso. 

  

A coordenadora da Residência Médica em Otorrinolaringologia da Unisa, professora Ieda Millas, explica que o inverno favorece a disseminação de vírus respiratórios, especialmente entre crianças, idosos e pessoas com doenças crônicas. “Crianças até 5 anos de idade possuem em média 6 a 10 resfriados ao ano e adultos de 2 a 4 resfriados ao ano; já a gripe (influenza) afeta de 20 a 30% das crianças e 5 a 10% dos adultos. O ponto importante é que essas infecções, quando não acompanhadas adequadamente, podem evoluir para rinossinusites, pneumonias, otites e demais complicações”, explica a médica. 

  

A médica Claudia Cachulo, coordenadora do Internato da Unisa, aponta que o número de atendimentos pediátricos aumenta cerca de 20% na Policlínica da Universidade, nesta época do ano, impulsionado pela preocupação dos pais com os sintomas respiratórios. Já entre os adultos, a complexidade dos casos tende a crescer, especialmente entre pacientes com condições crônicas. 

  

Além do alerta, os especialistas reforçam o compromisso da Unisa com a saúde pública. A Instituição oferece atendimento médico gratuito por meio de seu Complexo Hospitalar e Clínicas-Escola. No Hospital-Escola HEWA e na Policlínica, a população tem acesso a consultas em diversas especialidades, como Clínica Médica, Pediatria, Ortopedia Geral (exceto coluna), Imunologia e Alergia, Reumatologia Infantil, Infectologia Infantil e Gastroenterologia. 

  

Os serviços incluem consultas, exames diagnósticos e encaminhamentos via Sistema Integrado de Gestão da Assistência à Saúde (SIGA). Os agendamentos podem ser feitos de segunda a sexta-feira, das 9h às 16h, pelo telefone (11) 2174-3340 ou presencialmente, conforme a ordem da fila de espera. 


A Unisa também orienta a população sobre medidas preventivas, como manter boa alimentação, hidratação adequada, sono regular, evitar aglomerações e utilizar máscaras em caso de sintomas respiratórios. A vacinação contra Influenza, COVID-19 e pneumococo é fortemente recomendada, especialmente para os grupos de risco. 



terça-feira, 1 de julho de 2025

Vozes do Advocacy e Associação dos Diabéticos e Familiares de Petrolina promovem capacitação em diabetes para profissionais de saúde em Petrolina

O cenário de gastos relacionados com diabetes no Brasil chegou a 45 bilhões de dólares em 2025, sendo o terceiro país no mundo no ranking dos gastos com a condição, segundo o Atlas 2025 da Federação Internacional do Diabetes.

A Pesquisa Radar Nacional sobre Tratamento de Diabetes no Brasil, feito pelo Vozes do Advocacy no ano passado, a partir de uma amostragem de 1.843 pessoas, mostrou que 30% dos brasileiros com diabetes apresentam descontrole glicêmico, e 42% nem sequer recordam o último resultado ou não sabem do que se trata o exame. Os dados refletem em consequências para a saúde: 12% dos participantes relatam retinopatia diabética, que pode levar à cegueira; 32% têm neuropatia; 25%, doenças cardiovasculares; 10% relatam nefropatia e lesões nos pés, complicações graves, que poderiam ser prevenidas com acompanhamento regular e tratamento adequado.

Pensando em melhorar a adesão ao tratamento e assim prevenir as complicações do diabetes, o Vozes do Advocacy com a Associação dos Diabéticos e Familiares de Petrolina, em parceria com a Secretaria de Saúde de Petrolina, farão o projeto Educar para Salvar, que consiste em uma atualização dos conhecimentos sobre diabetes no dia 9 de julho, a partir das 8h, na Faculdade de Petrolina (Facape).

Na parte da manhã, a capacitação será voltada para os agentes comunitários e à tarde será voltada para os profissionais de saúde. Teremos conteúdos sobre diabetes, retinopatia diabética e vacinação.

“Nós sabemos que o diabetes é uma condição que requer acesso aos insumos e aos medicamentos, tratamento multidisciplinar com profissionais devidamente capacitados e educação em diabetes para as pessoas, que convivem com a condição. Por isso, sabemos que por meio da educação, melhoraremos a adesão ao tratamento e, assim, diminuiremos os gastos do SUS com complicações, hospitalizações e internações”, explica Francisco Dias, Presidente Associação dos Diabéticos e Familiares de Petrolina.

Nesta edição, o projeto conta com o apoio das empresas: AstraZeneca, Bayer, Roche e GSK.

Mais informações podem ser acessadas nas redes sociais: Instagram: vozesdoadvocacy e no Facebook: vozesdoadvocacy.


Sobre o Vozes do Advocacy em Diabetes e em Obesidade

Com a participação de 25 associações e de 2 institutos de diabetes, o projeto promove o diálogo entre os diferentes atores da sociedade, para que compartilhem conhecimento e experiências, com o intuito de sensibilizar a sociedade sobre a importância do diagnóstico e tratamento precoces do diabetes da obesidade e das complicações de ambas, além de promover políticas públicas, que auxiliem o tratamento adequado destas condições no país.

 

OMS inclui doença renal crônica entre prioridades globais de saúde, ao lado do câncer e doenças cardiovasculares

Reconhecimento inédito traz visibilidade à condição e reforça a urgência de ações concretas para diagnóstico, tratamento e prevenção. No Brasil, mais de 170 mil pessoas enfrentam a doença e dependem de diálise 

 

A Doença Renal Crônica (DRC), condição que afeta silenciosamente milhões de pessoas ao redor do mundo, acaba de receber um reconhecimento inédito da Organização Mundial da Saúde (OMS). Durante a 78ª Assembleia Mundial da Saúde, foi aprovada uma resolução que inclui oficialmente a DRC entre as prioridades globais das doenças não transmissíveis (DNTs), ao lado de enfermidades como câncer, diabetes e doenças cardiovasculares. 

A resolução representa um avanço significativo para os mais de 850 milhões de pacientesi afetados globalmente e lança um alerta importante para o Brasil, onde mais de 10% da população adulta convive com algum grau de comprometimento renal, muitas vezes sem diagnóstico ou acompanhamento adequado. Estima-se que mais de 170 mil brasileiros dependam de diálise, devido ao comprometimento elevado da função renal. 

“Essa resolução da OMS é um verdadeiro chamado à ação”, afirma o Dr. Bruno Zawadzki, nefrologista e diretor médico nacional da DaVita Tratamento Renal. “Precisamos atuar em três frentes principais: melhorar o diagnóstico precoce da DRC com exames simples, como a dosagem de creatinina; garantir acesso amplo às novas terapias que retardam a progressão da doença; e estruturar a transição de cuidado dos pacientes com DRC avançada para a diálise ou transplante renal”, relata. 

A resolução, liderada pela Guatemala e apoiada por países como o Brasil, determina que os Estados Membros da OMS integrem a saúde renal às suas estratégias nacionais, focando na prevenção, detecção precoce, tratamento e reabilitação. A Sociedade Internacional de Nefrologia (ISN), entidade que há anos defende a equidade no acesso à saúde renal, teve papel decisivo na articulação do texto aprovado. 

No Brasil, os obstáculos relacionados à DRC são diversos, desde a pouca conscientização da população sobre os riscos da doença até a pressão exercida sobre o Sistema Único de Saúde (SUS) pelo atendimento de pacientes em estágios mais avançados. 

Segundo Zawadzki, é fundamental que as diretrizes saiam do papel e se tornem ações efetivas. “É imprescindível que a triagem da DRC seja integrada às políticas públicas de atenção primária, que os profissionais de saúde em todas as regiões sejam capacitados e que sejam estabelecidas linhas de cuidado capazes de garantir um acompanhamento contínuo e duradouro”, ressalta o nefrologista. 

Além da atuação do setor de saúde, o especialista também destaca a importância da conscientização pública. “A maioria dos brasileiros ainda desconhece a DRC e seus riscos. Educar é prevenir”, reforça. 

Com a nova diretriz da OMS, o Brasil tem diante de si uma oportunidade única de liderar uma agenda renovada para a saúde renal na América Latina. Investir no cuidado com os rins não apenas salva vidas, mas também contribui para reduzir desigualdades em saúde e aliviar a pressão sobre o sistema público.

  

DaVita

 

Hospital Moinhos de Vento abre inscrições para curso de especialização gratuito voltado à preceptoria em saúde

 

Iniciativa do PROADI-SUS visa qualificar profissionais que atuam na formação de residentes multiprofissionais em instituições públicas e filantrópicas
 

O Hospital Moinhos de Vento lançou, nesta terça-feira (1º), o Curso de Especialização de Preceptoria em Área Profissional da Saúde, em parceria com o Ministério da Saúde, por meio do Programa de Apoio ao Desenvolvimento Institucional do Sistema Único de Saúde (PROADI-SUS). O objetivo é qualificar preceptores, tutores e demais profissionais da saúde que atuam na formação de residentes em programas multiprofissionais de instituições públicas ou privadas sem fins lucrativos, credenciadas pela Comissão Nacional de Residência Multiprofissional em Saúde (CNRMS). 

A formação será oferecida na modalidade de educação a distância (EaD), com carga horária total de 360 horas, e dividida em três módulos: competências em preceptoria e ferramentas de aprendizagem; planejamento de ação pedagógica; e gestão de programas de residência. Os conteúdos integram teoria e prática, com foco na melhoria dos processos de ensino e aprendizagem nos cenários do SUS. 

Ao todo, serão oferecidas 800 vagas gratuitas, com reserva de percentual para ações afirmativas — incluindo pessoas negras, indígenas, quilombolas, com deficiência e pessoas trans. O curso exige a entrega de três produtos pedagógicos como critério de avaliação para a certificação. As inscrições podem ser realizadas de 7 a 28 de julho de 2025, exclusivamente pelo site Link. 

“A preceptoria é um pilar estratégico da formação em saúde. Qualificar esses profissionais significa investir na melhoria da assistência e na consolidação do SUS como sistema de excelência”, destaca Admilson Reis da Silva, superintendente de Responsabilidade Social e Gestão de Riscos do Hospital Moinhos de Vento. 

A iniciativa faz parte do conjunto de ações do PROADI-SUS voltadas à qualificação de pessoas e serviços, fortalecendo a integração entre ensino e prática assistencial.
 

Serviço:

Inscrições: de 7 a 28 de julho de 2025
Onde se inscrever: Link
Modalidade: EaD
Carga horária: 360 horas
Gratuito

 

Barotrauma: o que é esse desconforto comum em voos e mergulhos?

 Aquela dor no ouvido que muitas pessoas sentem durante viagens de avião ou em mergulhos pode ser mais séria do que parece; especialista explica os riscos e como se proteger

 

Você já sentiu seu ouvido “tapar” durante a decolagem de um avião, ou um incômodo estranho na cabeça ao mergulhar? Esse desconforto pode ser mais do que apenas passageiro: ele pode indicar um barotrauma, condição médica que afeta milhares de pessoas todos os anos — e muitas nem sabem disso. 

“O barotrauma é uma lesão causada pela diferença de pressão entre o ambiente externo e as cavidades de ar do nosso corpo, como ouvido médio e seios da face”, explica a Dra. Ana Beatriz Spina, médica otorrinolaringologista especialista em Otologia do Hospital Paulista. “É mais comum em voos e mergulhos, especialmente durante pousos, decolagens e mudanças bruscas de profundidade.” 

De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), até 30% dos passageiros experimentam algum grau de desconforto no ouvido durante voos. Em mergulhadores amadores, estudos apontam que cerca de 50% já relataram sintomas compatíveis com barotrauma auditivo em algum momento.

 

Ouvido tampado, zumbido e até sangramento nasal 

Os sintomas variam, mas os mais comuns são sensação de ouvido tampado e dor. Em casos mais graves, incluem zumbido, tontura e perda auditiva temporária. Já nos seios da face, pode haver dor facial, pressão na testa e até sangramento nasal. 

“É importante procurar um médico se esses sintomas forem intensos ou persistirem por várias horas, especialmente se houver perda de audição, tontura ou sangramento. Pode ser sinal de uma lesão mais séria”, alerta a especialista.

 

Gripado? Melhor adiar o voo ou o mergulho 

Quem sofre de rinite, sinusite ou está resfriado deve redobrar a atenção. Segundo a Dra. Ana Beatriz, esses quadros obstruem a tuba auditiva — canal que equaliza a pressão entre o ouvido e o ambiente — e aumentam significativamente o risco de barotrauma. 

“Se estiver com o nariz entupido, o ideal é adiar a viagem ou mergulho. Caso não seja possível, converse com um médico. Em alguns casos, o uso de descongestionantes sob orientação pode ajudar, mas o mais seguro é evitar a exposição à mudança de pressão enquanto estiver doente.”

 

Técnicas simples podem prevenir o problema 

A boa notícia é que o barotrauma pode ser evitado com medidas simples. Entre as mais eficazes estão:

  • Mascar chiclete, bocejar ou engolir durante a decolagem e o pouso;
  • Usar a “manobra de Frenzel”, que consiste em tampar o nariz e engolir, ajudando a abrir a tuba auditiva;
  • Evitar a “manobra de Valsalva” (assoprar com o nariz tampado), que pode ser arriscada se feita com força excessiva;
  • Nos mergulhos, fazer a equalização da pressão aos poucos, de forma gradual e segura;
  • E, claro, evitar atividades com variações de pressão quando estiver doente.

 

Curiosidade: o barotrauma em números

  • Até 30% dos passageiros de avião sentem sintomas leves a moderados de barotrauma auditivo (OMS);
  • Em mergulhadores recreativos, lesões de ouvido médio são as mais comuns, representando quase 40% dos acidentes de mergulho não fatais, segundo a Divers Alert Network (DAN);
  • Crianças são mais vulneráveis, pois suas tubas auditivas são mais curtas e horizontais, o que dificulta a equalização da pressão.

 

Hospital Paulista de Otorrinolaringologia

 

Julho Amarelo: CRCSP alerta para a importância da conscientização sobre hepatites virais em ambientes profissionais

 Campanha nacional reforça prevenção, diagnóstico precoce e tratamento das hepatites virais, destacando a importância da informação em escritórios e empresas de contabilidade. 

 

Durante o Julho Amarelo, mês dedicado à conscientização sobre as hepatites virais, o Conselho Regional de Contabilidade do Estado de São Paulo (CRCSP) reforça a importância da prevenção, diagnóstico precoce e tratamento dessas doenças em ambientes profissionais, especialmente em escritórios e empresas contábeis. As ações educativas buscam alertar os profissionais sobre os cuidados necessários com a saúde e prevenção no ambiente de trabalho. 

A conscientização sobre hepatites virais em ambientes profissionais, como escritórios de contabilidade, traz importantes benefícios: estimula hábitos preventivos de saúde entre colaboradores, facilita o diagnóstico precoce por meio do estímulo à realização de exames e contribui para ambientes profissionais mais saudáveis e produtivos. 

De acordo com o mais recente Boletim Epidemiológico de Hepatites Virais (2024), o Brasil registrou, entre 2000 e 2023, mais de 785 mil casos confirmados, sendo aproximadamente 318 mil casos de hepatite C e cerca de 289 mil casos de hepatite B. Apenas no ano de 2023, foram registrados cerca de 28 mil novos casos, sendo 56,7% de hepatite C e 35,4% de hepatite B. 
 

TIPOS DE HEPATITE

NÚMEROS DE CASOS

PORCENTAGEM (%)

HEPATITE A

16.173

56,7%

HEPATITE B

10.091

35,4%

OUTRAS HEPATITES

2.250

7,9%

TOTAL:

28.514

100%

Esses números reforçam ainda mais a importância da campanha Julho Amarelo, especialmente em ambientes profissionais, onde a informação pode gerar um impacto significativo, ajudando a reduzir esses índices por meio da prevenção. 

Dessa forma, o CRCSP reforça a necessidade da conscientização nos escritórios e empresas contábeis, garantindo um ambiente profissional mais saudável, informado e produtivo para todos.

 

Diagnóstico precoce e controle são cruciais para garantir qualidade de vida de pacientes com asma infantil

Pneumologista pediátrico alerta sobre os desafios da asma, doença respiratória comum na infância, e a importância do manejo adequado 

 

A asma é uma das doenças respiratórias mais prevalentes entre as crianças e um dos principais motivos de hospitalização pediátrica no Rio Grande do Sul. Caracterizada por episódios de dificuldade respiratória, chiado no peito, tosse e aperto torácico, a asma é causada pela inflamação das vias aéreas, que se estreitam temporariamente, dificultando a respiração. Embora possa se desenvolver em qualquer idade, a doença geralmente se manifesta nos primeiros cinco anos de vida e, em muitos casos, pode continuar até a idade adulta. Identificar e tratar precocemente a asma é fundamental para evitar complicações e garantir que as crianças possam viver normalmente. 

De acordo com o pneumologista pediátrico da Sociedade de Pediatria do Rio Grande do Sul (SPRS), Dr. Paulo Márcio Condessa Pitrez, a asma é uma condição que requer acompanhamento contínuo.  

“Os fatores desencadeantes da asma, como infecções virais, exposição a ácaros, poeira, fumaça e até perfumes, podem ser controlados com cuidados simples. No entanto, o tratamento deve ser individualizado, utilizando broncodilatadores e corticosteroides inalados, quando necessário. O diagnóstico precoce e a educação familiar são essenciais para que a criança tenha uma boa qualidade de vida, sem que as crises se tornem um impedimento para suas atividades diárias”, afirma Dr. Pitrez. 

Embora a asma possa ser uma condição crônica, a maioria das crianças com a doença pode participar normalmente das atividades diárias, com exceção dos episódios de crise. Para algumas crianças com asma moderada a grave, é necessário o uso de medicamentos preventivos diários para manter o controle da doença e evitar complicações. 

Estudos apontam que a asma é uma das principais causas de absenteísmo escolar e é responsável por muitas hospitalizações infantis, o que destaca a importância de um diagnóstico precoce e do manejo adequado. A conscientização sobre os fatores desencadeantes e o uso correto dos medicamentos podem minimizar as crises e melhorar a qualidade de vida das crianças afetadas. 

Para mais informações sobre o diagnóstico e o manejo da asma infantil, consulte a Sociedade de Pediatria do Rio Grande do Sul (SPRS) ou um pneumologista pediátrico especializado.

 

Marcelo Matusiak


Brasil lidera ranking global de transtornos de ansiedade: quando a preocupação se torna doença

País tem a maior taxa de pessoas com ansiedade no mundo, segundo a OMS. O médico goiano Thyago Henrique, especialista em saúde mental, explica os sinais que diferenciam a ansiedade cotidiana dos quadros clínicos e os caminhos para tratamento 

 

Sentir ansiedade antes de uma entrevista de emprego, de uma prova ou de uma conversa importante faz parte da vida. Mas quando esse estado de alerta se transforma em um sofrimento constante e desproporcional, interferindo no sono, nas relações ou no trabalho, é sinal de que algo vai além da preocupação comum. Essa é a realidade de milhões de brasileiros: de acordo com dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), o Brasil lidera o ranking global de transtornos de ansiedade, com cerca de 9,3% da população diagnosticada, mais que o dobro da média mundial. 

Estudo publicado na Revista Brasileira de Psiquiatria, com dados de base populacional do Ministério da Saúde, estima que 27,4% dos adultos brasileiros apresentem algum tipo de transtorno ansioso ao longo da vida. A prevalência é maior entre mulheres (32,5%) e jovens adultos — o que reforça a urgência de debater o tema de forma clara e acessível à população.

 “A ansiedade em si não é um problema. Todos nós sentimos ansiedade, afinal, é um mecanismo de sobrevivência, uma forma do nosso corpo nos preparar para o futuro”, explica o medico especialista em saúde mental pelo Hospital Israelita Albert Einstein, Dr. Thyago Henrique. “O problema é quando essa ansiedade se torna desproporcional à situação, causa sofrimento e atrapalha o funcionamento da vida cotidiana. Aí, já estamos falando de transtorno de ansiedade.”

 

Segundo o especialista, a linha entre ansiedade comum e patológica é delimitada pela disfunção: quando a pessoa começa a evitar situações, sofre sintomas físicos recorrentes ou perde a capacidade de se concentrar no presente. “A ansiedade patológica paralisa. A pessoa deixa de viver o agora porque está constantemente presa ao que pode dar errado no futuro”, afirma o psiquiatra. 

Os transtornos de ansiedade se apresentam de diferentes formas: desde o Transtorno de Ansiedade Generalizada (TAG) — caracterizado por uma preocupação crônica e excessiva — até quadros de fobia social e transtorno do pânico. Dados da Universidade de São Paulo (USP), em estudo publicado na Revista de Psiquiatria Clínica, apontam que até 28% dos brasileiros nas grandes cidades já enfrentaram algum tipo de transtorno de ansiedade ao longo da vida. 

“O que agrava ainda mais é que os sintomas são muitas vezes confundidos com outros transtornos, como depressão ou TDAH”, alerta o Dr. Thyago. “A dificuldade de concentração, por exemplo, aparece tanto na ansiedade quanto em outros quadros, e o uso de medicamentos inadequados pode piorar o estado do paciente. Por isso, é essencial um diagnóstico preciso.”

 

Estilo de vida e redes sociais impulsionam casos 

Nos últimos anos, o ritmo de vida acelerado, o excesso de estímulos e o uso contínuo de redes sociais têm contribuído para o aumento dos casos. “Essa hiperconexão provocou alterações neurobiológicas, modificando áreas do cérebro responsáveis por regular a ansiedade”, explica Dr. Thyago Henrique. Ele destaca que o fenômeno não é apenas comportamental, mas fisiológico, e que os jovens são os mais vulneráveis, especialmente após a pandemia. 

A afirmação é corroborada por estudos da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), que apontam um aumento expressivo de sintomas ansiosos em adolescentes e jovens adultos durante o período de isolamento social. O uso excessivo de telas, a comparação constante nas redes sociais e a incerteza sobre o futuro formam um cenário fértil para o agravamento dos quadros. 

Apesar da prevalência elevada, os transtornos de ansiedade têm tratamento — e quanto mais cedo for iniciado, melhores os resultados. A combinação entre psicoterapia (especialmente a Terapia Cognitivo-Comportamental - TCC) e medicação, quando necessária, é considerada a abordagem mais eficaz. “A TCC ajuda o paciente a identificar e modificar os padrões de pensamento distorcidos que alimentam a ansiedade. A medicação, por sua vez, estabiliza os sintomas e permite que a pessoa volte a funcionar no dia a dia”, detalha o médico. 

Mas os cuidados não param por aí. Mudanças no estilo de vida também são indispensáveis. “Exercícios físicos regulares, alimentação equilibrada, meditação, técnicas de respiração diafragmática e sono de qualidade são pilares do tratamento. Em casos leves, só essas medidas e a terapia podem ser suficientes para evitar a cronificação do transtorno”, afirma.

 

Ansiedade tem cura? 

Para o Dr. Thyago Henrique, a resposta depende do caso. “Podemos não falar exatamente em cura em todos os casos, mas sim em controle. E esse controle pode devolver à pessoa sua qualidade de vida, sua produtividade e sua capacidade de viver o presente, que é, afinal, onde a vida acontece.” 

 

Dr. Thyago Henrique - médico psiquiatra, com atuação voltada para promoção da saúde mental no Brasil. Reconhecido por sua abordagem acessível e humanizada, ele se destaca ao traduzir temas complexos da psiquiatria para o grande público nas redes sociais, com foco em bem-estar, empatia e inteligência emocional.Além disso, o especialista é mestrando em neurociências e doutorando em psicologia clínica.


Fenilcetonúria: estudo revela desafios na jornada de quem convive com a doença

Condição genética impede o organismo de metabolizar corretamente a fenilalanina, aminoácido presente nas proteínas de alimentos de origem animal e vegetal


Junho é o mês internacional de conscientização da fenilcetonúria (PKU)

 

Mesmo com a triagem neonatal sendo obrigatória pelo Sistema Único de Saúde (SUS) desde 1992 e a fenilcetonúria (PKU), uma condição rara, estar entre as sete doenças já triadas, um estudo publicado na The Lancet Regional Health – Americas1, que avaliou a jornada do paciente com fenilcetonúria no Brasil entre 2008 e 2021, revela importantes desafios. Paula Vargas, coautora do estudo e endocrinologista pediátrica, explica que, entre outros dados, o levantamento aponta que 100% dos adultos com a doença monitorados apresentaram histórico de transtornos mentais ou comportamentais.

“Estamos falando de um percentual bastante elevado, que chama atenção, mas reforça algo que já vínhamos observando na prática clínica: a fenilcetonúria não afeta apenas o corpo, ela tem um impacto profundo na mente e no comportamento de quem tem a doença ao longo da vida. É um custo silencioso de uma condição genética que, mesmo quando diagnosticada precocemente, exige um cuidado contínuo”, explica a especialista.

Outro dado preocupante observado no levantamento é o impacto cognitivo nos adultos com PKU. “Constatamos déficits cognitivos significativos, como menor quociente intelectual e dificuldades em funções executivas básicas, como memória, atenção e controle emocional”, detalha Paula Vargas que reforça que esses dados apontam o quanto a ampliação da triagem neonatal precisa vir acompanhada de investimento em estrutura, capacitação dos profissionais e resolutividade.

“O teste do pezinho só salva vidas quando vem acompanhado de políticas públicas eficazes. A doença precisa de um manejo mais adequado, bem como um suporte neurológico e psicológico especializado. O cuidado vai muito além do tratamento com a fórmula metabólica, utilizada no tratamento. Ainda assim, o acesso ao suplemento (livre de fenilalanina) ainda é uma odisseia para o paciente”, complementa Vargas.

Neste contexto, a médica pediatra, Ivana Van der Linden, que atua no Apae Anápolis, reforça que o diagnóstico precoce da fenilcetonúria só é eficaz se estiver ligado a uma resposta rápida do sistema de saúde. “O teste é só o começo. O que faz a diferença, de fato, é um tratamento contínuo, com uma equipe multidisciplinar preparada para oferecer o suporte necessário desde os primeiros dias de vida”, finaliza Van der Linden.

Dificuldade de acesso à fórmula metabólica

De acordo com o estudo, apenas 44% dos pacientes com PKU receberam a fórmula metabólica. Segundo a presidente da associação de pacientes, Mães Metabólicas, Simone Arede, ao menos sete estados brasileiros enfrentam falta de fórmula metabólica atualmente: Piauí, Rio Grande do Norte, Roraima, Amazonas, Pernambuco e Paraíba.

“Sem a fórmula, o tratamento é interrompido. E isso anula o propósito da triagem neonatal. Estamos vendo pacientes acumulando sequelas evitáveis porque o Estado falha em garantir o básico. Não é só uma questão de avanço tecnológico. É uma questão de equidade e de compromisso com a vida dessas crianças. O mundo está discutindo tratamentos inovadores. No Brasil já existem tecnologias disponíveis, mas nós não conseguimos nem manter um modelo ultrapassado funcionando”, alerta Simone.

Além da dificuldade de acesso ao cuidado adequado, a representante da associação chama atenção a utilização de fórmulas defasadas, que não são nutricionalmente completas. “São produtos que eram utilizados na Europa e nos Estados Unidos há mais de 20 anos, e que por lá já foram substituídos por opções mais modernas e eficazes. E, mesmo assim, nós ainda lidamos com a falta de fornecimento”, esclarece Simone.

 

Referências

[1] Patient journey and disease burden characterization of the population with phenylketonuria (PKU) in Brazil: a retrospective analysis through data reported in the public health system administrative database (DATASUS)


Cuidar da mente de quem trabalha é obrigatório

NR1 criou uma exigência para combater afastamentos por transtornos mentais

 

A saúde mental no ambiente corporativo deixou de ser um tema de "diferencial" para se tornar uma exigência legal e estratégica. A Norma Regulamentadora nº 1 (NR1), em sua atualização mais recente (28/08/2024), impõe explicitamente às empresas a identificação, prevenção e controle de riscos psicossociais como ansiedade, estresse e burnout. Essa mudança coloca o Brasil em sintonia com uma tendência global e força as organizações a irem além do discurso, buscando soluções concretas e eficazes.

O cenário atual é preocupante e reforça a urgência do tema. Em 2024, o Brasil registrou um recorde de 472.328 afastamentos do trabalho por transtornos mentais, um aumento de 68% em relação ao ano anterior, segundo dados do Ministério da Previdência Social. A ansiedade, em particular, afeta 26,8% da população brasileira, representando 56 milhões de pessoas, conforme a pesquisa Covitel/2024, do Ministério da Saúde.

A crise de saúde mental no Brasil é alarmante, com condições de trabalho precárias, pressão excessiva e assédio como causas importantes, algo que especialistas como Flávio Lettieri, consultor empresarial com mais de 30 anos de experiência, acompanham de perto. Globalmente, a Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que transtornos como ansiedade e depressão causem uma perda de produtividade equivalente a 1 trilhão de dólares por ano.


Gerenciamento de Risco

Com o aumento preocupante dos afastamentos por transtornos mentais e seus impactos diretos na produtividade e no clima organizacional, a NR1 obriga as empresas a incluírem formalmente esses riscos em seus Programas de Gerenciamento de Riscos (PGR). Identificar fatores como carga excessiva de trabalho, pressão por resultados e falta de suporte é apenas o primeiro passo. “O grande desafio, enfrentado por muitos gestores de RH e líderes, reside em transformar essas exigências em ações práticas e em demonstrar resultados concretos por meio de monitoramento contínuo”, analisa Lettieri.

Segundo ele, a NR1 exige ir além do discurso e da documentação de processos e pode representar um custo elevado para pequenas e médias empresas que não se organizarem neste semestre, antes da fiscalização começar. “Será necessário promover mudanças reais na cultura e no comportamento diário. E apoio de um olhar de fora, especialmente em temas sensíveis como segurança psicológica e gestão emocional, traz objetividade, credibilidade e um repertório prático fundamental para gerar resultados sustentáveis sem a necessidade de programas pesados e burocráticos”, sugere Lettieri.


Repertório prático

Consultor empresarial e mentor em desenvolvimento de lideranças há mais de 30 anos, Flávio Lettieri combinou sua vasta experiência profissional com uma marcante vivência pessoal – uma severa crise de ansiedade em 2023 que o levou à internação. Essa jornada de superação, sistematizada em seu livro "Ansiedade: Aprenda a conviver com ela e equilibrar bem-estar e produtividade", o tornou um especialista singular, capaz de unir o conhecimento em gestão à autenticidade de quem sentiu na pele os desafios do estresse e da ansiedade no mundo corporativo.

Flávio Lettieri atua hoje em empresas de médio e grande porte, com foco em dois pilares para a conformidade com a NR1 e a construção de ambientes psicologicamente seguros: o fortalecimento da liderança e a mobilização de toda a organização para o autocuidado. Por meio de workshops imersivos de 4 horas ("Liderança – Da pressão ao propósito"), ele capacita líderes a reconhecerem e gerirem sinais de estresse em si e nas equipes, fortalecendo a inteligência emocional e práticas de gestão que previnem riscos psicossociais. Paralelamente, palestras abertas para todos os colaboradores ("Bem-estar e produtividade podem andar juntos") oferecem ferramentas práticas de manejo da ansiedade e do estresse, democratizando o tema e incentivando o autocuidado individual e coletivo.

Essas soluções práticas, de alto impacto e fácil implementação, permitem que as empresas deem um passo estratégico e acessível na construção de uma cultura de cuidado com a saúde mental. Elas vão além do discurso, gerando resultados tangíveis e ajudando a engajar a organização para reduzir riscos jurídicos e reputacionais, fortalecer a marca empregadora e garantir a competitividade em um mercado que valoriza cada vez mais o bem-estar das pessoas.


Seria o burnout a doença ocupacional da segunda metade do século XXI?


Abordar a temática do burnout implica também em se discutir sobre os diversos contextos e condições de trabalho impostas pelo mercado nas vidas dos indivíduos. Sabe-se a importância que as tarefas profissionais representam nas vidas dos seres humanos, em especial no início da idade adulta. Uma característica relevante é que o trabalho tende a remunerar financeiramente as pessoas. 

Quantas vezes escutamos (e falamos) que “Só conseguirei ir a um determinado compromisso depois do trabalho”; ou então “Não poderei fazer essa atividade porque tenho que trabalhar”, dentre outros discursos parecidos, no dia a dia? Em uma sociedade capitalista, o trabalho tende a desempenhar um papel quase que central em nossas vidas e é por intermédio dele que organizamos uma rotina, adquirimos bens materiais e ocupamos grande parte de nossos dias. 

Além disso, pode proporcionar situações que geram bem-estar e qualidade de vida, bem como são contextos propícios para as interações sociais e profissionais; por outro lado, grandes especialistas da área revelam que esses contatos podem também depender da percepção dos trabalhadores, gerar adoecimento e acarretar uma série de complicações para a saúde física e mental. 

Atualmente, psicólogos respeitados no setor abordam que o trabalho tem demandado uma série de competências profissionais (conseguir trabalhar sob pressão, administrar conflitos interpessoais, ser resiliente, lidar adequadamente com as situações estressoras etc.) que, em médio e longo prazo, podem gerar danos, principalmente para a saúde mental. 

É neste escopo que quero falar sobre o tema central deste texto, o burnout. Antes de explicar melhor suas características, convém informar que a Organização Mundial da Saúde (OMS), por meio da Classificação Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde, em sua 10ª edição (também conhecida como Classificação Internacional de Doenças – CID 10), considera características próximas ao que se entende como burnout na atualidade como fazendo parte do grupo classificatório Z73 (Problemas relacionados com a organização de seu modo de vida). Entretanto, a partir de 2022, a OMS, com a 11ª edição da CID, passou a reconhecer o burnout como síndrome relacionada ao esgotamento profissional em virtude de estresse crônico não administrado adequadamente. 

Há o consenso entre autores especialistas na área de que o burnout não é sinônimo de estresse ocupacional, mas sim decorrente dele. De acordo com autoridades no tema, a inabilidade em lidar com os estressores ocupacionais poderá gerar burnout, ou seja, não possuir estratégias de enfrentamento quanto aos estressores ocupacionais pode, em médio prazo, levar ao esgotamento emocional. Alguns estressores são bem documentados na literatura nacional e internacional como, por exemplo: a precária organização do ambiente laboral, o excesso de carga de trabalho, percepção negativa em relação às interações humanas na organização, remuneração e benefícios insuficientes, conflitos com a liderança, baixa autonomia na execução do trabalho etc.
 

Mas o que vem a ser o burnout?  

Existem alguns modelos que explicam o fenômeno, como o defendido pela psicóloga americana Christina Maslach e outros colaboradores, como um processo gradual e psicossocial, tendo as características do trabalho como suas principais causadoras. Este modelo postula a presença de três fatores: exaustão emocional, despersonalização e a baixa realização profissional. 

Por exaustão emocional os autores referem-se ao fato de que, a partir das demandas excessivas no ambiente de trabalho (grande presença de estressores), os trabalhadores, não mais possuindo estratégias de enfrentamento, passam a experimentar a carência de energia e de entusiasmo. A despersonalização pode ser identificada pelo distanciamento afetivo e impessoal no trabalho, muitas vezes associadas a comportamentos de cinismo e indiferença com clientes e demais trabalhadores. Experts da área contam que a baixa realização profissional acontece quando o trabalhador, já exausto e distanciado das relações, passa a se culpabilizar pela situação em que se encontra, evidenciando sentimentos de incapacidade profissional e baixa motivação para continuar a trabalhar. 

Com a regulamentação do burnout a partir da CID-11 (2022), o transtorno está/estará ainda mais em evidência nos contextos laborais, em especial nas perícias médicas. Há mais de uma década, um estudo analisou o conhecimento sobre o burnout de uma equipe que realizava perícias em uma junta médica de um município localizado na região nordeste do Brasil; como resultado, foi constatado um precário conhecimento dos profissionais em relação ao burnout. Além disso, os autores realizaram o levantamento dos transtornos mentais que afastaram trabalhadores no período, sendo os principais, com base na classificação da CID-10, os episódios depressivos,, outros transtornos ansiosos, reações ao estresse grave e transtornos de adaptação, transtorno depressivo recorrente), transtorno fóbico-ansioso, transtorno psicóticos agudos e transitórios , transtorno de humor, transtornos psicóticos não orgânicos, transtorno obsessivo-compulsivo , transtorno afetivo bipolar, dentre outros. 

Embora a CID-10 não contemple diretamente o burnout, mas sim características, como fazendo parte do grupo de pessoas com problemas relacionados com a organização de seu modo de vida, não foi encontrado no estudo supracitado tal diagnóstico. Com a publicação da CID-11, o burnout ganha/ganhará evidência ainda maior, com critérios diagnósticos mais bem definidos, o que, possivelmente, pode gerar o aumento da frequência de diagnósticos e, consequentemente, afastamentos das atividades laborais a partir da segunda década do século XXI. 

Por fim, cabe o alerta para profissionais que atuam em saúde mental ao fato de que no diagnóstico de burnout, bem como dos demais transtornos, uma avaliação ampla deve ser realizada, levando em consideração os diversos sintomas e possíveis prejuízos nas vidas desses trabalhadores. Além disso, a utilização de uma abordagem multimétodo é esperada, com utilização de entrevistas, observação, bem como ferramentas com adequadas propriedades psicométricas que possam auxiliar o profissional neste processo. 

 

Hugo Ferrari Cardoso - psicólogo e autor do material EBburn - Escala Brasileira de Burnout, publicado pela Vetor Editora. Ele também é mestre, doutor, pós-doutor em Psicologia, docente universitário pela Unesp - Universidade Estadual Paulista.


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