Vem crescendo os casos de ansiedade e depressão das pessoas, principalmente no mundo profissional, por isso da importância da conscientização sobre a prevenção desses males que podem até transformar em casos mais sérios como o suicídio. É importante destacar que além das pessoas, as empresas também desempenham um papel fundamental nesse contexto. Principalmente por ser nesses locais que podem se observar ou mesmo iniciar sintomas que levam a este ato extremo.
Os números preocupam, segundo o Ministério da Saúde são registrados cerca de 12 mil suicídios todos os anos no Brasil e mais de 1 milhão no mundo. Cerca de 96,8% dos casos de suicídio estavam relacionados a transtornos mentais. Em primeiro lugar está a depressão, seguida do transtorno bipolar e do abuso de substâncias. Preocupante é que o Brasil é um país com taxas crescentes, apesar da escassez de indicadores epidemiológicos, corresponde a mais de 5% das mortes por causas externas.
Assim, pessoas próximas (amigos, parentes e colegas de trabalho) ou as empresas e, principalmente, as equipes de recursos humanos podem ajudar com o combate desses índices, estando atentas e identificando sinais de transtornos que possam levar ao suicídio, a fim de intervir antes que elas evoluam para problemas mais graves. Isso requer uma reavaliação de vários aspectos, incluindo o desmerecimento dos sentimentos do outro, a pressão cada vez maior em relação as pessoas e a busca por metas cada vez mais desafiadoras.
Tatiana Gonçalves, sócia da Moema Medicina do Trabalho, observa que houve um aumento significativo em novas enfermidades, como transtornos de ansiedade, depressão, crises de pânico e a síndrome de burnout. Infelizmente, se essas condições não forem identificadas e tratadas apropriadamente, elas podem evoluir para casos de tentativas de suicídio.
"Há duas décadas, a maioria dos afastamentos estava relacionada a acidentes de trabalho, lesões ortopédicas ou problemas de trajeto. Agora, além desses, vemos um crescimento expressivo dos problemas psiquiátricos nas empresas e isso preocupa, sendo preciso ações para prevenção", enfatiza Tatiana Gonçalves.
Consequentemente, diariamente se depara com essa complexa situação. "Atualmente, especialmente entre os mais jovens, estamos testemunhando casos frequentes de problemas decorrentes de questões psicológicas. Isso tem um impacto direto nas vidas pessoais, relacionamentos, atividades de trabalho e no ambiente corporativo", explica a especialista.
Apesar de
existirem medidas para mitigar essa situação, os desafios estão se tornando
mais intrincados. Tatiana Gonçalves ressalta que essas doenças e os transtornos
associados ao risco de suicídio englobam diversos distúrbios psiquiátricos,
caracterizados por preocupações excessivas ou persistentes com resultados
negativos.
Quais são as principais causas?
Esses problemas podem surgir devido à intensa competitividade no mundo atual, pressões inadequadas ou à natureza intensiva e arriscada das atividades desempenhadas. Algumas das principais causas incluem:
- Frustações decorrentes de não atingir as expectativas estabelecidas, isso em conjunto com um mundo que as pessoas expõem felicidades nas redes sociais traz muitos sintomas negativos e tem perigosos reflexos.
- Problemas financeiros, que fazem com que as pessoas não consigam observar
alternativas para o futuro e também faz com que as pessoas se sintam capazes de
ter uma realidade melhor.
- Estresse no
ambiente profissional, envolvendo conflito de competência, autonomia,
relacionamento com clientes, realização pessoal e falta de apoio social por
parte de colegas e superiores.
- Fatores
organizacionais, como sobrecarga de trabalho excessiva, desalinhamento entre os
objetivos da empresa e os valores pessoais dos profissionais, além de
isolamento social no ambiente de trabalho. Fatores pessoais, como relações
familiares e amizades, também desempenham um papel.
Como enfrentar o problema
Para combater esses problemas, podem ser adotadas diversas abordagens, sendo uma a principal o direcionamento da pessoa com problema para um especialista (médico, psiquiatra e psicólogos), que poderão dar suporte especializado, e proximidade e busca de compreensão da pessoa com sintomas.
Nas empresas a intensificação das ações relacionadas à medicina do trabalho, focando no bem-estar dos funcionários. "Uma alternativa é criar grupos para compartilhar experiências, onde os participantes aprendam a lidar com situações e pessoas. Além disso, muitas vezes falta um departamento nas empresas para preparar as equipes e monitorar a situação", sugere Vicente Beraldi Freitas, médico, consultor e gestor de saúde na Moema Assessoria em Medicina e Segurança do Trabalho.
Tatiana Gonçalves enfatiza que as empresas devem buscar se aproximar mais dos colaboradores por meio do setor de recursos humanos, começando desde o processo de contratação. Caso se identifique algo preocupante, é importante agir rapidamente e implementar medidas mais aprofundadas.
Dado o aumento da frequência desses problemas, é essencial reconsiderar situações que possam contribuir para esses transtornos. Isso envolve proporcionar melhores relações humanas, menores cobranças pessoais, melhores condições de trabalho, melhorar as relações profissionais e reduzir o isolamento.
Em certos casos, pode ser necessário tratamentos mais aprofundados, como conceder uma licença temporária aos funcionários afetados, reorganizar suas atividades, investir em interesses externos, como passar mais tempo com a família e amigos, praticar exercícios físicos ou atividades relaxantes.
A ajuda médica também pode ser crucial, especialmente quando surgem sintomas como depressão, crises de pânico, burnout e ansiedade. A psicoterapia desempenha um papel importante ao auxiliar na compreensão das razões por trás da situação e na prevenção de comportamentos semelhantes no futuro.
Portanto, é essencial que todos desempenhem um papel crucial na revisão das relações humanas, das expectativas sobre os outros e condições de trabalho e na busca pela qualidade de vida das pessoas, evitando que esses problemas afetem a vida das pessoas.