Crédito Pedro Garcia de Moura |
O Núcleo de Criação do Pequeno Ato celebra uma década premiada de trabalho com o público jovem, e foi buscar nas origens do Carnaval e nos desafios da emergência climática a inspiração para a criação do novo espetáculo Carnaval Futuro.
Partindo de
pesquisas sobre a história do Carnaval, desde as procissões religiosas até a
repressão do samba, o grupo de artistas, sob a direção de Pedro Granato,
mergulha nas raízes culturais para projetar o futuro. A peça estreia temporada de
7 a 23 de maio, no Centro Cultural São Paulo, com
sessões terças, quartas e quintas-feiras, às 21h.
Com dramaturgia
inédita de Ana Herman, criada
em colaboração com o elenco, o espetáculo
tem formato de um desfile Carnavalesco, com carros alegóricos, alas e plateia
disposta em corredor. Inspirado pelas lições do passado, como a revolução
comportamental após a gripe espanhola que
contou com uma explosão de eventos de massa até as recentes proibições do
Carnaval de rua em 2022 com a pandemia, o grupo traz para a avenida a discussão
atual de bilionários como Elon Musk que investem em viagens espaciais, mas
apoiam políticos autoritários que negam o aquecimento global.
A montagem reúne
uma equipe diversa. A luz é assinada por Benedito Beatriz de trabalhos
marcantes com a Coletiva (“Quando Quebra Queima” e “Erupção”), a produção
musical é da Maia Caos (que fez “Distrito T” e “Terra
Brasilis Top Trans Pindorâmica” com direção
de Ymoira Micall, vencedor do prêmio Mix Brasil), o figurino de Jota Silva e
Kyra Reis, da Cia Sacana, a coreografia é de Gabriela Gonzales que participou
do Núcleo de Criação do Pequeno Ato em “Caso Cabaré Privê”, vencedor do Prêmio
APCA. O cenário, que trará um carro alegórico é de Diego Dac, parceiro de
Granato em diversos trabalhos como “Veraneio” e “Corpo Intruso”.
A narrativa se
passa em um futuro de crise climática, em que um casal de escolhidos da elite
parte para uma viagem espacial e força a população a trabalhar em busca dessa
terra prometida para poucos. “Inspirados
pelo afro-futurismo e o conceito de futuro ancestral, criamos novas
experiências, exploramos formas de aproximar a essência imersiva e popular do
Carnaval à linguagem teatral”, conta Granato.
O núcleo
conseguiu o apoio da escola de samba Vai-Vai que doou fantasias e materiais do
seu último desfile, criado pelo carnavalesco Sidney França - que em 2024
comanda o desfile da tradicional escola paulistana e da Mangueira, no Rio.
“Estamos promovendo o encontro estético de alegorias de Brecht às alegorias de
Joãozinho 30 e tantos mestres do nosso Carnaval”, explica Granato.
As imagens de
divulgação foram geradas pelo fotógrafo Pedro Garcia de Moura a
partir de fotos dos atores e inteligência artificial. “Suas criações imagéticas
para a página Carnavais Artificiais, com inteligência artificial, foram
disparadoras para a criação do espetáculo e nos levam a novos caminhos, onde o
futuro é uma reinvenção da ancestralidade”, conta Granato.
O Carnaval, em
sua forma e conteúdo, fala intimamente sobre quem somos. “Ao focar no Carnaval,
sabemos que ganhamos uma plateia apaixonada, de especialistas, porque todos
temos essa vivência, que virou parte de nossa identidade. E no Carnaval as
alegorias são diretas e sem limites, é uma riqueza cultural muito pouco
explorada em nossa cena”, completa Granato.
Uma
década de experimentação e novas plateias
Desde 2013 o
Pequeno Ato é um teatro e centro de criação mantido de maneira independente,
com uma programação ininterrupta visando o contato com novos públicos e o
teatro jovem, abrindo espaço para novos dramaturgos e diretores. O grupo
investiga o teatro imersivo e a formação de plateia. Os espetáculos do Núcleo
são criados por jovens, falando de jovens e para o público jovem.
O primeiro
espetáculo Fortes Batidas (2013), ambientado em uma balada,
cruzava a vida de jovens com a participação do público. Junto com 11
Selvagens (2017) e Distopia Brasil (2019), fez parte
de uma trilogia que debateu os ânimos inflamados na política recente
brasileira.
Com o isolamento
gerado pelo coronavírus, a imersão presencial não foi mais possível, então a
pesquisa avançou para a tecnologia. O Núcleo se aprofundou na gamificação das
narrativas, com histórias que se ramificam e se modificam de acordo com a
intervenção do público. Assim surgiu Caso Cabaré Privê (2020), em que o
público assistia online e podia interagir interrogando os participantes para
descobrir como morreu um político de extrema direita e até mesmo decidia o que
fazer com as informações descobertas. O Pequeno Ato também fez investidas
diretas no espaço público com a montagem de rua de O Beijo no
Asfalto (2017).
As
possibilidades de interação com o público aprofundaram ainda mais em Descontrole
Público (2021). Nesse trabalho, a plateia virtual literalmente
conduzia através de fones e câmeras os personagens em uma primeira festa
após a vacina. Os comandos dados geraram novosdesenlaces para a história, e uma
experiência única no cruzamento entre gamificação e dramaturgia.
Fechando a nova
trilogia com foco na gamificação, Vingança Voyeur (2023), surgiu
como sexto espetáculo do grupo, já com a retomada de experiências presenciais
sem perder os avanços tecnológicos explorados pelo Núcleo. Utilizando-se de
fones, o público acompanha em espaços de convivência da cidade o plano de um
grupo de mulheres que se vingam de uma situação de estupro. Mesclando recursos
tecnológicos e de teatro imersivo a fim de investigar novas formas de se
relacionar com temas como machismo, sexualidade e a busca feminina por
respostas à impunidade, o espetáculo fez avançar a pesquisa do Núcleo de
Criação e celebrou a volta aos palcos após a pandemia em 2023.
Ficha
técnica:
Núcleo de
Criação do Pequeno Ato. Direção e concepção: Pedro Granato. Dramaturgia: Ana
Herman. Espetáculo criado em processo colaborativo Atores criadores: Anna
Talebi. Bruna Araújo, Daay Galvão, Dan Elias, Diego Leo, Fellipe Tavares, Joana
Langeani, Jota Silva, Leo Braga e Matheus Almeida. Coreografia e Assistente de
direção: Gabriela Gonzalez. Cenografia e Adereços: Diego Dac. Sonoplastia: Maia
Caos. Iluminação: Benedito Beatriz. Figurino: Jota Silva e Kyra Reis.
Assistente de cenografia: Luana Miyamoto. Estagiária de direção: Gabriela Lang.
Assessoria de Imprensa: Adriana Balsanelli. Fotos de divulgação: Pedro Garcia
Moura. Produção executiva: Carolina Henriques e Rommaní Carvalho. Direção de
produção: Jessica Rodrigues.
Apoio: Escola de
Samba Vai-Vai. Realização: Pequeno Ato e Jessica Rodrigues Produções
Serviço:
Espetáculo
Carnaval Futuro
Estreia
dia 7 de maio, terça-feira, às 21h.
Temporada: De 7 a 23 de maio – Terça a quinta, às 21h
Recomendação etária:
16 anos
Duração: 60
minutos
Centro
Cultural São Paulo (CCSP) – Sala Ademar Guerra
Rua Vergueiro,
1000, Paraíso – Metro Vergueiro
Ingressos:
Gratuitos
A retirada de ingressos é liberada uma semana antes do dia
do evento.
Funcionamento da bilheteria presencial: Terça a sábado,
13h às 22h.Domingo e feriados, das 12h às 21h.