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terça-feira, 7 de maio de 2024

Saúde mental no trabalho: compreendendo e enfrentando o Burnout

Especialista explica como identificar e lidar com esta síndrome

 

Após o Dia do Trabalhador, é importante que a sociedade continue refletindo sobre um problema que afeta muitos profissionais: o Burnout. Caracterizado por uma exaustão prolongada devido ao estresse no trabalho, ele é uma questão relevante que merece atenção, pois identificar os sinais e adotar medidas preventivas são essenciais para garantir o bem-estar dos trabalhadores e a produtividade das empresas. 

Segundo Ieda Vecchioni, psicóloga, terapeuta com foco no autoconhecimento para a melhoria de relacionamentos pessoais e profissionais e professora do curso de Psicologia da UNINASSAU Rio de Janeiro, o Burnout não se trata apenas de um cansaço físico, mas também psicológico e emocional. Diferente da depressão, essa síndrome está diretamente relacionada ao contexto laboral. "Ela é oriunda do acúmulo de estresse no trabalho. As pessoas não conseguem terminar as coisas e dizem que não têm tempo. É quando você percebe que elas não têm motivação”, explica. 

Identificar os sinais pode ser essencial para evitar consequências mais graves. "Às vezes, nos sentimos esgotados, mas o Burnout é um cansaço físico e mental que não acaba. A partir disso, a pessoa começa a não se arrumar e nem se preocupa com isso. É quando os sintomas começam a aparecer. Alguns deles incluem desmotivação, falta de energia, isolamento social e sentimentos de incompetência”, ressalta a psicóloga. 

Como forma de tratamento, é imprescindível um cuidado com a saúde mental. Praticar exercícios físicos, reservar tempo para atividades relaxantes, manter uma vida social ativa, estabelecer limites - aprender a dizer não quando necessário -, e buscar apoio profissional são formas de combater o Burnout. 

As empresas igualmente desempenham um papel fundamental na prevenção. Promover uma cultura de equilíbrio, oferecer apoio psicológico e reconhecer o esforço dos funcionários são medidas fundamentais para criar um ambiente de trabalho saudável e acolhedor, garantindo o bem-estar dos trabalhadores e fortalecendo sua própria sustentabilidade e sucesso a longo prazo.


Com hormônios a mil, gravidez pode causar ou piorar varizes

Por causa da ação hormonal, as mulheres são mais propensas a sofrerem com as varizes, porém é durante a gravidez que muitas começam a notar o surgimento ou o agravamento do problema. Isso acontece porque o crescimento do útero faz pressão contra algumas veias pélvicas, aumentando a pressão do sangue nos membros inferiores, que apresentam dificuldade para serem bombeados de volta ao coração, além do efeito hormonal. 

Caio Focássio, cirurgião vascular de São Paulo (SP), conta que as varizes podem ser prevenidas com a prática de exercícios leves, que vão evitar o ganho excessivo de peso e a pressão do útero contra as veias pélvicas. Além disso, a futura mamãe deve evitar passar muito tempo em pé ou paradas e, sempre que possível, deve literalmente, colocar as pernas para cima, para ajudar o fluxo sanguíneo a retornar ao coração”, conta.

O uso de meias elásticas ao longo do dia também ajuda bastante a lidar com as varizes e a evita-las. “Um consolo é que o problema melhora bastante em até seis meses após o parto. Todavia, os fatores desencadeantes mais importantes de varizes não têm cura, mas controle e a mulher deve fazer um acompanhamento com o vascular para evitar que o problema retorne ou mesmo que se agrave”, orienta.  



FONTE: Dr. Caio Focássio - Cirurgião vascular pela Faculdade de Medicina da Santa Casa de São Paulo e Membro da Sociedade Brasileira de Angiologia e Cirurgia Vascular. Pós graduado em Cirurgia Endovascular pelo Hospiten – Tenrife (Espanha). Médico assistente da Cirurgia Vascular da Santa Casa de São Paulo.
drcaiofocassiovascular


Espondilite Anquilosante: doença inflamatória crônica é marcada pela dor. Reumatologista é peça fundamental para agilizar o diagnóstico e indicar o tratamento adequado

 Doença acomete, em sua maioria, pessoas jovens de 20 a 40 anos, sendo de 3 a 4 vezes mais frequente nos homens

 

Maio é o mês da conscientização da Espondilite Anquilosante ou Espondiloartrite Axial Radiográfica, nova nomenclatura para a doença definida pela ASAS (The Assessment of SpondyloArthritis International Society). A EA tem como principal sintoma a dor nas costas. Ela se caracteriza pela inflamação da coluna vertebral, sobretudo a coluna lombar e articulações sacrilíacas.É comum os primeiros sintomas serem vistos como consequência das atividades do dia a dia ou serem confundidos com outras doenças. Porém, com o tempo, as constantes dores nas costas e a diminuição da mobilidade por conta da fusão óssea chamada de anquilose, acabam gerando grandes impactos na vida dos pacientes, prejudicando a execução de atividades da vida diária, incapacidade para o trabalho e comprometimento da qualidade de vida. 

“É fundamental saber identificar os primeiros sintomas da Espondilite Anquilosante (Espondiloartrite Axial Radiográfica) para buscar o especialista correto. Só assim é possível ter o diagnóstico precoce, tratamento adequado e qualidade de vida”, afirma Marcelo Pinheiro, reumatologista da Unifesp. Considerando que a dor nas costas é muito frequente em nosso dia a dia, é importante diferenciar a dor de um paciente com espondilite daquela por sobrecarga após determinado esforço. “Um aspecto interessante que pode servir como sinal de alerta é a presença da dor que piora à noite ou no início da manhã e que melhora com os exercícios e pode vir associada à rigidez matinal com mais de 30 minutos de duração”, declara o especialista. 

Também são comuns sintomas como queixas visuais (dor, vermelhidão e turvação visual, que se chama de uveíte), intestinais (diarreia e dor abdominal, por exemplo, ou colite) e de pele (psoríase). “Isso porque a doença é sistêmica, ou seja, atinge outros órgãos. Daí a importância do olhar integral para o paciente, só assim é possível identificar ou prevenir outras doenças associadas”, afirma Dr. Marcelo.

 

O papel do reumatologista 

Visto por alguns como “médicos dos idosos”, os reumatologistas são profissionais especialistas em doenças dos ossos e articulações ou do aparelho locomotor, bem como de doenças inflamatórias e autoimunes em pessoas de todas as idades e estão preparados para entender e reconhecer a ampla gama de sinais e sintomas presentes nos pacientes de EA. 

O diagnóstico da EA é realizado a partir do auxílio de exames de imagem (radiografia e ressonância magnética) e também exames laboratoriais que auxiliam na investigação diagnóstica, como o HLA-B27. O detalhamento das informações trazidas pelos pacientes também é de grande importância para o raciocínio médico. Uma sugestão do especialista é que se faça um diário com os sintomas e fenômenos clínicos associados para ajudar na identificação precoce da doença. “É importante identificar precocemente a doença, fazer o acompanhamento médico e colocar à sua disposição tratamentos inovadores que vão ajudá-lo a conquistar mais qualidade de vida”, declara o especialista.

 

Tratamento adequado e qualidade de vida 

“A ameaça de perder a independência física e motora recai sobre uma faixa da população que costuma estar no auge da vida produtiva e social. Muito frequentemente esses pacientes apresentam transtornos de ansiedade e depressão, podendo se isolar por causa da dor e incapacidade de fazer tarefas habituais”, diz Dr. Marcelo.

Para o alívio e controle total da dor existem tratamentos cada vez mais inovadores que trazem mais qualidade de vida para o paciente. Eles são determinados de acordo com a fase da doença e podem variar desde o uso de anti-inflamatórios e a prática de atividades físicas, já que os sintomas da doença podem melhorar com exercícios, até a terapia imunobiológica, um dos tratamentos mais inovadores disponíveis hoje. Após análise e diagnóstico, o reumatologista será capaz de prescrever o tratamento mais adequado para o paciente.





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REFERÊNCIAS

Imunobiologia de Janeway - Murphy,Kenneth. Artmed, 8ª Ed. 2014
Current Reumatologia. Diagnóstico e Tratamento. John B. Imboden, David B. Hellman e John H. Stone. AMGH, 3ª Ed.2009
MONTENEGRO, Helder. ESPONDILITE ANQUILOSANTE: O QUE É? TRATAMENTO, TEM CURA?. ITC Vertebral, 12 jul. 2018. Disponível em: https://www.itcvertebral.com.br/espondilite-anquilosante-o-que-e-tratamento-tem-cura/. Acesso em: 19 abr. 2022
Sociedade Brasileira de Reumatologia: https://www.reumatologia.org.br/doencas-reumaticas/espondiloartrites/
Link


Médico destaca a importância do diagnóstico precoce e de medidas preventivas para evitar a Erisipela

Sintomas iniciais podem assemelhar-se aos de uma gripe, incluindo mal-estar, fadiga, calafrios e febre geralmente alta


A erisipela é uma condição infecciosa desencadeada pela ação de uma bactéria, o estreptococo beta-hemolítico. Essa enfermidade afeta a pele, propagando-se por meio dos vasos linfáticos e, muitas vezes, resultando em um aumento doloroso dos linfonodos, também conhecidos como gânglios linfáticos, na área afetada. Embora possa surgir em diferentes partes do corpo, é mais comum nas extremidades inferiores. Geralmente, a bactéria, que é naturalmente encontrada na pele, penetra por meio de lesões como picadas de insetos, micoses ou até pequenos cortes ou feridas.

Os sintomas iniciais assemelham-se aos de uma gripe, incluindo mal-estar, fadiga, calafrios e febre geralmente alta, e em algumas situações surgem antes mesmo da lesão se tornar visível. Eles variam conforme a extensão da lesão inicial. Na erisipela, é comum identificar uma área distintamente avermelhada, acompanhada de dor localizada e aumento da temperatura na região afetada. Em situações mais graves, podem ocorre a formação de bolhas e necrose dos tecidos, especialmente em pacientes com maior vulnerabilidade.

O diagnóstico requer uma avaliação clínica detalhada, enquanto o tratamento engloba o uso de antibióticos, preferencialmente da classe da penicilina ou seus derivados, juntamente com intervenções locais (como cuidados com a porta de entrada da infecção e aplicação de compressas frias ou gelo), além de terapias sintomáticas.

De acordo com o angiologista e cirurgião vascular, que também é membro da Comissão de Doenças Linfáticas da Sociedade Brasileira de Angiologia e de Cirurgia Vascular – Regional São Paulo (SBACV-SP), Dr. Mauro Figueiredo C. de Andrade, dependendo da gravidade dos sintomas e do estado geral do paciente, principalmente os mais idosos e com doenças crônicas, a erisipela deve ser tratada em ambiente hospitalar com administração endovenosa dos antibióticos.

A prevenção da erisipela deve ser iniciada com cuidados adequados com a pele, que inclui a manutenção da região entre os dedos dos pés sempre seca, a limpeza de ferimentos com água e sabão e, ocasionalmente, o uso de antissépticos tópicos. O especialista enfatiza que um acompanhamento médico adequado é essencial para diminuir as complicações da doença e garantir uma boa qualidade de vida ao paciente.

“A erisipela é mais comum em pacientes imunodeprimidos e naqueles com condições como insuficiência venosa, varizes, edema nos membros inferiores e histórico de trombose. Cada episódio da doença eleva significativamente o risco de recorrência, destacando a importância de educar tanto o paciente quanto seus familiares sobre os sinais de alerta e as medidas preventivas necessárias”, afirma o médico.

A SBACV-SP tem como missão levar informação de qualidade sobre saúde vascular para toda a população. Para outras informações acesse o site e siga as redes sociais da Sociedade (Facebook e Instagram). 



Sociedade Brasileira de Angiologia e de Cirurgia Vascular – Regional São Paulo – SBACV-SP
www.sbacvsp.com.br


Sociedade de Pediatria do Rio Grande do Sul lança campanha "Criança tem de brincar" para arrecadação de brinquedos

 


Iniciativa visa proporcionar distração e conforto para crianças afetadas pela calamidade pública no estado


Em meio ao cenário de calamidade pública que afeta o Rio Grande do Sul, a Sociedade de Pediatria do Rio Grande do Sul (SPRS) inicia uma ação voltada para as milhares de crianças que enfrentam os impactos da tragédia no estado. A campanha "Criança tem de brincar" visa proporcionar um alívio momentâneo para as crianças que se encontram nos mais de 30 abrigos espalhados pela região, muitas vezes tendo perdido tudo e tendo saído de suas casas com nada além da roupa do corpo.

 

“Estamos apelando à solidariedade da comunidade para fornecer brinquedos, jogos, livros para colorir e de leitura, além de materiais como canetinhas, para que essas crianças tenham uma distração durante o período que possam ter que permanecer nos abrigos, aguardando a normalização da situação para retornarem a seus lares. É um gesto simples, porém significativo, que pode fazer toda a diferença na vida dessas crianças. Em momentos como este, em que a dor e a angústia são evidentes, é essencial que todos nós, enquanto comunidade, nos unamos para proporcionar algum conforto, especialmente às crianças, frequentemente distantes de seus familiares. Assim, contribuímos para enfrentarem este momento difícil com um pouco mais de leveza e esperança”, destaca o presidente da SPRS, José Paulo Ferreira. 

Os donativos podem ser entregues na sede do Sindicato Médico do Rio Grande do Sul (SIMERS), parceiro dessa iniciativa (Rua Coronel Corte Real, 975 - Petrópolis, Porto Alegre–RS, 90630-080).

 

Marcelo Matusiak

 

Latino-americanos visitam, em média, seis canais de compras

 Latino-americanos visitam, em média, seis canais de compras

Relatório da Kantar visa entender hábitos omnichannel dos consumidores da região

 

Diante da instabilidade econômica da América Latina, 131 milhões de famílias tornaram-se especialistas em encontrar as melhores ofertas, pesquisando em diferentes lojas para esticar ainda mais o orçamento. Para entender como e onde são realizadas 25 bilhões de escolhas dos consumidores, a Kantar, empresa líder em dados, insights e consultoria, acaba de lançar o relatório Omnichannel Latam 2024. 

De acordo com as informações, 21% dos compradores usam, em média, seis canais diferentes. Como este é o grupo que reúne mais latino-americanos, sugere que a maioria dos consumidores ainda prefere um número diversificado, mas gerenciável, de lojas para suprir suas necessidades”, diz Marcela Botana, Market Development Director Latam da Kantar. Os meios escolhidos dentro desse contexto são: feiras, supermercados, atacadistas, farmácias, minimercados e lojas tradicionais. 

Em relação ao crescimento em valor entre 2022 e 2023, se destacam os canais que apresentam uma relação melhor de custo-benefício – hábito que é consequência da inflação. São eles: mercados de bairro e lojas de conveniência (+28%), atacadistas (+24%) e lojas de descontos (+23%). 

Ainda assim, as lojas tradicionais, juntamente com os supermercados, ainda desempenham um papel importante na rotina dos latino-americanos. Um comprador usa o canal tradicional, em média, 75 vezes por ano (uma vez a cada cinco dias). Os supermercados, por sua vez, são visitados cerca de 29 vezes por ano (duas vezes por mês). 

O comércio eletrônico, que já alcança 30% de penetração na América Latina, também vem registrando crescimento significativo, com quase 2 milhões de novos compradores em toda a região e aumento de 20% no valor médio das transações. Na hora da compra, os latino-americanos preferem o e-commerce não puro (site ou aplicativos de redes físicas) e o WhatsApp. Cada um contempla 12% de penetração. 

É importante notar que cada escolha de ponto de venda tem um propósito. Hipermercados, supermercados e lojas de descontos são principalmente para compras de reposição, enquanto os atacadistas são mais concentrados em compras para estocar. Minimercados e pontos de venda do comércio tradicional são para necessidades diárias ou urgentes. No entanto, esses papéis dos canais estão em constante evolução, junto com as preferências dos consumidores. 

O estudo também mostra qual categoria de produto se encaixa em qual canal. Alimentos são mais consumidos em hipermercados, saúde e beleza em farmácias, produtos de limpeza em lojas de descontos – o que representa oportunidades para a indústria. 

“É válido destacar que, nos últimos dois anos, assistimos a uma fase de consolidação multicanal no ecossistema varejista latino-americano. Isto é, os compradores diminuíram o hábito de explorar novos canais e as escolhas dos meios preferenciais atingiram um ponto de estagnação – tendência que se estende até 2024”, conclui Lenita Vargas, Shopper & Retail Director da Kantar.



Kantar
www.kantar.com/brazil


Modelo combina parâmetros físicos e aprendizado de máquina para prever marés de tempestade

 

Estudo combina modelos físicos com modelos numéricos
 e trabalhar com dados de formatos distintos por meio de
 uma arquitetura multimodal
(
foto: Tânia Rego/Agência Brasil)

Desenvolvido na Escola Politécnica da Universidade de São Paulo, sistema utilizou a cidade de Santos como espaço amostral. E poderá contribuir para maior eficiência da defesa civil em um contexto de eventos climáticos extremos

 

 A previsão de eventos extremos é essencial para a preparação e proteção de regiões vulneráveis – especialmente no atual contexto de mudança climática. No Brasil, a cidade de Santos, no litoral paulista, tem proporcionado estudos de caso relevantes, pois enfrenta marés de tempestade, popularmente conhecidas por “ressacas”, que ameaçam tanto a infraestrutura quanto os ecossistemas locais.

Uma pesquisa, que utilizou como espaço amostral a realidade de Santos, empregou ferramentas avançadas de aprendizado de máquina para otimizar os sistemas atuais de previsão de eventos extremos. Artigo a respeito foi publicado no veículo Proceedings of the AAAI Conference on Artificial Intelligence: “Early Detection of Extreme Storm Tide Events Using Multimodal Data Processing”. O trabalho, que mobilizou grande número de pesquisadores, foi coordenado por Anna Helena Reali Costa, professora titular da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (Poli-USP), e teve, como primeiro autor, o pesquisador Marcel Barros, do Departamento de Engenharia de Computação e Sistemas Digitais da Poli-USP.

Os modelos utilizados atualmente para realizar previsões da altura da maré e da altura média das ondas são baseados no equacionamento físico dos fenômenos envolvidos. São compostos por sistemas de equações diferenciais que contemplam variáveis como relevo, maré astronômica (determinada pela posição relativa de três corpos: Sol, Terra, Lua), regime de ventos, velocidade de correntes, índice de salinização da água etc.

Embora bem-sucedida em diversas áreas, essa modelagem é bastante complexa e depende de uma série de hipóteses simplificadoras. Além disso, é muitas vezes inviável integrar a ela novas fontes de dados medidos que poderiam contribuir para previsões melhores.

Por outro lado, estão em alta os métodos de aprendizado de máquina capazes de identificar padrões em dados e realizar extrapolações para situações novas. Mas tais métodos, em geral, precisam de um grande número de exemplos para serem treinados em tarefas complexas como as demandadas por esse tipo de previsão.

“O nosso estudo une os dois mundos ao desenvolver um modelo baseado em aprendizado de máquina que utiliza os modelos físicos como ponto de partida, mas que consegue refiná-los agregando dados medidos. Essa área de estudo é conhecida como ‘Aprendizado de Máquina Informado pela Física’ (Physics-Informed Machine Learning, na expressão em inglês, da qual deriva a sigla PIML)”, diz Barros.

O pesquisador sublinha que a capacidade de harmonizar essas duas fontes de informação é fundamental para desenvolver previsões mais precisas e confiáveis. Porém, a utilização de dados de sensores impõe desafios técnicos significativos, especialmente devido à natureza irregular desses dados, que podem apresentar problemas como lacunas de informações, deslocamentos temporais e variações nas frequências de amostragem. Em caso de falha, alguns sensores podem levar dias para serem restabelecidos, mas os mecanismos de previsão de marés de tempestade devem ser capazes de continuar operando mesmo sem toda a informação disponível.

“Para abordar situações com dados extremamente irregulares, desenvolvemos uma técnica inovadora para representar a passagem do tempo em redes neurais. Essa representação permite que o modelo seja informado da posição e do tamanho das janelas de dados faltantes e passe a considerá-los nas previsões de altura das marés e ondas”, conta Barros.

E acrescenta que esse avanço técnico permite uma melhor modelagem de fenômenos naturais complexos e pode ser utilizado também na modelagem de outros fenômenos que envolvam séries temporais irregulares, como dados de saúde, redes de sensores em manufatura, indicadores financeiros etc.

“Além disso, o modelo que estamos propondo combina diferentes tipos de redes neurais, de modo a integrar dados multimodais. Isso inclui imagens de satélite, informações tabulares e previsões de modelos numéricos, com a possibilidade de incorporar futuramente outras modalidades de dados, como texto e áudio. Essa abordagem representa um passo importante na direção de sistemas de previsão mais robustos e adaptáveis, capazes de lidar com a complexidade e a variabilidade dos dados associados a eventos climáticos extremos”, comenta Reali Costa.

A professora destaca as três maiores virtudes do modelo: combinar modelos físicos com modelos numéricos; representar de uma nova maneira o tempo para redes neurais; trabalhar com dados de formatos distintos, por meio de uma arquitetura multimodal. “O estudo oferece uma metodologia capaz de melhorar a precisão das previsões de eventos extremos, como as marés de tempestade em Santos. Ao mesmo tempo destaca os desafios e potenciais soluções para a integração de modelos físicos e dados sensoriais em contextos complexos”, resume.

O estudo recebeu apoio da FAPESP por meio do Centro de Inteligência Artificial (C4AI), um Centro de Pesquisa em Engenharia (CPE) constituído pela FAPESP e a IBM Brasil e com sede na Poli-USP.



José Tadeu Arantes
Agência FAPESP
https://agencia.fapesp.br/modelo-combina-parametros-fisicos-e-aprendizado-de-maquina-para-prever-mares-de-tempestade/51581


O jovem e o voto

Encerra-se neste dia 8 o prazo para que jovens de 16 e 17 anos possam se habilitar como eleitores para as eleições municipais deste ano. Até janeiro, o TSE informou que houve um aumento de mais de 14% de inscritos em relação às últimas eleições municipais, embora esse número seja ainda bem baixo quando comparamos com as eleições de 2012 e 2016. Da mesma forma, quando se analisa o engajamento de novos eleitores em relação a eleições nacionais, há uma queda bem acentuada. Por exemplo: nas eleições presidenciais de 2022, houve um aumento de mais de 50% de eleitores jovens em relação ao último pleito nacional de 2018. Mas então, para essa eleição de 2024, o número cai novamente, ficando próximo dos números anteriores a 2022. Enfim, há uma gangorra de cresce e diminui que vai acompanhando o maior ou menor engajamento dos jovens, mais atentos às polarizações nacionais do que a escolha dos líderes locais e, particularmente, dos vereadores, cujo conhecimento sobre o que fazem e que importância têm é muito pequena nessa faixa de idade. 

A razão principal para esse desinteresse é óbvia: o conhecimento sobre como a nossa Democracia funciona, como está estruturada no nosso tipo de Estado federativo e no exercício do poder tripartido não é conteúdo escolar, não cai em prova, não é tema de vestibular, e, por isso, não desperta a atenção dos jovens. Mesmo com o maior envolvimento por conta da polarização dos últimos anos, a compreensão do que é função de cada esfera de poder é muito pequena. Os jovens de 16, 17 anos têm grande dificuldade de saber sequer como ocorre a eleição, majoritária para prefeito e proporcional para vereadores. Sabem menos ainda sobre as confederações partidárias e sobre o que significa um voto de legenda. O cálculo das sobras e a definição final do número de cadeiras por partido é, para eles (e para quase todos nós!) um mistério insondável. Restam as redes sociais, os candidatos midiáticos, cada vez mais focados em gerar likes com manifestações bombásticas, as famosas “lacrações”, do que explicar o papel que exercerão e a influência que podem ter para melhorar a vida dos cidadãos. Nesse exato momento, por exemplo, é interessante verificar quais parlamentares votaram por verbas e por projetos para a prevenção contra as cheias dos rios, a construção de barragens, a proibição do desmatamento das áreas ciliares, a prevenção das encostas dos morros, incluindo a remoção planejada da população que ocupa essas áreas perigosas. Mas como os jovens podem ter acesso a esses dados? Ou, dizendo melhor: por que esses jovens buscariam informações sobre esses dados? Como esses temas políticos - no sentido de cuidado com a polis, nosso lugar de vivência e trabalho - poderiam engajar os jovens dessa faixa etária a ponto deles perceberem o papel fundamental que desempenham na escolha de representantes realmente preparados e comprometidos com a melhoria da cidade? 

Temas como aborto, pena de morte, casamento gay, ingerência do STF, viagens internacionais do presidente e até sobre a ação da Polícia Militar geram forte interação nas redes sociais, mas não fazem parte das atribuições dos vereadores e do prefeito e, portanto, saber o que eles pensam ou não sobre isso não altera em nada o que eles são ou não são capazes de fazer nos cargos para os quais vamos elege-los em outubro próximo, como, por exemplo, a responsabilidade municipal em relação aos alagamentos provenientes das chuvas, para permanecermos no exemplo mais triste e visível dos últimos dias. 

Possivelmente, nada mais impactante poderá ser feito para rompermos a barreira baixíssima de participação dos jovens nas próximas eleições, a despeito do pequeno aumento verificado em relação ao último pleito. Resta-nos refletir sobre que tipo de eleitores esses jovens serão nas eleições de 2026, quando o voto para eles será obrigatório. E fica uma última pergunta: o voto obrigatório implica dizer voto mais consciente? 

É esperar para ver.


Daniel Medeiros - doutor em Educação Histórica e professor no Curso Positivo.
@profdanielmedeiros


Dia das Mães: A importância da guarda materna.

A guarda não é garantida da mãe, mas é a mais comum em boa parte das situações.


Durante a celebração do Dia das Mães, é natural pensar em como o papel de uma mãe é fundamental na vida de uma criança. Por isso, normalmente a prática da guarda dos filhos é atribuída à mãe em casos de separação conjugal. Mas por que isso acontece?

Quando um casal decide seguir caminhos separados, muitas vezes, a mãe permanece com os filhos na residência familiar. Esse cenário, embora não seja uma regra, é frequentemente influenciado por fatores como a manutenção da rotina da criança, especialmente em casos de amamentação e cuidados iniciais.

Mas como diz o advogado familiarista Henrique Hollanda, "a decisão judicial sobre a guarda dos filhos é sempre embasada no melhor interesse da criança. Por isso, é comum que a estabilidade e familiaridade do lar materno sejam levadas em consideração, o que muitas vezes resulta na atribuição da guarda à mãe."

É importante ressaltar que essa prática não se baseia em preferências automáticas ou predileções, mas sim na análise individual do caso. A guarda compartilhada é uma opção viável e desejável, onde ambos os pais dividem responsabilidades e tempo de convivência com os filhos.

"Mas em situações onde a guarda compartilhada não é viável, a decisão recai sobre quem apresenta as melhores condições para cuidar da criança, indo além das questões financeiras. O foco principal sempre será o bem-estar e desenvolvimento saudável do filho", diz Dr Henrique.

Portanto, neste Dia das Mães, reconhecemos a importância da guarda materna, mas também celebramos a possibilidade e o reconhecimento da figura paterna como parte integral da vida dos filhos. Que cada decisão seja tomada com a criança em primeiro lugar, garantindo um ambiente amoroso e acolhedor para seu crescimento.

 

Dr. Henrique Hollanda - Advogado especialista em Direito da Família e Sucessões
Hollanda e Sinhori Advogados Associados
contato@hollandaesinhori.adv.br
https://www.hollandaesinhori.adv.br/
Rua Ébano Pereira, 11, conjunto 1.802. Curitiba/PR.


CIEE/PR disponibiliza cursos gratuitos e programas sociais com certificados

 Ações presenciais e a distância são gratuitas; podem participar pessoas a partir de 14 anos


Durante o mês de maio, o Centro de Integração Empresa-Escola do Paraná (CIEE/PR) disponibiliza mais de trinta cursos gratuitos e com certificação para pessoas com mais de 14 anos. Entre opções presenciais e a distância, os assuntos permeiam áreas como informática, administração, recursos humanos, comunicação e marketing pessoal. Os cursos presenciais de Excel Básico e Auxiliar Administrativo são destaques, contando com tradução simultânea em Libras nos dias 7 e 16 de maio, respectivamente. 

Além dos cursos gratuitos, a instituição promove programas sociais focados em relacionamentos, autonomia e planejamento de vida. Para maio, estão disponíveis  atividades nos programas “Jovem em Ação” e “Família em Ação”, que podem ser pesquisadas no site do CIEE/PR. “Iniciativas como essas são caminhos para possibilitar a transformação da vida de jovens e adultos, tanto no mundo do trabalho quanto nas relações pessoais e sociais. Por meio dessas atividades, é possível desenvolver habilidades valiosas, confirmadas por um certificado entregue ao final de cada ação”, ressalta a coordenadora do Núcleo de Capacitação e Cidadania do CIEE/PR, Carla Andreia Torres Galvão.

Os programas “Jovem em Ação” e “Família em Ação” realizam encontros destinados a jovens e seus familiares, visando fortalecer vínculos afetivos e interações sociais. 

As opções disponíveis para inscrição em maio são: 

  • Administração do Tempo
  • Arquivamento, Métodos de Classificação e Organização de Documentos
  • Atendimento Eficiente ao Cliente
  • Auxiliar Administrativo – Administração/Gestão de Documentos (curso com intérprete)
  • Auxiliar Administrativo – Ênfase em Recursos Humanos
  • Auxiliar Administrativo – Ênfase em Vendas
  • Auxiliar Administrativo Financeiro/Contábil
  • Comunicação Empresarial e Escrita
  • Dicas para Entrevista
  • Educação Financeira
  • Empreendedorismo
  • Engajamento Digital
  • Estratégias para Falar em Público
  • Excel Avançado
  • Excel Básico (curso com intérprete)
  • Excel Intermediário
  • Gestão de Pessoas
  • Inclusão Digital
  • Inovação
  • Introdução à Contabilidade
  • Introdução ao Canva
  • Marketing Pessoal
  • Matemática Financeira - Juros Simples e Composto
  • Oratória
  • Postura nas Redes Sociais
  • Power Point Básico
  • Práticas de Autogestão
  • Princípios Básicos da Administração
  • Programa Acolhida
  • Programa Social Jovem em Ação
  • Programa Social Família em Ação
  • Raciocínio Lógico Matemático
  • Relações Pessoais e Profissionais
  • Técnicas de Negociação
  • Tipos de Documentos Administrativos
  • Windows Básico
  • Word Básico
  • Word Intermediário

Os cursos são ofertados mensalmente e acontecem no período da manhã (das 8h às 12h) ou tarde (das 13h30 às 17h30), no Espaço de Capacitação e Cidadania, localizado na Rua Dr. Faivre, 398, bairro Centro, em Curitiba (PR).

As inscrições são feitas no site do CIEE/PR, por meio do botão “Quero Logar ou Cadastrar”. Na sequência, após o cadastro concluído, basta acessar a opção dos cursos disponíveis na área “Cursos Gratuitos/Programas Sociais” e escolher “Cursos presencias ou Cursos à distância” ou para o “Jovem em Ação e Família em Ação”, escolher “Programas sociais presenciais”. Para mais informações sobre os cursos gratuitos, a instituição atende pelos telefones (41) 3313-4300, para Curitiba e região metropolitana, e 0800 300 4300 para as demais localidades. Também é possível realizar contato pelo e-mail cidadania@cieepr.org.br.

 

Centro de Integração Empresa-Escola do Paraná (CIEE/PR)

 

Direitos trabalhistas das gestantes, lactantes e adotantes

Quando o assunto são gestantes, mães que amamentam ou que adotaram uma criança, muitas são as dúvidas a respeito dos direitos trabalhistas e previdenciário


A Consolidação das Leis do Trabalho (CTL) traz, a partir do artigo 391 ao 400, na seção que trata da Proteção à Maternidade, uma série de regramentos direcionados às mulheres que se enquadram em uma das situações relacionadas na lei. Além dos direitos trabalhistas, as mães também têm direito de receber o salário-maternidade pelo INSS.

Um dos assuntos muito discutidos nas últimas semanas em razão de vídeos que circularam nas redes sociais de celebridades e influenciadoras fazendo propaganda de uma consultoria jurídica para dar entrada no benefício previdenciário, e que vale a pena ser esclarecido, é a questão do salário-maternidade. Trata-se de um benefício concedido às seguradas do INSS, em regra por 120 dias, pelo nascimento de filho, aborto não criminoso, adoção ou guarda judicial para fins de adoção de crianças de até 12 anos de idade.

O especialista em Direito Previdenciário, Washington Barbosa, explica: “É necessário que a mãe tenha a qualidade de segurada, em uma das seguintes situações: trabalhar com carteira assinada (contribuintes mensais); autônomas ou profissionais liberais (contribuintes individuais que pagam mensalmente o carnê avulso) e até mesmo nos casos de trabalhos avulsos, intermitente, ou seja, quando a pessoa é contratada por dias e horas específicas, sem ter uma carga horária fixa, além dos casos das seguradas especiais, que são aquelas que exercem alguma atividade rural”.

O pedido pode ser feito gratuitamente pelo site Meu INSS, pelo aplicativo, pela central de atendimento 135 ou presencialmente em uma das agências do INSS. 

Com relação aos direitos trabalhistas, selecionamos alguns deles a fim de esclarecer o que diz a CLT:

- Estabilidade provisória: desde a confirmação da gravidez até 5 meses após o parto, ou por 5 meses após a adoção, contados da data de expedição do Termo de Compromisso de Guarda Provisória. A estabilidade é garantida ainda que durante o prazo do aviso prévio trabalhado ou indenizado. No entanto, o encerramento do contrato poderá ocorrer nos casos de dispensa por justa causa;

- Licença-maternidade: de 120 dias, também válido para os casos de adoção de crianças e adolescentes até 18 anos, sem prejuízo do emprego e do salário. Caso a empresa participe do programa Empresa Cidadã, o prazo será de 180 dias (6 meses);

- Licença para aborto não criminoso: desde que comprovado por atestado médico, a mulher terá direito a um repouso remunerado de 2 semanas;

- Dispensa para consultas e exames médicos durante o pré-natal: no mínimo seis consultas médicas e demais exames complementares. As consultas podem ser realizadas sempre que necessário, mediante a apresentação de atestado médico;

- Afastamento em casos de insalubridade: para atividades insalubres em qualquer grau, sem prejuízo da remuneração, incluído o valor do adicional de insalubridade. Sobre esse assunto, a advogada Mariana Barreiras Bicudo, sócia do Barreiros Bicudo Advocacia, especialista em Direito e Processo do Trabalho, explica: “Quando não for possível que a gestante ou a lactante exerça suas atividades em local salubre na empresa, a hipótese será considerada como gravidez de risco e ensejará a percepção de salário-maternidade, durante todo o período de afastamento”; 

- Intervalo para amamentação: até que o bebê complete 6 meses de idade, a mulher terá direito, durante a jornada de trabalho, a dois descansos especiais de meia hora cada um. A regra também é válida para adoção. 
 



Fontes: 

Aloísio Costa Junior: sócio do escritório Ambiel Advogados, especialista em Direito do Trabalho.

Juliana Mendonça: sócia do Lara Martins Advogados, é mestre em Direito e especialista em Direito e Processo do Trabalho.

Mariana Barreiros Bicudo: sócia do Barreiros Bicudo Advocacia, advogada, pós-graduada em Direito e Processo do Trabalho pelo Mackenzie, é formada em Executive LL.M. em Direito Empresarial – CEU Law School.

Washington Barbosa: especialista em Direito Previdenciário, mestre em Direito das Relações Sociais e Trabalhistas e CEO da WB Cursos. 


Mulheres, mães e o mercado de trabalho

Sou filho de uma mãe professora. Cresci circulando com ela pelas escolas de São Bernardo do Campo – a maior parte do tempo na Escola Estadual Professor Carlos Pezzolo –, visto que, naquele tempo, a tônica era a de que cabia à mulher o cuidado constante dos filhos. Assim, eu, menino de aproximadamente quatro anos, frequentemente estava dentro da sala de aula, convivendo junto com os alunos e bebendo daquele ambiente maravilhoso que eram as escolas públicas daquela época.

Minha mãe se dividia entre o magistério, a coordenação de turmas e o cuidado com este que vos escreve. Pode ser que este tenha sido um período curto, mas a memória dela circulando pela escola enquanto passava o olho na sua cria deixou em mim uma profunda marca do esforço que era necessário à mulher que não queria abrir mão de sua carreira após a maternidade. Ressalva necessária: meu pai não era ausente, em hipótese alguma. Mas, como dizemos por aí, os tempos eram outros.

Falamos aqui de fatos ocorridos entre as décadas de 80 e 90. Nesta mesma época, mais especificamente em 1988, era promulgada a Constituição Federal atualmente em vigor: através do Princípio da Dignidade da Pessoa Humana (art. 5º, I), a Carta Magna vedava a distinção entre homens e mulheres, além de estender direitos como proibição de diferenças salariais por motivo de sexo e a licença gestante de 120 dias após o parto.

A nossa Constituição Federal nasceu como uma das mais avançadas do mundo. E ela foi sucedida por inúmeros outros dispositivos de notável grandeza e importância na afirmação da mulher dentro do mercado de trabalho. A Lei 9.029/1995 proibiu expressamente a exigência de atestados de gravidez ou esterilização para fins de admissão ou permanência no emprego, atacando clara discriminação existente no mercado de trabalho à época.

Outros exemplos dessas garantias eram a proibição do trabalho de mulheres gestantes em ambientes insalubres (art. 394-A da CLT), assim como a garantia de intervalo antes do início de eventual trabalho em sobrejornada (art. 384 da CLT). Ou seja, todo um cenário criado para proteger a mulher em sua carreira, garantindo igualdade de oportunidades e condições paritárias na disputa laboral.

Entretanto, os anos não têm sido unicamente gentis com tais conquistas e presenciamos ataques a elas. A dita Reforma Trabalhista, promovida pela Lei 13.467/2017, acabou com o intervalo do art. 384 da CLT, sob o argumento de que este não refletiria igualdade nas condições entre homens e mulheres. 

Apesar de respeitar tal entendimento, confesso que os julgados anteriores à tal reforma me apresentavam argumentos muito mais adequados. Cito, como exemplo, a defesa de questões como igualdade de condições, dupla jornada de mulheres e distinção entre compleições físicas que precisariam ser albergadas por medidas que mitigassem tais diferenças em favor de condições justas de trabalho.

Outro retrocesso pode ser presenciado na tentativa de alteração do art. 394-A da CLT, que visava permitir o trabalho da mulher gestante em ambientes insalubres (à exceção da insalubridade em grau máximo), condicionando eventual afastamento com apresentação de atestado médico específico. Felizmente, tal tentativa foi barrada pelo Supremo Tribunal Federal, no julgamento da ADI (Ação Direta de Inconstitucionalidade) 5.938.

Agora, a alteração mais recente fala do advento da Lei 14.457/2022, que instituiu o dito Programa Emprega + Mulheres. Fruto da conversão da Medida Provisória 1.116/2022, a referida lei trouxe alterações à Consolidação das Leis do Trabalho, visando não somente tratar da inclusão de mulheres no mercado de trabalho, mas especialmente proteger a parentalidade, criar canais de denúncia e atribuir às CIPAs (agora Comissões Internas de Prevenção de Acidentes e de Assédio) a responsabilidade de monitorar e combater o assédio sexual e toda e qualquer outra forma de violência no âmbito do trabalho.

Uma pena, entretanto, que somente haja CIPAs em empresas com mais de 80 funcionários. O assédio e a discriminação não acontecem somente em empresas maiores, mas igualmente em pequenas organizações. Ocorrem até mesmo entre mulheres: lembro-me de um processo onde conquistamos a rescisão indireta do contrato de trabalho de uma gestante que, ao comunicar sua superior (sim, uma mulher) de seu estado gestacional, passou a ser assediada com o intuito de forçar um pedido de demissão.

A equivalência de direitos entre homens e mulheres, visando a constituição de uma cultura organizacional mais igualitária, é medida urgente no meio ambiente de trabalho brasileiro. Deve decorrer não somente de leis, mas de verdadeira mudança na consciência do mercado de trabalho – e a função do operador do direito é exatamente fomentar esta mudança, como verdadeiro agente da transformação.

 

Arthur Felipe das Chagas Martins - advogado especialista em direito material e processual do trabalho e direito acidentário. Mestrando em direito do trabalho pela PUC-SP. Professor em cursos jurídicos voltados ao direito do trabalho e suas correlações com o direito previdenciário.


8 orientações para presentear no Dia das Mães sem comprometer as finanças

O Dia das Mães está chegando e com isso existe uma expectativa positiva em todo o comércio, esperando o aumento das vendas. Em contrapartida as famílias já estão planejando as compras. Ponto positivo é que depois de um período de crise, a população está mais precavida e consciente para o período. 

Entretanto, mesmo assim, segundo o PhD em Educação Financeira, Reinaldo Domingos, presidente da DSOP Educação Financeira, essa data traz preocupações. “O Dia das Mães é muito significativo para as pessoas. Assim, os filhos querem dar o que as mães desejam mesmo sem ter condição financeira para isso, resultando em endividamento - não é à toa que essa é uma das melhores datas para o comércio, ficando atrás apenas do Natal”. 

Contudo, presentear as mães, por mais que seja uma prioridade para as pessoas, demanda importantes cuidados. A preocupação financeira é fundamental, sendo importante tirar aprendizados da crise que o mundo passou recentemente e que mostra a importância de ter reservas financeiras. 

“Neste momento é muito importante estar educado financeiramente, para saber aproveitar esses momentos sem se endividar ou se frustrar por nunca conseguir comprar o que deseja. O caminho é simples: planejamento. Com ele é possível decidir com antecedência o presente que quer dar a mãe, pesquisar e poupar para comprá-lo, de preferência à vista, conseguindo desconto e, assim, economizando”, explica Reinaldo Domingos. 

Para quem ainda está pensando em comprar os presentes, o presidente da DSOP Educação Financeira preparou algumas orientações para ajudar os filhos: 

1. Saiba quanto poderá gastar, analisando e fazendo um diagnóstico financeiros primeiramente. A partir deste se terá uma visão de quanto poderá dispor para esse presente sem comprometer seu orçamento financeiro;

2. Pense nessa e em outras datas similares durante todo ano e não só na véspera. É sempre importante poupar dinheiro para as datas especiais e comemorativas em geral, isso evita gastos desnecessários;

3. Unir os irmãos e parentes na hora de presentear pode ser uma boa alternativa, pois, assim, o presente pode ser melhor e cada um pagará menos por ele;

4. O momento da compra deve ser feito com paciência, tranquilidade e foco, para que não se gaste mais do que estava programado e pesquise com antecedência os preços, tanto online como presencial;

5. Hoje o uso de ferramentas da internet é a alternativa para compra, mas também é interessante priorizar o comércio local, ajudando a economia;

6. Se tiver que parcelar, saiba que isso não é um problema, desde que se tenha controle. Mas, cuidado, veja se a prestação cabe no seu orçamento mensal, se não, dê outro presente;

7. Se não der para comprar com antecedência, converse com a sua mãe e se for o caso presenteie com uma lembrança, só para a data não passar em branco. Nos próximos dias ou meses busque outro produto; com certeza você encontrará promoções interessantes;

8. Nessa data tão especial, demonstre carinho pela sua mãe e diga a ela o quanto a ama; na maioria dos casos isso é mais importante do que presentes.
 

Reinaldo Domingos - PhD em Educação Financeira e está à frente do canal Dinheiro à Vista. Presidente da Associação Brasileira de Profissionais de Educação Financeira (Abefin) e da DSOP Educação Financeira. Autor de diversos livros sobre o tema, como o best-seller Terapia Financeira.


Shopping centers estimam alta em torno de 4,8% nas vendas para o Dia das Mães

O setor está otimista em relação à data e as expectativas são positivas para 93% dos empreendimentos. Movimento deve chegar a R$ 5 bilhões


A Pesquisa de Expectativas do Dia das Mães, realizada pela Associação Brasileira de Shopping Centers (ABRASCE), aponta uma estimativa de crescimento em torno de 4,8% nas vendas, em comparação ao mesmo período de 2023. Com isso, os shoppings esperam movimentar cerca de R$ 5 bilhões em faturamento no intervalo que antecede o Dia das Mães.

O levantamento foi realizado entre os dias 22 e 30 de abril com o objetivo de entender as expectativas do setor em relação à comercialização, fluxo de visitantes, ticket médio, entre outros indicadores, para a semana do Dia das Mães, que acontece entre 6 a 12 de maio. Para 93% dos shoppings ouvidos na pesquisa, o cenário geral e de otimismo para a data.


Ticket médio - A expectativa é que em 2024, o ticket médio seja de R$ 229,11, o que representa um aumento de 7,4% em relação ao ano passado. Entre os produtos que mais devem se destacar na data comemorativa, encontram-se: perfumaria e cosméticos, vestuário, calçados, joalheria, chocolates e doces, e relógios e acessórios.

Sobre o fluxo de visitantes, 71% dos respondentes disseram que será superior em relação à 2023. Para os que esperam um aumento do fluxo, o incremento será em média de 4,5%.


Ações para atrair o público - Para o Dia das Mães de 2024, os investimentos dos shoppings estarão concentrados nas tradicionais campanhas promocionais: Compre e Ganhe (62%), Sorteio (19%) e Ganhe e Concorra (14%).

Para Glauco Humai, presidente da Abrasce, após um ano desafiador em 2023 devido aos indicadores macroeconômicos, o setor demonstra otimismo em relação à data. “Com o aquecimento do mercado de trabalho, os brasileiros em geral tendem a se sentir mais motivados para ir às compras. Além disso, as reduções contínuas da taxa Selic ampliam a concessão de crédito, proporcionando maior poder de compra às famílias", comenta.


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