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segunda-feira, 4 de março de 2024

Detran-SP cria Sistema Estadual de Trânsito para ampliar apoio aos municípios paulistas

Visando a organização e a promoção de um trânsito mais harmônico e seguro, a criação do Sistran também incentivará os municípios a se integrarem ao Sistema Nacional de Trânsito

 

Em um esforço para promover um trânsito mais seguro e harmonioso em todo o estado, o Governo de São Paulo, por meio do Departamento Estadual de Trânsito de São Paulo (Detran-SP) e em parceria com o Conselho Estadual de Trânsito (Cetran-SP), anunciou hoje o lançamento do Sistema Estadual de Trânsito (Sistran). O principal objetivo do Sistran é promover a colaboração entre os órgãos de trânsito municipais, incentivando a adoção de práticas uniformes e a adesão ao Sistema Nacional de Trânsito (SNT), conforme estabelecido pelo Código de Trânsito Brasileiro (CTB). O decreto inclui ainda disposições sobre o Conselho Estadual de Trânsito, as Juntas Administrativas de Recursos de Infrações, o Sistema de Informações Gerenciais de Sinistros de Trânsitos, o Infosiga, e a ampliação do Programa Respeito à Vida. Além disso, está prevista a reativação do Observatório Estadual de Trânsito.

 

Com a medida, a população paulista terá um sistema viário mais organizado, por meio da padronização das sinalizações, calendário permanente de ações de educação e capacitação de agentes de trânsito nas unidades da Fatec e Etec destinadas para essas finalidades. Atualmente, dos 645 municípios no Estado de São Paulo, 358 municípios já estão integrados ao Sistema Nacional de Trânsito. As 287 cidades cuja integração ao SNT está pendente abrigam menos de 5% da população do Estado - mas apresentam características peculiares e demandas reprimidas em relação à organização dos seus próprios sistemas de trânsito. O Detran-SP e o Cetran-SP criarão uma rede de proteção para esses municípios menores, estruturando facilitadores e meios para a sua adesão ao Sistema. A proposta do Sistran é sugerir ações que possibilitem a gestão do trânsito local baseada nos princípios da educação, da engenharia, da estatística, da fiscalização e do julgamento de recursos.

 

Além do ingresso ao SNT, o Sistema Estadual de Trânsito vai apoiar a adesão dos órgãos municipais de trânsito de todas as cidades paulistas ao SNE (Sistema Notificação Eletrônica). Por meio do SNE, o cidadão paulista tem acesso online à identificação imediata da infração cometida e ao pagamento com desconto de todas as multas estaduais. Outra medida que possibilitará que as fiscalizações sejam menos burocráticas será a ampliação do talonário eletrônico. Este será usado por todos os policiais em posse de um aplicativo para registro das multas, o que permitirá que a notificação chegue ao condutor com maior agilidade e menos erros de digitação.

 

O Sistran também vai possibilitar um diagnóstico mais preciso das fragilidades e das demandas de tráfego em todas as regiões do Estado. O Sistema ainda indicará o caminho para a implantação de ações e políticas públicas mais efetivas no estabelecimento de um trânsito mais seguro e cidadão em São Paulo, em alinhamento com o Plano Nacional de Reduções de Mortes e Lesões no Trânsito (Pnatrans) e com a Polícia Nacional de Trânsito (PNT).


 

Melhor Gestão do Sistema Viário

 

A fim de facilitar o processo decisório e a capacidade de gestão do sistema viário, a partir do Sistema Estadual de Trânsito será estabelecida e coordenada uma sistemática de fluxos permanentes entre diversos órgãos e entidades. Além disso, também serão disponibilizadas diretrizes que darão embasamento para as ações junto à população, focadas na educação e conscientização, como a capacitação de professores das redes estaduais e municipais para abordagem de campanhas e temas afins de modo transversal em sala de aula, partindo-se do princípio de que a formação de um bom condutor é decorrente da formação de um bom cidadão.

 

O cumprimento da meta de um trânsito paulista eficiente também está embasado, segundo o Sistran, na oferta de serviços de maior qualidade pelo Detran-SP, com a automação dos processos, além do repasse de recursos financeiros advindos de multas aos municípios para emprego na sinalização e na adequação das vias, como faz o programa Respeito à Vida.


 

Reativação do Observatório de Trânsito

 

O Sistran prevê ainda a reativação do Observatório Estadual de Trânsito, sob coordenação do Detran-SP, com o respectivo aperfeiçoamento, mediante investimento de R$ 9 milhões em tecnologia e inteligência artificial, do Sistema de Informações Gerenciais de Acidentes de Trânsito (Infosiga). O sistema Infosiga passará a coletar, tabular e apurar dados de trânsito, além de fornecer subsídios técnicos e realizar a análise qualitativa das informações e estatísticas sobre acidentes fatais e não fatais, sendo responsável pela gestão inteligente desses dados nas definições de políticas públicas estaduais para o trânsito.

 

Entrega de obras do Programa Respeito à Vida

 

Com a criação do Sistran, o Programa Respeito à Vida também será ampliado e envolverá ainda mais órgãos e pastas. Atualmente, participam as secretarias de Comunicação, Educação, Segurança Pública, Saúde, Logística e Transportes, Transportes Metropolitanos, Desenvolvimento Regional, Desenvolvimento Econômico e Direitos da Pessoa com Deficiência. Com a ampliação, entidades como o Departamento de Estradas de Rodagem – DER, a Agência Reguladora de Serviços Públicos Delegados de Transportes do Estado de São Paulo – ARTESP, a Empresa Metropolitana de Transportes Urbanos – EMTU, os órgãos executivos de trânsito dos municípios (como a Companhia de Engenharia e Tráfego da Capital – CET-SP) serão chamados a participar e assumir responsabilidades na implantação de ações que disseminem a conscientização sobre o trânsito responsável, consciente e cuidadoso aos cidadãos de todo o Estado.

 

O Programa Respeito à Vida, articulado pelo Governo de SP e gerido pelo Detran-SP, tem como principal objetivo reduzir o número de acidentes de trânsito a partir de intervenções de segurança viária, feitas com recursos das multas de trânsito. Atualmente, são 587 municípios conveniados ao Programa. Em 2023, foram mais de R$ 302 milhões investidos e 187 municípios beneficiados com a entrega de máquinas de demarcação viária para sinalização das ruas.


 

Ampliação da atuação do Cetran-SP

 

A publicação do decreto prevê também mais 20 integrantes no Conselho Estadual de Trânsito (Cetran-SP), que passa a ser constituído por 55 conselheiros atuando em um mandato de dois anos. Outra mudança é a previsão de atualizar a regulação do órgão no Estado, possibilitando a participação de membros de outras entidades, entre elas as secretarias estaduais do Meio Ambiente, Infraestrutura e Logística, da Educação, da Saúde, dos Direitos da Pessoa com Deficiência e da Secretaria dos Transportes Metropolitanos, além da ampliação da participação do Detran-SP e dos municípios. Com essas medidas, espera-se que o Cetran-SP ganhe maior envolvimento nas temáticas referentes a estratégias dedicadas à redução de lesões e mortes no trânsito.

 

Composto por representantes do Estado, dos municípios e da sociedade, o Cetran-SP é responsável pelo planejamento, coordenação, normatização no âmbito do Estado e pela realização de julgamentos de recursos administrativos. Sua missão é a de assegurar o cumprimento da legislação de trânsito, de forma articulada e integrada, com vistas à garantia do trânsito em condições seguras para todos, com a promoção, valorização e preservação da vida. Atualmente, o Cetran-SP é conselho que mais conclui processos no país, com uma média de 10 mil por mês.


 

Sobre o Detran-SP

 

O Detran-SP trabalha incessantemente para prevenir sinistros e preservar vidas, com a meta de organizar um trânsito mais seguro e harmonioso entre todos os modais. O órgão segue comprometido em oferecer serviços de excelência aos cidadãos, baseados em valores como respeito, integridade, segurança e eficiência.

 

Atualmente, está implementando gradualmente a transformação digital para melhorar a qualidade de vida dos paulistas, facilitando o acesso aos serviços públicos. Cerca de 93% dos atendimentos realizados nas unidades do Detran-SP são feitos de forma digital. 


Como o maior órgão executivo de trânsito do país, o Departamento de Trânsito Paulista é responsável por 28% da frota brasileira, com mais de 32 milhões de veículos registrados e mais de 27 milhões de motoristas habilitados em todo o estado. Mensalmente, emite aproximadamente 400 mil Carteiras Nacionais de Habilitação (CNHs) e 1,2 milhão de Certificados de Registro e Licenciamento Veicular (CRLVs). Em média, são emitidos mais de 136 mil documentos por dia.



FGTS Digital: O que muda na revolução digital do trabalho?

 

A chegada do FGTS Digital é um marco significativo na evolução das relações trabalhistas no Brasil, prometendo revolucionar a maneira como empregadores e trabalhadores interagem com o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS). Com sua implementação prevista já para a competência de março de 2024, o sistema é visto como um passo crucial para a modernização, eficiência, e transparência na gestão de benefícios trabalhistas. André Charone, contador, professor universitário e diretor do escritório Belconta – Belém Contabilidade, que presta serviços a mais de duzentas empresas em todo o país, explica como vai funcionar o FGTS Digital.


 

Histórico e Implementação do FGTS Digital


Desde a sua criação em 1966, o FGTS tem servido como uma proteção financeira para os trabalhadores brasileiros em diversos momentos da vida. Entretanto, ao longo dos anos, tornou-se evidente a necessidade de uma reformulação para adequar o sistema às demandas contemporâneas por rapidez e transparência. Nesse contexto, Charone destaca que o FGTS Digital foi desenvolvido como uma solução inovadora, buscando eliminar burocracias e facilitar o cumprimento das obrigações relativas ao FGTS por parte dos empregadores.


 

Transformações para Empresas


O FGTS Digital introduz mudanças significativas nas rotinas empresariais, destacando-se a obrigatoriedade do uso da guia FGTS Digital (GFD) para eventos desencadeadores a partir de sua data de vigência e a adoção do Pix, com QR Code, para pagamentos.  André Charone enfatiza a importância da preparação: "As empresas devem se atualizar sobre as novas normativas e se adaptar tecnologicamente para atender às exigências do FGTS Digital, garantindo assim a conformidade e a eficiência nos processos."


 

Impacto para os Trabalhadores


Para os trabalhadores, o FGTS Digital promete maior clareza e acesso facilitado aos seus fundos, permitindo um acompanhamento mais efetivo das contribuições realizadas pelos empregadores. "A digitalização do FGTS é uma vitória para os trabalhadores, assegurando que seus direitos sejam respeitados e facilitando o uso dos recursos quando necessário", complementa Charone.


 

A Interconexão com o eSocial


Um aspecto crucial do FGTS Digital é sua integração com o eSocial, um sistema que unifica a prestação de informações trabalhistas, previdenciárias e fiscais, simplificando a transmissão de dados por parte das empresas ao governo. O FGTS Digital aproveita as informações consolidadas no eSocial, garantindo que os dados dos trabalhadores estejam atualizados e corretos. Isso reflete um avanço na automação e na precisão dos processos, impactando positivamente na gestão do FGTS. 

André aponta a relevância dessa integração: "A sinergia entre o FGTS Digital e o eSocial é um exemplo claro de como a tecnologia pode ser empregada para otimizar a gestão trabalhista. Isso não apenas facilita a vida dos empregadores, ao reduzir a redundância na entrada de dados, mas também aumenta a confiabilidade das informações relativas aos fundos dos trabalhadores."


 

Preparação e Adaptação


A transição para o FGTS Digital exige uma mudança de paradigma dentro das organizações, demandando atualização constante e capacitação dos profissionais envolvidos. "Este é um momento de transformação. Empresas e trabalhadores devem se engajar ativamente no processo de adaptação para maximizar os benefícios proporcionados pelo FGTS Digital", aconselha Charone.

 

A implementação do FGTS Digital é uma etapa decisiva na modernização das relações de trabalho no Brasil, oferecendo um futuro mais eficiente e transparente para empregadores e trabalhadores. A interconexão com o eSocial destaca o potencial da tecnologia em simplificar e tornar mais seguros os processos trabalhistas. Com a devida preparação e adaptação, o FGTS Digital tem tudo para ser bem-sucedido, marcando uma nova era na gestão de benefícios trabalhistas no país.

 



André Charone - contador, professor universitário, Mestre em Negócios Internacionais pela Must University (Flórida-EUA), possui MBA em Gestão Financeira, Controladoria e Auditoria pela FGV (São Paulo – Brasil) e certificação internacional pela Universidade de Harvard (Massachusetts-EUA) e Disney Institute (Flórida-EUA). É sócio do escritório Belconta – Belém Contabilidade e do Portal Neo Ensino, autor de livros e dezenas de artigos na área contábil, empresarial e educacional. André lançou dois livros com o tema "Negócios de Nerd", que na primeira versão vendeu mais de 10 mil exemplares. Os livros trazem lições de gestão e contabilidade, baseados em desenhos e ícones da cultura pop.
Instagram: @andrecharone

Auditoria financeira: oito dicas para sua empresa evitar inconsistências

A auditoria das demonstrações financeiras de uma empresa é uma ferramenta extremamente importante que visa fornecer ao mercado uma posição transparente, conforme e fidedigna livre de erros da posição patrimonial do negócio em determinado período. Contudo, esse é um procedimento delicado, que demanda certos cuidados a fim de evitar inconsistências perante os usuários das demonstrações financeiras e, com isso, assegurar a saúde financeira do negócio.

Regulamentado pela Lei 11.638/2007, todas as empresas de grande porte que possuem ativos acima de R$ 240.000.000,00 e receita bruta anual de superior a R$ 300.000.000,00, são obrigadas a realizar este procedimento. Normalmente, muitas se preocupam em passar por um processo de auditoria em função dos possíveis apontamentos de erros, inconformidades, gastos na contratação do auditor ou, ainda, falta de disponibilidade de mão de obra para atendimento das demandas dos auditores. Porém, os ganhos em realizá-la superam, em muito, os custos deste processo.

Além de garantir a conformidade com leis e regulamentos fiscais e contábeis, a auditoria financeira permite que as companhias consigam identificar e gerenciar riscos com maior segurança, avaliando sua eficiência operacional, otimizando recursos, prevenindo seus ativos contra fraudes e desperdícios e, acima de tudo, promovendo uma maior transparência e governança corporativa, facilitando a tomada de decisões estratégicas com informações imparciais.

Mas, para que estas vantagens sejam obtidas, alguns cuidados precisam ser ressaltados para que este processo ocorra de maneira eficiente e objetiva. Veja os principais:

#1 Possua profissionais de contabilidade de qualidade: o sucesso de um parecer de auditoria livre de ressalvas vai passar, necessariamente, pela qualidade das demonstrações contábeis. Isso está intrinsicamente relacionado ao contador ou a empresa contábil preparadora das demonstrações financeiras. Portanto, tenha certeza de que conta com profissionais capacitados para atendimento aos auditores.

#2 Designe responsáveis: designe um líder de equipe para coordenar a resposta à auditoria e identificar pontos de contato para áreas específicas da empresa. Essa pessoa deve atribuir as atividades para cada responsável da equipe e gerenciar as entregas e devolutivas para os auditores.

#3 Entenda os requisitos da auditoria: certifique-se de compreender completamente as expectativas e os critérios pelos quais a empresa será avaliada. Nesta etapa, é muito importante se reunir com os auditores, definir prazos, expectativas e fazer reuniões recorrentes de alinhamento para que seja possível identificar qualquer problema de imediato.

#4 Organize a documentação: crie um sistema de organização eficiente para reunir todos os documentos relevantes necessários para a auditoria. Isso pode incluir registros financeiros, relatórios de conformidade, políticas da empresa, contratos e quaisquer outros documentos exigidos. Faça um cronograma para gerenciar essas demandas, e coloque um responsável e prazos para cada uma das etapas.

#5 Treine e capacite a equipe: ofereça treinamento abrangente à equipe para garantir que todos entendam suas responsabilidades durante a auditoria. Eles devem estar familiarizados com os procedimentos de auditoria, saber onde encontrar documentação relevante e estar preparados para responder às perguntas dos auditores.

#6 Esteja pronto para ação corretiva: esteja aberto a feedback e pronto para implementar quaisquer recomendações ou correções sugeridas pelos auditores. Desenvolva um plano de ação claro para abordar quaisquer áreas de não conformidade identificadas durante a auditoria.

#7 Pós-auditoria: esse é um momento de análise e melhoria contínua. Após a auditoria, reserve tempo para revisar o desempenho e identificar oportunidades de melhoria constante. Use os resultados da auditoria como um ponto de partida para fortalecer ainda mais os processos e procedimentos da empresa.

#8 Elabore um plano de ação: após a emissão dos relatórios oficiais, é importante definir um plano de ação para colocar em prática os pontos de melhoria apontados. Isso garante que a empresa está empenha em trabalhar constante evolução.

Ao seguir estas diretrizes, sua empresa estará preparada para enfrentar uma auditoria empresarial com confiança e eficiência, de forma que consiga focar cada dia mais em seu core business e, com isso, manter sua saúde financeira para um desempenho excelente.



Jessica Becalette - Coordenadora contábil na ECOVIS® BSP.

Lucas Leme - sócio e supervisor de contabilidade na ECOVIS® BSP.


BSP
https://ecovisbsp.com.br/

 

Qual a melhor idade para adquirir uma apólice de seguro?

Especialista indica os elementos que impactam essa decisão e explica como se proteger


Investir em uma apólice de seguro é uma decisão importante para garantir a proteção financeira pessoal e familiar em situações imprevistas. É inegável que a faixa etária desempenha um papel significativo no momento da contratação. As seguradoras baseiam suas avaliações no risco associado aos clientes, levando em consideração fatores como idade e probabilidade de utilização dos benefícios. 

Segundo Caio Mastrodomenico, autor do livro "Me Formei Médico e não Empresário - E Agora?", embora não haja uma idade única que se aplique a todos, o melhor momento para adquirir uma apólice de seguro geralmente é quando uma pessoa está saudável, financeiramente estável e tem dependentes que precisam de proteção financeira em caso de sua ausência. “Idealmente, a decisão de adquirir um seguro deve ser tomada quando se tem responsabilidades financeiras significativas, como uma hipoteca, dívidas ou dependentes financeiros, como cônjuge e filhos”, explica.

É natural, por exemplo, que pessoas idosas tenham uma probabilidade maior de óbito do que indivíduos jovens, o que pode resultar em variações nos preços das apólices conforme a idade. Apesar disso, mesmo com os serviços tradicionais estabelecendo limites de idade para contratação, geralmente em torno de 60 ou 65 anos, os idosos ainda têm acesso a opções específicas oferecidas por algumas seguradoras. 

“No entanto, é importante ressaltar que doenças e acidentes podem ocorrer em qualquer fase da vida, sem aviso prévio, deixando familiares em situações desafiadoras”, aconselha o especialista. Portanto, a decisão de adquirir um seguro de vida não se limita à faixa etária, mas sim ao planejamento e à proteção financeira de longo prazo para si mesmo e para a família. Ao considerar essa forma de proteção, é fundamental analisar cuidadosamente as opções disponíveis e escolher as coberturas que melhor atendam às necessidades individuais e familiares.

Ele ainda destaca que, quanto mais cedo alguém adquirir um seguro, geralmente mais acessíveis serão as taxas de prêmio. Além disso, é importante considerar que algumas apólices de seguro, como as de vida inteira ou de longo prazo, podem oferecer benefícios adicionais, como acumulação de valor em dinheiro ao longo do tempo, que podem ser aproveitados no futuro para objetivos financeiros diversos, como complementar a aposentadoria ou pagar despesas médicas.

"A chave para decidir o momento certo para adquirir uma apólice de seguro é avaliar suas necessidades financeiras, suas responsabilidades familiares e seu plano financeiro de longo prazo", diz. Independentemente da idade, é fundamental que as pessoas entendam a importância do seguro como uma ferramenta que protege os entes queridos e garante a estabilidade financeira em momentos difíceis.  



Caio Mastrodomenico - pós-graduado em mercado financeiro e de capitais e analista político e econômico. Ele também é autor do livro “Me Formei Médico e não Empresário - E Agora?”, onde relata experiências e, ainda, mostra como pavimentar o caminho em busca de um negócio dentro da própria área de especialidade. A obra apresenta uma série de conceitos que auxiliam o processo de inicialização de um empreendimento de forma coerente. As páginas trazem técnicas de gestão, rotinas de atendimento, técnicas de comunicação e ferramentas financeiras que podem auxiliar não só no início da operação, como a manter os números saudáveis através de cálculos de lucro e fluxo de caixa.
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Dia Internacional da Mulher: confira 5 dicas para empreendedoras atraírem mais investimentos para os negócios

De acordo com os dados do IBGE, o Brasil conta com mais de 10 milhões de empreendedoras, porém, elas ainda enfrentam dificuldades para obter financiamento para os seus empreendimentos


As últimas décadas foram marcadas por uma transformação do papel da mulher na sociedade. Anteriormente, só tinha à função de cuidadora dos filhos e afazeres domésticos, hoje as mulheres têm conquistado novas atribuições principalmente na esfera profissional, construindo suas carreiras, conquistando cargos de liderança e, até mesmo, optando pelo empreendedorismo.

Segundo um levantamento feito pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresa (Sebrae), embasado em dados do IBGE, o Brasil tinha 34% de empreendedoras em 2022 — equivalente a mais de 10 milhões de mulheres proprietárias de seus negócios.

Todavia, os desafios dessas empreendedoras são diários, pois muitas vezes precisam enfrentar a discriminação de gênero em suas posições. O cenário torna-se ainda mais desigual, uma vez que os empreendimentos liderados por mulheres possuem uma menor disponibilidade de crédito em comparação aos empreendimentos liderados por homens.

É o que demostram os dados de uma pesquisa do Boston Consulting Group, que considerou 350 startups — 258 criadas por homens e 92 fundadas ou co-fundadas por mulheres. Em um período de cinco anos, as startups criadas por homens recebem mais que o dobro de aportes, mas a receita gerada foi cerca de 10% menor que a das mulheres.

“O ambiente empresarial apresenta desafios para ambos os gêneros, mas para as mulheres, em particular, as barreiras tendem a ser mais significativas”, explica Jennifer Chen, CEO da JC Capital e especialista em captação de investimentos. “Elas frequentemente recebem questionamentos relacionados à rotina familiar, filhos e à capacidade de conciliar efetivamente a vida pessoal com a profissional”, explica.

Segundo a empresária, é preciso realizar um esforço conjunto para que essa realidade mude. “Este tipo de comportamento está diretamente ligado a questões culturais e sociais construídas”, afirma Jennifer. “Já temos dados que demonstram os resultados positivos do empreendedorismo feminino na sociedade, só nos faltam as oportunidades”.

Quando uma mulher cresce, toda a sociedade evolui

Além disso, empreendimentos liderados por mulheres são grandes aceleradores de negócios locais, por criar oportunidades para a população e encabeçar iniciativas para o desenvolvimento da comunidade. Dados do Sebrae revelaram um crescimento de 30% em empreendimentos femininos que criam empregos, de 2021 para 2022.

Conhecida por sua habilidade de conectar investidores e empresas, a especialista afirma que uma das principais alternativas para contornar essa situação é através da criação de oportunidades por e para mulheres. “Somente através da união das mulheres, conseguiremos alcançar lugares que, atualmente, são dominados pelos homens. Como costumo dizer: menos ego e mais parceria”.

A sociedade desempenha um papel crucial na promoção de programas que facilitem o acesso ao crédito para as empresárias brasileiras, tanto através de iniciativas privadas quanto do Governo Federal.

 

5 dicas para angariar aportes e combater a discriminação de gênero

Para ajudar as empreendedoras a obterem investimentos para os seus negócios, Jennifer Chen separou algumas dicas, confira:


1. Procure programas de investimentos

Buscar investidores para uma empresa é uma etapa crucial no caminho para o crescimento e a expansão dos negócios. Essa busca não se resume apenas a encontrar fontes de financiamento, mas também a identificar parceiros estratégicos que compartilhem da visão e dos objetivos da empresa. É fundamental apresentar um plano de negócios sólido e atrativo, demonstrando o potencial de crescimento e os diferenciais competitivos da empresa


2. Trabalhe a autoconfiança

Muitos investidores podem ter uma visão conservadora de que a qualquer momento as mulheres abandonariam seus negócios para cuidar da casa e de sua família. Portanto, para passar segurança durante uma proposta, é importante demonstrar confiança em seu trabalho, suas capacidades e na sua experiência. “A confiança é um aspecto fundamental para escalar o seu projeto ou a sua empresa. Valorize o seu trabalho, tome decisões com assertividade e conquiste a confiança de todos os presentes na sala”, afirma a especialista.


3. Apresente um plano de negócios

Neste caso, os números falam mais do que palavras. Se preocupe em comprovar o potencial do seu negócio através de resultados transparentes e que possam ser verificados. “Elaborar um bom plano estratégico e apresentar relatórios consistentes tornará possível mostrar o panorama da empresa e das perspectivas”, explica Jennifer.


4. Elabore um bom pitch

O pitch nada mais é do que uma apresentação para vender a ideia do seu negócio para os investidores. Neste caso, é fundamental que a empresária tenha, não só um conhecimento profundo sobre o seu negócio, mas a capacidade de comunicar a ideia de maneira clara e confiante.

Segundo Jennifer, um dos primeiros passos é conhecer os interesses do investidor. “Um bom pitch é essencial para conquistar o investidor”. Ela ainda ressalta a importância de separar todos os dados que sejam relevantes para a apresentação, traçando as principais problemáticas que podem ser questionadas.

“Tratando-se de um negócio liderado por uma mulher, é possível que os investidores prestem mais atenção nos possíveis riscos do que no potencial da proposta”, explica. “Portanto, demonstre segurança, confiança e conhecimento, acima de tudo”, ressalta Jennifer.

No momento do pitch, valorize seus números, não tenha medo demonstrar seu interesse no investimento e o impacto que o seu negócio pode proporcionar.


5. Crie táticas para possíveis discursos discriminatórios

Sabendo de todos os obstáculos que as mulheres precisam lidar no mercado corporativo, é importante que elas tenham em mente as possíveis situações e saibam como enfrentá-las da melhor maneira.

“Para que você não seja desencorajada pelo que irá ouvir, crie estratégias para lidar com tais cenários — sempre mantendo o foco e analisando as situações de maneira crítica”, explica a especialista. “Pode ser difícil não deixar os sentimentos tomarem conta, mas é algo que precisa ser desenvolvido”, afirma. “Em situações como essas, é importante ser mais razão e menos emoção. Nós mulheres precisamos deixar a emoção de lado e adotar uma postura mais racional para não nos deixar afetar por esses comentários”, conclui Jennifer.

Por fim, a empresária afirma que existe muita oportunidade para as mulheres no mercado. “A cada dia, mulheres mais poderosas, inteligentes e capazes estão ocupando espaços mais importantes, traçando um caminho muito mais livre para as que vierem depois”, finaliza a CEO da JC Capital.

 

Jennifer Chen - CEO e fundadora da JC Capital, companhia que atua no mercado nacional e internacional através da captação de recursos no exterior. Considerada uma das maiores referências do mercado de conexões entre grandes empresas e investidores. É uma das poucas mulheres atuantes no mercado de intermediação de negócios.

 

Violência patrimonial ou econômica: saiba reconhecer e como lidar

Advogada Andressa Gnann explica que mulheres precisam estar cientes das consequências deste tipo de violência


No próximo dia 8 de março será comemorado o Dia Internacional das Mulheres, porém, ainda são muitos os desafios a serem enfrentados e situações a serem combatidas, entre elas, a violência patrimonial ou econômica. 

Segundo Andressa Gnann, mãe, advogada, empresária, palestrante, sócia fundadora e gestora do escritório Gnann e Souza Advogados, considerado como Referência Nacional e Melhores do Ano em Advocacia e Justiça e responsável pelo projeto Papo de Leoa, a violência econômica nem sempre é vista de forma tão aberta quanto a violência física, mas deixa sequelas enormes. “Privar uma mulher de ter acesso aos seus recursos financeiros é tirar sua independência e deixá-la à mercê de uma série de situações constrangedoras”, avalia. 

De acordo com Andressa, a violência patrimonial ou econômica é aquela que controla, intimida, humilha ou pune uma mulher usando dinheiro ou bens e que tem o objetivo de controlar o acesso e o uso de recursos, limitando assim sua autonomia financeira. “Sem essa liberdade de escolha, a maioria não tem forças para sair de uma relação abusiva, porque passa a acreditar que não dará conta sozinha”, aponta. 

A advogada explica que, muitas vezes, a mulher não cuida das finanças da casa e o marido é o responsável, assim como é extremamente comum que bens como imóveis, veículos, aplicações e carros, por exemplo, sejam adquiridos e os documentos sejam escondidos ou as transações realizadas em nome de terceiros. “É tênue o limite entre a pessoa não estar por dentro das finanças do marido ou da casa e a violência patrimonial, que é caracterizada quando a pessoa é privada desse conhecimento mesmo quando deseja saber ou não tem acesso ao próprio dinheiro”, afirma.

Segundo Andressa, também não são incomuns situações nas quais, mesmo em regime de separação total de bens, o parceiro tome conta de todo o dinheiro da mulher e faça dívidas em nome dela. “São muitas as atitudes praticadas que impõem um sistema de controle econômico sobre as mulheres, colocando-as em uma situação vulnerável. Quem passa por essa situação deve procurar ajuda e acompanhamento profissional para que sejam tomadas providências. É importante buscar o apoio de um terapeuta e de um escritório de advocacia especialista em Direito de Família para mulheres, pois lhe darão o suporte necessário para tomar as decisões de forma mais assertiva”, orienta.

A advogada ainda afirma que o parceiro pode sim controlar as finanças da casa, desde que seja o desejo da mulher e que ela não se sinta coagida, humilhada ou sendo obrigada a implorar pelo seu próprio dinheiro. Inclusive, ela reafirma a necessidade de ser uma relação aberta e clara, ou seja, caso a mulher queira ter acesso a valores, bens e documentos, ela poderá ter a qualquer momento. 

É importante identificar alguns sinais, pois a violência financeira ou patrimonial pode iniciar com o agressor sugerindo ou alegando que a vítima não tem condições de cuidar do patrimônio, não tem conhecimento, não tem responsabilidade ou de forma sutil, fazer com que a vítima não se sinta capaz de administrar os bens, informa Andressa. 

Outro ponto importante citado pela advogada é que, apesar de, na maioria das vezes, a violência patrimonial ser tratada entre casais, também é possível e muito comum que aconteça entre pais e filhos. “Em uma situação em que os pais estão dilapidando o patrimônio e sem condições psíquicas de administrar os bens é possível realizar a interdição, porém, na maioria das vezes, o que acontece é que os filhos só querem controlar mesmo o dinheiro ou os bens dos pais, seja por qual motivo for, inclusive sob a suposta alegação de proteção. Neste caso também é preciso que os idosos busquem ajuda”, finaliza. 

A violência patrimonial ou financeira pode se manifestar de diversas formas. Confira dez delas:

  1. Proibir a mulher de trabalhar
  2. Não permitir que ela gaste seu próprio dinheiro
  3. Controlar as contas bancárias dela
  4. Fazer empréstimos e dívidas em nome da parceira
  5. Não permitir que ela saiba quanto dinheiro o parceiro ganha, gasta ou quais bens adquire
  6. Limitar o acesso à educação ou à saúde
  7. Confiscar ou destruir documentos pessoais ou de bens
  8. Adquirir bens em nome de terceiros e esconder documentos de bens adquiridos
  9. Controlar todo o dinheiro da família, impedindo que a mulher tenha acesso às informações ou tome decisões
  10.  Se apropriar de bens exclusivos da mulher, como bens adquiridos por herança.

 


Andressa Gnann - palestrante, empresária, empreendedora serial, advogada, mentora, professora, coach, consultora de negócios e responsável pelo projeto PAPO DE LEOA que tem o compromisso de instruir, inspirar e empoderar mulheres, promovendo uma vida plena, equilibrada, próspera e feliz. Além de sócia e investidora em microempresas, também é sócia fundadora do escritório Gnann e Souza Advogados, classificado como referência nacional, reconhecido como Melhores do Ano em Advocacia e Justiça e com prêmio Quality Justiça. Andressa Gnann é uma figura multifacetada com habilidades e competências em áreas distintas, equilibrando com maestria os seus diversos papéis e liderando iniciativas voltadas para o público feminino. Para mais informações, acesse o instagram e pra conhecer o projeto Papo de Leoa acesse o instagram.


Além dos números: o poder transformador da independência financeira feminina na sociedade

A independência financeira é um pilar fundamental para o empoderamento da mulher, transcendendo o âmbito individual e impactando positivamente toda a sociedade.

Quando elas conquistam autonomia econômica, não apenas ganham liberdade de escolha em suas vidas pessoais e profissionais, mas também contribuem para o desenvolvimento sustentável e para a prosperidade coletiva. Muitas, inclusive, conseguem se livrar de relacionamentos abusivos e passam a escrever uma nova história.

Empresas como a Paramour, que lidam com o foco no público feminino, desempenham um papel crucial nesse processo, oferecendo um ambiente que não apenas promove a equidade de gênero, mas também um suporte essencial para que elas possam alcançar a independência financeira. 

A Paramour, marca de semijoias da capital mineira que vem expandindo seus negócios para o Nordeste do Brasil, promove iniciativas como programas de mentoria, políticas flexíveis de trabalho, horários e igualdade de ganhos são passos importantes que as organizações podem adotar para criar um ambiente propício ao crescimento, seja profissional ou  financeiro. Com educação, treinamento e acesso a oportunidades, elas podem romper barreiras, superar estereótipos e conquistar uma maior autonomia em suas vidas. 

Crenças limitadoras como “não sou bom o suficiente”, “não consigo me organizar”, “não mereço o sucesso ou coisas boas” só atrapalham a nossa jornada rumo ao sucesso e, por isso, o pensamento deve ser de ascensão, mesmo em um cenário que não parece propício. É essencial ajudá-las a criar ferramentas e entendimento de que é importante saber do potencial que elas possuem para alcançar seus objetivos

Uma vez conquistada essa liberdade, os benefícios se estendem e as tornam verdadeiros agentes de transformação, contribuindo de maneira significativa para a economia. Quitam dívidas, adquirem propriedades, investem em educação de qualidade para os filhos e passam a participar ativamente do mercado de consumo. 

Essas trabalhadoras não apenas fortalecem suas famílias, mas também impulsionam o desenvolvimento ao seu redor.

A independência financeira das mulheres é alicerçada na capacidade de tomar decisões, informadas sobre suas finanças, investir em si mesmas e gerir seus recursos de forma autônoma. 

As organizações, ao proporcionar ferramentas que permitam esse empoderamento, não apenas fortalecem suas equipes, mas também contribuem para uma sociedade mais saudável.

Além disso, alinhar-se a esses valores não é apenas uma prática ética, mas também uma estratégia empresarial inteligente. Estar em consonância com as normas de ESG (Ambiental, Social e Governança) não deve ser apenas uma expressão teórica, mas uma prática incorporada ao DNA da empresa. Isso significa não apenas cumprir diretrizes éticas, mas também fortalecer a sua reputação, atrair talentos diversos e contribuir para um mundo mais equitativo.

A revolução proporcionada pela independência financeira das mulheres transcende estatísticas e números econômicos. Ela redefine paradigmas, desafia. Empoderá-las economicamente não é apenas uma medida de inclusão, mas uma estratégia vital e construir essa ponte não se resume a um ato de responsabilidade corporativa; é um gesto poderoso que reverbera além dos escritórios, inspirando a mudança e estabelecendo as bases para um amanhã mais igualitário e capacitado. Este é um convite para empresas adotarem não apenas políticas, mas um verdadeiro compromisso com a emancipação econômica dessas guerreiras, traçando juntas uma jornada em direção a um futuro mais inclusivo e sustentável. 



Átila Coelho Cabral - Formado em Ciências Econômicas, Átila enxergou um grande potencial de mercado de semijoias e começou a estudá-lo. Durante esse processo, percebeu que não havia empresas grandes o suficiente para representar uma barreira de entrada no setor. Além disso, identificou uma lacuna conceitual nas empresas existentes, que mantinham um foco excessivo nos produtos ao invés das pessoas. Com base nesse insight, desenvolveu um plano de negócios inovador e fundou a Paramour. Para mais informações, visite o Instagram em @atilacoelhocabral


Paramour
@paramourbrasil


domingo, 3 de março de 2024

Entre banhos e receitas, o que herdamos das mulheres indígenas?

 

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Para falar das mulheres indígenas, começo pelos homens europeus. Eles, mesmo que tivessem família, costumavam vir sozinhos ao Brasil. Ficavam aqui o tempo suficiente para conseguir riqueza, por exemplo, na forma de um carregamento de pau-brasil. Mas havia os que se adaptavam e se radicavam. Com superioridade de armas e uma boa ajuda das doenças que vinham nas naus, aos poucos venceram as batalhas contra os guerreiros nativos e estabeleceram a nova colônia portuguesa.

Neste contexto, homens nativos, vencidos, quase sempre acabaram mortos ou escravizados, de modo que a nossa tradição patriarcal e todo o ordenamento jurídico e político são, basicamente, europeus, trazidos pelos homens.

E as mulheres daqueles tempos?

Ora, com tantas guerras e matanças, para aqueles europeus que chegavam sozinhos não havia falta de viúvas e órfãs nativas. Fosse por arranjos, de início violentos, ou com afeto, homens brancos se juntaram a mulheres indígenas.

É aí que a história melhora.

As mulheres nativas exerceram poder sobre as coisas da casa. Por isso, legaram traços culturais preciosos e de que tanto nos orgulhamos. Na culinária, ingredientes como mandioca, feijão, banana, açaí, castanhas, carnes de caça e de pesca, que basicamente definem a nossa culinária de norte a sul. Não tem um brasileiro que não se orgulha da culinária da própria cidade ou estado. Eu, quando estou longe de casa e quero agradar, vou logo elogiando a comida. Sempre funciona. Também os banhos frequentes. A rede na varanda. A própria relação com o terreiro, o quintal, uma hortinha de que a mulher cuida, bem diferente dos pátios internos à moda moura de Portugal.

Durante muito tempo, a língua mais comum, usada como língua franca no Brasil, não era o português, mas o tupi, ensinado pelas mulheres aos filhos. São vários os casos dos bandeirantes, que eram homens miscigenados e andavam descalços pelas trilhas, usando intérpretes para conversar com autoridades portuguesas, mesmo após séculos de colonização. Hoje, estima-se cerca de 10 mil palavras de origem tupi na nossa língua, o que dá uns 3% do total.

Mais que a quantidade, a importância dessas palavras é monumental. Lugares às vezes arrasados, mas cujos nomes permanecem, seja como bairro ou cidade que surgiu sobre as cinzas de uma aldeia, ou pontos de orientação. Irajá, Icaraí, Catete, Baía de Guanabara, Itaoca, Niterói, Ubatuba, Mambucaba, Taquari, Taguaraçutiba, Pico do Itacolomi, Itambé, Pindamonhangaba, Atibaia, Araxá, Guarapari, Guarulhos, Campos dos Goytacazes, entre muitos e muitos outros.

Isso tudo é herança das mulheres indígenas, cruciais para alguns dos aspectos da nossa cultura de que mais nos orgulhamos, tão arraigados que parecem naturais como tomar banho, até que encontramos pessoas com um costume diferente.

Neste 8 de março, Dia Internacional da Mulher, um viva às mulheres brasileiras.

Um viva às mulheres indígenas, nem sempre lembradas.

 

Víktor Waewell - escritor, autor do livro “Guerra dos Mil Povos”, uma história de amor e guerra durante a maior revolta indígena do Brasil.


Mês da Mulher - Redefinindo a maternidade

A maternidade vem ganhando uma série de novos significados no mundo contemporâneo, deixando de ser entendida como um destino do qual as mulheres não poderiam escapar. Mudanças no âmbito social, cultural e mesmo comunicacional têm influenciado o entendimento das mulheres sobre a maternidade. Neste ponto, a rápida circulação de informação nas redes sociais, fóruns de discussão que envolvem o tema, grupos no WhatsApp e perfis pessoais nas redes vêm dando cada vez mais espaço para que este universo seja debatido, questionado, repensado e constituído na sociedade.

Segundo Mariana Musse, professora e pesquisadora da ESPM, a circulação de informação sobre a maternidade vai se modificando ao longo do tempo. “Se em determinado momento essa informação circulava a partir de relatos de pessoas próximas que narravam suas experiências e a passavam adiante em um âmbito privado e familiar, aos poucos a mídia entra na jogada”, diz. 

O conhecimento chegava por meio de revistas especializadas, manuais, livros voltados aos primeiros cuidados com o bebê e também na figura de médicos e especialistas que assumem o papel de "voz do saber" ao se tornarem fontes seguras de informação. Com a chegada das redes sociais surge uma série de publicações, vídeos, cursos, mentorias e lives que colocaram o debate sobre a maternidade e suas questões em outro patamar. “Encontramos desde perfis de pediatras, obstetras, psicólogos, educadores, influenciadores, e, finalmente, de pessoas comuns que utilizam as redes para colocar sua voz no mundo”, diz Musse. 

Ao explorar essas perspectivas e ter mais acesso ao conhecimento, chamou a atenção da pesquisadora o momento do parto no processo de tornar-se mãe. Se antes a maternidade se iniciava após o nascimento do bebê, hoje ela começa com o teste de gravidez positivo. “Houve uma mudança de perspectiva sobre o que este momento significa para a mulher. Se há alguns anos existia pouca ênfase ao processo vivido pela mulher, hoje envolve seu protagonismo neste cenário. Há toda uma preparação física, mental, espiritual e intelectual antes de viver este momento”, diz Musse. 

De acordo com a pesquisadora da ESPM, este contexto ganha visibilidade a partir do Movimento pela Humanização do Parto, que ganhou força a partir da década de 90 no Brasil e no mundo. Este movimento visa, entre outras coisas, menos intervenções médicas desnecessárias no momento do nascimento e o respeito pela vontade da parturiente, ao longo do trabalho de parto. 

Este vasto universo também movimenta o mercado e abre portas para o consumo. Novos serviços começam a ser oferecidos em hospitais, profissionais relacionados à assistência ao parto se tornaram produtos que podem ser consumidos, além das ofertas de cursos e preparações para o Chá Revelação e o Chá de Bebê. “Vimos também diversos exemplos de mulheres que a partir do sucesso de suas postagens no Instagram sobre a sua experiência na gestação, no parto e no puerpério, por exemplo, passaram a trabalhar oficialmente como influenciadores deste nicho”, diz a pesquisadora que cita como exemplo a influenciadora ViiTube, que criou uma marca de produtos infantis, após o sucesso de suas postagens durante a gestação sobre a "maternidade real". 

 

Fonte: Mariana Musse - professora da ESPM e membro do Grupo de Pesquisa Consumo e Sociabilidade da ESPM 


4/3 Dia Mundial da Obesidade, psiquiatra fala sobre sinais desde a infância


Na data instituída pela Organização Mundial da Saúde (OMS) para disseminar conhecimentos sobre a doença, a médica psiquiatra Dra. Jéssica Martani, especialista em comportamento humano e saúde mental, explica que a obesidade pode estar associada a uma série de consequências negativas que envolver a saúde mental desde a infância. “A relação entre obesidade e saúde mental na infância é complexa e multifacetada, com diversos fatores interativos que podem influenciar o bem-estar psicológico desde a infância até a idade adulta”, diz. 

A médica fala que, em primeiro lugar, a obesidade infantil pode levar a problemas de autoestima e imagem corporal já que as crianças com excesso de peso ou obesidade muitas vezes enfrentam estigma social, discriminação e bullying, que podem resultar em baixa autoestima, ansiedade, depressão e isolamento social. “Essas experiências negativas podem afetar negativamente a saúde mental da criança, levando a sentimentos de tristeza, vergonha e inadequação. Além disso, a obesidade infantil também está associada a um maior risco de desenvolvimento de transtornos alimentares, como a compulsão alimentar periódica e a restrição alimentar”, alerta. 

Para a especialista, as crianças obesas podem ter uma relação complicada com a comida, desenvolvendo comportamentos alimentares desordenados como resultado de pressões sociais, restrições alimentares excessivas ou como uma forma de lidar com emoções difíceis. “Esses transtornos alimentares podem ter um impacto significativo na saúde mental da criança, afetando sua qualidade de vida e bem-estar emocional”, diz a médica acrescentando que “além dos aspectos psicossociais, a obesidade infantil também pode estar associada a alterações neurobiológicas que afetam a saúde mental”. 

Diversos estudos sugerem que o excesso de peso e a obesidade podem estar relacionados a alterações nos neurotransmissores cerebrais, como a serotonina e a dopamina, que desempenham um papel importante na regulação do humor. Essas alterações podem contribuir para a manifestação de sintomas de depressão e ansiedade em crianças com obesidade. 

“É importante abordar a obesidade infantil de forma integral, considerando tanto os aspectos físicos quanto os aspectos mentais e emocionais. O tratamento eficaz da obesidade infantil deve envolver uma abordagem multidisciplinar, incluindo profissionais de saúde, como pediatras, nutricionistas, psicólogos e psiquiatras”, alerta Dra. Jéssica. 

Para a especialista, o tratamento psicológico pode desempenhar um papel crucial no manejo da obesidade, fornecendo suporte emocional, ajudando desde a infância para que as crianças desenvolvam uma relação saudável com a comida e trabalhando nas questões de autoestima e imagem corporal. “A terapia cognitivo-comportamental (TCC) é uma abordagem terapêutica comumente utilizada no tratamento da obesidade infantil, ajudando as crianças a identificar e modificar padrões de pensamento e comportamentos negativos relacionados à alimentação, ao corpo e à autoestima”, fala. 

Além disso, a médica ainda afirma que é fundamental promover um ambiente familiar e escolar que seja saudável, inclusivo e respeitoso, onde todas as crianças se sintam valorizadas independentemente de seu peso ou aparência. “A educação sobre alimentação saudável, a promoção de atividade física regular e o estímulo a um estilo de vida equilibrado são estratégias importantes para prevenir e tratar a obesidade infantil e, por consequência, melhorar a saúde mental das crianças”, completa a especialista que ainda deixa um alerta: “Os transtornos alimentares na infância podem ter várias causas, incluindo fatores genéticos, ambientais, psicológicos e sociais. Fatores como perfeccionismo, baixa autoestima, pressão social e imagem corporal distorcida podem contribuir para o desenvolvimento desses transtornos”. 

Dra. Jéssica Martani - CRM 163249/ RQE 86127 -  Médica psiquiatra, observership em neurociências pela Universidade de Columbia em Nova Iorque – EUA, graduada pela Universidade Cidade de São Paulo com residência médica em psiquiatria pela Secretaria Municipal de São Paulo e pós graduação em psiquiatria pelo Instituto Superior de Medicina e em endocrinologia pela CEMBRAP.


Priorizando a Saúde Mental das Mulheres no Dia Internacional da Mulher.

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A mente saudável leva a um corpo saudável


À medida que celebramos o Dia Internacional da Mulher, é fundamental destacar a importância de cuidar da saúde psicológica das mulheres em meio aos desafios enfrentados diariamente. A dupla jornada de trabalho, o estresse, a ansiedade e a responsabilidade da maternidade são apenas alguns dos fardos que muitas mulheres carregam, muitas vezes sem a ajuda ou sensibilidade adequada dos pais de seus filhos.

Estudos realizados por universidades renomadas têm demonstrado que as mulheres enfrentam uma carga desproporcional de depressão e ansiedade em comparação com os homens. Essas condições podem ser exacerbadas pelas múltiplas responsabilidades que as mulheres assumem em suas vidas pessoais e profissionais.

Além disso, é importante reconhecer o sofrimento que muitas mulheres enfrentam devido à violência verbal e física provocada por homens agressivos e desequilibrados. Esses comportamentos abusivos não apenas afetam a saúde mental das mulheres, mas também colocam em risco sua segurança e bem-estar físico.

Neste contexto, buscar ajuda psicológica pode ser ainda mais crucial para as mulheres que enfrentam situações de violência e abuso. Um profissional qualificado pode oferecer o suporte necessário para lidar com traumas, desenvolver estratégias de segurança e reconstruir a autoestima e o empoderamento.

No Dia Internacional da Mulher, vamos reforçar nosso compromisso em priorizar a saúde mental das mulheres, oferecendo-lhes o suporte e os recursos necessários para enfrentar os desafios com resiliência e determinação. Ao fazê-lo, não só estamos investindo no bem-estar individual das mulheres, mas também construindo uma sociedade mais segura, justa e igualitária para todos.


Luti Christóforo - Psicólogo clínico.
WhatsApp: (41) 99809-8887
Instagram: @luti_psicologo
e-mail: lutipsicologo@gmail.com

 

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