Profissionais
da área falam como o fortalecimento dos músculos da região promove a qualidade
de vida das pessoas
Área da saúde
dedicada a estudar o movimento do corpo, a Fisioterapia tem aplicações que vão
além do tratamento de problemas ortopédicos e dores crônicas. A incontinência
urinária e disfunção sexual, por exemplo, são patologias que podem ser
combatidas por meio de exercícios conduzidos por profissionais de fisioterapia,
para fortalecer o assoalho pélvico e evitar problemas do tipo na região íntima.
O assoalho pélvico
é uma estrutura composta por músculos, ligamentos e tecidos — que sustentam os
órgãos da pelve — e que desempenha um papel fundamental em funções vitais, como
controle urinário, fecal, função sexual e suporte para órgãos internos. Quando
esse sistema enfraquece, uma série de problemas de saúde podem surgir, afetando
tanto homens quanto mulheres, conforme aponta Alexandre Fontes, fisioterapeuta
da rede AmorSaúde.
“As consequências
do enfraquecimento dessa musculatura são prolapso genitais, disfunções amenorreicas
e urinárias para mulheres, homens e crianças, algias na pelve, além da
disfunção sexual para ambos os sexos”, explica o profissional.
Frente às
disfunções, a fisioterapia pélvica desempenha um papel crucial na saúde e
no bem-estar de homens e mulheres, oferecendo uma solução eficaz para problemas
que podem causar vergonha, ansiedade e depressão, além de permitir que as
pessoas recuperem o controle sobre sua saúde e qualidade de vida. “A
fisioterapia pélvica é um trabalho de conscientização, de conhecimento do
próprio corpo e de fortalecimento dos músculos do assoalho pélvico”, elucida a
fisioterapeuta do AmorSaúde, Aline Cristina Soares.
Confira detalhes
sobre o tratamento fisioterapêutico para problemas na pélvis:
Tratamento
para elas
Para as mulheres,
a fisioterapia pélvica é especialmente relevante. Problemas como escape
urinário, prolapsos de órgãos pélvicos (como bexiga, reto e uretra), dor
durante o sexo e perda de libido são frequentemente associados ao enfraquecimento
do assoalho pélvico. Mulheres que passaram por múltiplos partos sem a devida reabilitação,
por exemplo, podem ser candidatas a esse tipo de tratamento.
“No ambiento
sexual, o desempenho, a questão do prazer e tudo o mais são afetados quando
esses músculos estão rígidos demais ou com fibrose por conta de alguma cirurgia
de episiotomia, por exemplo, o que influencia até mesmo a falta de libido,
porque se a paciente sente dor, ela, consequentemente, não vai ter vontade de
ter relação sexual”, fala Aline, que atende na unidade de Maringá.
Existem inúmeros
exercícios que ajudam a fortalecer esses músculos, restaurando o controle sobre
essas funções e melhorando a qualidade de vida. “Todos os exercícios que
trabalham fortalecimento de abdômen e glúteo influenciam na força do assoalho
pélvico, porém os exercícios de Kegel são voltados especificamente para esse
fim”, exemplifica Aline, que indica também a necessidade do uso de
equipamentos, como perinas, laser e biofeedback para avaliar a força e a
contração dos músculos do assoalho pélvico.
“Como eu vou saber
ou mostrar a essa mulher que ela tem uma ou não contração efetiva? Às vezes é
preciso que eu ensine a ela essa consciência por meio do toque. Não é
confortável, há o tabu e existem aparelhos que mensuram essa contração ou
fraqueza. Então não é só olhar e falar ‘você precisa fazer o fortalecimento’,
pois muitas vezes a paciente nem sabe contrair aquela musculatura
especificamente”, elucida a profissional.
Tratamento
para eles
No caso dos
homens, a fisioterapia pélvica também desempenha um papel fundamental.
Problemas como prolapso, incontinência fecal e disfunção erétil podem ser
abordados e tratados com sucesso por meio dessas técnicas.
“Embora não seja
fatal, a incontinência fecal está associada a elevada morbilidade, uma vez que
leva à ansiedade e vergonha, assim muitas vezes o paciente não faz nenhum tipo
de exercícios, ficando só em seu local de forma sedentária. O tratamento
envolve equipe médica, a exemplo do proctologista, que constata a causa e prescreve
o tratamento medicamentoso, além de direcionar o paciente para o tratamento com
fisioterapeuta especializado na área”, elucida Alexandre, que atende na unidade
Campo Limpo, em São Paulo capital.
Os exercícios de
Kegel e outras abordagens específicas ajudam a fortalecer esses músculos,
restaurando o controle sobre essas funções e melhorando a qualidade de vida.
“O fortalecimento
do assoalho pélvico pode levar a ereções mais fortes e duradouras, melhorando a
vida sexual masculina de maneira significativa”, explica Aline.
Como é
uma sessão de fisioterapia?
Realizar sessões
de fisioterapia é um passo crucial na busca pelo bem-estar e pela recuperação
da saúde. Em geral, a sessão dura, aproximadamente, 40 minutos, sendo adaptada
para cada paciente conforme diagnóstico.
No primeiro
encontro com um profissional da área, será feita uma avaliação física
detalhada, que servirá como base para o profissional entender a condição e as
necessidades do paciente. Além disso, a anamnese é uma parte fundamental desse
processo, na qual o fisioterapeuta coleta informações sobre o histórico médico
do paciente, sintomas atuais e objetivos de tratamento. Essa troca de
informações ajuda a direcionar o plano de cuidados de forma personalizada.
A parte ativa da
sessão de fisioterapia envolve exercícios de alongamento e fortalecimento,
projetados para melhorar a flexibilidade, a força e a funcionalidade do corpo,
dependendo das necessidades individuais do paciente.
A frequência das
sessões varia de paciente para paciente, geralmente recomendando-se duas a três
vezes por semana, com intervalos de, pelo menos, um dia entre as sessões. “Isso
permite que o corpo se adapte ao estímulo e compreenda a diferença entre a
contração e o relaxamento dos músculos do assoalho pélvico”, fala Aline.
Outro aspecto
importante da sessão de fisioterapia é a manipulação. O fisioterapeuta utiliza
técnicas específicas para realizar manipulações em partes do corpo que estão
relacionadas ao diagnóstico do paciente. Essas manipulações visam aliviar a dor,
reduzir a inflamação e melhorar a mobilidade.
Para muitas
pessoas, o tabu em torno desses problemas também pode dificultar o acesso ao
tratamento, o que destaca a importância de conscientização e educação sobre a
fisioterapia pélvica.