O envelhecimento
cerebral também acomete os animais de estimação e vem sendo cada vez mais
relatado por médicos-veterinários
Pessoas que convivem com animais por mais de 10
anos conseguem perceber como o comportamento deles pode mudar com o passar dos
anos. É comum que pets mais idosos passem a ter menos interesse em novidades e
sejam menos ativos do que quando eram jovens, estas mudanças são esperadas, mas
aqueles indivíduos que passam a ter alteração acentuada de comportamento podem
estar sofrendo um declínio nas habilidades cognitivas.
A Disfunção Cognitiva é um reflexo do
envelhecimento cerebral, sendo uma doença neurodegenerativa crônica e
progressiva que pode acometer animais idosos, capaz de promover alterações no
sistema nervoso e acarretar sinais clínicos comportamentais. A doença vem sendo
cada vez mais relatada, principalmente pelo fato de os pets viverem cada vez
mais e mais próximos dos seus tutores.
“A Disfunção Cognitiva pode ocorrer em cães e gatos
mais idosos, mas não é de caráter obrigatório. Isso quer dizer que alguns
animais podem envelhecer sem apresentar nenhum grau de disfunção, com uma
disfunção leve ou com uma disfunção grave”, explica Pamela Meneghesso,
médica-veterinária gerente de produtos da Avert Saúde Animal. “Em comparação
com o seu humano, a Disfunção Cognitiva dos pets pode ser considerada algo
semelhante ao Alzheimer”.
A doença é caracterizada por diversas alterações
comportamentais nos animais mais velhos que refletem a perda da capacidade de
aprendizado, atenção, memória e noção espacial. A mudança de padrão de sono,
comportamentos de ansiedade, andar compulsivo em determinados momentos do dia e
a diminuição do grau de interação com tutores e outros animais são uns dos
sinais da disfunção cognitiva nos pets.
Para esclarecer um pouco mais sobre o assunto,
Pamela trouxe alguns mitos e verdades sobre pets idosos e a disfunção cognitiva:
O excesso de latido ou miado e
agressividade são sinais de dor.
DEPENDE! Um animal com dor pode sim ficar mais
agressivo, e também latir/uivar ou miar em excesso, mas essa não é a única
causa! Mudanças de comportamento, como a agressividade repentina, é um dos
sinais clássicos da disfunção cognitiva, assim como a vocalização em excesso.
Nestes casos, procurar um veterinário para garantir que a saúde física do pet
esteja bem é importante.
“Quando o pet fica idoso, ele
fica ‘pirracento’ e faz as necessidades fora do lugar”
MITO! Os pets tendem a ser adeptos das rotinas e de
seu espaço particular, especialmente os felinos. Escapes de xixi ou cocô podem
acontecer, principalmente se o animal está com alguma lesão, doença renal,
diarreia, ou problema que dificulte a sua locomoção até a área adequada para
fazer suas necessidades, mas se o problema ocorre com uma frequência
considerável, podem ser sinal de disfunção cognitiva e deve ser averiguado.
Estímulos físicos e mentais
ajudam na prevenção da disfunção cognitiva.
VERDADE! Brinquedos e comedores interativos são
excelentes para exercitar o cérebro, mas não é necessário gestar muito com
isso. Investir em passeios mais longos com os pets, onde haja gasto de energia
e muita variedade de coisas e espaços para explorar ajuda no desenvolvimento e
na proteção das funções cognitivas do animal. No caso dos felinos, que não saem
de casa, é essencial ter uma rotina de brincadeiras e muito espaço para
explorar e se exercitar diariamente – caixas de papelão e sacolas de papel
fazem sucesso com a espécie. Estes momentos também são importantes para
estreitar os laços entre pet e tutores!
Se o pet não consegue se
localizar na casa, é porque está ficando cego.
MITO! Existem muitos fatores que podem interferir
no senso de localização do pet, a perda da visão é um deles, mas o pet com
baixa visão costuma se adaptar rápido ao ambiente (quando mantido da forma) e
não fica encarando paredes ou batendo em móveis que sempre estiveram naquele
local. A disfunção cognitiva também pode estar relacionada à essa dificuldade
de localização. Além disso, mudança de móveis e reforma de casa pode exigir um
maior tempo de adaptação do pet idoso. Qualquer suspeita deve ser melhor
investigada.
Nutrição adequada pode ajudar
a combater a disfunção cognitiva.
VERDADE! Uma dieta rica em nutrientes que tenham
ações antioxidantes e neuroprotetoras são essenciais durante toda a vida do
pet, mas tem uma importância ainda maior para os pets idosos. Nutrientes como
Ômega-3, vitaminas C, E e do complexo B são responsáveis por proteger,
restaurar e fortalecer a síntese de importantes neurotransmissores, e podem ser
ofertados por meio de suplementos. O acréscimo de frutas e vegetais ricos em
flavonoides (maçã, morango, brócolis), carotenoides (mamão, cenoura,
batata-doce) e outros antioxidantes na dieta dos pets, orientado por um
médico-veterinário, auxiliam na proteção cerebral e na redução dos sintomas da
disfunção cognitiva.
Pet velho brinca menos!
DEPENDE! De fato, assim como acontece com os seres
humanos, os pets idosos tendem a se cansar mais rápido de brincadeiras e
atividades físicas, mas isso não quer dizer que eles não gostem de brincar ou
tenham perdido o interesse em qualquer atividade e sim que agora eles têm o
tempo deles. Animais que têm uma vida mais ativa na juventude tendem a manter
estes hábitos (com moderação) quando idosos. Porém, se o pet aparentemente se
esqueceu de como brincar com aquilo ou como fazer alguns truques que ele fazia
antes, este pode ser um sinal de alerta para disfunção cognitiva.
Não existe cura para a
disfunção cognitiva do pet.
VERDADE! A Disfunção Cognitiva nos pets é uma
doença degenerativa e progressiva, por isso não tem cura, mas o tratamento
adequado por meio de medicamentos, dieta e atividades que estimulem o pet
física e mentalmente, são pontos importantes que podem auxiliar na
desaceleração do progresso da doença e trazer mais qualidade de vida para o pet
e para os tutores!
“Envelhecer é um processo natural da vida, e este
processo deve ser tratado com todo carinho e respeito. A Disfunção Cognitiva é
apenas um dos motivos pelos quais os pets acima de 7 anos devem ter
acompanhamento periódico mais rigoroso e frequente com o médico-veterinário,
mas outras doenças relacionadas ao avanço da idade podem aparecer e, quanto
mais cedo diagnosticadas, melhores os resultados adquiridos com o tratamento,
permitindo que eles tenham uma vida mais longa, feliz e saudável”, finaliza.
Avert Saúde Animal
www.avertsaudeanimal.com.br