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Os avanços tecnológicos, em especial o mais recente, a inteligência artificial, são temas de profundos debates sobre a vida em sociedade, o futuro do trabalho e a necessidade de acompanharmos a evolução das “máquinas”. Curiosamente, embora estejamos falando de inovações, vemos seres humanos cada vez mais inseguros em função da ameaça de substituição.
Diante dessa insegurança, eis que surge o grande
erro na discussão sobre os efeitos que a inteligência artificial pode causar.
Explico-me: não indo muito longe, passamos pela era da revolução industrial,
depois entramos na era da revolução tecnológica (onde houve uma expansão
significa dos computadores, surgimento da internet, redes sociais etc.),
entramos na era da indústria 4.0 (onde máquinas se interligam com sistemas,
internet) e, por fim, estamos experimentando a tão temida inteligência
artificial.
Ok! Mas onde está mesmo o “bug”? ‘Elementar, meu
caro Watson!’ A tecnologia, bem como todas as inovações que ela nos traz, é uma
constante. Ela não é um fim em si. É meio. Ela sempre nos proporcionará novas e
novas possibilidades de utilização. O que nos leva a concluir que a tecnologia
não pode ser, de forma alguma, objeto principal da discussão, mas sim o que é
variável, justamente, nós, seres humanos. Ou, em outras palavras, sendo a
tecnologia algo em constante evolução, a responsabilidade de utilizá-la para
gerar qualidade de vida para toda a humanidade é, e sempre será, uma
prerrogativa da parte variável: nós. E ponto!
E como fazemos isso? Mudando o nosso local de busca
por respostas. Ao invés de perguntarmos para a inteligência artificial, para as
diversas tecnologias, como substituirmos postos de trabalho, devemos perguntar,
a nós mesmos, de carne e osso, como utilizá-las. Imaginem, por exemplo, para
despoluir rios, limpar os oceanos, recuperar biomas devastados, construir
moradias dignas para todos, instalar saneamento básico para todos, produzir
alimentos para todos, produzir energias limpas, instalar indústrias de
reciclagem, construir ferrovias, centros de pesquisas, hospitais, escolas,
transporte público de qualidade ou implementar qualquer solução que traga
bem-estar às pessoas e ao planeta.
Imaginaram? Agora pensem em quantas qualificações
precisaremos ter, formar, para construirmos um novo mundo melhor e sustentável.
Vai faltar trabalho? A inteligência artificial vai nos substituir? Não, seres
humanos, não vai, pois a falta de líderes no mundo e suas consequências, a
ganância que vem dilacerando nossos valores, a concentração de renda que faz
pessoas morrerem de fome, a soberba que tem escravizado parte da humanidade, o
consumo exorbitante que vem saqueando nosso planeta, a inveja que vem
alimentando a competição voraz, a preguiça que nos faz indiferentes e o ódio
que torna pessoas em objetos inanimados, não são problemas tecnológicos. São
nossos! Portanto, é hora de apertamos o nosso botão de reiniciar...