Helen Mavichian, psicoterapeuta infantojuvenil, esclarece como fazer para que uma nova paixão de um pai ou uma mãe seja recebida de braços abertos pelas crianças
O Dia dos Namorados é uma data especial para
celebrar o amor e os relacionamentos, mas também é uma boa oportunidade para
refletir sobre um assunto polêmico que costuma dividir opiniões: Qual é a
melhor forma para um pai ou uma mãe incluir um novo relacionamento na rotina de
seus filhos? Como fazer isso de uma forma saudável e sem impactos emocionais?
Embora cada situação seja única e cada criança
encare de forma individual, existem algumas dicas que podem ajudar nessa
transição. Primeiro, é importante segurar a ansiedade até que a relação tenha
um certa estabilidade, porque apresentar alguém que não se tem certeza de como
será o relacionamento, pode fazer com que a criança se apegue e tenha que
vivenciar um luto, caso ocorra um rompimento.
Passando essa fase inicial repleta de incertezas
movidas à paixão, é importante comunicar abertamente aos filhos sobre a
presença de um novo relacionamento na vida dos pais e da família. Os pequenos
devem ser informados de uma maneira adequada à idade e ao entendimento deles,
assegurando que compreendam que essa pessoa recém-chegada ao convívio familiar
não irá substituir seu pai ou sua mãe. As crianças precisam entender que a nova
pessoa é alguém importante na vida dos pais, que pode ser um novo amigo(a), mas
não ocupa o lugar deles.
Ao introduzir alguém na dinâmica familiar, é
recomendável começar gradualmente. O ideal é iniciar a interação por meio de
atividades simples como sair para um passeio em família, uma maneira leve que
permite que todos se conheçam melhor. Outro ponto interessante pode ser
apresentar coisas em comum entre a pessoa nova e a criança, para assim terem
temas para conversar e se conectar. É importante permitir que os filhos criem
seu próprio ritmo para se ajustar à nova dinâmica, sem forçar a intimidade ou a
proximidade emocional. Durante o processo de inclusão da nova pessoa na rotina,
é essencial que haja respeito, paciência e empatia por todas as partes
envolvidas, tendo sempre cuidado para não fazer comparações entre essa pessoa e
o pai ou a mãe, lembrando que cada pessoa é única e tem seu papel!
Além disso, é fundamental manter linhas abertas de
comunicação com os filhos. Encoraje-os a expressar seus sentimentos e preocupações
sobre a nova dinâmica familiar. Esteja disposto a ouvir e validar suas emoções,
mostrando que você se importa com o bem-estar deles. A abertura para a
comunicação ajudará a construir confiança e a fortalecer os laços familiares.
É importante estabelecer limites claros e
previsíveis, pois crianças precisam desse direcionamento para se sentirem
seguros e acolhidos. Isso significa que todos devem ter uma compreensão clara
das expectativas e dos papéis de cada pessoa na família. Os filhos devem entender
que, embora essa pessoa faça parte da vida dos pais, ela não tem autoridade
parental sobre eles, a menos que haja um arranjo específico nesse sentido. Os
limites adequados ajudam a criar uma estrutura saudável e a evitar confusões ou
conflitos com ambas as partes.
Cabe ressaltar que cada família é única e o
processo de inclusão de uma presença na casa e na rotina pode levar tempo e
requer ajustes de todas as partes envolvidas. É essencial ser paciente e
compreensivo, tanto com os filhos quanto com a nova pessoa. O respeito mútuo, a
comunicação aberta, a flexibilidade e, acima de tudo, o amor são fundamentais
para cultivar um ambiente saudável e harmonioso para todos.
Helen Mavichian - psicoterapeuta especializada em
crianças e adolescentes e Mestre em Distúrbios do Desenvolvimento pela
Universidade Presbiteriana Mackenzie. É graduada em Psicologia, com
especialização em Psicopedagogia. Pesquisadora do Laboratório de Neurociência
Cognitiva e Social, da Universidade Presbiteriana Mackenzie. Possui experiência
na área de Psicologia, com ênfase em neuropsicologia e avaliação de leitura e
escrita. https://helenpsicologa.com.br/