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quarta-feira, 3 de maio de 2023

Como organizar um chá de casa nova?


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A mudança de endereço marca o início de uma nova fase da vida e, por isso, merece todo o cuidado na elaboração da festa que celebra esse momento  

 

Um dos eventos mais importantes e aguardados da vida adulta é a saída da casa dos pais. Morar sozinho ou com uma pessoa amada certamente apresenta desafios, mas a rotina garante que o orgulho e a alegria sejam proporcionais ao aumento repentino de responsabilidades. Diante da característica singular desse acontecimento se encontram as justificativas para reunir amigos e familiares em comemoração à mudança de lar.  

Assim como outras festas brasileiras com a nomenclatura de “chá”, o de casa nova também suscita, mesmo que nas entrelinhas, o direcionamento dos presentes a serem compartilhados com os anfitriões. Mas, com um pouco de planejamento e criatividade, é possível desburocratizar o evento e torná-lo, de fato, produtivo, sem perder o brilho de ser um ato de celebração pela nova etapa da vida.


 

Organizando  o evento


A percepção de que basta decidir data, local, buffet, lista dos utensílios e convidados não poderia ser mais equivocada. Além dessas obrigações essenciais, o host deve tornar a celebração interessante e divertida, afinal, ela raramente acontece duas vezes ao longo de uma existência humana. Algumas dicas podem contribuir no processo criativo:

 

  • Festa temática: caso seja realizada à noite, pode-se utilizar como base temas de baile de máscaras ou à fantasia;
  • Gincanas: promover competições com jogos de tabuleiro ou cartas é um exemplo de entretenimento simples e eficiente; 
  • Lembrança personalizada: se apenas pessoas queridas estiverem reunidas, vale a pena pedir que façam algo que fique marcado na história da casa, como plantar uma árvore ou fazer, de próprio punho, algum artesanato;

  • Mãos na massa: outra maneira de envolver e entreter os convidados é levá-los até a cozinha e compartilhar receitas caseiras.  

Cabe ressaltar ainda que essas alternativas de provocar a aproximação e construção de memórias ao longo do encontro não retiram de quem o promove a necessidade de ser gentil e elegante. Portanto, o ambiente precisa ser agradável, ter comida e bebida à disposição e, se possível, oferecer uma lembrancinha de recordação. 

 

Lista de presentes


É comum existir certo receio de especificar os produtos a serem comprados em eventos como o chá de casa nova. Entretanto, a listagem evita desperdícios e a obtenção de peças sem utilidade para a realidade e rotina do morador. O fato é que, apesar dos sites especializados em criar listas de presentes, quem nunca montou uma casa encontrará dificuldades para perceber quais são os itens fundamentais da mobília. 

 

Diante disso, o modo assertivo de delimitar os objetos demanda a observação individual de cada cômodo. Isto é, ao invés de projetar todo o imóvel, cria-se pequenas listas com os artigos, móveis e eletrodomésticos essenciais de cada espaço. Independentemente da impossibilidade de ganhar tudo que foi listado, do ventilador à geladeira, esse levantamento é importante, inclusive, para orientar os investimentos futuros no novo lar. 



Dia Nacional do Uso Racional de Medicamentos

Lugar de medicamento é na Farmácia e com orientação do farmacêutico!

 

Conselho Regional de Farmácia do Estado de SP reforça posicionamento contrário a projeto de lei que autoriza a venda de medicamentos em supermercados e reforça os riscos do uso indiscriminado

 

Na data em que se celebra o Dia Nacional do Uso Racional de Medicamentos (5 de maio), o Conselho Regional de Farmácia do Estado de São Paulo (CRF-SP) se manifesta sobre os riscos que a possível autorização da venda de medicamentos que dispensam receita médica em supermercados e estabelecimentos similares pode acarretar à saúde pública.

A entidade reforça o alerta após o deputado federal Domingos Sávio (PL) apresentar, em 19 de abril passado, proposta de emenda ao Projeto de Lei 1774/19 à Comissão de Saúde da Câmara dos Deputados com nova redação que diz que o comércio de medicamentos isentos de prescrição pode ser feito em supermercados e similares, “sem a necessidade de intervenção de farmacêutico para a dispensação”.

Além dos riscos implícitos na comercialização de medicamentos em locais que não contam com a assistência farmacêutica, gerando a falsa impressão de que esses produtos podem ser tratados como qualquer mercadoria, o posicionamento do Conselho se baseia em estudos que apontam dados estatísticos sobre automedicação, intoxicações, internações e até óbitos em decorrência do consumo incorreto ou abusivo de medicamentos, inclusive os que dispensam receita.

Um dos estudos, publicado na Revista da Faculdade de Saúde Pública da USP, com dados obtidos entre 2009 e 2018, revela que o Sistema Nacional de Informações Tóxico-Farmacológicas (Sinitox) registrou no período 254.135 casos de intoxicação no Brasil, com um total de 710 óbitos (0,28%), sendo os medicamentos a principal causa de intoxicação dentre todos os agentes notificados.

Somente em 2016, a intoxicação acidental foi uma das principais causas das ocorrências com medicamentos, representando cerca de um terço dos casos notificados (32,7%).

No mesmo período, foram registradas 85.811 internações hospitalares devido à intoxicação medicamentosa, sendo 3% causadas por medicamentos isentos de prescrição (MIP). Do total, 2.644 óbitos (3,08%) resultaram em óbitos.

A venda de medicamentos em supermercados e estabelecimentos similares pode reforçar o grave problema da automedicação, como aponta uma outra pesquisa realizada em 2022 que demonstrou que este é um hábito comum a 89% dos brasileiros.  

Muitos pacientes cometem erros, abusos e sofrem consequências adversas devido à automedicação. Como exemplo, pode-se citar que em pacientes que se automedicam, a ocorrência de eventos adversos é 28% superior quando comparada com os pacientes que não fazem a prática da automedicação.

Para o presidente do CRF-SP, Dr. Marcelo Polacow, a proposta da emenda apresentada pelo deputado Domingos Sávio é o tipo de iniciativa que possui caráter único e exclusivamente comercial e sem comprometimento com a saúde da população: “Medicamentos não são produtos comuns e não podem ser banalizados. Temos muitos dados que comprovam que o uso inadequado de medicamentos é uma das principais causas de intoxicação no país e que isso representa importantes custos para a saúde, não só ao SUS, mas também à toda rede privada e planos de saúde”.

 

Exemplos de problemas provocados pelo uso de medicamentos isentos de prescrição sem orientação farmacêutica

 

 - Paracetamol: em dose elevada pode gerar toxicidade ao fígado. Os eventos adversos mais comuns incluem náusea, vômito, sudorese intensa, palidez, anorexia e mal-estar geral;

- Ibuprofeno: pode provocar exantema (irritação na pele), tontura, distúrbios gastrintestinais. Apresenta como reações ocasionais retenção de líquido, cefaleia, constipação e diminuição do apetite;

- Dipirona: pode provocar reações de hipersensibilidade com manifestações cutâneas do tipo alérgica.

- Hidróxido de magnésio (antiácido): pode provocar cólicas intestinais, diarreia, hipotensão, fraqueza muscular, depressão respiratória e desequilíbrio eletrolítico;

- Vitamina C: altas doses podem causar náuseas, vômitos e diarreia. Se utilizado por tempo prolongado podem causar distúrbios digestivos, eritema, cefaleia, aumento da diurese e litíase oxálica ou úrica em pacientes com insuficiência renal e naqueles predispostos à calculose (cálculo renal);

- Vitamina D: a ingestão excessiva de vitamina D3 pode causar secura da boca, cefaleia, poliúria (aumento da frequência de micções), perda de apetite, náuseas, vômitos, fadiga, sensação de fraqueza, aumento da pressão arterial, dor muscular, prurido, perda de peso, confusão mental, ataxia, distúrbios psíquicos, coma, insuficiência renal e arritmias cardíacas.

 

Exemplos de interações entre medicamentos comumente utilizados pela população:

 

- Hidróxido de alumínio pode prejudicar a absorção de cetoconazol (utilizado para o tratamento de infecções fúngicas);

- Ibuprofeno pode reduzir os efeitos da hidroclorotiazida (medicamento diurético utilizado no controle da hipertensão arterial);

- Dipirona pode reduzir o efeito do ácido acetilsalicílico na agregação plaquetária. Por isso, essa combinação deve ser usada com precaução em pacientes que tomam baixa dose de ácido acetilsalicílico para cardioproteção;

- Acetilcisteína por via oral pode reduzir os efeitos da carbamazepina (anticonvulsivante);

- Butilbrometo de escopolamina pode aumentar a ação taquicárdica do salbutamol (utilizado para aliviar sintomas de asma, bronquite crônica e enfisema);

- Ácido acetilsalicílico pode causar sangramento gastrintestinal quando utilizado concomitantemente com anticoagulantes.

 

Frente Parlamentar em Defesa da Assembleia Legislativa

 Além de se mobilizar contra a apresentação de projetos que atentam contra o Uso Racional de Medicamentos no Brasil, como o PL 1774/19, uma das novidades em 2023, no âmbito do Legislativo Estadual, foi a criação da Frente Parlamentar em Defesa da Assistência Farmacêutica pela Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo (Alesp).

Coordenada pelo deputado estadual Thiago Auricchio, a Frente conta com o apoio do CRF-SP e tem como objetivo promover estudos e debates com vistas a aprimorar a legislação e as políticas públicas regionais sobre o tema. Além do deputado Thiago, a Frente Parlamentar conta com a participação de 36 deputados entre membros e apoiadores de diversos partidos.

O lançamento da Frente Parlamentar em Defesa da Assistência Farmacêutica será em 10 de maio, às 19h, no Auditório Teotônio Vilela da Alesp (Avenida Pedro Álvares Cabral, 201 - Moema, São Paulo – SP).

 

Podcast Farmácia em Dia – Episódio especial

 Criado este ano pelo CRF-SP, o podcast Farmácia em Dia terá um episódio dedicado ao Uso Racional de Medicamentos com dicas e orientações voltadas para a população, com participações da assessora técnica do Conselho, Dra. Amouni Mourad, e da conselheira Dra. Adryella Luz, que coordena o Grupo Técnico de Trabalho em Infectologia. A moderação será da vice-presidente do Conselho, Dra. Luciana Canetto.

 

Folderes para a população

 Os folderes desenvolvidos pelo CRF-SP tem o objetivo de incentivar e fornecer ferramentas para que o farmacêutico atue ativamente com a população.

Tais campanhas são de grande relevância para a saúde pública, pois as farmácias são os estabelecimentos de saúde de mais fácil acesso aos cidadãos brasileiros, e o farmacêutico, profissional de saúde, pode desenvolver um papel muito importante na luta contra esses males, contribuindo na diminuição dos índices e na melhora da qualidade de vida dos pacientes.

Clique aqui e conheça

 


Conselho Regional de Farmácia do Estado de São Paulo - CRF-SP
www.crfsp.org.br


Diabetes aumenta em até 10 vezes o risco para doenças cardiovasculares

Eventos cardiovasculares ocorrem 10 a 15 anos mais cedo em pessoas com DM1

#COPEM2023

“O diabetes tipo 1 aumenta de duas até 10 vezes o risco de doenças cardiovasculares, dependendo do grau de controle glicêmico. Assim como para o diabetes tipo 2, a doença cardiovascular é também a maior causa de morte para as pessoas com diabetes tipo 1”, alerta Dr. Fernando Valente, endocrinologista palestrante do 15º Congresso Paulista de Endocrinologia e Metabologia, o COPEM 2023, que acontece de 4 a 6 de maio no Centro de Convenções Frei Caneca, em São Paulo.

 

Em outras palavras, para aqueles que mantêm os valores de açúcar no sangue dentro das metas ideais (hemoglobina glicada próxima a 7%, ou seja, média de glicose ao longo do dia de 150 mg/dL nos últimos 3 meses) o risco é duas vezes maior de doença cardiovascular em relação a quem não tem diabetes. Mas para os que permanecem com glicose média de 240 mg/dL (hemoglobina glicada de 10%) o risco é dez vezes maior de ter doença cardiovascular.

 

De acordo com o endocrinologista, os dados epidemiológicos sobre diabetes e doença cardiovascular são mais abundantes para diabetes tipo 2: dados mundiais mostram que, aos 45 anos, mais de 70% dos homens e 50% das mulheres com diabetes tipo 1 (DM1) têm calcificação nas artérias coronárias, um importante marcador de risco de infarto do coração.

A incidência da doença cardiovascular varia conforme a idade de apresentação do diabetes, a duração da doença, o gênero e a etnia. Para jovens entre 30 e 40 anos de idade e diabetes tipo 1, o risco de doença coronariana é de 1% ao ano (risco intermediário); após os 55 anos, esse risco passa de 3% ao ano (muito alto risco).

 

“Considerando apenas as pessoas acima dos 30 anos, uma em cada três pessoas com diabetes tipo 1 morre de doença cardiovascular. Em média, os eventos cardiovasculares ocorrem 10 a 15 anos mais cedo em pessoas com diabetes tipo 1 quando comparadas a pessoas sem diabetes”, conta Dr. Fernando.

 

Diversos mecanismos estão envolvidos na relação DM1 e doença cardiovascular. O diabetes tipo 1 pode provocar rigidez vascular e entupimento das artérias e veias ao longo do tempo por alterar a função das células que revestem internamente os vasos sanguíneos (endotélio) e por facilitar o depósito de gordura nos vasos e a formação de trombos, já que as partículas de colesterol são qualitativamente piores.

 

O LDL (colesterol ruim) se torna uma partícula mais densa e o HDL (colesterol bom) fica disfuncional, perdendo a sua capacidade anti-inflamatória, o que resulta em maior formação de placa de gordura nas artérias. A elevação do açúcar no sangue e a baixa quantidade de insulina contribuem para causar inflamação nos vasos sanguíneos do corpo todo.

 

“Com ou sem diabetes, a doença cardiovascular evolui de maneira silenciosa ao longo da vida, até que ocorre um estreitamento significativo do espaço para a passagem do sangue. Em pessoas sem diabetes, a manifestação dessa oclusão vascular é mais clara, com dor aguda e de forte intensidade no peito. Nas com diabetes, a apresentação pode ser atípica, apenas com falta de ar, desconforto torácico ou náusea, sem dor”, explica o médico.

 

Ele conta que de 1998 para 2014, o risco de morte por doença cardiovascular em pessoas com diabetes tipo 1 diminuiu em 40%. “Isso é reflexo do avanço no conhecimento médico, da educação das pessoas com diabetes sobre a própria doença, da maior ênfase na necessidade de monitorização do açúcar do sangue e, principalmente, do tratamento dos principais fatores de risco para doença cardiovascular, que são a alteração nos níveis de colesterol e pressão arterial, além da evolução do próprio tratamento para o diabetes. Para prevenir eventos cardiovasculares é fundamental o atingimento de metas de glicose, colesterol e pressão arterial”.

 

Entre as novidades sobre o assunto que serão apresentadas durante o COPEM 2023 estão os estudos recentes que mostram que pessoas com diabetes tipo 1 (e não apenas tipo 2) também têm aumento de resistência à insulina quando comparadas às pessoas sem diabetes e que, do ponto de vista cardiovascular, a presença de resistência à insulina no diabetes tipo 1 é um marcador mais forte de risco do que o próprio controle glicêmico.

 

“Está havendo uma mudança no perfil das pessoas com diabetes tipo 1: não são mais apenas crianças e adolescentes magros. Um terço à metade desses indivíduos está acima do peso e em torno de 80% dos indivíduos com diabetes tipo 1 são adultos. Isso porque quase a metade têm o diagnóstico já na vida adulta, além do fato de que os diagnosticados na infância ou adolescência tiveram o risco de morte por complicações metabólicas reduzido e a expectativa de vida aumentada”, finaliza Dr. Fernando Valente, cuja palestra no COPEM 2023 - congresso organizado pela Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia Regional São Paulo (SBEM-SP) - será “Doença cardiovascular no diabetes tipo 1: epidemiologia e mecanismos subjacentes”.

 

#COPEM2023

Centro de Convenções Frei Caneca,

Rua Frei Caneca 569, Bela Vista, São Paulo

4 a 6 de maio de 2023

                                                               www.copem2023.com.br




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Médica refuta cinco mitos sobre a dor

Por ser uma doença invisível, a dor acaba sendo alvo de muitas informações falsas. Um dos objetivos de dra. Amelie Falconi é esclarecer dúvidas sobre o tema


Ninguém gosta de sentir dor, mas todo mundo experimenta essa sensação um dia na vida. Dependendo de suas características, principalmente referente a periodicidade, a dor pode tornar-se crônica. Quando isso acontece acaba recebendo a alcunha de doença invisível, porque é sentida, mas raramente identificada. Em razão desta dificuldade em comprová-la, quem sofre de dor crônica costuma ser alvo de descrença, não só de pessoas próximas, mas de profissionais da saúde. Afinal, vale a lógica, o que não se vê não existe. Por conta disso, o estudo da dor crônica acaba sendo relegado a segundo plano, o que faz com que o assunto fique envolto em muitos mistérios.

Por conta de circunstâncias da vida, a médica Amelie Falconi seguiu a direção contrária da maioria dos médicos e resolveu mergulhar fundo nos estudos sobre a dor; especializou-se em dor na Faculdade do Hospital Santa Casa, em São Paulo e fundou o Comitê de Medicina Integrativa e Dor Crônica da Sociedade Brasileira do Estudo da Dor (Sbed). Hoje é médica intervencionista em dor e atua em diversas frentes para dirimir dúvidas sobre o tema. Nesse sentido, a seguir, Amelie desmistifica pensamentos comuns a respeito da dor.

Mito 1 – Exercício físico piora o desgaste articular

Amelie afirma que, ao ser realizado de forma adequada e supervisionada, geralmente, o exercício físico não piora o desgaste articular. “Muito pelo contrário, a prática traz benefícios à saúde das articulações, incluindo a prevenção ou retardamento do desgaste articular, também chamado de osteoartrite”, diz.

Segundo ela, o exercício físico pode ter um papel importante na prevenção e manejo da osteoartrite, pois promove o fortalecimento dos músculos que suportam as articulações; envolve movimento, que pode ajudar a manter a flexibilidade das articulações; atua no controle do peso, que, em excesso, sobrecarrega as articulações de carga, como os joelhos; e melhora a circulação sanguínea para as articulações, o que pode ajudar a fornecer nutrientes essenciais para a cartilagem e outras estruturas articulares.


Mito 2 – Repouso melhora a dor

Amelie afirma que o repouso pode ser útil em certos casos agudos de dor, como após uma torção de tornozelo, e por um tempo limitado. Contudo, faz uma ressalva de que, em muitos casos de dor crônica, o repouso prolongado tende a piorar a condição. “Isto porque acaba levando ao descondicionamento físico, à perda de força muscular, à diminuição de flexibilidade e até mesmo ao aumento da sensibilidade à dor”, diz. Por seu lado, a atividade física regular consegue minimizar todos os pontos acima descritos.

De acordo com a médica intervencionista, deve-se dar muita atenção ao tipo e à intensidade do exercício físico, pois estes devem ser individualizados e adequados às condições de saúde e às limitações do paciente com dor crônica. “Assim, é fundamental consultar um profissional de saúde qualificado para desenvolver um plano de exercícios adequado e seguro, levando em consideração a causa da dor, o estado de saúde geral do paciente, e outros fatores relevantes”, afirma.


Mito 3 – Exames de imagem mostram a causa e a intensidade da dor

A resposta é não. Conforme Amelie, geralmente exames de imagem, como radiografias, ressonâncias magnéticas (RM) e tomografias computadorizadas, não são capazes de mostrar a intensidade da dor. A médica intervencionista em dor explica que os exames de imagens têm como sua função principal identificar alterações nas estruturas do corpo que possam estar ligadas a condições médicas que causam dor. Dessa forma, os exames de imagem podem ajudar a identificar a causa subjacente da dor, avaliar a gravidade e extensão da condição e auxiliar na definição do plano de tratamento, mas não podem medir a intensidade da dor.

“A dor é experiência subjetiva e individual, cuja intensidade varia de pessoa para pessoa”, diz. Para avaliar sua intensidade, segundo a médica intervencionista em dor, utiliza-se, principalmente, o relato do paciente sobre sua experiênia de dor, que é coletado via ferramentas subjetivas, como a Escala Númerica da Dor (END) e a Escala Visual Analógica (EVA).


Mito 4 – Criança não sente dor

Quando o médico avalia a intensidade da dor, conforme as escalas citadas, ele enfatiza a importância de o paciente comunicar de forma clara sua experiência de dor, descrevendo a localização, a qualidade, a duração e a intensidade dela. Como bebês e crianças pequenas não são capazes de expressar verbalmente o que sentem, é muito comum que se pense que eles não são capazes de sentir dor. Tal ilação não poderia ser mais equivocada. “A dor é uma experiência sensorial e emocional desagradável que pode ser experimentada por pessoas de todas as idades, incluindo crianças”, afirma Amelie.

Segundo a médica intervencionista em dor, bebês e crianças pequenas costumam expressar dor chorando, ficando inquietas, contorcendo-se, evitando toques ou movimentos específicos ou por meio de mudança no comportamento ou no humor. “Por isso, a importância de pais, cuidadores e profissionais de saúde ficarem atentos ao qualquer sinal e sintoma de dor nas crianças, para fornecerem o devido cuidado e conforto”, diz. Sempre levando em conta que a experiência de dor de uma criança pode ser diferente com relação a um adulto, devido a diferenças de desenvolvimento e maturação do sistema nervoso, além de diferenças culturais e individuais.


Mito 5 – Velhice é sinônimo de dor

“O envelhecimento é um processo natural e inevitável que afeta o corpo de várias maneiras e a dor pode ser uma das manifestações desse processo. Várias condições de saúde associadas ao envelhecimento contribuem para a sensação de dor e fatores como diminuição da massa muscular, perda de densidade óssea e diminuição da flexibilidade”, comenta Amelie.

Conforme a médica intervencionista em dor, embora a dor possa ser comum em pessoas mais velhas, isso não significa que ela é inerente ao envelhecimento, ou seja, pode ser evitada ou mitigada de diversas maneiras. “Há muitas opções de tratamento disponíveis para ajudar a gerenciar a dor em pessoas idosas, incluindo medicamentos, terapias físicas, abordagens não medicamentosas e modificação de estilo de vida”, afirma.

 



Dra. Amelie Falconi - Especialização em Medicina da Dor pela Santa Casa da Misericórdia de São Paulo. Título de Especialista em Dor pela AMB (Associação Médico Brasileira). Fellow Of International Pain Practice (FIPP) pelo World Institute of Pain (WIP). Fellowship de Intervenção em Dor - Clínica Aliviar / sinpain Rio de Janeiro. Pós-graduação em Medicina Intervencionista da Dor Guiada Por Ultrassonografia – sinpain. Pós-graduação em Anestesia Regional - Instituto de Ensino e Pesquisa do Hospital Sírio Libanês. Especialização em Anestesiologia MEC / SBA. Medicina pela Universidade Federal de Juiz de Fora – UFJF. Ministra aulas na pós-graduação de medicina intervencionista da dor do Hospital Albert Einstein. Ministra aulas na pós-graduação de medicina intervencionista da dor na Faculdade sinpain.

Tratamento de câncer de mama está associado a ganho de peso

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Pesquisa realizada pela primeira vez somente com brasileiras em quatro regiões do País indica a necessidade de acompanhamento nutricional a pacientes que fazem quimioterapia


Um estudo realizado pela primeira vez somente com mulheres brasileiras confirma que a quimioterapia provoca aumento de peso e interfere no índice de massa gorda em pacientes que tratam o câncer de mama. A pesquisa recente, publicada pelo Multidisciplinary Digital Publishing Institute (MDPI), foi realizada em quatro regiões do País e envolveu instituições importantes como A.C. Camargo Cancer Center, em São Paulo, referência internacional no tratamento da doença. “Os dados mostram que as mulheres que fazem quimioterapia precisam, necessariamente, de um acompanhamento nutricional realizado por especialistas”, afirma um dos autores do estudo, o mastologista Ruffo Freitas-Junior, assessor especial da Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM).

Entre 2004 e 2018, Freitas-Junior e outros 13 pesquisadores de importantes universidades brasileiras e também da Universidade de Queensland, na Austrália, coletaram informações sobre 304 pacientes em tratamento de câncer de mama em seis Estados de quatro regiões brasileiras: São Paulo, Minas Gerais (Sudeste), Rio Grande do Sul, Santa Catarina (Sul), Goiás (Centro-Oeste) e Ceará (Nordeste). Os resultados da investigação estão no artigo “Impacto do regime quimioterápico na composição corporal de mulheres com câncer de mama: estudo multicêntrico em quatro regiões brasileiras”.

“Estudos ao redor do mundo, associando ganho de peso, aumento de massa gorda, são de conhecimento da comunidade médica. Mas acreditamos que pela primeira vez temos dados avaliados exclusivamente com a população brasileira”, destaca o mastologista da SBM.

Para selecionar as participantes brasileiras no estudo, os pesquisadores consideraram mulheres com idade igual ou superior a 18 anos, com câncer de mama em estágios clínicos de I a III, ou seja, de casos iniciais a avançados. Todas as pacientes, informa Freitas-Junior, foram submetidas a tratamento com taxanos, principal droga quimioterápica conhecida pela sigla TC.

De acordo com o mastologista, a pesquisa foi iniciada com as pacientes no momento do diagnóstico. “Ou seja, o estudo começa antes da primeira sessão de quimioterapia e segue até duas semanas após a finalização do ciclo de aplicação da droga”, explica.

Depois das sessões de quimioterapia, o especialista conta que as brasileiras com câncer de mama apresentaram maior Índice de Massa Corpórea (IMC), na comparação com um estudo realizado com mulheres dinarmarquesas.

O ganho de peso, indica a pesquisa nacional, pode variar entre 8 e 10 quilos, independentemente da idade das pacientes, estadiamento clínico do câncer de mama e consumo de alimentos. “Para realizar a quimioterapia, as mulheres enfrentam mudanças na rotina diária”, destaca Freitas-Junior. “Os efeitos colaterais das drogas interferem na alimentação e na atividade física, o que leva a um menor fluxo de energia e, consequentemente, à desaceleração do metabolismo”, completa.

 

Nutrição e exercícios

Como forma de amenizar o ganho de peso e de massa gorda em mulheres que tratam o câncer, o mastologista destaca a importância de um acompanhamento nutricional, assim como a prática de atividade física, ambas acompanhadas por especialistas.

Aliada na recuperação das pacientes, a alimentação também tem papel fundamental para evitar a doença. A literatura científica é unânime ao destacar a importância de uma dieta equilibrada e vários especialistas destacam o papel dos alimentos funcionais como auxiliares preventivos deste tipo de neoplasia.

Os alimentos funcionais compõem um grupo amplamente estudado pela Ciência. São ácidos graxos, poliinsaturados ômega 3, prebióticos e probióticos, entre outros. Neste sentido, pesquisas indicam que dietas baseadas no consumo regular de frutas, vegetais, cereais integrais, ervas, entre outros, são coadjuvantes da boa saúde.

Tão importante quanto os estudos científicos, como o que foi publicado pela MDPI, do qual Ruffo Freitas-Junior participa, e sinaliza aprimoramentos no tratamento do câncer, é disseminar entre a população brasileira medidas que tenham impacto positivo na qualidade de vida e na prevenção da doença. “Alimentação equilibrada, prática regular de atividade física, sem dúvida, aparecem no topo da lista”, finaliza o mastologista.


Entenda a polêmica sobre o jejum intermitente

A prática tem se tornado cada vez mais comum para perda de peso. Mas ela é realmente eficaz?


Muito comentado nos últimos tempos, o jejum intermitente causa polêmica e traz opiniões controversas. A série documental da Netflix chamada “A Indústria da Cura” abordou, recentemente, um episódio inteiro para falar sobre seu uso e riscos quando a ferramenta não é aplicada da maneira correta. A estratégia para perda de peso possui defensores ferrenhos, mas causa dúvidas a respeito de eficácia e efeitos colaterais.

“A controvérsia já começa no fato de que existem muitos modelos de jejum intermitente (jejum tempo restrito, modelo com jejum total, alternância entre dias livres com dieta de 500kcal, entre outros). Cada um tem sua particularidade e há pessoas que acham mais fácil seguir planos como esse do que uma restrição calórica monótona todos os dias. Porém, a adesão com jejum intermitente é, na média, mais baixa que com dietas tradicionais”, explica o endocrinologista e metabologista Igor Barcelos, especializado pela Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia.

Ele ressalta que muitos defensores dizem que o jejum aumenta o gasto energético por conta da diminuição acentuada de insulina (cetogênese), mas que há evidências de que o fato não ocorre nos humanos, uma vez que o corpo leva muito mais tempo para deixar a cetose se instalar do que as 16 horas que alguns preconizam.

Em resumo, se uma pessoa decide realizar o procedimento, o que leva ao emagrecimento é muito mais a restrição calórica, que pode ser alcançada de maneira saudável com uma dieta indicada por especialista. “Se, mesmo assim, o jejum intermitente faz sentido para você, ele pode ser uma modalidade a ser aplicada no seu caso, mas lembrando que o mais importante é o quanto você consegue manter uma restrição calórica por longo prazo. E nem sempre o que é bom para você é também para outra pessoa”, adverte.

De fato, existem vários estudos promissores usando a estratégia de jejum intermitente em ratos obesos, o que leva à perda de peso, diminuição da pressão arterial, queda nos níveis de colesterol e de açúcar no sangue. Ainda assim, pesquisas em humanos não demonstram superioridade a qualquer outro tipo de dieta.

Segundo o Dr. Igor, é sabido que entre as refeições (e sem alimentos) os níveis de insulina diminuem e as células de gordura liberam o açúcar armazenado para ser usado como energia. “A ideia do jejum intermitente é promover que esses níveis de insulina diminuam o suficiente e por tempo o bastante para queimarmos mais gordura. Os dados sugerem que isso ocorra após 8-10 hs da última refeição”, conta.

Outras pesquisas mostram que o momento do início do jejum é fundamental para o seu sucesso. Na verdade, quando feito de forma combinada com uma dieta e estilo de vida saudáveis, ele pode ser eficaz para a perda de peso, especialmente para pessoas em risco de diabetes. No entanto, não deve ser indicado para pacientes já diabéticos e em fase de tratamento, indivíduos com histórico de distúrbios alimentares e mulheres grávidas ou que amamentam. 



Dr. Igor Barcelos - Médico Endocrinologista e Metabologista, com título de especialista pela SBEM (Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia). Somando mais de 30 mil pacientes no Brasil, dentre as suas formações estão a residência em Clínica Médica e Pós-graduação em Medicina do Esporte pela UNIFESP. Dr. Igor já atuou como professor universitário e hoje realiza palestras e treinamentos em sua área, sendo uma referência para colegas e pacientes em grandes eventos. Também possui formações em desenvolvimento pessoal e negócios, sendo membro de grandes grupos com intenso networking, que possibilita crescimento e atualizações constantes em seus negócios.
@drigorbarcelos
https://meuendocrino.com.br/


Você acha que entende da sua saúde? Repense...

- Uma jovem mãe escuta de pessoas da sua comunidade que o leite materno é fraco e começa a usar fórmulas e engrossantes na alimentação do seu bebê, a despeito da insistência do pediatra no aleitamento materno exclusivo.

- Uma adolescente que inicia sua vida sexual sabe da importância do uso de preservativos para prevenir doenças e gestação indesejadas, mas não consegue dialogar com o namorado que prefere não usar, alegando ser confiável.

- Um jovem ciclista morre por um traumatismo craniano, morte que teria sido evitada pelo uso do capacete.

- Um senhor aposentado acaba de ficar cego por um diabetes negligenciado por anos.

- Um casal de jovens pais leva rotineiramente o filho ao pronto socorro nas primeiras horas de febre, pois “vai que é algo grave”.

Exemplos não faltam e esses não são incomuns à nossa realidade, já nos deparamos com situações semelhantes a essas. E assim, pessoas e sistemas de saúde no mundo todo precisam lidar com sofrimento, mortes e custos evitáveis, todos por consequência do baixo letramento em saúde. O termo, por vezes traduzido também como literacia em saúde - do inglês health literacy - ainda não é muito conhecido. Trata-se da habilidade que se tem de acessar, compreender e ter crítica sobre a credibilidade de uma informação em saúde, bem como ter a motivação para colocar esse conhecimento em prática. Significa também conseguir se comunicar adequadamente sobre o tema e trafegar eficientemente no sistema de saúde em que se está inserido.

É comum se reduzir o letramento em saúde a conhecimento em saúde, porém trata-se de uma simplificação grosseira. Aqui vale a tríade: Conhecimento – Habilidades – Atitudes. Em outras palavras: não basta saber que gorduras saturadas são nocivas à saúde (Conhecimento) se não se souber ler um rótulo de informações nutricionais nos alimentos (Habilidades)  e se não optar por alimentos com menores níveis dessas gorduras no supermercado (Atitudes). Conhecimento não determina obrigatoriamente comportamento, caso contrário não teríamos médicos tabagistas, nutricionistas com maus hábitos alimentares e educadores físicos sedentários.

Países europeus, Estados Unidos e Austrália têm sido os pioneiros nesse campo. Ferramentas para aferir o grau de letramento em saúde em diferentes contextos têm sido desenvolvidas, sendo que as principais já começam a ser traduzidas e validadas para o Brasil. Os dados são desanimadores. Comparações são difíceis, pela diversidade de testes e contextos, mas estudos têm mostrado que apenas 12% dos norte-americanos possuem níveis adequados de letramento em saúde. Os dados europeus e australianos, apesar de menos graves, ainda são preocupantes. O Brasil ainda se encontra muito aquém na aferição dos níveis de letramento em saúde de sua população. É provável que boa parte das cerca de 700 mil mortes prematuras que acontecem todo ano no Brasil – dados pré pandemia de Covid-19 – poderia ser evitada pela melhoria do letramento em saúde da população. Sem estudos de abrangência nacional, torna-se mais desafiador o desenho de estratégias efetivas de promoção em saúde. Ao contrário do que se presume, o baixo letramento em saúde atinge todas as classes sociais e níveis educacionais, porém suas consequências são desproporcionalmente piores em populações mais vulneráveis. Crianças cujos pais e cuidadores tenham baixo letramento em saúde não apenas têm sua segurança ameaçada, mas também deixam de receber conhecimentos, e desenvolver atitudes e comportamentos que serão fundamentais para a sua saúde, tanto na prevenção de doenças, bem como nos cuidados de condições agudas e crônicas. Como exemplos de efeitos deletérios do baixo letramento em saúde de pais e cuidadores, temos o conhecimento e comportamentos inadequados sobre nutrição; maiores taxas de obesidade e desnutrição; mais erros de medicação; maior uso de serviços de emergência, entre outros.

O tamanho do prejuízo também assombra. Nos Estados Unidos, estima-se que entre 7 e 17% de todos os gastos em saúde decorram do baixo letramento em saúde da população, o que, anualmente, pode significar um prejuízo de até 238 bilhões de dólares no país. Se ações não forem tomadas para a reversão desse cenário, estimam-se gastos da ordem de 1,6 a 3,6 trilhões de dólares para as futuras gerações de cidadãos norte americanos. É inegável que a sustentabilidade de sistemas públicos e privados de saúde passa obrigatoriamente pela melhora dos níveis de letramento em saúde em todo mundo. Não à toa, a Declaração de Xangai, fruto da 9ª Conferência Global de Promoção da Saúde, promovida pela OMS em 2016, estabeleceu três eixos de ação para incluir a Promoção da Saúde no Desenvolvimento Sustentável: Boa Governança, Cidades Saudáveis e Letramento em Saúde. Periódicos de impacto na área econômica, como a revista The Economist, têm dedicado edições especiais exclusivamente para analisar a questão. Ademais, diversos estudos vêm comprovando que o investimento em letramento em saúde vale a pena. Análises de custo-efetividade de diversas estratégias de intervenção para melhora do letramento em saúde na Europa calculam um retorno sobre o investimento de até 27,4 euros e um retorno social de até 7,3 euros por euro investidos. Em relação aos cuidados de crianças, estratégias de intervenção para melhorar o letramento em saúde de pais e cuidadores já foram desenhadas e testadas em outros países, com resultados significativos como maior sucesso da amamentação, bons hábitos alimentares, melhores níveis de atividade física, menor uso de serviços de emergência, entre outros.

Por se tratar não apenas de conhecimento, mas também de habilidades e atitudes, a melhor estratégia para formar cidadãos letrados em saúde é iniciar desde a primeira infância. Contudo, apesar de mais eficiente, os impactos da intervenção iniciados na infância demorarão a ser percebidos. É importante intervir também em adultos e idosos, que sofrem no presente com seu baixo letramento em saúde.

Recentemente, foi criado o termo letramento em saúde institucional. Refere-se ao quanto um sistema de saúde, suas instituições e seus agentes realizam ações que considerem e promovam o letramento em saúde daqueles de quem cuidam. Por exemplo, profissionais de saúde que atuam na linha de frente, em especial na Estratégia Saúde da Família – ESF, podem mitigar os efeitos do baixo letramento em saúde procurando alinhar a comunicação e as necessidades de cuidados de saúde com as competências de letramento em saúde das famílias. A FIOCRUZ recentemente vem promovendo a formação de profissionais de saúde em letramento em saúde.

Quando entendermos que o letramento em saúde é peça fundamental na complexa engrenagem dos sistemas de saúde e que é nossa melhor estratégia para melhora da qualidade de vida, longevidade produtiva, sustentabilidade de sistemas de saúde e, por reflexo, blindagem anti-fake news, será impossível continuar ignorando a questão. É urgente que o país com o maior sistema público de saúde passe a trazer o letramento em saúde para o centro da discussão e para o planejamento das políticas de atenção básica.

 

Raquel Ajub Moysés - médica do Hospital das Clínicas de SP, Mestre em Saúde Pública pela Universidade de Harvard e idealizadora da Curar Educação em Saúde

 Heloisa Helena Oliveira - economista e Diretora-presidente do Instituto Opy de Saúde


Pesquisa do Iamspe amplia protocolo de exames para identificar risco de doenças cardiovasculares em pacientes com artrite reumatoide

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Trabalho concluiu que exames de ultrassom com doppler nas artérias carótida e femoral devem ser utilizados com mais frequência para identificar risco de infarto, derrame e morte súbita em mulheres com atrite reumatoide


Pesquisa realizada pelo Instituto de Assistência Médica ao Servidor Público Estadual (Iamspe) aperfeiçoou a identificação do risco de doenças cardiovasculares em mulheres com atrite reumatoide. O novo protocolo de tratamento inclui a realização de exame de ultrassom com doppler nas artérias carótida e femoral. A partir da nova metodologia foi possível detectar com mais precisão aumento na espessura dos vasos e presença de placas de gordura. As alterações podem causar infarto do miocárdio, acidente vascular cerebral (AVC), derrame e morte súbita.

A nova abordagem de identificação de problemas cardiovasculares em pacientes com artrite foi reconhecida pelo: Journal of Clinical Rheumatology dos Estados Unidos. O veículo publicou o trabalho “Cardiovascular Risk Assessment in Women With Rheumatoid Arthritis Through Carotid and Femoral Artery Doppler Ultrasound” do Iamspe no volume 28 do periódico, disponibilizado em março de 2023.

De acordo com a reumatologista e autora da pesquisa, Dra. Nathália Sacilotto, a análise dessas artérias tende a ser ignorada na realização dos exames de rotina do tratamento da artrite reumatoide. “81% das participantes da pesquisa com artrite apresentaram placas de gorduras ou engrossamento das paredes da artéria femoral, vaso que leva sangue para os membros inferiores do corpo”, explica. Durante a análise, também foram identificadas alterações na espessura da artéria carótida - que leva sangue ao cérebro - em 31% das mulheres com a doença autoimune.

Para o estudo, as equipes dos Serviços de Reumatologia e de Cirurgia Vascular do Hospital do Servidor Público Estadual (HSPE) acompanharam 70 mulheres com mais de 44 anos. As participantes foram organizadas em dois grupos: um de 35 pacientes com diagnóstico de artrite reumatoide há uma década e outro com as demais 35 sem a doença.

O resultado da pesquisa surpreende, pois todas as participantes do estudo foram selecionadas por apresentarem baixo risco de eventos relacionados às doenças cardiovasculares. A classificação foi feita com base na avaliação da Liga Europeia Contra Reumatismo, sigla em inglês Eular.

O estudo reforça a necessidade do cuidado redobrado das equipes médicas com pacientes, que vivem com a artrite reumatoide. Essa população tem de duas a três chances a mais de sofrer com problemas cardiovasculares. O motivo da cautela está na inflamação nos vasos sanguíneos, causada pela artrite reumatoide, que estreita ou obstruí o fluxo de sangue. O controle da doença com terapia medicamentosa diminui os riscos e os episódios de dor intensa.

A especialista explica também que a dificuldade de locomoção causada pela artrite contribui ainda mais para o acúmulo de gorduras nas artérias. “Essas mulheres enfrentam inflamações e fortes dores nas juntas em decorrência da doença. Por isso, muitas deixam de realizar atividades físicas, o que, em longo prazo, contribui para esse quadro”, pontua.

Dra. Sacilotto ainda acrescenta como método de prevenção a adoção de um estilo de vida saudável. “Auxilia na redução das placas de gordura nas artérias: alimentação balanceada, boa noite de sono e prática de exercício físico de baixo impacto, principalmente, para as pessoas que estão em tratamento para o controle da artrite reumatoide”, encerra.

 

Instituto de Assistência Médica ao Servidor Público Estadual de São Paulo – Iamspe


Saiba como identificar as diferenças de sintomas entre um resfriado e uma rinite alérgica

Embora ambas as doenças tenham sintomas em comum, há algumas diferenças entre as suas ocorrências, além dos tratamentos recomendados


Com as mudanças de estações e a chegada de clima frio, alguns sintomas típicos de resfriado podem acometer as pessoas. Mas, em muitos casos, pode haver uma confusão deles com os sintomas de uma rinite alérgica. Porém, há algumas diferenças essenciais, conforme aponta a alergista do Hospital Edmundo Vasconcelos, Marisa Ribeiro.

“A rinite é um quadro de inflamação das vias aéreas provocado por fatores ambientais, como alérgenos como a poeira e o mofo, enquanto os resfriados são infecções causadas por vírus. Alguns sintomas são parecidos como a coriza, a obstrução nasal, congestão nasal, espirros e coceira, mas a principal diferença é que na rinite esse quadro se dá de maneira mais crônica, sob algumas condições ou situações específicas”, afirma a médica, ressaltando que os sintomas de resfriado podem ser acompanhados também por febre, mal-estar e dor no corpo, que não costumam estar presentes nos casos de rinite.

Para saber diferenciar as doenças, preciso verificar o que está desencadeando os sintomas, segundo explica Marisa Ribeiro. Ela destaca que se houve alguma mudança de clima e temperatura ou se o paciente teve contato com alguma poeira, mofo ou cheiro é mais provável que o caso seja de rinite. Isso também se dá quando não houver dor de garganta e febre, sintomas mais comuns aos resfriados. “O resfriado é um caso agudo, que depois de um tempo se resolve. No caso da rinite não, é um caso recorrente, contínuo e que pode ir e voltar de acordo com esses contatos e exposições frequentes a esses agentes”, analisa.

Em relação aos tratamentos, a médica alergista reitera que para o resfriado não há um tratamento específico, mas que a utilização de um analgésico ou medicamento para a dor, além de uma boa hidratação e uma lavagem nasal com soro, podem ser suficientes. “A limpeza nasal impede que o resfriado possa evoluir para um caso mais grave de infecção bacteriana, associada à febre e ao catarro escuro”, diz. De acordo com ela, também é importante ficar de repouso e evitar o contato com outras pessoas para evitar a transmissão do vírus.

Já no caso da rinite, os casos são recorrentes, com episódios que podem vir desde a infância. Embora a higiene nasal também possa ser uma orientação, é preciso investigar a causa da rinite. “É importante realizar testes de alergia, porque muitas vezes ela é causada por alérgenos do ambiente, como ácaro, poeira e pelos de animais. Se a pessoa souber a causa ela poderá encontrar um controle para compreender as variantes e realizar tratamentos específicos. Há medicamentos tópicos que podem desinflamar o nariz, mas também é possível fazer a imunoterapia, a chamada vacina da alergia, que também pode ter a sua utilização avaliada como tratamento”, explica.

A identificação de alergias passa pela checagem do histórico do paciente, além da realização de exames de sangue e exames cutâneos que ajudam a identificar os quadros existentes. A médica, porém, enaltece que é importante que o paciente também tenha histórias de episódios de casos alérgicos como complemento aos exames. “ Se o paciente não tem nenhum caso e o exame dá positivo ele não é considerado alérgico. É preciso dos dois para a conclusão de um caso de alergia”, finaliza.

 

Hospital Edmundo Vasconcelos
www.hpev.com.br

 

Dormindo por dois: a importância do sono na gravidez

Fique de olho no ronco durante a gestação


O sono é fundamental para vários tipos de funções vitais do corpo e sabemos que muitos fatores interferem na sua qualidade. Mas e durante a gravidez , como será que fica o sono das mulheres? Na gestação, são tantas as mudanças que é impossível não haver um impacto na rotina de sono. Tem o volume abdominal, os desconfortos causados pela azia ou refluxo, a pressão no diafragma e o aumento da frequência urinária.

Helena Hachul, ginecologista responsável pelo Setor de Sono na Mulher da Escola Paulista de Medicina da UNIFESP e membro da Associação Brasileira do Sono, destaca que no primeiro trimestre as gestantes sentem muito sono porque há um aumento do hormônio beta HCG: “Em geral, as pacientes sentem muita sonolência, cansaço e vontade de dormir à tarde. Além dos enjoos, que ajudam a ter o sono mais fragmentado”, explica. Para ajudar a lidar com esses fatores, a ginecologista recomenda que as mulheres – na medida do possível, tentem descansar durante o dia, tirando cochilos e até deitando-se por meia hora ou quarenta minutos.

O segundo trimestre da gravidez é a fase em que as mudanças no corpo costumam ficar mais visíveis, mas os enjoos e o cansaço costumam diminuir. Nesta etapa, muitas mulheres relatam um período de calmaria e, como a barriga ainda não cresceu muito, o peso e o desconforto para dormir não incomodam a ponto de afetar o sono.


Dicas para o último trimestre

Dormir no último trimestre da gravidez não é uma tarefa das mais fáceis. O sono volta a ficar mais fragmentado, pois há o aumento abdominal impactando o diafragma e dificultando a respiração, uma pressão maior do útero na bexiga fazendo com a gestante precise urinar mais vezes e a ansiedade porque o parto está chegando.Para este período, a especialista tem uma recomendação que é fundamental: “A grávida deve procurar dormir sempre virada para o lado esquerdo, pois isso descomprime a veia cava e facilita a circulação. Também pode deitar virada para o lado direito, mas evitar ao máximo dormir de barriga para cima”, explica a ginecologista.


Fique de olho no ronco

Cada gravidez é única e todas as questões devem ser sempre tratadas com a ajuda de médicos especialistas. Helena, que também é uma das autoras da pesquisa “Dormindo por dois: a importância de dormir bem durante a gravidez”, chama a atenção para um ponto importante que pode aparecer no decorrer dos nove meses: o ronco. Principalmente, se vier associado à hipertensão.

“Temos muitos estudos que já mostraram que as pacientes que roncam têm maior probabilidade de ter desfechos neonatais desfavoráveis. Por isso, é importante observar os casos de ronco e apneia”, destaca. Para a ginecologista, é importante mencionar para o médico se a paciente apresenta alguma dessas situações. A presença do companheiro ou companheira durante a consulta pode ajudar a trazer estas informações.

 

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