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sexta-feira, 9 de setembro de 2022

Campanha ‘Bem Me Quer, Bem Me Quero’ alerta para a valorização do autocuidado em prol da saúde mental

Com o tema “Cuidar da sua saúde mental é um exercício diário”, iniciativa chama atenção para o excesso de autocobrança e busca da perfeição nas redes sociais



O equilíbrio e o autocuidado são fundamentais no nosso cotidiano, seja no âmbito profissional ou na vida pessoal. As consequências para a saúde mental por conta da pandemia da Covid-19 já são visíveis. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), houve um aumento de 25% na prevalência de ansiedade e depressão em todo o mundo1. No dia a dia, autocobrança excessiva, pressões e aumento de demanda impostos ainda pela Covid-19, somados às longas horas de exposição a qualquer tipo de aparelho eletrônico, contribuíram para a propensão a transtornos como ansiedade e depressão.

 

A Viatris e a Associação Brasileira de Familiares, Amigos e Portadores de Transtornos Afetivos (ABRATA) lançam, pelo segundo ano consecutivo, a campanha “Bem Me Quer, Bem Me Quero: Cuidar da sua saúde mental é um exercício diário”. Com o objetivo de conscientizar a população sobre depressão, ansiedade e prevenção ao suicídio por meio da valorização do autocuidado e do equilíbrio na rotina, a campanha acontece durante o Setembro Amarelo – mês voltado à prevenção ao suicídio.

 

O cérebro humano só se dedica a uma atividade por vez, colocando as demais funções em automático. Por isso, é preciso estabelecer pausas, tanto na rotina pessoal quanto na profissional”, explica a neurologista e diretora médica da Viatris, Elizabeth Bilevicius.


 

Menos autocobrança e tempo nas telas

 

Algumas atitudes podem fazer a diferença e contribuir para a saúde mental, como não ficar o tempo todo conectado na internet, estabelecer horários, evitar bebidas cafeinadas em excesso e optar por uma alimentação equilibrada.

 

De acordo com a OMS, o Brasil lidera o ranking de casos de depressão na América Latina – mais de 11,5 milhões de brasileiros sofrem com a doença – e ocupa o topo do mais ansioso do mundo - cerca de 19 milhões de pessoas têm transtorno de ansiedade no país²

 

Marta Axthelm, presidente da ABRATA, comenta. “A autocobrança para dar conta de tantos papéis, principalmente para as mulheres, – profissional, mãe, parceira, amiga – no dia a dia pode ser um gatilho para a depressão. É essencial reduzir o tempo de acesso às redes sociais, principalmente no período da noite. No caso da depressão, a condição pode apresentar muito sono, mas tem o outro lado, que é a insônia”.


 

Campanha traz mensagens de apoio

 

A campanha da ABRATA e da Viatris oferece ao público um hotsite (www.bemmequerbemmequero.com) com informações sobre depressão, ansiedade e suicídio, com textos, dicas, perguntas frequentes sobre os temas, mitos e verdades que podem auxiliar quem está passando pelo problema ou conhece alguém nesta condição. A iniciativa adotou o girassol como o símbolo da vida, que, assim como os seres humanos, precisa do apoio de todo o ecossistema para se manter firme todos os dias.

 

A campanha terá ainda a exibição de um vídeo em salas de cinema de São Paulo durante o mês de setembro com um depoimento sobre a rotina de uma pessoa com depressão e a importância do equilíbrio como uma forma de cuidar da saúde mental. Veja o vídeo: https://www.youtube.com/watch?v=XL1CsijmDL4 

 

A depressão costuma manifestar sinais, mas na maioria dos casos o paciente não percebe. Já no caso do suicídio, quem pensa em tirar a própria vida quase sempre dá sinais, mas boa parte das pessoas que estão ao seu redor não consegue identificá-los. Por isso, o Setembro Amarelo é tão importante para debater esses temas. Mais uma vez reforçamos nosso papel em promover iniciativas que despertam a conscientização do autocuidado em prol da saúde mental e que também estimulam a população a olhar ao redor para identificar que alguém próximo precisa de ajuda”, finaliza Marta Axthelm

 

 

SOBRE A VIATRIS

A Viatris Inc. é uma empresa farmacêutica global que capacita pessoas em todo o mundo a viver com mais saúde em todas as fases da vida. Fornecemos acesso a medicamentos, avançamos em operações sustentáveis, desenvolvemos soluções inovadoras e alavancamos nossa experiência coletiva para conectar mais pessoas a mais produtos e serviços por meio de nosso exclusivo Global Healthcare Gateway®. Formada em novembro de 2020, a Viatris reúne experiência científica, de fabricação e distribuição com recursos regulatórios, médicos e comerciais comprovados para fornecer medicamentos de alta qualidade a pacientes em mais de 165 países e territórios. O portfólio da Viatris compreende mais de 1.400 moléculas aprovadas em uma ampla gama de áreas terapêuticas, abrangendo doenças não transmissíveis e infecciosas, incluindo marcas mundialmente reconhecidas, medicamentos complexos genéricos e de marca, um portfólio de biossimilares e uma variedade de medicamentos de venda livre produtos de consumo. Com aproximadamente 37.000 colegas em todo o mundo, a Viatris está sediada nos EUA, com centros globais em Pittsburgh, Xangai e Hyderabad, Índia. Saiba mais em viatris.com.br e investor.viatris.com. Conecte-se conosco também pelo Twitter @ViatrisInc,  LinkedIn YouTube.

 

SOBRE A ABRATA

A Associação Brasileira de Familiares, Amigos e Portadores de Transtornos Afetivos é uma entidade civil sem fins lucrativos voltada à necessidade de atender pessoas portadoras de transtornos do humor, como depressão e transtorno bipolar, assim como seus familiares e amigos. Com sede em São Paulo, a associação reúne representantes de diversas universidades e desenvolve múltiplas atividades com o objetivo de levar conhecimento e informação à sociedade sobre a natureza dos transtornos do humor, além de apoiar psicossocialmente os portadores de depressão, transtorno bipolar, seus familiares e amigos. Mais informações: https://www.abrata.org.br/.

Redes sociais: InstagramFacebook e YouTube

 

Referências

  1. Pietrabissa G, Simpson SG. Psychological Consequences of Social Isolation During COVID-19 Outbreak. Front Psychol. 2020 Sep 9;11:2201.
  2. Organização Mundial da Saúde. Disponível em https://apps.who.int/iris/bitstream/handle/10665/254610/W?sequence=1.

Acesso em 20/07/2022 às 8h42.


Setembro Amarelo: Suicídio é a segunda causa de morte entre jovens

Psicóloga diz que falar sobre o assunto com responsabilidade e cuidado não induz ou reforça os pensamentos suicidas, pelo contrário, ajuda na prevenção

 

A passagem do cantor canadense Justin Bieber pelo Rock in Rio e o cancelamento dos outros shows que faria no Brasil, Chile e Argentina expuseram um fato incontestável: é urgente falar sobre saúde mental e depressão.

 

Sem condições de continuar a turnê Justice World Tour, o astro pop interrompeu a agenda por tempo indeterminado para cuidar de si. Ainda assim, em pleno Setembro Amarelo, mês dedicado à prevenção do suicídio, a condição de saúde do astro pop virou meme nas redes sociais.

 

Em 2020, o artista revelou que teve depressão e enfrentou pensamentos suicidas durante a adolescência, expondo sua história no documentário “Justin Bieber: Next Chapter”. Ao longo da carreira, teve outros problemas de saúde e agora, aos 28 anos, sai de cena mais uma vez para cuidar da saúde mental.

 

De acordo com a Organização Mundial da Saúde, o suicídio é a segunda principal causa de morte entre jovens com idade entre 15 e 29 anos, um período de grande turbulência e mudanças. “As dificuldades de transição para a vida adulta podem levar a um sofrimento psíquico e ao isolamento do jovem da família e dos seus pares”, alerta a psicóloga Daniela Jungles, supervisora do Serviço-Escola de Psicologia do UniCuritiba – instituição da Ânima Educação, uma das principais organizações de ensino superior do país.

 

Para reverter as estatísticas, a professora garante: falar sobre suicídio é uma oportunidade para quebrar tabus e permitir que as pessoas se sintam encorajadas a pedir ajuda. “Precisamos, sim, falar sobre depressão e suicídio, mas não de qualquer jeito. Essa questão deve ser tratada com responsabilidade e conhecimento, sem banalização.”

Grupos de risco

A imaturidade do sistema nervoso, explica Daniela Jungles, torna os jovens extremamente impulsivos e vulneráveis. Em muitos casos, os adolescentes enxergam o suicídio com uma solução permanente para problemas que, na verdade, são apenas temporários. “Sem contar a pressão da modernidade que gera falta de autoconfiança, confusão de ideias e pressão para ter sucesso sempre. Para os jovens, toda essa pressão pode comprometer a sua saúde mental.”

 

Mestre em Ciências da Educação pela Université de Sherbrooke (Canadá), ela afirma que perguntar diretamente se uma pessoa está pensando em suicídio não vai sugerir ou reforçar a ideia, mas abrir a porta para a expressão do sofrimento.

 

“Pessoas com ideação suicida ficam aliviadas com a possibilidade de compartilhar o fardo de tais pensamentos. Todos podem, um dia, se deparar com a grande angústia de uma pessoa com pensamentos suicidas. Para ajudá-la, nós precisamos ouvi-la sem julgamentos e orientar a busca de um suporte profissional.”

 

Ao contrário do que a maioria imagina, o primeiro passo para vencer os mitos e tabus que cercam o assunto é entender que a depressão não é uma escolha. “O suicídio é, na verdade, uma não escolha. A pessoa não consegue enxergar outra saída para acabar com o sofrimento”, comenta a psicóloga.

 

Causas do suicídio e fatores de proteção

Pesquisas em suicidologia mostram que mais de 90% das pessoas que cometeram suicídio sofriam de um ou mais problemas de saúde mental, como depressão, ansiedade, vícios, esquizofrenia etc., mas o evento suicida, segundo a professora Daniela Jungles, é um fenômeno muito mais complexo.

 

“O suicídio envolve fatores psicológicos, sociais, biológicos, culturais e ambientais. A existência de um problema de saúde mental pode ser um dos fatores de risco, mas não um determinante”, afirma.

 

Uma das formas de proteção apontadas pelo Fórum Brasileiro de Suicidologia está, justamente, na conexão com familiares, comunidade, amigos e instituições sociais. Os cuidados com a saúde comportamental, autoestima e um senso de propósito ou significado de vida se somam à lista.

 

Outros fatores de prevenção são o desenvolvimento de habilidades para o enfrentamento dos problemas e a capacidade de se adaptar às mudanças e circunstâncias da vida, assim como crenças culturais, religiosas ou pessoais que desencorajam o suicídio.

Ajuda especializada

Diante de uma pessoa em crise suicida ou com pensamentos suicidas, falar sobre o assunto é o primeiro passo. O segundo é indicar o auxílio de profissionais habilitados. O importante é saber que uma pessoa em crise suicida pode ser ajudada. “Na maioria dos casos, com os devidos cuidados, os pensamentos suicidas cessam”, diz a supervisora do Serviço-Escola de Psicologia do UniCuritiba.

 

A especialista revela que pensamentos suicidas são, muitas vezes, um estado mental temporário e, mesmo que uma pessoa esteja mal por bastante tempo, a crise suicida geralmente tem duração limitada. “Oferecer uma escuta atenta e apoio emocional a uma pessoa vulnerável pode, portanto, reduzir o risco de suicídio.”

 

Pedido de socorro

Segundo Daniela, é um erro pensar que alguém com ideação suicida não dá indícios. “A ameaça de suicídio deve ser levada a sério e não pode ser vista como manipulação ou necessidade de chamar a atenção. A pessoa que faz isso está realmente sofrendo e precisa de ajuda. Ameaças de suicídio são pedidos de socorro.”

 

Outro ponto de atenção são as ameaças repetidas ou que se estendem por um longo período. “A repetição da mensagem pode dessensibilizar as pessoas ao redor para a importância e a gravidade da situação, o que é outro equívoco. ”

 

Como falar com as crianças

Dizer a verdade às crianças é importante, o segredo está na escolha das palavras. Como a compreensão da morte e do suicídio varia de acordo com a idade, a conversa deve ser conduzida de forma simples, verdadeira e clara. “Evite explicações vagas, mas também evite detalhes mórbidos. A dica é respeitar a curiosidade da criança e deixar que ela traga suas perguntas”, finaliza a professora do UniCuritiba.

 

UniCuritiba

 

Dia Mundial da Prevenção ao Suicídio: conscientização da saúde mental e gerenciamento do estresse podem salvar vidas


Dia Mundial da Prevenção ao Suicídio (WSPD), comemorado anualmente em 10 de setembro, é organizado pela Associação Internacional para a Prevenção do Suicídio (IASP) e endossado pela Organização Mundial da Saúde (OMS).

 

A cada 40 segundos, alguém perde a vida por suicídio. Um estudo que examinou o comportamento suicida durante o lockdown do COVID-19 na Índia pelo 'International Journal of Mental Health Systems' encontrou um aumento de 67,7% nos relatos da mídia on-line sobre comportamento suicida. Em comparação com 2019, os suicídios relatados durante o lockdown foram de indivíduos significativamente mais velhos, com maior probabilidade de ter entre 31 e 50 anos. 

 

No primeiro ano da pandemia em 2021, a prevalência global de ansiedade e depressão aumentou em 25%, de acordo com um resumo científico divulgado pela (OMS). As preocupações com possíveis aumentos para 2022, levaram 90% dos países a incluírem programas de apoio à saúde mental e psicossocial. Assim fazendo um Chamado de alerta a todos os países para intensificar os serviços e apoio de saúde mental. 

 

Dr. Higor Caldato (@drhigorcaldato) - médico psiquiatra e sócio da clínica Nutrindo Ideais (@nutrindoideais) com especializações em psicoterapias e transtornos alimentares, diz que o Dia Mundial de Prevenção ao Suicídio é um dia de conscientização, que vem todos os anos com o objetivo de reforçar a conversa sobre o suicídio e mostrar que a prevenção e recuperação dessas pessoas é possível, e ele é um dos profissionais que se mobiliza sempre para falar sobre o assunto através de um olhar direcionado para a psicoeducação.

 

Houve um aumento significativo nos casos de ansiedade e depressão observado em consultório, durante e pós pandemia. Dr. Caldato, ressalta: “os transtornos mentais sempre estiveram presentes, só pioraram após a pandemia. Além disso, notamos que as pessoas se tornaram mais conscientes de suas emoções e sentimentos após lockdown. Parecem estar menos resistentes a falar sobre suas emoções e mais conscientes em buscar ajuda. Adolescentes e crianças estão realmente entre os mais afetados, os adolescentes me confidenciam medo do futuro e de voltar a se socializar presencialmente, além do mundo virtual; o motivo é a necessidade cada vez maior de aprovação por pessoas que cada vez mais se comparam às outras. Sendo assim, reforço que cada um deve valorizar seus potenciais e entender os seus limites. Ao alinharmos essas expectativas, podemos reduzir a impulsividade diante das frustrações, melhorar a autoestima e evitar o pensamento ou desejo de morte.”

 

Para o Dr. Alexandre Lucidi (@alucidi) - médico geneticista, atuante em Neurogenética e neurologia, gatilhos importantes podem ser o meio ambiente e o estilo de vida que tanto são observados na geração atual. A frase do sociólogo polonês Zygmunt Bauman em que descreve “vivemos em tempos líquidos. Nada foi feito para durar” exemplifica o caráter temporário das coisas e a maior quantidade de informação distribuída. Muitas vezes existe uma exigência para cumprir padrões assistidos na mídia e a frustração dos desejos com poucos recursos psíquicos pode causar estresse, ansiedade e depressão. Dr. Alexandre Lucidi comenta: “a difusão de informação através de mídias digitais e a participação de redes sociais podem ser interessantes quando a qualidade do consumo é avaliada de forma positiva. Existem programas de suporte à saúde mental on-line, por exemplo.”

 

Entretanto, os programas assistenciais de saúde mental poderiam ser mais abrangentes para a população em geral. As organizações de saúde deveriam atender alunos de escolas públicas gratuitamente ou dar um desconto considerável para que alcancemos e possamos prevenir casos de suicídio.

 

No Brasil temos o CVV – Centro de Valorização da Vida realiza apoio emocional e prevenção do suicídio, que atendente gratuitamente todas as pessoas que precisam conversar, sob total sigilo pelo telefone 188, e-mail e chat 24 horas todos os dias.

 

FONTES:

 

Dr. Higor Caldato, médico psiquiatra e sócio da Nutrindo Ideais, especialista em psicoterapias e transtornos alimentares (@drhigorcaldato). Graduado em medicina pelo Instituto Tocantinense Presidente Antônio Carlos (ITPAC/FAHESA) e fez sua residência médica em psiquiatria pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), bem como suas especializações de psicoterapias e transtornos alimentares também pela universidade carioca.

 

Dr. Alexandre Lucidi (@alucidi) - médico geneticista, atuante em Neurogenética e Neuroimunologia. Com atuação em Neurogenética e Neuroimunologia, é graduado em Medicina pela Universidade Estácio de Sá (UNESA), tem Residência Médica em Genética Médica pelo Instituto Nacional da Saúde da Criança, da Mulher e do Adolescente Fernandes Figueira, Fiocruz (IFF/Fiocruz) e Especialização em Neurologia pela Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro. É mestrando do Programa de Pós Graduação em Neurologia da UNIRIO/HUGG e participa de estudos fase 3 na mesma instituição. É integrante da equipe de Neurologistas do Hospital Copa D’Or/ Rede D’Or São Luiz e voluntário em ações de conscientização sobre a esclerose múltipla na Associação de Pacientes do Estado do Rio de Janeiro.

 


REFERÊNCIAS:  

Análise de reportagens da mídia sobre suicídios e tentativas de suicídio durante o bloqueio do COVID-19 na Índia - https://ijmhs.biomedcentral.com/articles/10.1186/s13033-020-00422- 

Segurança do paciente e prevenção do suicídio em serviços de saúde mental: hora de um novo paradigma? - https://www.tandfonline.com/doi/full/10.1080/09638237.2020.1714013 

Pandemia de COVID-19 desencadeia aumento de 25% na prevalência de ansiedade e depressão em todo o mundo- https://www.who.int/news/item/02-03-2022-covid-19-pandemic-triggers-25-increase-in-prevalence-of-anxiety-and-depression-worldwide

 

O que eu perdi ao longo do caminho

Durante nossos anos verdes, juntamente com a mudança de nossas características físicas, peculiares de cada fase da vida, vamos mudando de estágios e, em cada um deles, portas vão se abrindo, caminhos vão aparecendo e, preparados ou não, precisamos fazer escolhas. Não há como correr delas.

O tempo, como grande amigo que observa e cuida de tudo que fazemos, vai passando, em seu ritmo paciencioso, e fazendo as suas entregas. Não esquece de nada e, aos poucos, apresenta o pacote completo, com todos os prazeres, as alegrias, os aprendizados, as dores, as tristezas... Enfim, ele nos mostra como experimentamos o desenrolar de nossas decisões.

Escolhemos a profissão, o trabalho, casamo-nos, temos filhos, divorciamo-nos... ou decidimos não fazer nada disso, o que também é uma escolha! Na maioria das decisões que tomamos, imperam os modelos que temos já construídos e que nos levam a uma certa continuidade de padrões que nos são familiares ou ao rompimento com eles.

Entretanto, em algum ponto da vida, quando nos olhamos no espelho e já não encontramos mais aquele “ar” de frescor da juventude, e isso pode acontecer aos 30, 40, 50, 60, 70... sentimos alguma dificuldade de enxergar que aquele caminho percorrido, que trouxe essa colheita, partiu de uma decisão de plantio.

Então, em algum momento, aparece o desânimo, a solidão, o questionamento sobre o que ficou para trás, e a sensação gelada de que algo ficou perdido na jornada, parecida com aquela quando você se dá conta de que esqueceu algo importante, sabe?

Há dias em que essa sensação se torna presente e toma conta. Este é o sinal de que chegou o tempo: o tempo de pausa, de conversar com você mesmo. A vida te chama para o grande momento, é quando mais uma porta se abre e, desta vez, com a maturidade, com o seu eu adulto, é possível refletir sobre dois pontos fundamentais.

1- No decorrer da vida, apenas executamos o planejado, mesmo que de maneira inconsciente. Há comprovação científica de que escolhemos nosso roteiro de vida, (pasmem!) até os 7 anos de idade. Isso quer dizer que gostemos ou não do resultado, fomos nós que o construímos assim, por mais que não tenhamos consciência plena disso.

Assim, assumir a responsabilidade pelo que aconteceu até agora, seja vitória, seja derrota, seja alegria, seja tristeza, enfim seja algo que contabilizamos como satisfação ou como frustração é ponto crucial para encontrar o que ficou pelo caminho. Não outros responsáveis, a escolha foi sua.

2- Ao observar a vida sob uma perspectiva mais ampla, só somos completos com a morte, o que significa que, se estamos vivos, ainda há tempo para fazermos o que realmente desejamos sem nos limitarmos ao julgamento dos outros, sejam eles nossa família, amigos, comunidade religiosa, profissional ou acadêmica.

Isso quer dizer que nunca é tarde demais para nada. Mas também quer dizer que é preciso ter coragem para satisfazer, com nossa performance ou nossa aparência na vida, uma única pessoa: nós mesmos. Significa sim contrariar padrões, estilos, rotinas, vontade dos outros, mesmo que “os outros” sejam os pais, companheiros, amigos, cônjuges ou filhos.

Ter coragem para ser e agir diferente do esperado pelas pessoas que convivem com você é tomar deliciosamente a decisão de ser você mesmo. Não é pouca coisa, é um desafio. Mas, siga a intuição, pois ela carrega nossos desejos latentes, e quando ela vier, aproveite aquele lampejo de sensação gostosa de ter achado o que perdeu ao longo do caminho. Permita-se abraçar suas realizações sem ter que justificar para ninguém. É complicado e simples assim, paradoxal como a própria vida.

 

Carmen Hornick – Mestre em Estudos de Linguagem (UFMT). Licenciada em Letras Português/Inglês e suas respectivas Literaturas (UNEMAT). Bacharel em Direito (UNIC). Pós-graduada em Linguística Aplicada (UFMT). MBA em Direito do Trabalho (Faculdade Pitágoras). Pós-graduada em Direito: Administração Pública e Controle Externo (FGV). Personal and Executive Coach (ICI - Integrating Coaching Institute). Pós-graduada em Direito Sistêmico (Faculdade Innovare/Hellinger Schule). Certificada no MPP Training and Certification Program pelo (Human Being Institute) e no Curso de Introdução à Análise Transacional (União Nacional de Analistas Transacionais do Brasil). Foi professora de ensino fundamental, médio e superior. É membro da Comissão de Direito Sistêmico da OAB/MT e colaboradora no projeto Aprender Sistêmico. Autora do livro “Como viver sem coitadisse”, pela Literare Books International.

 

Setembro Amarelo: escuta afetiva é acolhimento necessário


O caminho até os cuidados com a saúde mental nem sempre é curto, tampouco fácil. Para chegar a um profissional, às vezes, é preciso atravessar períodos de dúvidas e desafios, e é então que o apoio dos mais próximos é bem-vindo. Mas como podemos ajudar amigos e familiares a se sentirem acolhidos nesse momento?  

 

Em alusão ao Setembro Amarelo, a psicóloga Gláucia Benute, coordenadora da Psicologia do Centro Universitário São Camilo – SP, esclarece essa dúvida e explica o que é a escuta afetiva, bem como a importância desse recurso para a saúde mental. Confira:  

  

Quando temos um parente ou amigo que está em situação de sofrimento, como podemos contribuir mesmo não tendo formação na área da Saúde mental?  

 

"A primeira coisa muito importante é o que chamamos de escuta ativa, ou seja, aprender a ouvir, a interagir e a ter empatia com o outro. A empatia é escutar o que está sendo dito no sentido de tentar entender o ponto de vista de quem está contanto, ao invés de interpretar como você mesmo reagiria à situação." 


 

Qual é, portanto, a melhor abordagem nessa situação?  

 

"É importante considerar que quando alguém está contando um problema ou situação de sofrimento não é preciso responder como se fosse resolver o problema em questão. Muitas vezes nos sentimos frustrados ou impotentes por não conseguirmos ajudar, mas quando a pessoa compartilha isso conosco, a ideia é que possamos ouvi-la, acolher, respeitar e compreender o que a pessoa está passando. Para isso, a escuta ativa é uma forma de propiciar esse acolhimento." 


 

E como esse acolhimento acontece na prática?  

 

"Normalmente, quando um familiar ou amigo está contando algo para nós, nossa primeira reação é tentar resolver a situação imediata. Se a pessoa vem chorando, o primeiro impulso é dizer ‘não chore, não fique assim, vai passar’. É claro que esse tipo de frase tem uma boa intenção, mas, ao mesmo tempo, acaba não permitindo a expressão do sofrimento. Quando se diz ‘não fique assim, vai passar’, automaticamente o outro vai tentar respirar e parar de chorar, e não vai mais conseguir expressar da mesma forma ou colocar para fora o que está sentindo porque, sem querer, estamos impedindo-a que o faça.  

 

Essas frases são habituais, falamos até sem pensar, mas são palavras que não acolhem, nem dão o suporte necessário para o momento que a pessoa está vivendo.  

Então, quando alguém for nos contar alguma coisa ou se percebemos sofrimento em um parente ou amigo que estiver chorando, por exemplo, podemos abraçar, dar colo e acolher no sentido de lhe oferecer apoio." 

Confira o comentário completo da psicóloga e coordenadora de Psicologia do Centro Universitário São Camilo – SP, Gláucia Benute: https://youtu.be/Q3eQgLnCQ5A


SETEMBRO AMARELO: ENTENDA MAIS SOBRE OS ESPÍRITOS OBSESSORES


Psicanalista Kélida Marques, fala sobre como lidar com essa situação e orienta como se comportar perante a um suicida.

 

Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), 32 pessoas se suicidam por dia no Brasil, o que significa que o suicídio mata mais brasileiros do que outras doenças, como o câncer e a AIDS. E, o fato de o suicídio ainda ser um tabu e as pessoas pouco falarem sobre ele, contribua para o aumento de casos, já que pesquisas comprovam que uma simples conversa pode trazer grandes resultados. No lado espiritual, especialistas explicam que muito dessa situação tem a ver com os espíritos obsessores.  

O processo obsessivo dos espíritos sobre as pessoas, sempre se inicia pela sintonia mental. Os chamados “encostos”, que são espíritos que simplesmente “usam” as suas vítimas para algum proveito, quando elas possuem algum desvio moral (alcoolismo, drogas aditivas etc.), são geralmente interrompidos pela simples mudança de comportamento do indivíduo. Uma vez rompido a “ponte” de ligação (que era o vício), o obsessor perde a possibilidade de “vampirizar” a sua vítima. 

“Eles, os espíritos, estão lá, mas também costumam estar aqui, entre nós. Muitas vezes atraídos por nossos hábitos ou vícios, com o intuito de ainda usufruir de prazeres materiais. Ou então vinculados afetiva e energeticamente a encarnados com quem conviveram em outras existências. Pessoas que estejam fragilizadas emocionalmente, com quadro depressivo, podem ser manipuladas com maior facilidade. Faz sentido, num mundo de provas e expiações, onde nunca estamos sós e onde arregimentamos pessoas mais ou menos afinadas conosco, que haja esse tipo de situação. Seria em alguns casos uma perseguição sistemática, a partir do plano astral. Se eu tenho alguém no plano espiritual que não gosta de mim, é alguém que eventualmente me percebendo vulnerável à ideia do suicídio poderá me encorajar a cometer o autoextermínio. ”, comenta a psicanalista Kélida Marques. 

Kelida reforça que não há uma fórmula mágica, prevenção, ou algo parecido para quem pensa em tirar a própria vida, mas elenca alguns fatores que contribuem para que esse pensamento ganhe força. Vulnerabilidades, as relações com pai e mãe (na primeira infância), as relações com o mundo exterior (escola, trabalho e sociedade) e fatores como os que estamos vivendo no último ano (medo, insegurança, luto coletivo, desemprego). “Existem diversos fatores que podem contribuir com isso, há inclusive aqueles que defendem que o suicida nasceu pré-disposto a cometer esse ato contra si, então, o que sempre procuro evidenciar é que se a pessoa possui pensamentos suicidas, nesse momento, para esse indivíduo, se ninguém o ouvir, o universo está ajudando a concretizar essa ação e por isso, é importante convidá-lo para se abrir, sem julgá-lo ou menosprezar os seus sentimentos” – reforça a psicanalista. 

Além de conversar, Kélida Marques traz um compilado de sinais importantes para que as pessoas fiquem alerta e olhem com carinho para o próximo, tentando afastar, sempre que possível esse sentimento de inferioridade. Confira:

  • Apresentar comportamento retraído, dificuldades para se relacionar com família e amigos;
  • Ter casos de doenças psiquiátricas como: transtornos mentais, transtornos de humor (depressão, bipolaridade), transtornos de comportamento pelo uso de substâncias psicoativas (álcool e drogas),
  • Sofrer mudanças nos hábitos alimentares ou de sono.
  • Apresentar sentimentos de solidão, impotência e desesperança;
  • Escrever cartas de despedida;
  • Falar repentinamente sobre morte ou suicídio;
  • Apresentar irritabilidade, pessimismo ou apatia.

Além disso, Kelida reforça que as tentativas de suicídio nunca devem ser ignoradas e mesmo sendo um tema incômodo, convidar o outro a refletir sobre aquele ato é importante para que não haja repetição. “Neste momento, jamais interrompa o relato do outro, procure não expressas reações e converse de forma clara e objetiva e oriente-a a procurar ajuda especializada. Mas o mais importante é que ela se sinta acolhida e perceba que alguém se importa com ela” – conclui.

A psicanálise tem um papel importante nesse importante na descoberta e compreensão dos processos psíquicos, já que atua diretamente neles, fazendo com que a pessoa assuma o papel de condutor da sua própria vida, por uma ótica diferente.

 

Kélida Marques - psicanalista, hipnóloga e terapeuta holística reikiana. Com formação em psicologia, atua visando capacitar às mulheres em sua máxima tríade: mente, corpo e espírito. Sem vínculo religioso, porém, com uma enorme bagagem espiritual.  


Notícia da morte, luto e finitude com crianças

A notícia da morte da rainha Elizabeth neste dia nos leva a pergunta, como lidar com as crianças quando precisamos ter conversas difíceis?

As conversas difíceis são proporcionais ao quanto aquele assunto é vivido por nós internamente. Ou seja, só é difícil aquilo que não estamos acostumados a conversar nem com nós mesmos.

O tema das perdas e finitude ganharam relevância desde 2020, quando diariamente o assunto era pauta dentro das casas e em todo planeta. Mas será que estamos mesmo sabendo falar sobre isso?

Em especial na infância, a morte é vivida de forma muito natural pelas crianças, elas conseguem ver uma borboleta morta e enxergam apenas o que ele é de fato, um corpo sem vida. É o adulto que dá o tom sobre o peso da morte de acordo com os valores que regeram sua vida sobre o tema.

É preciso lembrar que a informação não vem apenas da nossa fala com as crianças, está nos gestos, expressão, comportamentos e crenças que regem a cultura familiar desde gerações anteriores. As emoções presentes no ambiente estão informando, o tempo todo, e este é o maior problema que os pais encontram na comunicação. Querem falar algo, mas sentem o oposto.

Especialmente no primeiro setênio, por uma questão de desenvolvimento físico (pela imaturidade cognitiva) e anímico (emocional), a criança está muito mais ligada ao que vive como sensação, as palavras são ouvidas, mas os significados ainda estão sendo construídos.  Daí muitos pais chegam com temas desafiadores, como falar da morte, e querem respostas prontas sobre como falar com a criança.

O aconselhamento que dou nesses casos é, comunique apenas o que é verdade, porque você querendo ou não, a criança está lendo o que se passa na sua parte mais escondida. Alguns pais se sentem nus neste momento e, é mais ou menos assim mesmo.

O expoente autor Daniel J, Siegel, junto com MaryHartzell em seu livro Parenting from Inside Out (Daniel J. Siegel e MaryHartzell trouxeram uma explicação detalhada sobre a questão da comunicação entre hemisférios direito e esquerdo do cérebro e sua relação com a questão da comunicação. Segundo eles, quando os sinais verbais e não verbais vindos dos pais são congruentes, a comunicação faz sentido. Do contrário, quando sinais verbais e não verbais são incongruentes, a mensagem se torna confusa.

Do ponto de vista da Parentalidade Essencial, falamos que a criança é capaz de perceber o não dito e sua experiência lhe informa que há uma mensagem sem sentido, causando angústia e ansiedade em seu interior pois não sabe o que processar.

Uma mãe veio a mim, pois o avô querido que estava doente há alguns dias acabara de falecer e precisaria contar ao filho assim que acordasse no dia seguinte. Ela estava visivelmente angustiada, acabara de perder seu pai. Disse que ao invés de ter ânsia em contar, antes de dormir tivesse uma conversa mental com o menino, sem mentir, dizendo como se sentia, falasse da sua dor e pontuasse, igualmente, o que queria manter vivo do pai dentro de si. Ela me contou que chorou muito ao fazer o exercício e que sozinha pôde extravasar.

Na semana seguinte me contou que o menino acordou naquela manhã e a primeira coisa que fez foi perguntar do avô. Essa foi a deixa para que ela acessasse a conversa imaginária que teve na noite anterior, mas agora, estava mais organizada e pôde falar a verdade de um lugar de serenidade, mas sem esconder a dor.

É desta forma que sugiro aos pais tratarem de temas difíceis, que primeiro cuidem de si, antes de levar o filho ao terapeuta, vá primeiro você, para ser escutado e acolhido. Quem não pode contar com especialista, uma simples conversa com um amigo, onde possamos falar sem parar em um monólogo, tem o poder de organizar nossos pensamentos, ao ouvir nossas próprias palavras, a consciência também se organiza. Para isso, aconselho um amigo que tenha o dom da escuta ativa e não um que acrescente ainda mais suas angústias sobre o tema.

Lembre-se as crianças vão assimilar o que você tem a oferecer, se dentro de você mora medos, incertezas sobre o tema, é isso que você vai comunicar. Mais uma vez, o caminho é ser honesto consigo e dizer que sente medos, por exemplo. Mas mostre que apesar do medo, vai seguir em frente e buscar formas de fazer aquele que partiu permanecer vivo dentro de si.

Construir com a criança significados novos é também um exercício muito valioso, ouvi-los sobre sugestões de manter a memória do ente querido viva na família pode construir novas narrativas inclusive para os pais.

Permita-se escutar o que eles acreditam, o que imaginam, como gostariam de homenagear quem partiu. Ir a um enterro, normalmente, não é algo que represente uma homenagem, como para nós. Talvez não faça sentido para uma criança pequena, já para outras maiores, isso pode ser importante ou não. Muitos querem manter a imagem viva da pessoa em sua mente para alimentar seu coração. Esta também é uma oportunidade de falar como é uma homenagem a quem parte em outras culturas e abrir a mente para outras realidades.

Quando penso na dificuldade de os pais lidarem com o tema lembro de uma cliente, no alto de seus setenta anos, relatou que o enterro do padrinho que amava foi na sala de sua casa e que sua maior tristeza naquela época era porque o caixão estava na sala e ficaram impedidos de ver a TV naqueles dias. O que hoje soa um tabu já foi muito natural e talvez estejamos mistificando demais a coisa mais concreta e a maior certeza da nossa vida humana.

O corpo físico tem um fim e até que acreditemos que a esfera material é a única que nos compõe, viveremos em sofrimento a cada vez que alguém perde sua camada visível. Quando podemos conceber que somos feitos mais do que um corpo físico e que a morte é uma passagem de um estado de consciência a outro, esse tema ganha outro peso...bom, mas isso é tema para outra conversa.

 

Camila Capel - . Estuda sobre o desenvolvimento e as emoções de crianças e adultos, escreve textos que falam sobre infância, sobre ser mãe, sobre família, sobre cuidar, sobre saúde do corpo e da alma, sobre a morte, sobre a vida e sobre tudo o que faz parte dela.

http://www.camilacapel.com/


Especialista analisa os hábitos que fizeram a Rainha Elizabeth II chegar aos 96 anos ativa

A rainha britânica teve o reinado mais longevo da história. Conheça os pilares de envelhecimento ativo da monarca.

Rainha Elisabeth II

Divulgação

Nesta quinta-feira (8/9) aos 96 anos, morreu a rainha Elizabeth II, a monarca mais amada e admirada pela população mundial. O seu reinado durou cerca de 70 anos, sendo a rainha britânica mais longeva da história.

A especialista em longevidade ativa e qualidade de vida na terceira idade, Márcia Sena fundadora e CEO da Senior Concierge, empresa pioneira em trazer para o Brasil o conceito de aging in place que significa “envelhecer no seu próprio lar”, com foco em garantir o conforto e a independência dos longevos, analisa os fatores que fizeram a rainha britânica ter um envelhecimento ativo e saudável.

Ela relata que, existem quatro esferas para ter uma longevidade ativa: a cognitiva, a social afetiva, a física e o aprendizado. E quando se trata da rainha Elizabeth, a monarca praticou todos esses pilares com maestria.

Retrato da rainha Elizabeth II do dinheiro britânico

Canva Divulgação


“A Rainha Elizabeth II é o perfeito exemplo de envelhecimento de qualidade. Pois conseguiu se manter ativa no auge dos seus 96 anos, através de suas atividades, mentais, sociais, físicas e afetivas.  Como por exemplo, era uma excelente amazona, visto que praticava equitação, que exigia muito do seu corpo, além disso, fazia diariamente caminhadas que auxiliavam em sua saúde tanto física, quanto mental”, segundo Márcia Sena. 

A monarca também praticava o aging in place, morava em casa separada dos filhos com suporte para manter a sua autonomia. “Até mesmo após a morte do príncipe Philip, ela continuou preservando sua autonomia e morando sozinha”, comenta a especialista.

Outro ponto que Sena ressalta, era a alimentação regrada e frugal da rainha, buscando sempre manter um bom peso, pois a obesidade em todas as idades é prejudicial, porém o risco aumenta na terceira idade. “Além disso, permanecia ativa profissionalmente, o que contribuía para uma vida social pública e familiar dinâmica”, acrescenta Márcia. 

“Um dos pilares para um envelhecimento ativo, é o aprendizado perene, exemplo disso, a soberana, que por conta do período pandêmico, se dispôs a aprender como utilizar alguns recursos tecnológicos, motivada pelos seus compromissos reais. A rainha sempre será um exemplo de que é possível envelhecer bem e ativa” finaliza a especialista.

 

Márcia Sena - fundadora e CEO da Senior Concierge e especialista em longevidade ativa e qualidade de vida na terceira idade. Tem MBA em Administração na Marquette University (EUA) e experiência em várias áreas da indústria farmacêutica.

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“As mães atípicas estão sobrecarregadas e não estão sendo cuidadas”, diz fonoaudióloga

Estudo mostra que mães de autistas têm 50% mais chances de morrer de câncer. Outro estudo aponta que 78% dos pais abandonaram crianças com deficiências antes dos cinco anos de vida

 

A negligência paterna é uma realidade no Brasil, onde 5% dos nascimentos registrados em cartório não constavam o nome do pai. Nos últimos dois anos de pandemia do coronavírus, o percentual cresceu para 6%. Mas o abandono não acontece apenas no nascimento. Em 2012, um levantamento do Instituto Baresi mostrou um dado assustador: 78% dos pais abandonaram suas crianças com deficiência ou doenças raras antes delas completarem cinco anos de idade. 

Apesar de os dados serem de uma década atrás, a fonoaudióloga e diretora do Centro de Especialidades BabyKids, Daniella Sales Brom, acredita que esse percentual seja ainda maior. “Quando eu trabalhava no CRER (Centro de Reabilitação e Readaptação Dr Henrique Santillo), sempre que atendia uma mãe novata ela havia se divorciado recentemente e o motivo era sempre o mesmo: o diagnóstico da criança”, lamenta a profissional. 

Com experiência de mais de 15 anos como fonoaudióloga e uma carreira já consolidada no atendimento a essas crianças, Daniella afirma que o trabalho da equipe multidisciplinar é holístico e vai além do consultório. “E um dos pontos mais marcantes que a gente trabalha com frequência é justamente a falta do pai. No primeiro contato com a família, eu pergunto na entrevista se o pai fica com a criança fim de semana ou se tinha a participação dele para alguma atividade e a resposta é muito mais focada no abandono do que na separação”, pontua.

 

A realidade dura das mães solo de crianças atípicas 

Segundo ela, nas classes mais baixas esse abandono é quase imediato ao diagnóstico e é muito maior. Atualmente, atendendo apenas no consultório, Daniella diz que ainda é grande o número de mães solo, mas mesmo as mães que são casadas estão sempre sobrecarregadas. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), quase 12 milhões de mulheres vivem a realidade extenuante e cruel de ser uma mãe solo. 

“São elas que cuidam de toda a alimentação e necessidades da criança, levam para a escola, para a terapia, recebem atendimento dos profissionais em domicílio e ainda precisam cuidar da casa. A gente percebe que essas mães não estando sendo cuidadas. E não estou falando só de cuidado estético, mas o cuidado saudável mesmo. Existe o mito da mãe e da mulher guerreira que cria a ilusão de que as guerreiras não precisam de ajuda ou de apoio. Considero isso capacitista porque as mães precisam de ajuda, até para tomar um banho mais demorado. Se eu sinto isso, imagina quem escuta com frequência que são ‘iluminadas por ter uma criança assim’. É uma barra”, diz. 

No consultório, Daniella percebe que os primeiros, e mais graves, sintomas da mãe sobrecarregada são a frustração e o desânimo. “Elas têm uma baixa tolerância à frustração e se desanimam muito rápido. Por isso, nossa equipe busca sempre dar feedbacks explicando muito bem o que está acontecendo e temos o desafio de estar sempre encorajando essas mães para que elas saibam que seu esforço vale a pena”, explica a fonoaudióloga. 

A verdade é que a relação da criança com a família também é muito importante para o seu desenvolvimento e o impacto desse abandono paterno é enorme e diário. “Primeiro porque é difícil cuidar quando você não está sendo cuidada e, em segundo lugar, porque as crianças sentem o desânimo e a frustração. Vira uma bola de neve e percebemos que a falta de participação dos pais faz toda diferença na vida da criança”, diz Daniella.

 

Estresse e risco de morte aumentado nas mães 

Um estudo de 2010, publicado no Journal of Autism and Developmental Disorder, mostrou que pais de crianças com transtornos do espectro do autismo (TEA) possuem níveis de cortisol similares a soldados de combate e sobreviventes do Holocausto e relatam níveis mais altos de estresse e mais baixos de bem-estar psicológico do que pais de crianças com outras deficiências de desenvolvimento. 

Outro estudo de 2012, publicado na Revista PlosOne, mostra que mães de crianças com deficiência intelectual ou TEA têm mais que o dobro do risco de morte do outras mães. Os dados mostram que elas têm 40% mais chances de morrer de câncer; 150% mais probabilidade de morrer de doença cardiovascular e quase 200% mais probabilidades de morrer por “desventura” (como homicídios, suicídios ou acidentes de carro).


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