Desde jovens, somos condicionados a escolher qual carreira seguiremos logo após a graduação no ensino médio. De fato, muitos descobrem sua real vocação ainda na escola. Mas, uma grande parcela das pessoas não possui essa resposta em uma idade ainda tão precoce, oscilando entre diferentes vagas em busca daquela que lhes tragam felicidade e reconhecimento. Cada vez mais, a mudança de carreira vem se tornando um desejo recorrente entre os mais diversos cargos e gerações de profissionais – impulsionando uma mudança que, nem sempre, vale a pena ser feita.
As justificativas para essa transição variam e se
diferenciam em uma linha tênue se tratando dos motivos profissionais e
pessoais. No primeiro caso, a falta de oportunidades em determinados segmentos
é fator de desânimo para muitos, exigindo uma luta constante para driblar a lei
da oferta e demanda do mercado. Esse é o caso, como exemplo, da dificuldade de
contratação de profissionais da área de TI, um dos setores mais demandados por
trabalhadores qualificados e, ao mesmo tempo, um dos que mais sofre em sanar
este empecilho por inúmeros fatores externos, como a baixa qualificação.
Além das questões mercadológicas, a falta de
habilidades interpessoais no dia a dia da rotina empresarial é um dos maiores
fatores a favor do aumento do índice de mudança de carreira. No menor sinal de
insatisfação com a empresa atual ou problema enfrentado, é comum observar
aqueles que preferem trocar de emprego constantemente, escapando destas
situações ao invés de tentar lidar com elas da melhor maneira possível,
amadurecendo e fortalecendo sua jornada dentro da companhia.
Independentemente da geração, essa ansiedade em
explorar e testar algo novo, característico daqueles mais jovens, apresenta os
dois lados da moeda – afinal, ao mesmo tempo em que essa curiosidade pode
impulsionar a descoberta de oportunidades excelentes, pode também gerar uma
impaciência significativa ao ponto de não aprenderem a lidar com as
adversidades no ambiente de trabalho e, assim, não consigam permanecer em uma
vaga por muito tempo. Um comportamento que, raramente, será visto nos gestores
ou diretores de qualquer empresa, uma vez que precisaram de um mindset
completamente oposto para conquistarem suas posições.
Em uma pesquisa feita pelo Work Trend
Index em 2021, cerca de 63% dos entrevistados afirmaram que já
realizaram alguma mudança em suas carreiras, junto com 48% que ainda gostariam
de conquistar esse objetivo ao longo do ano. Seja visando uma transição interna
na mesma área de atuação ou para uma outra completamente diferente, o segredo
do sucesso para a reconstrução profissional dependerá, essencialmente, de um
planejamento intensamente cuidadoso.
Escolher uma trilha profissional diferente requer
uma dose de autoconhecimento e de coragem importante. É preciso saber onde se
deseja chegar e o que é necessário para atingir tal linha de chegada – caso
contrário, nenhuma outra opção será suficiente ou trará a felicidade desejada.
Infelizmente, hoje são poucos os que compreendem o futuro que desejam para suas
carreiras, se tornando reféns de um cenário que, não necessariamente, poderia
ser tão nublado.
É fato que lidamos com um mercado passível de
mudanças constantes, desvalorizando e agregando renome a todos os cargos
frequentemente. Estamos em um cenário incontestavelmente desafiador, mas que
não deve ser utilizado como argumento para instabilidade decisória. Ao invés
disso, pesquisar a fundo todos os pontos que envolvem os setores interessados –
desde o dia a dia daqueles que trabalham neste segmento até os maiores desafios
de crescimento, oportunidades e as possíveis trajetórias profissionais a serem
trilhadas.
Qualquer mudança de carreira deve ser uma decisão pensada racionalmente, não se deixando levar por picos de emoções derivadas de insatisfações ou receios. O planejamento deve estar presente a todo momento, buscando compreender os requisitos técnicos e comportamentais exigidos para progredir na área desejada e, acima de tudo, incorporando um toque de humildade para começar do zero e com paciência. A maior abrangência possível destes elementos de conhecimento fará toda a diferença para evitar qualquer passo errado que comprometa sua carreira, aumentando as chances de, finalmente, se satisfazer em seu trabalho.
Ricardo Haag - sócio da Wide, consultoria
boutique de recrutamento e seleção.
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