Médico
David Pares, da ISA Home Lab, explica como avaliar o porquê de cada análise
clínica exigida pelos especialistas
Você já reparou nos exames que seu médico tem
solicitado, seja por rotina ou por algum problema clínico? E já se perguntou
porque alguns deles sempre se repetem, independente da área de atuação do
especialista? David Pares, médico e sócio-fundador da ISA Home Lab, laboratório 100%
digital, explica o porquê de alguns exames serem sempre solicitados, para que
você entenda, de uma vez por todas, o que os doutores buscam identificar com
cada um deles. Confira:
Hemograma completo
Será sempre solicitado por qualquer especialidade
quando rotina, acompanhamento ou até para identificar o porquê de determinada
reclamação do paciente. Feito com amostra de sangue, analisa informações
específicas sobre os tipos e quantidades dos componentes no sangue, como os
glóbulos vermelhos (hemácias), glóbulos brancos (leucócitos) e plaquetas
(coagulação sanguínea). É um importante exame de auxílio diagnóstico, não
somente para doenças hematológicas e sistêmicas, mas também para identificar a
possibilidade de anemias, reações infecciosas e inflamatórias, além de
acompanhamento de terapias medicamentosas.
"Quando o paciente vai ao médico reclamando
de qualquer dor ou desconforto, o hemograma é o primeiro exame a se pensar,
exatamente porque encontra ou descarta muitas possibilidades. Um bom exemplo, é
que ele consegue apontar ao médico se o paciente tem uma infecção viral ou
bacteriana, se possui algum tipo de parasitose, inflamação ou até intoxicação e
possíveis tumores", explica Pares.
Glicemia
Feito também com uma coleta de sangue, esse
exame serve para medir o nível da glicose na circulação sanguínea do paciente.
É o principal identificador da Diabetes Mellitus, uma doença crônica que
acomete mais de 12 milhões de brasileiros, segundo o Ministério da Saúde.
Segundo dados do IDF, Federação Internacional de
Diabetes, divulgado em novembro de 2019, atualmente, 463 milhões de pessoas
entre 20 e 79 anos possuem diabetes, no mundo. No Brasil, o número aumentou
mais de 30% de 2017 para 2019, um valor muito acima da média em comparação aos
outros países.
"É feito rotineiramente porque a doença pode
ser descoberta antes do paciente ter qualquer tipo de sintoma. Se feito com
frequência, pode identificar em estágio bem inicial, que chamamos de
pré-diabetes. No caso da Tipo 2, que surge, normalmente, por causa de hábitos
alimentares não-saudáveis, é possível evitar ou retardar o aparecimento da
doença e suas complicações. A Tipo 1, por ter uma ligação com a predisposição
genética, a identificação logo no início auxilia no tratamento e evita que a
doença cause outros problemas mais graves", esclarece David.
Colesterol total e suas frações
O exame de colesterol total, também chamado de
painel ou perfil lipídico, mostra os níveis de colesterol na corrente sanguínea.
O valor de referência desejável é abaixo de 190 mg/dL. "O controle do
colesterol é tão importante quanto o da glicemia, porque normalmente, quando os
índices estão altos, o paciente não tem sequer um sintoma que indique o que
chamamos de dislipidemia, uma doença que pode ser grave ou fatal, por aumentar a chance de entupimento das artérias (aterosclerose)
e de ataques cardíacos, acidente vascular cerebral ou outros problemas
circulatórios", aponta o médico.
Creatinina
A creatinina é filtrada nos nossos rins e
excretada pela urina. Quando o rim não está funcionando bem, o processo é
comprometido e por não eliminar a substância na urina, fazendo com que seus
níveis fiquem elevados no sangue. Quando esses números estão acima do normal,
indicam ao médico a possibilidade de insuficiência renal, infecção nos rins e
desidratação. "Em alguns casos renais, os pacientes acusam sintomas, mas
que podem ser confundidos com outros problemas não relacionados ao órgão. Por
isso, o exame é ideal para confirmar e investigar possíveis doenças renais, e
quando descoberto com antecedência, evitar maiores complicações", explica
o especialista.
TGO e TGP (avaliação da função hepática)
O Exame TGO mede os níveis da enzima transaminase
no sangue. Serve, principalmente, para investigar problemas no fígado, nos
músculos e no coração. Também conhecida como aspartato aminotransferase (AST),
a enzima TGO é necessária para a produção de energia. A maior quantidade de TGO
está contida nas células do fígado (hepatócitos). Quando o fígado apresenta
problemas, os hepatócitos são danificados e ocorre o extravasamento da TGO,
aumentando os níveis dessa enzima no sangue. Contudo, como ela também está
presente em menor quantidade em órgãos como coração, músculos, rins e cérebro,
o aumento da TGO nem sempre indica danos no fígado. Por isso, o exame TGO é
requisitado com o exame TGP (transaminase glutâmico-pirúvica), também conhecida
como ALT (alanina aminotransferase). Considerando que a TGP está presente
exclusivamente no fígado, sabe-se que um aumento nas duas enzimas se deve a um
comprometimento da função hepática.
"Por outro lado, um aumento apenas da TGO
pode indicar problemas em outro órgão. Níveis elevados de TGO com ou sem
aumento de TGP estão relacionados a doenças e problemas como: alcoolismo,
câncer de fígado, cirrose, esteatose (gordura no fígado), hepatites, infarto,
intoxicação hepática, isquemia hepática, lesão muscular, lesão no pâncreas e
mononucleose", conta David.
Exame de urina
O exame de urina é importante para avaliações da
função renal e do trato urinário. A infecção urinária, por exemplo, pode ser
diagnosticada através dele. Além disso, também é possível auxiliar no
diagnóstico de diabetes e de doenças metabólicas.
"É de extrema importância realizar um
check-up anualmente, fazendo esses exames, que muito provavelmente, serão os
primeiros da lista do pedido médico. Porque são os chamados
"preventivos", que auxiliam no diagnóstico de diversas doenças mais
comuns. Mas além deles, é importantíssimo que as pessoas mantenham a vacinação
em dia, também, sendo esse um dos métodos mais eficientes de prevenção de
doenças infecto-contagiosas", finaliza Pares.
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