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segunda-feira, 5 de novembro de 2018

Por que bebês prematuros têm risco aumentado de ter hidrocefalia?


Apesar dos avanços na medicina neonatal, os bebês que nascem prematuros (pré-termo), ou seja, com idade gestacional inferior a 37 semanas e peso inferior a 2,5 kg, apresentam um risco aumentando para algumas condições, como a hidrocefalia, acúmulo anormal de líquido cefalorraquidiano (LCR) na cavidade craniana. A incidência de hidrocefalia no período neonatal é de 0,48 a 0,81 por 1000 nascidos vivos. A causa mais comum da hidrocefalia em recém-nascidos prematuros são as hemorragias intracranianas, ligadas a 90% dos casos.

“A hemorragia intracraniana é uma condição grave, que precisa de tratamento imediato para evitar ou minimizar possíveis sequelas neurológicas futuras, como paralisia cerebral, déficit intelectual, motor e atrasos no neurodesenvolvimento em geral”, comenta a neuropediatra Dra. Andrea Weinmann.

Segundo a médica, as estruturas cerebrais nos bebês pré-termo são imaturas, ou seja, ainda não estão totalmente desenvolvidas, especialmente nas áreas em que acontece a proliferação celular e vascular do cérebro, chamada de matriz germinativa. “Os vasos sanguíneos em um bebê prematuro são muito finos e podem se romper facilmente com qualquer alteração no fluxo sanguíneo, evoluindo para a hidrocefalia secundária em alguns casos”, explica Dra. Andrea.

Estima-se a hemorragia intracraniana afeta de 20 a 40% dos recém-nascidos que nascem com menos de 1,5 kg. Os primeiros três ou quatro dias de vida são críticos, pois é neste período que há maior risco de acontecer uma hemorragia cerebral, sendo as primeiras 24 horas decisivas.


Hidrocefalia secundária à hemorragia
 
Uma das consequências da hemorragia intracraniana é a hidrocefalia. “Isso acontece porque o sangue proveniente da hemorragia prejudica a drenagem do líquor, acarretando no aumento da pressão intracraniana, já que o volume do líquor produzido a cada oito horas não é drenado adequadamente”, explica o neurocirurgião Dr. Iuri Weinmann.

 
Derivação Ventrículo-Peritoneal (DVP)
 
O quadro clínico, assim como o tratamento, irá depender da gravidade da hemorragia. O método mas usado para diagnosticar é o ultrassom transfontanelar. A hemorragia nos graus III e IV são consideradas mais graves, pois podem levar à danos no cérebro de forma crônica. Nestes casos, os bebês são monitorados para detectar e tratar a hidrocefalia pós-hemorrágica de forma precoce.

“O tratamento mais usado é a Derivação Ventrículo-Peritoneal (DVP). Trata-se de um dispositivo usado para aliviar a pressão intracraniana causada pelo acúmulo de liquido. O sistema irá drenar o líquor e enviá-lo para outras partes do corpo, geralmente para a região peritoneal”, explica Dr. Iuri.

O procedimento inicia-se com uma pequena incisão atrás da orelha e um pequeno orifício no crânio para inserção do cateter, que irá drenar o líquido. Esse cateter se estende até o abdômen, permitindo que o excesso de líquido seja drenado para a cavidade abdominal, onde será absorvido. É colocada uma espécie de válvula em ambos os cateteres que é ativada quando o líquido aumenta.  


Prognóstico
 
Infelizmente, a hidrocefalia pode deixar sequelas neurológicas, porém isso vai depender de uma série de fatores. Entre as sequelas podemos citar atrasos no desenvolvimento, dificuldades de aprendizagem, paralisia cerebral e déficit intelectual. Por isso, os bebês que apresentam a hidrocefalia devem ser acompanhados por equipe multiprofissional com neurologista infantil e neurocirurgião.



Imobilidade prolongada é a grande vilã da trombose


 Especialista explica que uma das melhores formas de prevenir a doença é se manter ativo, fazendo caminhadas frequentes ou mexendo as pernas a cada hora.


A trombose, caracterizada pela formação de coágulos sanguíneos (trombos) que podem impedir o fluxo sanguíneo, é responsável por uma a cada quatro mortes no mundo, sendo que uma pessoa morre em decorrência da doença a cada 37 segundos¹,². Entretanto, apesar da alta incidência, pouco se fala da principal causa da enfermidade, que é a imobilidade prolongada.

No Brasil, estima-se que cerca de 180 mil novos casos de trombose venosa ocorram a cada ano3. Dentre os fatores de risco para a doença estão a idade, obesidade, uso de anticoncepcionais combinados, gravidez e pós-parto, câncer, fatores genéticos e a imobilização prolongada, seja devido a internações, traumas, cirurgias, fraturas ou viagens de duração acima de oito horas. Na verdade, a imobilização prolongada é um dos fatores de risco mais comuns de trombose no mundo. “Uma pessoa imobilizada, seja por qualquer causa, por mais de três dias, estará em um risco aumentado de sofrer trombose”, explica Suely Meireles Rezende, hematologista, professora do departamento de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e membro do conselho diretor da International Society on Thrombosis and Haemostasis (ISTH).

Para a Dra. Rezende, hoje, a nossa tendência é ficar mais imóvel, pois temos escadas rolantes, elevadores, controle remoto para tudo, entre outras facilidades. Assim, há uma diminuição natural dos esforços do dia a dia. “O ideal é que as pessoas se movimentem e façam exercícios com as pernas a cada hora, especialmente se a pessoa trabalha muito sentada ou de pé imóvel. Este movimento pode ser uma simples caminhada para ir ao banheiro ou pegar uma água, por exemplo”, alerta a especialista.

Segundo estudo recente das universidades de Minnesota, Vermont e da Carolina4 do Norte, passar muito tempo vendo televisão dobra o risco do tromboembolismo venoso. Mas, obviamente, não é a televisão que ocasiona a trombose e sim os longos períodos de imobilidade. Vale ressaltar que a incidência de trombose em crianças e adolescentes é bem mais baixa que em adultos e idosos, pois ela aumenta com a idade. Entretanto, temos vivenciado uma epidemia de obesidade também em crianças e adolescentes, o que pode elevar o risco de trombose nesta população quando aliado à maior imobilidade.

A trombose venosa ocorre mais comumente nas pernas ou no pulmão. Quando ocorre nas pernas, os sintomas mais comuns são dor no local onde a trombose está acontecendo com “inchaço” no local, acompanhado ou não por vermelhidão e aumento da temperatura no local. Os sintomas são progressivos, assim, a medida em que o tempo vai passando, a pessoa fica com a “batata da perna” ou coxa endurecida, dolorida e inchada. Mas é importante ficar alerta porque doença pode acontecer em qualquer lugar do corpo e, algumas vezes, ser pouco sintomática. Em alguns casos mais graves, a trombose pode se estender para a coxa, virilha e pulmões, levando a embolia pulmonar, que é um quadro potencialmente grave.

“O investimento em prevenção deve ser estimulado. Aos pacientes internados, é importante avaliar o risco de cada um em desenvolver trombose e, mediante um risco alto, deve-se receitar medicamentos anticoagulantes até que o paciente receba alta ou comece a andar. Para todas as pessoas recomenda-se andar e mexer as pernas frequentemente no seu dia-a-dia, mantendo-se ativo. Essa é a melhor forma de prevenir a doença”, complementa a especialista. 


Sobre a trombose 

Existem dois tipos de trombose: a arterial - relacionada um coágulo sanguíneo que se ocorre em uma artéria; e a venosa - por coágulos que ocorrem em uma veia. Dentro desta categoria podemos destacar a trombose venosa profunda (TVP), por ser a mais comum, seguida pela embolia pulmonar. Os locais mais comuns para a formação de coágulos, neste caso, são as pernas.






Referências
1 Journal of Thrombosis and Haemostasis, “Thrombosis: A Major Contributor to the Global Disease Burden.”
2 World Health Organization (WHO), “65th World Health Assembly Closes with New Global Health Measures,” (2012). www.who.int/mediacentre/news/releases/2012/wha65_closes_20120526/en/
3 Sociedade Brasileira de Angiologia e de Cirurgia Vascular Regional São Paulo . https://sbacvsp.com.br/trombose-venosa-profunda-tvp/ (acesso em 23/08/2018).
4 TV Viewing and Incident Venous Thromboembolism: the Atherosclerotic Risk in Communities Study. https://www.ahajournals.org/doi/abs/10.1161/circ.136.suppl_1.14806 (acesso em 23/08/2018).

Na gravidez, até os olhos sofrem alterações


Especialista revela 7 dicas para aliviar problemas visuais de gestantes


As mulheres passam por inúmeras transformações durante a gravidez, cada uma a sua maneira. Mas o que muita gente desconhece é que até a visão pode sofrer o impacto dessas mudanças, inclusive os olhos. Isto porque, durante a gravidez, o corpo feminino retém mais líquido que o habitual, aumentando também o volume de sangue. Além disso, a variação dos níveis de hormônios, bem como a pressão sanguínea, também sofrem alterações. Com tantas mudanças, pode ocorrer o espessamento da córnea, bem como um aumento de curvatura e inclinação. Neste caso, há prejuízo da visão e pode resultar na falta de acomodação das lentes de contato – voltando ao normal pouco tempo depois de o bebê nascer. 

De acordo com o médico oftalmologista Renato Neves, diretor-presidente do Eye Care Hospital de Olhos, durante a gestação a mulher pode inclusive perceber mudança de grau no último trimestre por acúmulo de líquido no organismo. “Muitas dessas mudanças são temporárias, mas ainda assim precisam de acompanhamento especializado para não ganhar proporções que poderiam ter sido evitadas. Os problemas oculares mais comuns na gravidez são: olho seco, visão embaçada, aumento de sensibilidade à luz nos primeiros meses, presença de pontos ou manchas no campo visual, desdobramentos da pré-eclâmpsia e desdobramentos do diabetes gestacional”. 

Neves revela SETE dicas para atenuar problemas visuais durante a gravidez e aleitamento:


  1. Uso de lágrimas artificiais. “Se a gestante perceber que os olhos estão mais secos que o normal ou sentir algum incômodo ao usar lentes de contato, o ideal é usar lágrimas artificiais específicas para lubrificar os olhos durante esse período – além de trocar as lentes de contato por óculos de grau, a fim de evitar irritação nos olhos”.  
  2. Piscar mais que o habitual. “Se a gestante passa muitas horas por dia diante de um computador ou celular, os olhos tendem a piscar menos e ressecar – isso sem contar que quanto menos se olha ao longe, maiores são as chances de aumentar o grau de miopia. Sendo assim, na medida do possível, a cada meia hora é recomendado parar tudo o que está fazendo e piscar pelo menos trinta vezes seguidas para compensar”.
  3. Compressas de água gelada. “As compressas de algodão embebido em água gelada ou fria são especialmente importantes quando a retenção de líquidos pelo organismo leva a um inchaço inclusive ao redor dos olhos, podendo interferir na qualidade da visão. Também as máscaras de gel – que podem ser armazenadas no refrigerador – são ideais para diminuir esse tipo de desconforto”.
  4. Acompanhamento oftalmológico mais frequente. “Isso é especialmente importante em gestantes diabéticas, que já têm risco aumentado para a retinopatia diabética – doença que aumenta as chances de os vasos sanguíneos do globo ocular romper e desencadear hemorragia, comprometendo a visão. Sendo assim, qualquer mudança deve ser reportada imediatamente a um oftalmologista, ainda que a gestante mantenha os níveis de açúcar no sangue dentro de parâmetros aceitáveis”.
  5. Ajuste nos medicamentos de glaucoma. “Geralmente, a pressão ocular das gestantes tende a diminuir nesse período, provavelmente em função das variações hormonais. Mulheres que tratam glaucoma devem procurar o oftalmologista logo no início da gestação para ajustar os medicamentos – já que pode ser necessário trocar ou ainda suspender os colírios habitualmente utilizados”.
  6. Controle da pressão arterial. “Os sinais de pré-eclâmpsia – hipertensão arterial específica da gravidez que pode ocorrer a partir da 20ª semana – podem ser identificados através dos olhos em até 8% das gestantes, sendo provável que a paciente se queixe de perda temporária de visão, maior sensibilidade à luz, visão embaçada ou com formação de halos ou flashes. Na presença desses sintomas, principalmente se a paciente tiver histórico de hipertensão, o médico responsável pelo pré-natal deverá ser imediatamente comunicado, já que essa condição progride rapidamente e pode resultar em sangramento ou outras complicações”.
  7. Uso de óculos de sol. “Usar óculos de sol para sair de casa até mesmo em dias nublados é o tipo de recomendação que deve ser adotada por todas as pessoas. Mas, como durante a gestação a paciente pode notar um aumento de sensibilidade à luz, esse hábito trará mais conforto e proteção”.







Fonte: Dr. Renato Neves - médico oftalmologista, diretor-presidente do Eye Care Hospital de Olhos, em SP – www.eyecare.com.br

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