Especialista
explica que uma das melhores formas de prevenir a doença é se manter ativo,
fazendo caminhadas frequentes ou mexendo as pernas a cada hora.
A trombose, caracterizada pela formação de coágulos sanguíneos
(trombos) que podem impedir o fluxo sanguíneo, é responsável por uma a cada
quatro mortes no mundo, sendo que uma pessoa morre em decorrência da doença a
cada 37 segundos¹,². Entretanto, apesar da alta incidência, pouco se
fala da principal causa da enfermidade, que é a imobilidade prolongada.
No Brasil, estima-se que cerca de 180 mil novos casos de
trombose venosa ocorram a cada ano3. Dentre os fatores de risco para
a doença estão a idade, obesidade, uso de anticoncepcionais combinados,
gravidez e pós-parto, câncer, fatores genéticos e a imobilização prolongada,
seja devido a internações, traumas, cirurgias, fraturas ou viagens de duração
acima de oito horas. Na verdade, a imobilização prolongada é um dos fatores de
risco mais comuns de trombose no mundo. “Uma pessoa imobilizada, seja por
qualquer causa, por mais de três dias, estará em um risco aumentado de sofrer
trombose”, explica Suely Meireles Rezende, hematologista, professora
do departamento de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e
membro do conselho diretor da International Society on Thrombosis and
Haemostasis (ISTH).
Para a Dra. Rezende, hoje, a nossa tendência é ficar mais
imóvel, pois temos escadas rolantes, elevadores, controle remoto para tudo,
entre outras facilidades. Assim, há uma diminuição natural dos esforços do dia
a dia. “O ideal é que as pessoas se movimentem e façam exercícios com as pernas
a cada hora, especialmente se a pessoa trabalha muito sentada ou de pé imóvel.
Este movimento pode ser uma simples caminhada para ir ao banheiro ou pegar uma
água, por exemplo”, alerta a especialista.
Segundo estudo recente das universidades de Minnesota,
Vermont e da Carolina4 do Norte, passar muito tempo vendo televisão
dobra o risco do tromboembolismo venoso. Mas, obviamente, não é a televisão que
ocasiona a trombose e sim os longos períodos de imobilidade. Vale ressaltar que
a incidência de trombose em crianças e adolescentes é bem mais baixa que em
adultos e idosos, pois ela aumenta com a idade. Entretanto, temos vivenciado
uma epidemia de obesidade também em crianças e adolescentes, o que pode elevar
o risco de trombose nesta população quando aliado à maior imobilidade.
A trombose venosa ocorre mais comumente nas pernas ou no
pulmão. Quando ocorre nas pernas, os sintomas mais comuns são dor no local onde
a trombose está acontecendo com “inchaço” no local, acompanhado ou não por
vermelhidão e aumento da temperatura no local. Os sintomas são progressivos,
assim, a medida em que o tempo vai passando, a pessoa fica com a “batata da
perna” ou coxa endurecida, dolorida e inchada. Mas é importante ficar alerta
porque doença pode acontecer em qualquer lugar do corpo e, algumas vezes, ser
pouco sintomática. Em alguns casos mais graves, a trombose pode se estender
para a coxa, virilha e pulmões, levando a embolia pulmonar, que é um quadro
potencialmente grave.
“O investimento em prevenção deve ser estimulado. Aos
pacientes internados, é importante avaliar o risco de cada um em desenvolver
trombose e, mediante um risco alto, deve-se receitar medicamentos
anticoagulantes até que o paciente receba alta ou comece a andar. Para todas as
pessoas recomenda-se andar e mexer as pernas frequentemente no seu dia-a-dia,
mantendo-se ativo. Essa é a melhor forma de prevenir a doença”, complementa a
especialista.
Sobre a trombose
Existem dois tipos de trombose: a arterial - relacionada um
coágulo sanguíneo que se ocorre em uma artéria; e a venosa - por coágulos que
ocorrem em uma veia. Dentro desta categoria podemos destacar a trombose venosa
profunda (TVP), por ser a mais comum, seguida pela embolia pulmonar. Os locais
mais comuns para a formação de coágulos, neste caso, são as pernas.
Referências
1 Journal of
Thrombosis and Haemostasis, “Thrombosis: A Major Contributor to the Global
Disease Burden.”
2 World Health
Organization (WHO), “65th World Health Assembly Closes with New
Global Health Measures,” (2012). www.who.int/mediacentre/news/releases/2012/wha65_closes_20120526/en/
3 Sociedade Brasileira de Angiologia e de Cirurgia
Vascular Regional São Paulo . https://sbacvsp.com.br/trombose-venosa-profunda-tvp/
(acesso em 23/08/2018).
4 TV Viewing and
Incident Venous Thromboembolism: the Atherosclerotic Risk in Communities Study.
https://www.ahajournals.org/doi/abs/10.1161/circ.136.suppl_1.14806 (acesso em 23/08/2018).
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