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quarta-feira, 19 de setembro de 2018

Eleições: presente, passado ou futuro?


Imagino uma esfinge colocada sobre cada urna eletrônica. Tipo, um pinguim de geladeira. Ao eleitor, ela perguntaria:

– Passado, presente ou futuro?

Quase todos responderiam "futuro". Afinal, estamos condicionados a pensar dessa forma. O marketing político é assim mesmo: procura nos convencer de que vivemos no país mais horrível do mundo (dizem os oposicionistas), ou então que este é um lugar maravilhoso e pode ficar melhor ainda (dizem os marqueteiros do governo). Oposição e situação tem isso em comum: querem nos vender um futuro melhor, partindo do zero como se o passado não existisse ou fosse irrelevante. O mundo recomeça a cada quatro anos: quem sabe dessa vez funciona?

A esfinge, cada vez que ouve "futuro", faz um muxoxo e dá de ombros com um sorriso irônico. Deixa todos passarem. Está cansada, sabe que não representa mais nada e que vai longe o tempo dos enigmas.

Mas será que não é o caso de desconfiar do futuro?

O futuro é intangível, imprevisível, sujeito a hecatombes, traições, erros ou simplesmente azar. Não temos domínio sobre ele, e apostar tudo ou nada na promessa de tempos melhores é uma loteria.

Quanto ao presente, ele é só o instante de apertar o botão da urna: torna-se imediatamente passado quando acabamos de carimbar os próximos quatro anos. Para piorar, nessa hora estamos emputecidos pelos rumos do país e agimos por impulso de descontentamento. O presente deveria ser uma ponte entre o conhecimento e os desejos.

Se o desejo está no futuro, o lugar do conhecimento é o passado, que está nos livros, nos debates e reflexões. O resto é mistificação feita para nos enganar.
Dizem que o maior truque do diabo foi o de nos convencer que ele não existe. Os piores políticos agem da mesma forma, fazendo a gente acreditar que política é coisa enfadonha e contaminada. Enquanto pensarmos assim, quem lucra é o diabo.

No Jornal da TV CULTURA, um dos comentaristas convidados disse, de forma lacônica, que o cidadão comum não quer saber de debates ou reflexões morais, porque é oprimido, trabalha como um condenado, tem problemas demais e não quer saber dessas coisas.

O problema é que o tal comentarista não colocou isso como algo a ser superado. Foi quase agressivo, como se defendesse que o mundo é assim e para sempre continuará dessa forma, e quem pensa o contrário é chato ou tolo.

Acontece que esse tipo de pensamento é exatamente aquele que interessa aos maus políticos. Seja na carreira de um jovem recém-formado, seja na posição de classe ou de grupo social: as conquistas não caem do céu. De fato, o cidadão mais pobre não quer saber de reflexões porque é oprimido. Porém, defender que ele continue assim é a receita certa para que ele se torne ainda mais oprimido, cada vez mais pobre e afastado da política, até que sua vida atinga as raias do insuportável. Sem reação, só há ação. Do lado que for.

Enquanto isso, quanto mais o diabo nos afasta das paixões pela política, cinco pessoas concentram metade da riqueza do país. E continuamos achando que política é ruim! Os demônios são habilidosos!

O mundo neoliberal que enredou o pós-moderno ignora o passado, a reflexão e a cultura. Promove o particularismo de grupos que adotam (sem ter noção disso) uma forma de ação que estimula a divisão, o ódio e o debate burro. Os valores universais não valem nada. Ficamos assim: os pobres não querem nem saber, enquanto os grupos organizados adotam sem saber a receita neoliberal. Quem está adorando essa história são aqueles cinco trilionários.

Política poderia ser tão apaixonante quanto o futebol (sem os espetáculos de selvageria, é claro). Importa pouco se um jovem irá votar pensando em segurança pública, saúde, educação ou uma revolução institucional. Importa muito é que ele tenha acervo e defesas e não seja enganado pelos que falam sobre segurança, saúde, educação ou revoluções.

Sim, somos uma terra fértil em embustes e equívocos, mas temos também coisas fantásticas para refletir.

Afinal, será que nos lembramos que já tivemos um presidente negro, filho de um padeiro? Foi abolicionista, mas escondeu suas origens? De qualquer forma, cem anos depois, como foi que chegamos aqui? Quem disse que o progresso é inevitável?

E que, há não muito tempo, na maior cidade do país a candidata mais inverossímil do mundo, uma nordestina atarracada, foi eleita prefeita? E que foi uma das poucas que saiu ilesa após tomar conta de um dos maiores orçamentos do país?

Alguém lembra de um debate na TV onde um candidato defendeu que exames de DNA poderiam definir humanos de raça branca e negra (raça? O que viria depois? Colocar em cada cidadão uma argolinha do Ibama?). O tal candidato foi interrompido por outro, que explicou para ele o que significava autodeclaração. 

Sim, o diabo – essa é outra de suas habilidades – está nos detalhes. No início é o verbo. Se segura depois...

E o que dizer de governantes que, assolados por escândalos ou crises, se julgam sucessores de Vargas? Em nossa orfandade de pais fundadores, pretendem reencarnar o salvador da pátria, o pai dos pobres, o pai dos povos, no pior exemplo que poderiam tomar emprestado. Prestam um enorme serviço à ignorância em nome de sua ambição pessoal: querem vestir a fantasia remendada de um carneiro que ocultava o lobo feroz e torturador do estado novo. Um dos grandes livros de quem viveu a época (Samuel Wainer – Minha Razão de Viver) confessou que levava propina para a mãe dos ricos. Infelizmente, o livro está fora de catálogo, enquanto a gente vai ressuscitando a cada quatro anos novos discípulos da infâmia.

Olhar o passado, confrontar nossas feridas e reconhecer nossos méritos: o local desse encontro é a escola pública e está nos livros.

Pois, quando não temos história, a mistificação assedia aqueles que infelizmente não possuem defesa intelectual. A escola pública e os livros são nossa única defesa, a última linha de defesa.

Não é sem esforço e renúncias que isso acontece. Mas é necessário. Heróis serão destronados e certezas serão abaladas. Melhor assim do que acreditar cegamente naqueles que sonegam o passado para vender o futuro.





Roosevelt Colini - escritor.


Como não deixar a turbulência eleitoral atrapalhar suas vendas


O Brasil vive mais um momento de tensão política. O período eleitoral, na maioria dos países, já é considerado uma época complicada. Mudanças de administração geram inseguranças, muitas vezes infundadas, mas por vezes justificáveis. No caso do Brasil, que já vem enfrentando instabilidades, o medo é compreensível e isso afeta ainda mais o país, em um ciclo vicioso de receios e inações de quem mais movimenta a econômica, o empresariado.

Justamente por isso, a despeito das eleições, é preciso que empresários de todo o país tenham planos para blindar suas empresas para o período de incerteza, e se foquem na continuidade dos negócios. A verdade é que problemas econômicos não são novidade, e o Brasil sempre os superou, e continuará superando. Parte disso se deve justamente aos empresários que quebram o ciclo de inação e de forma planejada e segura lidam com qualquer crise, e não simplesmente a temem.

A situação política tende a tomar destaque na mídia e na mente dos cidadãos, mas na maioria das vezes ela nem mesmo é a culpada por uma queda de vendas. Na maior parte das vezes as eleições não apresentam se quer uma ameaça, independente de qualquer vencedor. O problema é que é mais fácil culpar a tensão política, do que prestar atenção na própria empresa, estar bem planejado e pronto a se esforçar para consertar problemas sistêmicos de épocas muito anteriores ao ano eleitoral.

Um exemplo claro é que na época das “vacas gordas” as empresas tendem a não dar a devida importância à prospecção ativa de clientes. Nessa época onde as pessoas estão mais tranquilas, elas costumam vir às empresas, e isso gera uma falsa segurança de que não há necessidade de ativamente buscar novos clientes. É somente quando a situação aperta que as empresas voltam a buscar clientes, porém, o timming de iniciar relacionamentos já passou, e a prospecção se torna mais difícil.

Ao invés de aproveitar o bom tempo para ter contatos devidamente próximos e relacionados com a empresa, para enfrentar o tempo de dificuldade, os gestores costumam relaxar. Parte do problema é justamente essa falta de visão planejada a longo prazo, que precisa começar imediatamente a tomar conta dos empresários. Se pararmos para refletir, é justamente no momento em que as coisas vão bem que as empresas deveriam atuar mais fortemente na busca por clientes.

Dessa maneira, cria-se mais condições de se sustentar e um plano financeiro para segurar em épocas de baixa. Aquela famosa sensação de “nadar e não sair do lugar” pode surgir, enquanto se investe esse saldo de emergência na empresa, mas muitas vezes não sair do lugar é o necessário para não ir para trás ou afundar de vez, se mantendo até que novas oportunidades surjam.

Claro que esses são apenas dois pontos de atenção e ação para lidar com o período eleitoral, existem muitos outros movimentos possíveis, inclusive coisas que parecem intimidadoras, como investimento em capacitações novas, novos produtos, estudo, e até mesmo um auxílio na gestão empresarial. Essas ações podem ajudar a melhor direcionar a empresa para fazer mais com menos inclusive superar a crise de maneira mais competitiva. 






Denis Luna - empresário, treinador de empresários e sócio da ActionCOACH São Paulo.


TV é mais forte do que redes sociais para decidir voto, mostra pesquisa Ipsos

Canais diretos com os candidatos têm adesão de apenas 12% dos entrevistados


Na hora de se informar para escolher o novo presidente do país, os brasileiros preferem os meios tradicionais. Em pesquisa realizada pela Ipsos, 48% dos entrevistados consideram que os debates na TV trazem informações mais importantes do que os demais meios. Proporção parecida dos entrevistados (47%)  escolheu a propaganda eleitoral na TV como meio mais importante na hora de decidir em quem votar para presidente. A opinião de amigos e familiares ficou em terceiro lugar com 23% da preferência.

Grande aposta dos candidatos com pouco tempo de propaganda gratuita, os meios digitais apareceram depois da TV. Notícias de portais e comentários nas redes sociais tiveram a preferência de 14% dos entrevistados seguidos por propaganda eleitoral no rádio (9%), comentários nos aplicativos de mensagens instantâneas (5%) e vídeos no Youtube (4%). Os entrevistados puderam escolher até três opções.

“Apesar da riqueza de informações da internet, o principal canal de informação para a decisão de voto continua sendo a TV, tanto pela importância dos debates quanto pela propaganda eleitoral. Mas existe uma diferença na influência declarada dos meios entre os diversos recortes demográficos. Quanto maior a escolaridade, menor o peso da propaganda eleitoral na TV e maior o peso dos debates como influenciador. Para esse público, as notícias de portais de internet ganham mais força”, comenta Danilo Cersosimo, diretor de Opinião Pública na Ipsos.

Os canais diretos com os candidatos não são uma escolha da maioria dos eleitores. “A proporção dos que seguem algum candidato nas redes sociais é pequena (12%). Entre os que não seguiam na ocasião da pesquisa (82%), apenas 5% pretendiam passar a seguir algum candidato até as eleições, um indicativo de baixo engajamento, considerando a proximidade do pleito”, afirma Cersosimo.

Os debates e a propaganda eleitoral que são exibidos na TV são, declaradamente, os meios de maior influência com 52% e 36% das menções, respectivamente. São também os de maior audiência. “Isso aponta para uma relativização do poder da internet nas eleições, já que os muitos ainda associam as informações para a decisão de voto à televisão”, conclui o executivo.

A Ipsos entrevistou 1.200 pessoas em 72 cidades das cinco regiões do país de 1º a 11 de agosto. A margem de erro é de 3 pontos percentuais.






Ipsos
Ipsos Brasil - New, Fresh & Digital https://youtu.be/AWD_nwkXrpM
Ipsos Brasil – Diferenciais https://youtu.be/gSWOO5KunKI
Ipsos Brasil – Curiosidade https://youtu.be/eEm9dve420s



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