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terça-feira, 8 de maio de 2018

Vulcão cíclico


Fomos às ruas, no governo Dilma. O Brasil se quebrava, como ainda se estilhaça. A esquerda jamais vira a "massa" manifestar-se tão exuberantemente, por conta própria. Afinal, ela é a "guia universal dos povos". Titubeou, inicialmente; ou se amalgamaria a tão gigantescas e continentais manifestações, ou se tornaria poeira. Optou por começar suas próprias aparições nas ruas, bem identificadas suas cores rubras. O verde-amarelo não fora conduzido pela direita, de resto politicamente incapaz de fazê-lo. O povo plantou as raízes grossas e profundas do impeachment.

A espontaneidade desse movimento, contudo, foi soterrada pelos "grupos conscientes". Os políticos profissionais fizeram olhar de mercadores, sofreram e sublimaram-se, ignoraram as maiores expressões populares das ruas brasileiras. Afinal, tinham de tocar suas vidinhas, suas carreiras. Ao retornar a suas casas o povo brasileiro, o terreno ficou livre da esplêndida floresta que nascera: aos políticos de todo o gênero. A velha esquerda ocupou parte mínima da terra sobre a qual andara o povo, sobretudo num domingo mágico. Idem, a direita.

Desse modo, restaram três segmentos atuantes; a politicagem tradicional e ambos os grupos ideológicos. Os primeiros, sem dor, amor e cor; os segundos, com suas emoções descontroladas e desbussoladas para solucionar nossa crise com olhar contemporâneo, liberto dos velhos dogmas. E o povo, disseminada a possibilidade do Terror, não mais sai aos espaços públicos, acuado.

Daí estarmos a viver um momento ilusório, acampados sobre um vulcão. Envelhecidos, cansados. 

O homem - tanto o comum como o neurótico ou quase-neurótico que procura os extremismos - tem seu inconsciente, não raro, entranhado em áreas misteriosas, das profundezas do ser,  distanciado do limiar consciente. São, como disse Jung, áreas desconhecidas e ocultas. Tanto no plano pessoal como coletivo. Quando afloram à consciência, seus sentimentos são dissimulados, levam um chega para lá da suposta razão, do elemento apaziguador,  do a ver como ficarão as coisas. Essa mordaça pelo povo que silenciou imposta sobre sua própria expressão decorreu do ódio que tomou conta os grupos ditos ideológicos. É melhor não atritar com os filhos e com os amigos. Aquietemo-nos, ainda que o vulcão fique cada vez mais incandescente. Nele hibernam os mais ousados.

Um governo tampão - bambo - não produziu as reformas esperadas. Jamais teve condições políticas a tanto.

A  insegurança jurídica corroeu os grampos das âncoras e da confiança na funcionalidade institucional.

Assim, temos que manter nossas crenças diurnas, cotidianas, e deixar nossos sonhos cobertos pelos mantos noturnos.

Se as próximas eleições - democracia e governo não se limitam a urnas - nada resolver, abrir-se-ão as comportas e o povo deixará as grutas em que considerou conveniente homiziar-se. A "nova república" implodirá. Virá à tona uma força juvenil irreprimível. Em termos politicamente conhecidos, uma revolução; do inconsciente fundo e febril virá novo maio de 1968. Macron já o experimenta. Nossos jovens em rebelião terrível mostrarão quais são as forças vivas da nação. Arrastarão trabalhadores e intelectuais. O restante será de zumbis conservadores, corruptos e apáticos. Tudo aparentemente sólido desmanchará no ar. Não será refundada somente a república. Depois de cinquenta anos, diz-se que há um ante e  um após 1968. Teremos um após 2018. De cinquenta em cinquenta anos, a mudança de todos os valores será a larva dos vulcões do bem.

Vivamos um pouco mais. Não se vá, ante uma plantada revolução de novos jovens, raiz das árvores do século XXI.
                                                                




                              
Amadeu Garrido de Paula - Advogado, sócio do Escritório Garrido de Paula Advogados.

130 anos apenas de sonhos !


Maio de 2018 mês que começa pelos 130 anos da inacabada abolição da escravatura. O Brasil  foi a última nação do planeta a abolir essa mancha da história da humanidade que foi o tráfico e a escravização de seres humanos, amenizado ainda na atualidade com argumentos espúrios do tipo: em outros momentos da história da humanidade isso também aconteceu como no antigo Egito das passagens bíblicas, ou falácias do tipo que, aqui se praticava a escravização cordial embasado no clássico Casa Grande e Senzala, de Gilberto Freire.
Diálogos incompletos, pois esquecem de dizer que na história da humanidade nenhum sistema como o Capitalismo nasceu sob a judicies do tráfico e exploração da mão de obra humana e que as violências, apropriações por quase quatro séculos desestabilizaram todo um continente deixando um rastro de caos econômicos, sociais e educacionais não só na África mas para todos os afrodescendentes em todas as partes do planeta até os dias de hoje.
O Brasil, último país do mundo a abolir essa vergonha e também grande aliado da exploração intensa de mão de obra escrava, se tornou o local onde a desigualdade entre negros e brancos é mais gritante, em nenhum outro canto do mundo. Essa realidade foi e continua sendo tão cruel. Exemplos não faltam:  por aqui morrem mais jovens negros de forma violenta que em todas as guerras em curso no planeta, incluindo a Síria!
Aqui também um trabalhador negro ganha em média à metade que seu colega branco, onde mais de 54% da população é negra e não chega a 5% dos cargos estratégicos da economia, do poder público ou judiciário são comandado por negros o que se reflete diretamente em nosso IDH - Índice de Desenvolvimento Humano. Quando comparado o IDH - Negro o Brasil fica entre os países mais pobres do mundo se igualando a áreas extremamente subdesenvolvidas da África, quando comparado o IDH Branco ficamos entre as 50 nações mais ricas do mundo.
Atento a esses números e dispostos a não esperar pelo governo, um grupo de empresas, empresários e empreendedores reuniram-se em cima de uma ideia:  juntar experiências de empresas que já atuam na inserção e promoção de negros, mulheres e outros grupos historicamente excluídos em suas empresas e divulgar de forma digital como encarar o problema da discriminação racial e de gênero no mercado de trabalho lançando assim a plataforma digital “Brasil Diverso, todos pela inclusão”.
A ideia ganha forte apoio de gigantes do mercado como Itaú e Bayer do Brasil entre outros que têm como meta atacar o principal problema enfrentado pelos afro-brasileiros na atualidade. Com objetivo de crescer em números a presença dos afrodescendentes nos cargos de decisão da economia brasileira, mais um exemplo que o setor privado vem dar ao Brasil cada vez mais descrente dos desmandos e das mazelas, no qual o setor público tem se enveredado nas últimas décadas.
A iniciativa da plataforma Brasil Diverso será lançada no próximo dia 16 de maio, às 15h, no Museu de Imagem e Som, em São Paulo, ironicamente três dias após os afrodescendentes brasileiros lembrarem data que lhes foi tirado o trabalho de escravo e nada foi colocado no lugar. Agora, após 130 anos, nasce uma iniciativa vinda do mercado de trabalho no intuito de reparar parte daquilo que o Estado brasileiro se quer se ateve, inserir negros e negras na economia de mercado.
Que iniciativas como a plataforma Brasil Diverso possam ser replicadas e que daqui 130 anos o Brasil não precise apresentar ainda números tão injustos acerca das diferenças entre negros e brancos no mercado de trabalho, porta de entrada do desenvolvimento econômico, educacional e social brasileiro.


Maurício Pestana - Jornalista, Coordenador da Plataforma Brasil Diverso.

Esse laço colorido nas placas instaladas em alguns estabelecimentos, indica que a pessoa portadora do Transtorno do Espectro Autista TEA) tem prioridade naquele local.


De médico, marqueteiro e louco, todo mundo tem um pouco


Costuma-se dizer que todo mundo (acha que) entende de futebol no Brasil: somos mais de 200 milhões de técnicos da seleção brasileira dando pitacos na escalação o tempo todo. Mas isso não acontece só com o Tite. Nós, marqueteiros e marqueteiras, também enfrentamos um pouco disso, ainda mais em um País como o Brasil, onde o gosto pela propaganda é bastante evidente na população, e todo mundo comenta e opina sobre ações de marketing.

Recentemente, passei o feriado com minha família em um hotel que me atraiu por conta da excelente comunicação publicitária. Tudo estava engrenado: site bem feito com fotos maravilhosas, campanha atraente, ações de marketing digital e de remarketing. Tudo impecável. E, assim, fui convencida e atraída a comprar e consumir o produto. No entanto, se me perguntarem se voltarei ao hotel, a resposta será um enfático NÃO! A boa comunicação e posicionamento da marca conseguiram me atrair, mas isso não basta. Os diversos problemas de atendimento, instalação, má vontade e falta de preparação dos funcionários impedem de me tornar uma fiel consumidora.

Essa experiência me remeteu a um ponto importante do livro “Marketing e comunicação na era pós-digital”, de Walter Longo, que fala que a diferença entre a teoria e a prática na gestão de marketing é que, na teoria, tudo é lógico e centralizado, e na prática, o processo que envolve a preservação e cuidado com a imagem da marca acaba sendo executado por outros departamentos, e muitas vezes, sem o envolvimento do marketing. Apenas os esforços e competências na comunicação não garantem fidelidade de um comprador. Cada vez mais os profissionais de marketing precisam ter um perfil de general e controlar com mais precisão e assertividade as ações da empresa, afinal, “não tem coisa pior que propaganda boa para um produto ruim”.

É claro que a voz de toda torcida (empresa) precisa ser ouvida: muitas vezes, quem vê de fora consegue enxergar detalhes que passam despercebidos por quem está envolvido no trabalho. Mas, ser um profissional de marketing não é para todo mundo. Dedicação, esforço e estudo fazem parte do processo para se tornar um. É claro que todos podem influenciar positiva e negativamente a imagem de uma marca, mas cabe ao marqueteiro identificar a melhor forma de lidar com isso, criando estratégias e táticas que garantam o posicionamento desejado.

Não é fácil, né? Mas, se fosse fácil, qualquer um faria. Mãos à obra!





Gislayne Muraro - publicitária com especialização em planejamento e gestão de negócios e desenvolvimento gerencial. Diretora da Associação dos Dirigentes de Vendas e Marketing do Brasil - Seção Paraná (ADVB-PR), lidera há 7 anos a área de marketing do Grupo Massa onde ocupa o posto de diretora de marketing.


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