Trabalho interino
tornou-se opção estratégica para as empresas a partir do amadurecimento das
relações de trabalho e flexibilização das leis
O Brasil vive um momento que
retrata uma nova realidade para as relações de trabalho. Diante de um mercado
mais maduro, flexibilização das leis e alta demanda de profissionais
disponíveis, a contratação de profissionais temporários e terceiros (Interim
Management) tem se tornado cada vez mais frequente nas empresas. “Hoje as
companhias já estão promovendo contratações de profissionais interinos não
apenas com o olhar para redução de custos, mas sim com o intuito de ganho de
eficiência, produtividade e organização de estrutura versus resultado. Dentro
dessa estratégia, somos contratados para apoiá-los com recursos que serão utilizados
na gestão de projetos, que envolvem média e até alta gerência, ou seja, funções
estratégicas para o negócio. Em termos gerais, as companhias estão utilizando a
solução para operar as demandas pontuais de maneira eficiente sem impactar no
dia a dia de suas áreas”, afirma Ricardo Basaglia, diretor-executivo da Page
Interim, consultoria especializada em recrutamento, seleção e administração de
temporários e terceiros.
Em recente evento promovido
pela Page Interim com profissionais de RH e especialistas do mercado, foram
detectadas seis sugestões de utilização que podem auxiliar gestores a
conduzirem com mais eficiência, segurança e planejamento as contratações de
temporários e terceiros.
Confira a relação:
1– Foco na real
gestão de projetos
Um grande número de empresas multinacionais possui demandas de implementação de projetos provenientes de suas matrizes, que não podem ser impactados pelo momento de instabilidade econômica e indefinições políticas. “Quando as empresas não dispõem de equipes para tocar atividades específicas, a contratação de temporários é uma boa pedida. Em geral, isto ocorre em lançamentos de produtos, no start de um novo negócio, e na tradicional agenda de sazonalidade, especialmente para atividades que demandam um curto prazo de execução”, comenta Ricardo Basaglia.
2 – Atenção à
maior oferta de senioridade
O alto índice de desemprego,
entre outros fatores socioeconômicos, forçam profissionais de alta qualificação
e experiência a buscarem novas oportunidades. “Esse é o momento para encontrar
talentos em nível sênior dispostos a encarar o trabalho temporário ou terceiro,
e contribuir para os resultados da empresa. Porém, é fundamental transparência
na definição de tempo de contrato, remuneração e desafios inerentes ao cargo/projeto.
Afinal, o profissional sênior terá expectativas de reconhecimento e
aprendizado”, diz o diretor-executivo da Page Interim.
3 – Incentivo (e
olhar estratégico) para a autonomia
Em trabalhos interinos nem
sempre fica claro para o colaborador qual o nível de autonomia que ele terá em
seu dia a dia. “Ainda mais agora que as solicitações estão florescendo em
níveis de média e alta gerência, a ideia de autonomia é muito importante. Os
gestores precisam ser claros com os contratados sobre quais projetos/setores
eles deverão atuar. Nos casos de profissionais seniores, que por exemplo,
cobrem férias ou períodos sabáticos da liderança, a autonomia é um valor
essencial não apenas para regular expectativas, mas sobretudo para que a
atuação interina tenha sinergia com o status quo, e ao mesmo tempo, não se
decepcione, caso a exigência pontual seja diferente de experiências anteriores.
O correto entendimento sobre autonomia inerente (ou desejada) a cada função é
responsabilidade prioritária na gestão de projetos temporários e contratação de
terceiros”, ressalta o especialista da Page Interim.
4 – Cuidado com
o “passivo oculto”
As recentes alterações na
legislação trabalhista em relação a temporários e terceiros abrem um cenário de
novas possibilidades, mas também sujeito a riscos. “A terceirização não pode
ser vista unicamente como um meio de redução e custos baseado no preço. O
sucesso, na contratação de terceiros e temporários, passa por um processo de
planejamento adequado, com foco na especialização, qualidade e redução
estrutural de custos. Outro fator importante é a escolha de um parceiro que
seja efetivamente especialista na atividade contratada e com estrutura e saúde
financeira. Por fim, é essencial a realização de um processo estruturado de
gestão operacional e gestão de risco da terceirização. Afinal, é imprescindível
a adoção de medidas preventivas visando prevenir a ocorrência de eventual
passivo oculto, originário de reclamatórias trabalhistas”, afirma Adriano
Dutra, advogado especialista em gestão de risco e da terceirização.
5 – Gestão de
risco: identifique os pontos críticos do negócio
Muitos gestores se perguntam
qual é o primeiro passo para implantar a correta gestão de riscos em contratos
temporários e trabalhos interinos. A resposta parte de uma rotina de cuidados.
“Passo um: pedir rotineiramente os documentos da empresa terceirizada que
ofertou os profissionais. Passo dois: efetivamente, avaliar os documentos da
empresa terceirizada (de novo, que deve ser encarada como parceira). E o passo
três, monitorar o cumprimento das obrigações trabalhistas e previdenciárias e a
correção de eventual passivo potencial pois a regra de ouro é identificar e
corrigir o problema durante o contrato, e não depois”, finaliza o advogado.
6 – Licença
maternidade, férias, período sabático e afastamentos: o interino como ponto de
equilíbrio e reforço positivo durante a ausência dos líderes
As preocupações durante uma
eventual ausência da rotina profissional são recorrentes. Seja esta ausência
por um motivo de férias, afastamento ou licença-maternidade. Este foi o caso de
Fernanda Pinchetti, diretora de RH da Ingenico, quando teve de se afastar por
seis meses do seu cargo de diretora de RH de uma empresa multinacional do ramo
farmacêutico. “Driblando a preocupação de meus gestores e também a minha
preocupação e da minha equipe com relação ao andamento das tarefas, projetos e
rotinas da área, a estratégia encontrada foi selecionar um profissional que me
substituísse durante o período, com a preocupação de expor as expectativas
alinhadas entre a empresa e o candidato: o que deveria ser entregue, o que
seria deixado de stand by no meu retorno e o que a empresa necessitava naquele
momento, e, principalmente, entender se a expectativa da empresa estava
alinhada com o que o interino pensava sobre a proposta. Para o profissional que
me substituiu, a experiência colaborou com sua evolução de carreira, ou seja, é
uma solução interessante para todos: empresa, profissional interino e para a
pessoa substituída, que tem a tranquilidade de saber que irá encontrar a casa
em ordem”, afirma Fernanda.