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segunda-feira, 12 de setembro de 2016

Queda em idosos: causas, riscos e prevenção



Incidências indicam que um em cada três idosos irá
sofrer ao menos uma queda ao ano

A população idosa vem crescendo significantemente no mundo inteiro. O envelhecimento da população se deve ao grande avanço da medicina, incluindo fatores relevantes que levaram a terceira idade ter uma qualidade de vida mais saudável, mas que inspira cuidados.

De acordo com dados do IBGE, a população idosa no Brasil é atualmente de 22,9 milhões (11,34% da população) e a estimativa é de que nos próximos 20 anos esse número mais que triplique. Porém os médicos alertam que esse envelhecimento vem acompanhado de um aumento de doenças crônico-degenerativas e de eventos incapacitantes, incluindo as quedas e suas consequências.

“As quedas são problemas comuns e frequentemente devastadores para os idosos”, explica o Ortopedista e Traumatologista do HCFMUSP, Gustavo Borgo. Segundo o especialista, a queda entre os idosos estão entre os problemas mais sérios no mundo e um tema estudado por muitos especialistas. “A queda e suas consequências nesta população é causa de um alto índice de mortalidade”, completa.

Geralmente o risco de cair aumenta significamente com o avançar da idade, principalmente para idosos que vivem institucionalizados, tornando-se um problema grave de saúde pública. Por este motivo, precisamos melhorar a nossa atenção e cuidado com essa população.

Riscos Presumíveis

Para o Dr. Gustavo Borgo as ameaças estão associadas a fragilidade dos idosos e potencializadas pelo ambiente, tais como: pisos escorregadios e molhados, ausência de corrimão, assentos sanitários baixos, mesas e cadeiras instáveis, calçados inapropriados, escadarias inseguras, calçadas em má conservação, degraus de ônibus altos, iluminação inadequada, tapetes e carpetes, prateleiras altas ou objetos no caminho do deslocamento.

Um estudo disponível no portal do Governo do Estado de São Paulo relata que, no Brasil, cerca de 29% dos idosos caem ao menos uma vez ao ano e 13% caem de forma recorrente, sendo que somente 52% dos dois idosos não relataram evento de quedas.

O Dr. Gustavo explica que muitas doenças estão relacionadas ao envelhecimento da população: envelhecimento do aparelho locomotor, osteoporose, artrose e o envelhecimento muscular. Dados do PNAD (Pesquisa Nacional por Amostras de Domicílios) apontam que um em cada três idosos irá sofrer ao menos uma queda por ano, sendo que muitos deles sofrerão fraturas graves como a do quadril, seguidos de ombro, punho, joelho e tornozelos. “A média de dias de internação por fraturas do quadril osteoporóticas é de 9 a 21 dias (quase 3 deles na UTI) e a mortalidade no primeiro ano chega a 23% entre as mulheres, e a mais de 60% entre os homens (em pacientes com mais de 80 anos)”, alerta o especialista.

Mas por que o idoso cai?

O Dr. Gustavo explica que os fatores de risco para queda podem ser divididos entre os intrínsecos e extrínsecos. Os fatores de risco intrínsecos são aqueles relacionados ao indivíduo, que aumentam sua fragilidade e limitações motoras. São elas:

•             Idade avançada (acima 80 anos)

•             Sexo feminino

•             Baixa aptidão física

•             Fraqueza muscular de membros inferiores e superiores (medida pela força do aperto de mãos)

•             Equilíbrio diminuído

•             Marcha lenta com passos curtos

•             Dano intelectual

•             Doença de Parkinson

•             Imobilidade

•             Ter tido episódios anteriores de quedas

•             Uso de sedativos, ansiolíticos e hipnóticos

•             Uso de muitos medicamentos (polifarmácia)

•             Infecção urinária

 

Fatores de risco extrínsecos - aqueles relacionados ao ambiente

•             Tapetes e carpetes

•             Móveis que impedem a livre circulação

•             Uso de calçados, sandálias e chinelos inadequados

•             Pisos encerados ou lisos

•             Falhas em corrimões

•             Falta de locais para apoio de membros superiores

 

Como prevenir as temidas quedas?
Segundo o médico, a queda ocorre principalmente em ambiente doméstico e pode ser prevenida com simples medidas, facilitando a execução de atividades diárias domésticas. As principais medidas são:

•          Iluminação de ambientes: usar lâmpadas noturnas de baixa voltagem nos banheiros

•             Materiais antiderrapantes e barras de apoio nos banheiros (banheiras, boxes, ao lado dos vasos sanitários etc.)

•             Tapetes: retirar ou fixar no piso

•             Evite deixar rugas ou dobras em tapetes ou carpete

•             Não encerar pisos descobertos

•             Manter o piso livre de obstáculos como sapatos, brinquedos ou mesmo animais domésticos

•             Assegurar que maçanetas, corrimões e passadeiras estejam firmes

•             Controle da temperatura do ambiente (o clima pode causar tonturas nos idosos, seja muito fria ou quente)

•             Corrimões em passagens e corredores

•             Os idosos devem realizar treinamentos de força e equilíbrio

•             Antes de levantar, o idoso deve sentar-se a beirada da cama por alguns minutos

•             Usar sapatos de sola fina e emborrachado e preso aos pés

•             Acompanhamento com geriatra para adequação das medicações em uso.

 


Dr. Gustavo Borgo - Médico formado pela Universidade de São Paulo e especialista em Ortopedia e Traumatologia pelo o Instituto de Ortopedia e Traumatologia HCFMUSP. Construiu sua carreira passando por diversos hospitais exercendo a medicina de emergência. Com especialização em Cirurgia de Ombro e Cotovelo já atuou colaborando na formação dos residentes em Ortopedia no IOT. Integra a equipe médica do Hospital Samaritano de São Paulo e do Hospital Israelita Albert Einstein. Fundou este ano o Grupo de Ombro e Cotovelo do Hospital Geral de Itapecerica da Serra (Grande SP), onde desenvolve pesquisa científica, ensino da especialidade aos médicos residentes de ortopedia, atendimentos especializados e realização de procedimentos cirúrgicos de variadas complexidades, trazendo inúmeros benefícios aos usuários do SUS.


Bebês amamentados com leite materno podem ter telômeros mais longos, o que significa uma longevidade maior



Crianças que foram amamentadas exclusivamente no seio por 4-6 semanas tinham telômeros que eram cerca de 5% maiores do que as crianças que não foram amamentadas exclusivamente


Bebês amamentados com leite materno têm sistemas imunológicos mais saudáveis, maior pontuação em testes de Q.I e são menos propensos à obesidade do que  bebês que não são alimentados com leite materno. Agora, uma nova pesquisa revela outra possível diferença dos bebês amamentados com leite materno: eles podem ter telômeros mais longos.

“Os telômeros são trechos de DNA que revestem as extremidades dos cromossomos e protegem os genes de danos. Eles são muitas vezes comparados às pontas de plástico no final dos cadarços dos sapatos que impedem os laços de se desfazerem. Os telômeros encurtam com a idade, e, em geral, telômeros mais curtos, na idade adulta, estão associados com doenças crônicas como diabetes. Alguns estudos têm relacionado telômeros mais longos com a longevidade. O novo estudo, publicado no The American Journal of Clinical Nutrition, é esperançoso, pois seus autores sugerem que o comprimento dos telômeros, no início da vida, pode ser maleável”, afirma o pediatra Moises Chencinski, presidente do Departamento Científico de Aleitamento Materno da Sociedade de Pediatria de São Paulo

Para chegar a essas conclusões, os pesquisadores acompanharam um grupo de crianças desde o nascimento, mediram os telômeros de crianças de 4-5 anos e descobriram que as que consumiram somente leite materno, durante as primeiras quatro, seis semanas de vida tinham telômeros significativamente mais longos do que aquelas que receberam fórmulas, sucos, chás ou água com açúcar. Beber suco de frutas, todos os dias, durante os dois primeiros anos, e muito refrigerante, aos 4 anos, também foi associado a telômeros curtos.

As diferenças socioeconômicas entre as mães podem modificar as descobertas sobre a amamentação porque a prática é mais comum entre as mais instruídas. No entanto, este grupo de crianças da pesquisa foi bastante homogêneo. Todas nasceram em San Francisco e eram filhos de mães latinas de baixa renda. A maioria das quais se qualificou para um programa alimentar do governo.

“O novo estudo adiciona evidências às pesquisas que indicam que quando nós – sociedade – tornamos a amamentação mais fácil para as mães, tornamos mães e bebês mais saudáveis. Quanto mais aprendemos sobre o aleitamento materno, mais impressionante se mostram seus benefícios para a saúde”, destaca o pediatra.

O estudo não estabeleceu se a amamentação reforçada aumenta o comprimento dos telômeros. Pode ser que os bebês que nasçam com telômeros mais longos sejam mais propensos a ter sucesso na amamentação. Uma grande desvantagem da pesquisa foi que o comprimento dos telômeros só foi medido uma vez, quando as crianças tinham 4 ou 5 anos de idade. Não havia dados sobre o comprimento dos telômeros no nascimento ou durante os primeiros meses de vida.

Não há uma linha de base para saber se essas crianças eram diferentes quando elas nasceram. Pode ser que realmente bebês saudáveis se alimentem melhor e que já tenham telômeros mais longos. De qualquer forma, a amamentação bem sucedida é sinal de uma criança mais robusta.

Entenda o estudo

Os pesquisadores acompanharam crianças que faziam parte do Hispanic Eating and Nutrition Study, um grupo de 201 bebês nascidos, em San Francisco, de mães latinas recrutadas em, 2006 e 2007, enquanto ainda estavam grávidas. O objetivo da pesquisa era ver como as experiências iniciais de vida, tais como hábitos alimentares e de crescimento influenciariam o desenvolvimento de doenças cardíacas e metabólicas quando as crianças crescessem.

Os investigadores mediram o peso e a altura dos bebês quando nasceram. Na quarta e na sexta semana de vida, eles reuniram informações detalhadas sobre práticas de alimentação, incluindo se o bebê se alimentava de leite materno e por quanto tempo, e se outros substitutos do leite foram usados, como fórmulas, bebidas adoçadas com açúcar, sucos, leites aromatizados e água. As mesmas informações foram recolhidas sobre as mães.

As crianças foram consideradas como exclusivamente amamentadas com leite materno com 4-6 semanas de idade, se tivessem recebido apenas leite materno, remédio ou vitaminas. Quando as crianças tinham entre 4-5 anos de idade, os pesquisadores recolheram amostras de sangue que poderiam ser usadas ​​para medir os telômeros de 121 crianças. Eles descobriram que as crianças que foram amamentadas exclusivamente no seio por 4-6 semanas tinham telômeros que eram cerca de 5% maiores do que as crianças que não foram amamentadas exclusivamente.

Segundo Chencinski, as novas descobertas podem ajudar a explicar os benefícios que se obtêm a partir de amamentar. “O que é notável sobre a amamentação é a sua capacidade de melhorar a saúde através de sistemas e órgãos. A biologia dos telômeros é tão central para os processos de envelhecimento, para a saúde humana e para as doenças, e pode ser o elo dos impactos da amamentação para a saúde humana em muitos níveis”, diz o médico.

Há várias explicações possíveis para a relação entre a amamentação e os telômeros mais longos. O leite materno contém compostos anti-inflamatórios, que podem conferir um efeito protetor sobre os telômeros. Também é possível que os pais que amamentem exclusivamente seus bebês sejam mais rigorosos também acerca de uma dieta saudável.

Outra possibilidade é que a amamentação seja um fator de qualidade do apego mãe-filho, que não estava envolvido nos determinantes da investigação. Quando as crianças estão expostas à adversidade, à negligência ou à violência em uma idade precoce, o estresse psicológico cria um ambiente bioquímico de hormônios elevados de radicais livres, inflamação e estresse que pode ser prejudicial aos telômeros.

“A ideia de que a amamentação pode ser protetora para os telômeros é animadora. E embora os genes não possam ser mudados porque fazem parte do nosso genoma, ao que parece, pelo menos parcialmente esse processo está sob o nosso controle pessoal”, afirma o médico.



Moises Chencinski


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