Especialista em Saúde Bucal e Estomatologia, Dr. Sérgio
Kignel, explica que os órgãos estimulados na mastigação são os mesmos
utilizados no ato da comunicação
Cirurgião-dentista também dá dicas dos alimentos
ideais para cada fase do processo de mastigação
O
primeiro alimento da vida de um bebê é o leite, mas logo nascem os dentinhos,
juntamente com o desejo de comer tudo o que veem pela frente. Aí se inicia o
processo de fortalecimento da mastigação, na qual os pais são extremamente
importantes para educar a criança neste período. Mais do que aprender a
mastigar novos alimentos, o fortalecimento da mastigação está diretamente
ligado à fala do bebê.
Segundo o especialista em
Saúde Bucal e Estomatologia Sérgio
Kignel, os órgãos estimulados na mastigação são os mesmos utilizados no ato da
fala e, desta maneira, se exercitados de forma e por tempo adequados, estarão
prontos para a nova função. “Tudo isso exige um trabalho muscular preparatório
ao desenvolvimento da fala. Essa evolução contínua tanto estrutural quanto
funcional permite a vocalização dos primeiros sons inicialmente sem qualquer
significado, mas com o passar do tempo agregam um valor significativo, e o bebê
inicia o processo de balbucio e vocalização como forma de comunicação”, explica
Kignel.
O fortalecimento da mastigação
infantil se torna, portanto, um importante processo para a vida da criança.
Neste período, os pais podem ajudar seus filhos, oferecendo os alimentos
corretos para cada etapa, mas sempre com muita paciência. “Os primeiros
alimentos a ser introduzidos devem ser pastosos e, progressivamente, os
familiares poderão acrescentar osmais consistentes até chegar aos sólidos.
O ideal é preparar esses alimentos na peneira, com o garfo e
espremedor, para que não fiquem totalmente líquidos, evitando o uso do
liquidificador”, recomenda o especialista.
Kignel esclarece ainda
que, após os seis meses, os alimentos sólidos (mas nunca duros) ajudam a
massagear a gengiva da criança e fortalecer a musculatura orofacial. Ou
seja, não é preciso esperar o nascimento dos dentes para oferecê-los. Embora se
deva respeitar o ritmo da criança, o ideal é que com um ano ela consiga alimentar-se
como seus familiares, consumindo os alimentos em pequenos pedaços, separados no
prato.
“Pode-se começar reduzindo um pouco
da quantidade do purê e ir complementando com algum alimento que tenha sido
preparado para os adultos e que sejam fáceis de comer: refogados com batatas,
peixe, omelete ou banana. Deve-se evitar alimentos que possam causar asfixia pela
sua dureza ou porque se esmigalham facilmente”, indica. Outros alimentos que
devem ser evitados neste processo são os doces, embutidos e industrializados.
“A ingestão destes alimentos pode deixar as crianças pequenas irritadas e
dispersivas, além de provocar maior concentração de insulina no sangue. Balas e
pirulitos (e outros doces com açúcar), também aumentam a quantidade de
adrenalina”, alerta o dentista.
Sérgio Kignel ressalta também a
importância da higiene bucal do bebê neste processo. O especialista indica a
limpeza suave das gengivas, bochechas e língua da criança duas vezes
ao dia, procurando remover os restos de leite ou alimentos acumulados. A dica é
utilizar para a limpeza uma gaze ou a ponta de uma fralda
envolta no dedo indicador e embebida em água filtrada e fervida. Pode-se também
usar as dedeiras, que são dispositivos especiais de borracha ou silicone
com pequenas elevações imitando as cerdas de uma escova de dente.
Dr. Sérgio Kignel - especialista
em Estomatologia, professor titular de Semiologia da UNIARARAS e Mestre e
Doutor em diagnóstico bucal pela FOUSP-SP, sendo considerado uma das mais
respeitadas referências em diagnóstico oral no Brasil. À frente da tradicional Clínica
Kignel, em São Paulo, o Dr. Sérgio é uma autoridade em neoplastias bucais,
congressista nacional e internacional e autor de livros como “Diagnóstico
Bucal” e “Estomatologia, base do diagnóstico para o clinico geral”,
única obra de Odontologia a receber o 1º lugar do concurso Jabuti, em ciências
da saúde.