Distúrbio atinge cerca de 20 milhões de pessoas no
País. Além do inconveniente de perder urina a qualquer momento, provoca o isolamento
social e depressão. Segundo dados da Sociedade Brasileira de Urologia de São
Paulo, o problema atinge 35% das mulheres com mais de 40 anos, após a
menopausa, e 40% das gestantes. Atinge também de 5 a 10% dos homens submetidos
à cirurgia para remoção da próstata
A
incontinência urinária é definida como qualquer perda de urina. Um dos piores impactos
causados é, sem dúvida, o dano emocional. A primeira reação daqueles que
convivem com esse problema é se isolar das pessoas e acreditar que não tem
saída ou solução. Para alertar a
população sobre o problema, a SBUS-SP – Sociedade Brasileira de Urologia de São
Paulo, chama atenção para o Dia da Incontinência Urinária, lembrado em 14 de
março, a importância de se discutir o assunto, falar dos sintomas,
tratamentos, prevenção e impactos na vida social.
Quem
sofre desse mal, muitas vezes, não pode ficar muito longe de um banheiro, e
chega a ir mais de oito vezes por dia, atrapalhando muito a rotina diária, bem
como o sono. De acordo com estudo feito pela LUTS Brasil, 50% dos brasileiros,
com sintomas urinários, consideram-se insatisfeitos em relação à sua condição
e, 70% a 75% deles, não procuram o urologista.
O problema chega a ser comparado a um “câncer
social”, segundo o Dr. Flavio Trigo, presidente da Sociedade Brasileira de
Urologia de SP, também coordenador do Centro de Incontinência Urinária do
Hospital Sírio-Libanês, pois, além de atrapalhar muito as tarefas cotidianas e
a qualidade de vida, causa distanciamento social e quadros de depressão.
“Embora a Incontinência Urinária possa ocorrer em todas as faixas etárias, o
número de casos aumenta com o decorrer da idade, e é mais frequente no sexo
feminino”, diz o urologista.
Existem basicamente dois tipos de incontinência:
aquela relacionada a esforços, em que o paciente perde urina sempre que tosse,
espirra, faz exercícios físicos etc, e quando relacionada à bexiga hiperativa.
Neste último caso, a perda está relacionada a urgência, ou seja, o desejo
súbito e intenso de urinar. Alem disso, quem sofre desse mal, muitas vezes, não
pode ficar muito longe de um banheiro, e chega a ir mais de oito vezes por dia,
atrapalhando muito a rotina diária, bem como o sono.
O médico explica que é provocada pelo desgaste e
perda do tônus muscular na região pélvica, no caso da incontinência de esforço
ou por uma hiperatividade da bexiga quando a incontinência urinária de urgência
está associada à bexiga hiperativa. “É um problema de saúde pública no mundo
todo. Além de provocar uma mudança radical na rotina desses pacientes, leva ao
distanciamento, isolamento e exclusão social, e isso é muito negativo.”,
explica Trigo.
O diagnóstico tem início com a investigação
clínica do paciente identificando-se os sintomas. Exames complementares como a
urodinâmica servem para se chegar a um diagnóstico definitivo.
Tratamento
Inicialmente, quando está numa fase inicial dos
vários tipos, o tratamento pode ser feito com a mudança do estilo de vida e
fisioterapia no assoalho pélvico. Nos casos de bexiga hiperativa, pode-se
utilizar medicamentos. Nas perdas associadas a esforços, em que não houver
recuperação, ou naqueles pacientes que não desejem fazer fisioterapia,
recomenda-se cirurgia. Este tratamento pode ser realizado com o implante de slings,
que é uma pequena tela que funciona como um suporte que sustenta a uretra em
mulheres. Em homens, com incontinência de esforço leve, pode-se tentar o sling
e, em casos mais intensos, esfíncter artificial, que é uma válvula sintética
que substitui o esfíncter original lesado na cirurgia.
Em casos de bexiga hiperativa, o tratamento é
feito com medicamentos, fisioterapia e, em caso de falha (bexiga hiperativa
refratária) com o uso de toxina botulínica ou implante de um marca-passo da
bexiga, chamado de neuromodulação sacral. Neste caso, um dispositivo produz
estimulação elétrica contínua da raiz nervosa responsável pelo controle da
bexiga, inibindo sua contração.
Desde 2014, estes novos tratamentos para a
incontinência urinária: implante do esfíncter urinário artificial em homens,
toxina botulínica e neuromodulação foram incluídos no rol de procedimentos da
Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) e devem ser cobertos pelos planos
de saúde
Incontinência urinária em números:
Ø No
Brasil, estima-se que o distúrbio atinja 20 milhões de pessoas entre adultos e
crianças.
Ø Uma,
em cada duas mulheres apresenta algum tipo de incontinência urinária, sendo ¼
das mulheres acometidas;
Ø O
problema atinge 35% das mulheres com mais de 40 anos, após a menopausa, e 40%
das gestantes;
Ø Atinge também de 5 a 10% dos
homens submetidos à cirurgia para remoção da próstata;
Sociedade Brasileira de Urologia (SBU)
Fontes: Estudo LUTS Brasil sobre prevalência e dados da Sociedade
Brasileira de Urologia