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terça-feira, 23 de maio de 2017

Enxaqueca cresce entre brasileiros e especialista alerta para riscos da automedicação



 De acordo com a pesquisa da Academia Brasileira de Neurologia, das 2.318 pessoas entrevistadas, mais de 80% delas sofrem com crises e dispensam o acompanhamento médico; conheça os sintomas


Divulgada recentemente, a pesquisa realizada pela Academia Brasileira de Neurologia (ABN) aponta que a enxaqueca está cada vez mais presente no dia a dia dos brasileiros. De acordo com o levantamento, entre as 2.318 pessoas que foram entrevistadas, mais de 80% afirmam sofrer com crises constantes de dores de cabeça e que, na tentativa de aliviá-las, ingerem remédios por conta própria, sem prescrição médica.

A enxaqueca é apenas um dos diversos tipos de dores de cabeça e, segundo a medicina, não há uma causa única para a dor, mas sim diversos fatores que podem desencadear uma crise, desde hábitos alimentares até exposição ao sol, por exemplo. As mulheres são as principais vítimas da doença, principalmente na sua fase reprodutiva – neste público em particular, as causas podem estar relacionadas às mudanças hormonais, período menstrual, uso de anticoncepcional e gravidez.

Para a coordenadora de vendas, Rosália Meirelles, a enxaqueca é uma antiga companheira. Desde criança sofre com fortes dores e sempre teve sua rotina afetada pela doença, tendo que deixar de fazer atividades comuns do dia a dia. “Ultimamente, ando tendo crises fortes, que me fazem recusar convites de última hora, faltar no trabalho, sair mais cedo do escritório e voltar pra casa de táxi por não conseguir dirigir, pois me falta atenção visual e auditiva, nessas condições”, declara.

Diogo Aboud, médico neurocirurgião do Hapvida Saúde, explica que é importante identificar se as dores correspondem realmente a uma enxaqueca. Além disso, reforça a importância de um acompanhamento médico para o tratamento eficiente da doença.

“Existem vários tipos de dores de cabeça e a enxaqueca é apenas um deles. Ela é caracterizada por uma dor que lateja de um lado do crânio, na frente ou atrás. Geralmente pode alternar. Nestes casos, existe a aura, que é um aviso de que a enxaqueca está chegando. Ela pode ser uma alteração visual, quando o paciente enxerga alguns ‘chuviscos’, dormência ou fraqueza. É importante o acompanhamento médico, pois assim o médico poderá receitar um medicamento adequado para conter a crise logo quando surgirem os primeiros sintomas”, ressalta Aboud.

O especialista alerta que a automedicação pode desencadear problemas sérios de saúde e, ainda, outros tipos mais graves de dores de cabeça que são mais difíceis de tratar. “Toda medicação em longo prazo pode trazer problemas. Se feita de modo incorreto, sem prescrição médica, é ainda pior. A automedicação com analgésicos pode causar alterações do estômago e do rim e, também, outro tipo de dor de cabeça causada por intoxicação de analgésico, dificultando, desta forma, a eficácia de outros medicamentos para o tratamento dessa segunda doença gerada”, explica.  

Para a dor de cabeça constante, existem tratamentos com o uso prolongado de remédios, como a medicação profilática, indicada para quem sente dores mais que três vezes no mês.  Terapias alternativas, como acupuntura e o uso de toxina botulínica, também são alternativas quando os medicamentos tradicionais indicados já não funcionam. “Mas todo e qualquer tratamento sempre deve ser indicado e acompanhamento por um especialista”, enfatiza Aboud.

Conheça mais sintomas da enxaqueca
  • Crise de cefaleia durando de 4 a 72 horas, unilateral e pulsátil
  • Náusea
  • Vômitos
  • Bocejos
  • Irritabilidade
  • Sensibilidade à luz
  • Sensibilidade ao som
  • Sensibilidade ao movimento do corpo ou do ambiente
  • Tontura
  • Fadiga
  • Mudanças de apetite
  • Problemas de concentração, dificuldade para encontrar as palavras






Brasil é primeiro país a criar metas para a Década da Nutrição



Ministro da Saúde declarou compromisso formal com três metas, durante Assembleia Mundial da Saúde, em Genebra. No evento, OMS destacou o protagonismo brasileiro nesta ação 


O Brasil tornou-se, nesta segunda-feira (22), o primeiro país a se comprometer formalmente com metas específicas para a Década de Ação em Nutrição da Organização das Nações Unidas (ONU). Durante a Assembleia Mundial da Saúde, realizada pela Organização Mundial da Saúde (OMS), em Genebra (Suíça), o ministro da Saúde, Ricardo Barros, declarou o compromisso brasileiro com três metas de nutrição para 2019, bem como apresentou ações concretas a serem implementadas para atingir os objetivos estabelecidos.

“Com o propósito de fortalecer a Década de Ação das Nações Unidas para a Nutrição, o Brasil foi o primeiro país a formalizar junto à OMS compromissos SMART, que assumimos nessa matéria, e que são: deter o crescimento da obesidade na população adulta até 2019, reduzir o consumo regular de refrigerantes e suco artificial em, pelo menos, 30% da população adulta, e ampliar o percentual de adultos que consomem frutas e hortaliças regularmente em, no mínimo, 17%”, declarou o ministro.

Os compromissos assumidos pelo Brasil foram recebidos por Oleg Chestnov, Assistente Diretor-Geral para Doenças não transmissíveis da OMS, e por Carissa Etienne, Diretora da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), braço da OMS nas Américas. “A parte mais importante da Década da Nutrição é ação, e o Brasil é o primeiro a fazer compromissos SMART [específicos, mensuráveis, atingíveis, relevantes e com prazo]. Esperamos que vários outros sigam o exemplo”, declarou Chestnov.

A diretora da OPAS, por sua vez, destacou que doenças não transmissíveis são a maior causa de mortes prematuras nas Américas. “Eu espero que outros países da região sigam o Brasil e deem passos para implementar esses tipos de ações. Estou orgulhosa de que a região das Américas esteja tomando a liderança na Década de Ação em Nutrição, e OPAS e OMS estão prontos para ajudar a implementar esses compromissos”, declarou Etienne.

As metas assumidas têm relação com obesidade e hábitos alimentares dos brasileiros. A primeira delas é deter o crescimento da obesidade na população adulta por meio de políticas de saúde e segurança alimentar e nutricional. O segundo compromisso é reduzir o consumo regular de refrigerante e suco artificial em pelo menos 30% na população adulta. Por fim, o Brasil se comprometeu a ampliar o percentual de adultos que consomem frutas e hortaliças regularmente em no mínimo 17,8%.

Para atingir essas metas, o país tomará diversas medidas, apresentadas por Ricardo Barros durante seu discurso na assembleia e elogiadas pela OMS. Essas ações incluem medidas fiscais (reduções de impostos e criação de subsídios) que reduzam o preço de alimentos frescos, crédito para a agricultura familiar e concessão de benefícios a pessoas de baixa renda para que possam comprar alimentos frescos.

O governo brasileiro também se comprometeu a oferecer refeições mais saudáveis e educação nutricional a crianças nas escolas públicas, bem como a aumentar a compra de produtos da agricultura familiar por parte do poder público. Novos materiais educativos sobre alimentação saudável serão desenvolvidos e distribuídos à população, professores e trabalhadores.

Outra medida importante a ser tomada é a redução da quantidade de sal e açúcar em alimentos processados, bem como a revisão da política de regulação de embalagens, de modo que as quantidades de açúcar sejam apresentadas em destaque na área frontal. Também será regulada a promoção de alimentos e bebidas voltados para crianças, além de restringidas a venda e a propaganda de produtos processados em ambientes de saúde e de educação, assim como em repartições públicas.

Por fim, serão tomadas medidas no sentido de promover a amamentação por meio das unidades básicas de saúde, aumentar o número de unidades para prática de atividades físicas e melhorar o acesso ao cuidado de pessoas com sobrepeso ou obesidade. A Década da Nutrição, proclamada pela Assembleia Geral da ONU em abril de 2016, é uma estrutura para a criação de compromissos, acompanhamento de progressos e reforço da prestação de contas mútua em conformidade com a linha global de metas de nutrição.


ASSEMBLEIA – O evento, que segue até 31 de maio, abordará diversos temas, como sistemas de saúde, obesidade, emergências em saúde, doenças transmissíveis, entre outros. O encontro reúne os 194 países membros da OMS com o objetivo de debater temas emergentes da saúde mundial. Paralelamente às reuniões da Assembleia, o ministro Ricardo Barros cumprirá também dez agendas bilaterais com países como Portugal, Irã, Haiti, Congo, Estados Unidos e Canadá. Os encontros abordarão diversos assuntos e poderão contar com assinatura de documentos de cooperação.

Nessa edição da Assembleia Mundial da Saúde, haverá a eleição do novo diretor do Conselho Executivo da OMS. Em janeiro, a organização selecionou três candidatos para concorrer ao cargo. Estão na disputa o assessor especial do Primeiro-Ministro da Etiópia, Tedros Adhanom, a ex-ministra de Saúde do Paquistão, Sania Nishta, e o assessor especial do Secretário-geral das Nações Unidas, o britânico David Nabarro.




Priscila Silva
Agência Saúde



Dia internacional de luta pela saúde da mulher e Dia Mundial de combate a mortalidade materna



Uma triste estatística: cerca de 280 mil mulheres morrem, todos os anos, em decorrência de complicações no parto no mundo, segundo a Organização Mundial da saúde. Estes dados estão bem longe da meta estipulada pela ONU e fazem parte dos objetivos do desenvolvimento do milênio. No Brasil, em 2015, foram 62 casos por 100 mil nascidos vivos, dados que ainda estão longe do ideal. Ainda assim, o Brasil conseguiu avanços significativos e reduziu em 43% as mortes maternas entre 1990 e 2013. Mas ainda estamos longe. A meta brasileira para diminuir esse triste índice é chegar em 2030 a 20 mortes a cada 100 mil nascidos vivos. A mortalidade materna pode ocorrer entre o ciclo gravídico puerperal e até 8 semanas após o parto. As principais causas dos óbitos são a eclâmpsia (ocorrência grave decorrente de pressão alta durante a gestação), hemorragia pós-parto, infecções puerperais ,doenças do aparelho circulatório complicados pela gravidez e aborto clandestino. As condições sociais e econômicas da população estão intimamente relacionadas a estes desfechos trágicos.

Segundo a Dra. Marisa Patriarca, médica ginecologista e obstetra, com mais de 30 anos de carreira e professora de pós-graduação da UNIFESP, essa triste realidade decorre da atual realidade do sistema de saúde. Embora o acesso às consultas de pré-natal tenha melhorado– devem ser no mínimo seis – a qualidade do atendimento público piorou nos últimos anos.

O óbito materno é um importante indicador da deficiência da qualidade da assistência à saúde feminina e o Brasil ainda está muito aquém das metas propostas.

Medidas governamentais mais efetivas na formação de bons profissionais de saúde, bem como na promoção da saúde, principalmente para a população mais vulnerável, poderão melhorar a saúde integral da mulher e diminuir ainda mais a mortalidade materna. É imperioso a adoção de medidas preventivas com avaliação clínica e ginecológica anual, controle da obesidade, da hipertensão, do diabetes e facilitar práticas esportivas e boa alimentação.

Dra. Marisa chama a atenção de todos nesse Dia Nacional de Combate à Mortalidade Materna : “tenho certeza que esse assunto tão delicado e relevante é de responsabilidade de todos na sociedade e que devemos nos mobilizar para evitar tragédias que marcam famílias inteiras pelo resto da vida.





Dra. Marisa Patriarca é ginecologista e obstetra. Professora de ginecologia do curso de pós-graduação da Unifesp. Tem mestrado e doutorado pela Unifesp. É médica assistente doutora e coordenadora do Setor Multidisciplinar de Pesquisa em Patologia da pele feminina do Departamento de Ginecologia da Unifesp. Chefe do Setor de Climatério do Hospital do Servidor Público Estadual de São Paulo ( IAMSPE).



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