Generalismo cede
lugar à individualização dos processos
O Dia
Mundial da Saúde (7) e o Dia Mundial de Luta contra o Câncer (8) são duas das
datas celebradas em abril, mês dedicado aos cuidados com a saúde. Enquanto o
bem-estar físico depende de iniciativas gerais conhecidas pela maioria, como
boa alimentação e prática de exercícios físicos, o combate a doenças como o
câncer está cada vez mais específico e personalizado. A chamada medicina de
precisão trouxe avanços significativos à oncologia e à qualidade de vida aos
pacientes.
O tratamento
contra o câncer é guiado por protocolos desenvolvidos para cada tipo de
neoplasia, estabelecidos após estudos e pesquisas. Com o desenvolvimento da
medicina de precisão, o generalismo deu lugar à personalização. Hoje, sabe-se
que diferentes métodos e caminhos podem levar a resultados mais positivos com
menor comprometimento da segurança dos pacientes.
A medicina
de precisão é um protocolo personalizado, elaborado especificamente para um
indivíduo e para um certo tipo de tumor; utiliza informações genômicas e
moleculares para direcionar o tratamento do câncer de forma individualizada. No
processo de evolução da oncologia, cresce o enfoque na medicina
individualizada.
“Existe uma
preocupação muito grande no estudo do DNA tumoral circulante, os biomarcadores,
e na busca de substâncias que possam ser alvo-terapêuticas de medicamentos. Ou
seja, você descobre alterações no DNA para que possa dar medicamentos
direcionados especificamente a combater essas alterações”, esclarece o
oncologista Fernando Medina, do Centro de Oncologia Campinas. “Por uma alteração
genética, as células cancerígenas se multiplicam sucessivamente. Se você
corrige essa mutação, as células cancerígenas param de se reproduzir”.
Outra
evolução na linha de frente contra o câncer, observa Medina, é a que envolve as
técnicas e conceitos de detecção precoce do câncer em geral. “Mais estudos de
prevenção estão encaminhados para aumentar o índice de detecção da doença no
princípio, porque só assim sabemos que teremos maior possibilidade de cura.
Hoje, através de exames de sangue, análises genéticas e exames de imagem muito
sensíveis, evoluímos e podemos evoluir mais para localizar a doença em fases
ainda mais iniciais.”
A resposta
positiva à individualização de procedimentos atende à necessidade de tratar o
conjunto de mais de 200 tipos de câncer existentes e às diferenças de cada
paciente. A integração das áreas da patologia moderna, Imuno-histoquímica (IHQ)
e dos testes genéticos levou a diagnósticos mais precisos e personalizados,
melhor classificação molecular dos tumores, identificação de alvos terapêuticos
específicos, monitoramento mais eficaz da resposta ao tratamento e detecção
precoce de recidivas, enumera Fernando Medina.
Inovações
A
identificação das mutações em genes possibilita a aplicação de terapias
inovadoras e direcionadas ao tipo específico da doença. A medicina
personalizada traz respostas a perguntas como “por que determinadas pessoas
respondem bem a um certo tratamento e outras não?” Como cada paciente tem
características próprias, a individualização, a partir de indicações
científicas, leva à maior efetividade de resultados.
“A ampliação
dos recursos e do conhecimento acarreta ganhos significativos aos pacientes.
Dez anos atrás, a sobrevida mediana para um caso avançado de câncer de pulmão,
com quimioterapia, era de seis a oito meses. Hoje, temos paciente vivendo de
quatro a seis anos com a doença, controlada por estratégias terapêuticas muito
bem dirigidas para aquela situação”, especifica Medina.
Eficiente no
tratamento, a medicina personalizada é ainda importante no diagnóstico precoce
e prevenção de neoplasias. Informações científicas obtidas por meio de análises
genéticas e levantamento de história familiar indicam a propensão de indivíduos
a desenvolver determinados tipos de câncer, o que implica em mudanças de
conduta de rastreio.
“O
sequenciamento de nova geração (NGS) possibilita análise simultânea de
múltiplos genes. Painéis específicos para diferentes tipos de câncer
identificam mutações acionáveis. Biomarcadores moleculares como MSI, TMB
e assinaturas genéticas orientam decisões terapêuticas”, esclarece o
oncologista sobre a prevenção e detecção precoce das doenças.
“Quando comecei na oncologia, na década de 1980, o índice de cura do câncer estava em 40%. Atualmente, as chances de sucesso são de 70%”, compara. “Mas tudo isso passa pela necessidade de adotarmos hábitos saudáveis de vida, de não beber, não fumar, comer alimentos que ajudam a evitar doenças e adotar um estilo de vida mais adequado”.
COC - Centro de Oncologia Campinas
Rua Alberto de Salvo, 311, Barão Geraldo, Campinas.
Telefone: (19) 3787-3400.
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