Carência de
nutrientes como ferro, biotina, zinco e ômega-3 está entre as principais causas
de enfraquecimento dos fios, segundo especialista
Uma dieta desequilibrada pode ser tão nociva aos
cabelos quanto fatores genéticos ou hormonais. A relação entre o que se consome
e a saúde dos fios tem ganhado destaque entre especialistas em medicina
estética e nutrologia. Segundo o médico Stanley Bittar, CEO da Stanley’s Holding que atua com transplantes capilares, “a
queda de cabelo muitas vezes tem origem silenciosa, ligada à deficiência de
micronutrientes essenciais que poderiam ser corrigidos com alimentação adequada
ou suplementação controlada”, revela.
Bittar é graduado pela Universidad de Córdoba, com
mestrado em Medicina Estética, doutorado em Cirurgia Plástica Reconstrutiva e
Estética, e especializações em Nutrologia, Dermatologia e Medicina da Família.
Ele afirma que muitos quadros de calvície e enfraquecimento capilar têm como
base a falta de nutrientes fundamentais para a regeneração e manutenção dos
folículos.
O que não pode faltar no prato
Entre os principais elementos associados à saúde
dos fios estão o ferro, a biotina (vitamina B7), o zinco e os ácidos graxos
ômega-3. “O ferro, por exemplo, é vital para o transporte de oxigênio aos
folículos pilosos. Já a biotina atua diretamente na produção de queratina,
principal proteína que compõe o fio de cabelo. Quando há carência dessas
substâncias, o ciclo de crescimento capilar é interrompido ou desregulado”,
explica Bittar.
Estudos da International Journal of Trichology
indicam que baixos níveis de ferritina — proteína que armazena ferro — estão
associados à perda de cabelo, especialmente entre mulheres. Já a deficiência de
biotina, embora rara, pode provocar alopecia difusa, dermatite seborreica e
alterações nas unhas.
O zinco, por sua vez, atua como cofator enzimático
na síntese de DNA e na divisão celular, etapas fundamentais para a regeneração
dos fios. O ômega-3, presente em peixes como salmão e sardinha, tem ação
anti-inflamatória e favorece a lubrificação do couro cabeludo.
O que evitar: ultraprocessados
e dietas restritivas
Além da inclusão de alimentos saudáveis, Bittar
chama atenção para os riscos do consumo excessivo de produtos ultraprocessados
e dietas desequilibradas. “Cortar grupos alimentares de forma abrupta, como
ocorre em dietas da moda, pode privar o organismo de nutrientes básicos. Isso
impacta diretamente o ciclo capilar, que é muito sensível a mudanças
metabólicas.”
Segundo a Organização Pan-Americana da Saúde
(Opas), dietas ricas em alimentos ultraprocessados estão associadas a maior
risco de doenças inflamatórias, que também podem afetar o couro cabeludo. O
excesso de açúcar, por exemplo, contribui para o aumento de insulina e
andrógenos, hormônios que podem acelerar a miniaturização dos folículos —
principal mecanismo da calvície androgenética.
Quando suplementar?
Nem sempre é possível obter todos os nutrientes
apenas pela alimentação, especialmente em casos de deficiência diagnosticada.
Nesse cenário, o uso de suplementos pode ser indicado. “A suplementação deve
ser sempre prescrita após avaliação clínica e laboratorial. O excesso de
vitaminas, como a A e o zinco, também pode causar queda capilar. É um
equilíbrio delicado”, ressalta o médico.
A procura por suplementos capilares aumentou nos
últimos anos. Dados da consultoria Euromonitor mostram que o Brasil está entre
os cinco maiores consumidores de suplementos alimentares no mundo, com
crescimento médio anual de 10% desde 2019.
A nutrição adequada também é fundamental no
pós-operatório de transplantes capilares. “O sucesso do procedimento depende
não só da técnica utilizada, mas da regeneração celular nos dias seguintes. E
isso exige um corpo bem nutrido”, pontua Bittar. Por isso, clínicas
especializadas já integram a avaliação nutricional no protocolo de atendimento.
Com mais de 70 clínicas e mais de 80 mil transplantes
realizados, a rede Stanley’s Hair, fundada por Bittar, tem investido em
acompanhamento multidisciplinar para garantir melhores resultados aos
pacientes. “O cabelo é uma extensão da saúde interna. Nenhum tratamento isolado
é eficaz se o organismo não estiver equilibrado”, conclui.
Stanley Bittar
Instagram @stanleybittar
www.stanleybittar.com
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