Equipamento emissor de luz infravermelha monocromática
de 890 nanômetros usado no estudo
fotos: Daniella Silva Oggiam
Trabalho conduzido na Unifesp
envolveu 144 pacientes com diabetes, que foram tratados com luz infravermelha
monocromática associada à fisioterapia
Associar o uso da luz
infravermelha monocromática à fisioterapia convencional é uma alternativa
promissora para tratar a neuropatia diabética periférica, uma das complicações
mais frequentes, insidiosas e incapacitantes do diabetes e que provoca lesões
nos nervos periféricos, especialmente os das pernas e pés. Essa foi a conclusão
de uma pesquisa realizada na Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).
“O problema, que está
relacionado principalmente com a duração do diabetes e o controle inadequado da
glicemia, e geralmente ocorre entre cinco e dez anos após o diagnóstico da
doença, se manifesta de várias formas, em especial por meio da dor neuropática,
que é lancinante e pode ser acompanhada por sensações de queimação,
formigamento, agulhamento e dormência”, conta Denise Miyuki Kusahara,
enfermeira que participou do estudo. “Esses sintomas tendem a se intensificar
em repouso e durante o sono, prejudicando muito a qualidade de vida dessas
pessoas”, acrescenta.
O tratamento farmacológico é o
mais comum nesse caso, no entanto, outras possibilidades terapêuticas podem
ajudar a aliviar o desconforto sem provocar os efeitos colaterais dos
medicamentos, que envolvem boca seca, hipotensão postural e retenção urinária.
“Assim, devido à magnitude desse quadro na vida e na funcionalidade dos
indivíduos com diabetes, resolvemos estudar a fotobiomodulação como uma
alternativa para combater a dor provocada por ele”, explica.
Um grupo de 144 pacientes com
neuropatia diabética periférica atendido na rede de atenção básica à saúde do
município de São João da Boa Vista, no interior de São Paulo, participou da
pesquisa, que teve apoio da FAPESP
e foi publicada no periódico Pain Management Nursing. Os
participantes foram divididos aleatoriamente em dois grupos. Um deles foi
tratado com aplicação de luz infravermelha monocromática de 890 nanômetros
associada à fisioterapia envolvendo eletroterapia e cinesioterapia (terapia que
usa movimentos para tratar o corpo). O outro foi usado como controle, recebendo
o mesmo protocolo de fisioterapia, mas sem a aplicação da luz.
Os dois grupos realizaram 18
sessões de tratamento e foram acompanhados por dez semanas. A avaliação da dor
ocorreu em quatro momentos, utilizando instrumentos e escalas validadas para
esse fim. “Os resultados das avaliações feitas 30 dias após o término da
intervenção e seis semanas depois mostraram que os voluntários submetidos à
aplicação da luz e à fisioterapia apresentaram diminuição nos níveis de dor e
melhora na qualidade do sono, especialmente no caso de pessoas com dor
intensa”, afirma Kusahara.
Segundo a pesquisadora, a
probabilidade de os participantes submetidos ao tratamento apresentarem dor
moderada a intensa foi 21 vezes menor do que no grupo de pessoas que não
receberam a intervenção com luz.
Os autores acreditam que o
tratamento já pode começar a ser utilizado nos pacientes com o problema. A
terapia pode ser aplicada em vários contextos clínicos, incluindo clínicas
ambulatoriais, consultórios de atenção primária e centros especializados no
manejo da dor. Entretanto, o profissional que realizará o procedimento precisa
se tornar proficiente no uso de dispositivos de luz infravermelha monocromática
de 890 nm, principalmente no que se refere à configuração do equipamento,
aplicação correta da terapia com luz e ajuste dos parâmetros, como duração e
intensidade, com base nas necessidades do paciente.
“Além disso, para que os
efeitos esperados sejam alcançados de maneira segura, é essencial que seja
feita a adesão aos protocolos e a monitorização atenta de potenciais efeitos
colaterais”, alerta a pesquisadora.
O artigo Effects of
Monochromatic Infrared Light on Painful Diabetic Polyneuropathy: Randomized
Controlled Trial pode ser lido em: www.painmanagementnursing.org/article/S1524-9042(24)00251-0/abstract.
Thais Szegö
Agência FAPESP
https://agencia.fapesp.br/terapia-a-base-de-luz-reduz-dor-associada-a-neuropatia-diabetica-periferica-comprova-estudo/53334
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