A rápida evolução
da Inteligência Artificial (IA) vem transformando profundamente o setor
bancário e financeiro. A capacidade de processar grandes volumes de dados e
desenvolver o Machine Learning (ML) com eles, aliada à personalização das
interações, já permite que as instituições financeiras ofereçam soluções mais
adequadas e eficientes. E, neste sentido, o aprimoramento de chatbots
e assistentes virtuais pode trazer grandes benefícios tanto para as empresas
quanto para os clientes.
Associadas com os
dados do Open Finance, a IA e chatbots permitem a oferta de soluções
financeiras de maneira cada vez mais automatizada e personalizada. Isso não
apenas melhora a eficiência operacional dos bancos e instituições financeiras,
como também cria uma experiência de maior valor para os clientes, gerando
melhores taxas de conversão em ofertas de crédito e financiamento, além de
proporcionar soluções mais adequadas e seguras.
Esse Sistema
Aberto de Finanças ganhou um importante impulso na sua gradativa abrangência no
mercado brasileiro com a Resolução Conjunta n° 10 de 4/7/2024, pela qual o
Banco Central estendeu a obrigatoriedade de participação no compartilhamento de
dados via Open Finance a instituições individuais ou pertencentes a
conglomerados com mais de 5 milhões clientes. Ela passa a valer a partir de 1º
de janeiro de 2025, ano em que se espera que o número de usuários deste sistema
atinja os 60 milhões.
Até aqui, há 32
milhões de usuários únicos inseridos no Open Finance nacional, com um total de
52 milhões de consentimentos – dos quais 30 milhões advindos de pessoas
físicas. No setor empresarial, apenas 1% das 22 milhões de companhias
registradas no Brasil compartilham os seus dados dentro do sistema, o que dá
uma boa dimensão do potencial ainda a ser revelado. Tais números também nos
ajudam a compreender como a tecnologia pode fazer também uma diferença extra
nas relações entre instituições e consumidores.
O Open Finance, ao
disponibilizar dados financeiros de forma segura e padronizada, amplifica ainda
mais o potencial da IA. Com acesso a um conjunto mais amplo e detalhado de
informações, os algoritmos de IA podem produzir uma série de insights estratégicos,
como análises de perfis financeiros dos clientes de forma mais precisa (com
necessidades e comportamentos); oferecer serviços e produtos personalizados a
partir de um perfil detalhado; ou antecipar comportamentos e necessidades dos
clientes via análise comportamental.
Os chatbots
e assistentes virtuais adicionam uma experiência de qualidade extra a todo esse
ecossistema virtuoso, com atendimento personalizado 24/7 para dúvidas, suporte
e transações, de maneira rápida e eficiente. O que permite ainda a redução de
custos operacionais com automatização de tarefas repetitivas e uma jornada para
o cliente mais satisfatória, impactando positivamente na fidelização
junto às instituições financeiras, seus produtos e parceiros.
Muitos pontos aqui
expostos já estão sendo considerados no mercado e nas relações comerciais. A
análise de crédito e financiamento (concessão mais rápida e precisa com a
análise de um amplo volume de dados de cada cliente); o gerenciamento de riscos
em torno de volatilidade mercadológica e inadimplência; e a detecção de atividades
fraudentas integram o arcabouço de atividades com a participação da IA dentro
das instituições financeiras. O mesmo acontece na segmentação que entrega ações
de marketing personalizadas que, bem direcionadas e abastecidas pela análise de
sentimentos, se tornam mais eficazes.
No mercado
financeiro, a IA vem ganhando espaço ao analisar o perfil de risco, objetivos
financeiros e histórico de investimentos de cada cliente para recomendar uma
carteira de investimentos personalizada. Além disso, ela pode monitorar o
desempenho de um portfólio de investimentos em tempo real, rebalanceando-o
automaticamente quando necessário e, com modelos preditivos, avaliar grandes conjuntos
de dados para identificar tendências de mercado, auxiliando os gestores de
investimentos a tomar decisões mais informadas.
Todos esses ganhos
por meio da combinação da IA, assistentes virtuais, chatbots e Open
Finance devem ser celebrados, porém o desenvolvimento e o aperfeiçoamento de
todo o ecossistema devem ser permanentes. A qualidade dos dados para
treinamentos de algoritmos de IA, e as questões relacionadas à privacidade e
segurança digital, demandam vigilância e atitudes contundentes dentro de órgãos
reguladores e instituições. Com cada elemento no seu devido lugar, o já
confiável sistema financeiro e os seus clientes só têm a ganhar.
Sérgio
Favarin - Business Vice President da GFT Technologies no Brasil
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