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domingo, 8 de setembro de 2024

Setor pet do Brasil é o mais tributado do mundo e tem 3º maior faturamento

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Tributação média dos quatro segmentos que compõem esse mercado (comida, serviços, produtos de higiene e veterinário) chega a 50%. Nos Estados Unidos é de 6,6%. Na China, de 17%


O mercado pet brasileiro faturou R$ 69 bilhões no ano passado. O número representou um recorde do setor e alta de quase 15% sobre 2022, quando o faturamento foi de R$ 60,2 bilhões. Esses quase R$ 70 bilhões que os donos de animais de estimação despejaram no mercado em 2023 consolidaram o Brasil como o terceiro maior player global de um segmento que movimentou, em todo o mundo, US$ 180 bilhões no ano passado.

Considerando a cotação do dólar em dezembro de 2023 (em torno de R$ 4,90), o mercado brasileiro fechou o ano passado com faturamento de cerca de US$ 14 bilhões, quase 8% dos US$ 180 bilhões do setor no mundo, ficando atrás apenas dos Estados Unidos, com US$ 81 bilhões (45%), e da China, com US$ 15 bilhões (8,3%).

Se o assunto é carga tributária, no entanto, o Brasil aparece em primeiro lugar. No país, a taxa média dos quatro setores nos quais o segmento é dividido (comida, serviços, produtos de higiene e veterinário) chega a 50% do preço final. Nos Estados Unidos, esse número é de 6,6% (13% dos tributos pagos no Brasil) e na China, de 17% (34% da taxação nacional).

A população de animais de estimação no Brasil também é a terceira maior do mundo: 160 milhões de bichos. Os dados são da Associação Brasileira da Indústria de Produtos para Animais de Estimação (Abinpet) e do Instituto Pet Brasil (IPB), que projetam alta de 12% no faturamento do setor para este ano, em relação a 2023, indo de R$ 69 bilhões para R$ 77 bi.

O montante é dividido por diversos segmentos, sendo que o maior deles é o de comida, que deve fechar 2024 com R$ 42,3 bilhões (55% do total previsto). Este ano, o Brasil deverá produzir 4,2 milhões de toneladas de alimentos para pets, alta de 3,4% sobre 2023. Presidente-executivo da Abinpet, José Galvão de França destaca a carga tributária desse setor. “Apesar dos números robustos, continuamos a chamar a atenção aos tributos”, disse. “No caso de pet food, a cada R$ 1 gasto, o consumidor brasileiro paga metade (R$ 0,50) de impostos. Nos Estados Unidos esse número fica abaixo de 7% e na Europa, em torno de 18%.”

Para o presidente da Abinpet, esse quadro deveria ser reavaliado, “uma vez que a garantia da saúde e bem-estar dos pets começa na alimentação.” Ele analisa que, por ser o Brasil o terceiro país do planeta com mais animais de estimação, isso reflete no faturamento e na qualidade dos produtos desenvolvidos e ofertados. “Por isso que, apesar da alta carga tributária, possuímos um setor tão dinâmico. Mas poderia ser muito melhor”. Estudo desenvolvido pela Abinpet reforça as palavras do executivo. De acordo com o relatório, se o imposto aplicado sobre alimentos para pets tiver uma redução de 60%, isso geraria uma alta de 300% nas receitas do segmento, num prazo de 10 anos.

Além de alimentos, o setor também fatura em outras frentes. As vendas de animais são o segundo segmento com melhor faturamento (com previsão de R$ 8,1 bilhões para este ano), deixando em terceiro lugar os produtos veterinários (R$ 8 bi). Na sequência, vêm serviços veterinários (R$ 7,6 bi), serviços gerais (R$ 6,4 bi) e serviços de cuidados (R$ 4,4 bi). Desse pacote, os dois setores que devem apresentar maior alta entre 2023 e 2024 são os de produtos e serviços veterinários, com 16% e 14% respectivamente. “Tudo isso mostra que as famílias estão cuidando mais e melhor dos seus animais de estimação”, afirmou o presidente-executivo do IPB, Caio Villela.

Os canais de acesso a itens e serviços aos quais os tutores mais recorrem são os pet shops de pequeno e médio porte, que têm projeção de faturamento para este ano de R$ 37,5 bilhões (48,7% do total). Em segundo lugar, ficam as clínicas e hospitais veterinários, que devem faturar R$ 13,8 bilhões este ano (18% do total). Já no e-commerce, os pet shops virtuais são os líderes, representando 40,6% das vendas online (R$ 2,4 bilhões de um total de R$ 5,9 bi). Na sequência, aparecem as lojas virtuais das mega stores (R$ 1,6 bi ou 27%) e, logo abaixo, as lojas virtuais de pequenos e médios pet shops, que representam 21,5% do total (pouco menos de R$ 1,3 bi).    


CASES

O crescimento contínuo do mercado de pets no Brasil tem feito com que muitos serviços antes oferecidos apenas a humanos passem a ter opções para animais de estimação. Um bom exemplo é a Lobbo Hotels, uma creche e hospedagem canina, que existe desde 2014 na cidade de São Paulo. De acordo com o CEO André Faim, a empresa é contatada diariamente por cerca de 30 pessoas interessadas em seus serviços e recebe 40 cachorros a cada dia. “O mercado de creches e hotéis teve um boom com a volta do trabalho presencial, logo após a pandemia”, disse Faim. Com sete unidades, a empresa deve faturar R$ 12 milhões este ano. “Os tutores estão cada vez mais exigentes e têm procurado espaços para seus pets que ofereçam alta qualidade nos serviços prestados”.

A +Pet é outro exemplo das novas possibilidades desse mercado. A empresa oferece planos de saúde e atendimento aos animais, tem unidades em Brasília, Campinas e Goiânia e acaba de inaugurar um espaço em São Paulo. Animados pelo crescimento do setor, os diretores da +Pet já preparam a abertura de uma unidade no Rio de Janeiro, no primeiro semestre de 2025. “Até 2027, queremos investir R$ 100 milhões na construção de mais 10 hospitais espalhados pelo Brasil”, disse Heber Justo, um dos CEOs da companhia. A projeção é ter uma cartela de 40 mil clientes e faturar R$ 65 milhões até o final deste ano. Para 2025, a meta é triplicar esses números. “Em 2023, tivemos um faturamento de R$ 35 milhões, valor 80% maior do que o de 2022?, afirmou Justo. “E continuamos a expandir a nossa carteira de clientes ativos.” 



Naira Zitei - DC News
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