O fígado é um dos órgãos possíveis de serem
transplantados entre pessoas vivas. Médica hepatologista explica como se dá a
cirurgia, os cuidados e os procedimentos concernentes à operação
Dia 27 de setembro celebra-se o dia nacional da doação de órgãos e tecidos. E, ao longo do chamado setembro verde, secretarias de saúde mobilizam ações de incentivo à doação e ao conhecimento do assunto.
Para contribuir com o movimento, a Dra. Patricia Almeida, Hepatologista do Hospital Israelita Albert Einstein, Doutora pela Universidade de São Paulo (USP), oferece detalhes sobre o transplante de fígado, um dos transplantes que podem ser feitos de uma pessoa viva para a pessoa que precisa de um fígado novo.
"O transplante intervivos acontece quando o paciente recebe parte do fígado de outra pessoa viva. No caso duas pessoas são submetidas a cirurgia no mesmo momento. Nesses casos, há várias particularidades para a escolha do doador, a fim de obter segurança e sucesso do procedimento", explica a médica.
A
Dra. Patricia enfatiza que qualquer pessoa (que não seja transplantada de
fígado) pode ser uma doadora. "Basta informar a sua família para realizar
seu desejo", informa. Ela, inclusive, reforça que não há burocracia para
se tornar um doador: "Não há necessidade de registrar em cartório ou
colocar na carteira de identidade. Apenas declarar explicitamente escolha de
ser doador de órgãos à sua família", diz a Dra. Patricia.
Motivos que levam à necessidade de um transplante de fígado
Segundo a hepatologista, o transplante pode ser a única possibilidade quando o fígado é lesionado persistentemente, por muito tempo, por vários agentes. "Os mais comuns são o abuso de álcool, as hepatites B e C, gordura no fígado, doenças autoimunes, uso de medicamentos tóxicos, além de outras doenças genéticas", conta ela.
Além
desse quadro, a Dra. Patricia conta que o órgão também pode ser acometido de
forma aguda e grave, levando à necessidade de transplante em dias ou semanas,
em razão de ingestão de altas doses de paracetamol, uso de fórmulas e chás com
ervas/produtos naturais específicos.
Organização da fila para o transplante de fígado
O
grau de gravidade de cada paciente determina sua ordem na lista de transplante
hepático, informa a médica. "Atualmente, usamos o valor do Meld Na para
alocar os pacientes na lista. Esse índice é calculado com os resultados dos
exames (creatinina, bilirrubina total, INR, sódio) de cada paciente. Os
pacientes mais graves têm Meld Na maior e tem prioridade na lista",
detalha ela, ao acrescentar que há condições especiais que podem gerar maior
pontuação, como câncer de fígado, ascite refratária e encefalopatia hepática
persistente. "O tempo de lista atualmente serve apenas critério de
desempate", lembra a hepatologista.
A vida pós-transplante
Na meta de viver uma vida saudável após receber um transplante de fígado, o paciente transplantado deve ter rigor na alimentação e na prática de atividades físicas. "Ressalto fortemente que o paciente transplantado precisará adotar um estilo de vida saudável, com alimentação baseada em alimento in natura e rica em legumes, grãos e frutas", destaca a Dra. Patricia, recomendando o não consumo de alimentos processados/industrializados, como fast foods e refrigerantes.
Associado
a esses cuidados, ela explica que os pacientes receptores também passam a fazer
uso de imunossupressores de forma rigorosa, além da necessidade de regularidade
nas consultas médicas de acompanhamento.
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