Setembro é um mês que carrega um significado
especial, sobretudo, no Brasil, onde, desde 2015, acontece a campanha Setembro
Amarelo®️ salva vidas. O tema, apesar de delicado, é imprescindível de ser
constantemente abordado em nossa sociedade, principalmente no contexto das
organizações – no qual o RH desempenha um papel crucial não apenas na promoção
do bem-estar, mas também na criação de um ambiente onde os colaboradores se
sintam seguros para buscar ajuda, caso precisem.
Liderada pela Associação Brasileira de Psiquiatria
(ABP) em parceria com o Conselho Federal de Medicina (CFM), o objetivo
principal dessa campanha é a conscientização sobre a prevenção ao suicídio. O
movimento nasceu em 2014, inspirado pelo Dia Mundial de Prevenção ao Suicídio,
celebrado em 10 de setembro, e vem crescendo em relevância ao longo dos anos –
apesar de, até hoje, este ser um tabu em nossa sociedade e, inclusive, no
ambiente corporativo.
Não é incomum observar empresas que costumam estar
mais focadas em produtividade e resultados financeiros, dando pouca atenção à
saúde emocional de seus colaboradores. No entanto, na última década,
especialmente após a popularização do movimento Setembro Amarelo, essa visão
começou a mudar e, com isso, o entendimento que a saúde mental tem correlação
direta com rendimento, entrega e comprometimento dos colaboradores.
Em um estudo da Infojobs, como prova disso, 86% dos
funcionários mudariam de emprego para preservar a saúde mental. Ainda, outra
pesquisa da Conexa identificou que 87% dos profissionais afirmaram ter ocorrido
afastamento em sua empresa este ano por causa de doenças que afetam a mente do
colaborador – sendo a ansiedade o transtorno mais identificado entre os
respondentes (51%).
Já não fosse preocupante suficiente essa incidência
recorrente em um ambiente de trabalho, há, ainda, os casos não diagnosticados e
relatados pelos profissionais nesse sentido. A mesma pesquisa da Conexa relatou
que 48% dos gestores e funcionários de RH acreditam que possam existir, pelo
menos, 10% de colaboradores espalhados em suas empresas com doenças mentais não
detectadas.
Hoje, sabemos que problemas de saúde mental, como
depressão, ansiedade e o risco de suicídio, podem afetar qualquer pessoa, em
qualquer nível hierárquico. Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) revelam
que mais de 700 mil pessoas morrem por suicídio a cada ano em todo o mundo. No
Brasil, o suicídio é a segunda maior causa de morte entre jovens de 15 a 29
anos, números alarmantes que reforçam a importância de um ambiente de trabalho
acolhedor e consciente promovido, especialmente, pelo departamento de recursos
humanos.
Esses profissionais têm a responsabilidade de criar
políticas e práticas que promovam a saúde mental no ambiente de trabalho, o que
pode envolver desde a implementação de programas de assistência aos
colaboradores, até a oferta de treinamentos para lideranças sobre como
identificar sinais de sofrimento emocional em suas equipes.
Priorizar essa capacitação dos gestores é
fundamental para que consigam reconhecer os sinais de alerta e como abordar
colaboradores que possam estar em risco, de forma que saibam como agir com
empatia e eficácia. Junto a isso, é preciso realizar campanhas internas
alinhadas ao Setembro Amarelo para educar os colaboradores sobre a importância
da saúde mental, quebrando o tabu e incentivando a busca por ajuda.
Todo o ambiente corporativo precisa ser construído
para que os times possam expressar suas preocupações e sentimentos sem medo de
julgamentos, como grupos de apoio ou sessões de terapia organizacional. Caso sintam
necessidade, a empresa também pode facilitar o acesso a psicólogos e
psiquiatras, seja por meio de convênios, parcerias ou disponibilizando
profissionais no próprio ambiente de trabalho.
A busca por um ambiente de trabalho que valorize o
bem-estar emocional é fundamental não apenas para a prevenção ao suicídio, mas
também para a retenção de talentos, aumento de produtividade e fortalecimento
da cultura organizacional. Quando os colaboradores se sentem apoiados e
valorizados, a empresa como um todo colhe os benefícios.
No entanto, é importante lembrar que a prevenção ao
suicídio não é uma responsabilidade exclusiva do RH, mas sim um esforço
coletivo que envolve todos os membros da organização. Os profissionais deste
departamento podem liderar o caminho, mas a colaboração entre diferentes áreas
e a promoção de uma cultura de empatia e cuidado são essenciais.
O Setembro Amarelo nos lembra que a prevenção ao suicídio e a promoção de um local de trabalho saudável e acolhedor é um compromisso contínuo que deve ser incorporado à cultura organizacional. Para os profissionais de Recursos Humanos, essa é uma oportunidade de reafirmar o compromisso com a saúde e o bem-estar dos colaboradores, implementando práticas que vão além do discurso e que se transformem em ações concretas para que ninguém se sinta sozinho nessa luta.
Gisele Matias Analista de Departamento Pessoal na ECOVIS® BSP.
BSP
https://ecovisbsp.com.br/
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