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segunda-feira, 9 de setembro de 2024

Setembro amarelo: qual o papel do RH na saúde mental dos times?


Setembro é um mês que carrega um significado especial, sobretudo, no Brasil, onde, desde 2015, acontece a campanha Setembro Amarelo®️ salva vidas. O tema, apesar de delicado, é imprescindível de ser constantemente abordado em nossa sociedade, principalmente no contexto das organizações – no qual o RH desempenha um papel crucial não apenas na promoção do bem-estar, mas também na criação de um ambiente onde os colaboradores se sintam seguros para buscar ajuda, caso precisem.

Liderada pela Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP) em parceria com o Conselho Federal de Medicina (CFM), o objetivo principal dessa campanha é a conscientização sobre a prevenção ao suicídio. O movimento nasceu em 2014, inspirado pelo Dia Mundial de Prevenção ao Suicídio, celebrado em 10 de setembro, e vem crescendo em relevância ao longo dos anos – apesar de, até hoje, este ser um tabu em nossa sociedade e, inclusive, no ambiente corporativo.

Não é incomum observar empresas que costumam estar mais focadas em produtividade e resultados financeiros, dando pouca atenção à saúde emocional de seus colaboradores. No entanto, na última década, especialmente após a popularização do movimento Setembro Amarelo, essa visão começou a mudar e, com isso, o entendimento que a saúde mental tem correlação direta com rendimento, entrega e comprometimento dos colaboradores.

Em um estudo da Infojobs, como prova disso, 86% dos funcionários mudariam de emprego para preservar a saúde mental. Ainda, outra pesquisa da Conexa identificou que 87% dos profissionais afirmaram ter ocorrido afastamento em sua empresa este ano por causa de doenças que afetam a mente do colaborador – sendo a ansiedade o transtorno mais identificado entre os respondentes (51%).

Já não fosse preocupante suficiente essa incidência recorrente em um ambiente de trabalho, há, ainda, os casos não diagnosticados e relatados pelos profissionais nesse sentido. A mesma pesquisa da Conexa relatou que 48% dos gestores e funcionários de RH acreditam que possam existir, pelo menos, 10% de colaboradores espalhados em suas empresas com doenças mentais não detectadas.

Hoje, sabemos que problemas de saúde mental, como depressão, ansiedade e o risco de suicídio, podem afetar qualquer pessoa, em qualquer nível hierárquico. Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) revelam que mais de 700 mil pessoas morrem por suicídio a cada ano em todo o mundo. No Brasil, o suicídio é a segunda maior causa de morte entre jovens de 15 a 29 anos, números alarmantes que reforçam a importância de um ambiente de trabalho acolhedor e consciente promovido, especialmente, pelo departamento de recursos humanos.

Esses profissionais têm a responsabilidade de criar políticas e práticas que promovam a saúde mental no ambiente de trabalho, o que pode envolver desde a implementação de programas de assistência aos colaboradores, até a oferta de treinamentos para lideranças sobre como identificar sinais de sofrimento emocional em suas equipes.

Priorizar essa capacitação dos gestores é fundamental para que consigam reconhecer os sinais de alerta e como abordar colaboradores que possam estar em risco, de forma que saibam como agir com empatia e eficácia. Junto a isso, é preciso realizar campanhas internas alinhadas ao Setembro Amarelo para educar os colaboradores sobre a importância da saúde mental, quebrando o tabu e incentivando a busca por ajuda.

Todo o ambiente corporativo precisa ser construído para que os times possam expressar suas preocupações e sentimentos sem medo de julgamentos, como grupos de apoio ou sessões de terapia organizacional. Caso sintam necessidade, a empresa também pode facilitar o acesso a psicólogos e psiquiatras, seja por meio de convênios, parcerias ou disponibilizando profissionais no próprio ambiente de trabalho.

A busca por um ambiente de trabalho que valorize o bem-estar emocional é fundamental não apenas para a prevenção ao suicídio, mas também para a retenção de talentos, aumento de produtividade e fortalecimento da cultura organizacional. Quando os colaboradores se sentem apoiados e valorizados, a empresa como um todo colhe os benefícios.

No entanto, é importante lembrar que a prevenção ao suicídio não é uma responsabilidade exclusiva do RH, mas sim um esforço coletivo que envolve todos os membros da organização. Os profissionais deste departamento podem liderar o caminho, mas a colaboração entre diferentes áreas e a promoção de uma cultura de empatia e cuidado são essenciais.

O Setembro Amarelo nos lembra que a prevenção ao suicídio e a promoção de um local de trabalho saudável e acolhedor é um compromisso contínuo que deve ser incorporado à cultura organizacional. Para os profissionais de Recursos Humanos, essa é uma oportunidade de reafirmar o compromisso com a saúde e o bem-estar dos colaboradores, implementando práticas que vão além do discurso e que se transformem em ações concretas para que ninguém se sinta sozinho nessa luta. 

 


Gisele Matias Analista de Departamento Pessoal na ECOVIS® BSP.


BSP
https://ecovisbsp.com.br/


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