Médicos da Oncologia D’Or afirmam que esses trabalhos deverão ser incorporados rapidamente à prática médica em todo o mundo.
Dois
estudos fase 3 apresentados no Esmo 2024, o Congresso Europeu de Medicina
Oncológica, mostraram que a imunoterapia, administrada antes e depois da
cirurgia, pode aumentar a sobrevida a longo prazo de mulheres com o subtipo de
câncer de mama mais difícil de tratar – o câncer de mama triplo negativo
localizado – e de pacientes com câncer de bexiga invasivo muscular. O congresso
terminou hoje (17) em Barcelona, na Espanha.
“Em
pacientes com câncer de mama triplo negativo, quando o tumor é localizado,
maior que dois centímetros ou se há doença nos linfonodos axilares, a
imunoterapia com pembrolizumabe associada à quimioterapia aumenta a chance de
não haver mais tumor visível na cirurgia”, declara o médico oncologista Daniel
Musse, da Oncologia D’Or e pesquisador do Instituto D’Or de Pesquisa e Ensino.
“Mais que isso, o estudo KEYNOTE-522 fase 3 revelou que este tratamento oferece
grandes chances dessas pacientes sobreviverem e permanecerem curadas”,
complementa.
Já
a médica oncologista Mariana Bruno Siqueira, da Oncologia D’Or e pesquisadora
do Instituto D’Or de Pesquisa e Ensino, afirma que o estudo NIAGARA fase 3 é
muito importante para pacientes com câncer localizado de bexiga, que são
candidatos a retirar a bexiga. “Este trabalho deverá mudar a prática médica,
tornando a inclusão do imunoterápico durvalumabe no tratamento padrão para
esses pacientes”, preconiza.
Câncer de mama
O câncer de mama triplo-negativo localizado de alto risco é frequentemente
associado à recorrência precoce e à alta mortalidade. Trata-se de um câncer
difícil de tratar, porque não responde à terapia convencional, de inibição
hormonal, porque não possui os receptores de estrogênio ou progesterona ou
níveis elevados de HER. Por conta deste fato, a única opção de tratamento é a
quimioterapia.
O
estudo KEYNOTE-522 fase 3 avaliou a eficácia do uso de imunoterapia com
pembrolizumabe. Antes da cirurgia, o medicamento é administrado em combinação
com a quimioterapia e segue sendo oferecido à paciente de maneira contínua,
após a operação. O trabalho envolveu 1.174 mulheres, das quais 784 receberam o
medicamento e 390, placebo.
Os
resultados mostraram uma melhora significativa, dos pontos de vista clínico e
estatístico, na sobrevida global das pacientes. A taxa de sobrevida global de
cinco anos foi de 86,6% nas mulheres que receberam imunoterapia e 81,2% no
grupo placebo.
Câncer de
bexiga
O
estudo NIAGARA fase 3 envolveu mais de mil pacientes – o que não é comum nos
casos de câncer de bexiga – para avaliar a eficácia da imunoterapia com
durvalumabe no tratamento de pessoas com câncer de bexiga candidatos à
cistectomia radical (remoção da bexiga). O medicamento foi associado à
quimioterapia antes da cirurgia em 533 pacientes. Outros 530 receberam apenas
quimioterapia antes da cirurgia.
“O
estudo mostrou o aumento de 25% na sobrevida global dos pacientes que receberam
a imunoterapia junto com a quimioterapia em comparação ao grupo que foi tratado
apenas com quimioterapia. Este resulta denota que aumentamos a chance de cura
com essa associação de tratamentos”, destaca a médica Mariana Bruno Siqueira.
Os
pesquisadores observaram que administrar imunoterapia antes da cirurgia não
comprometeu a capacidade de realizar a cistectomia radical, que foi concluída
em 88% do grupo de imunoterapia e 83% do braço comparador.
Oncologia D'Or
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