Dra. Claudia Nakano, advogada animalista, traz dicas e orientações para quem enfrenta a guarda compartilhada de pets, destacando a importância do diálogo e do bem-estar do animal
Quando
um relacionamento chega ao fim, a divisão de bens e ajustes emocionais já são
difíceis o bastante. Agora, imagine que, além disso, ex-casais estão se
deparando com uma questão cada vez mais comum: quem vai ficar com o pet? Entre
espécies como cães e gatos, e até alguns pássaros exóticos, o dilema pode virar
o verdadeiro "x" da separação, deixando o destino do bichinho no
centro das atenções.
Histórias
assim já deixaram de ser exceções e estão se tornando cada vez mais frequentes.
Com pets assumindo papéis de destaque nas famílias modernas, a guarda
compartilhada de animais tem ganhado força, não apenas nas conversas do dia a
dia, mas também nos tribunais. Mesmo sem uma legislação específica no Brasil
que regule a guarda de pets, juízes estão atentos ao bem-estar dos bichinhos,
analisando com cautela as decisões que melhor preservam os laços de afeto.
Casos
envolvendo celebridades, como o ator Leonardo DiCaprio, que optou por compartilhar
a guarda de seu cachorro após o término de um relacionamento, destacam essa
nova realidade. No Brasil, nomes conhecidos como a cantora Luísa Sonza e o
humorista Whindersson Nunes também vivenciaram situação semelhante,
mostrando que essa prática está cada vez mais presente no país.
Recentemente,
o Projeto de Lei 941/24, que prevê que casais tutores de pets compartilhem a
guarda e as despesas com o animal em casos de divórcio, foi aprovado pela
Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável da Câmara dos
Deputados. A proposta está em tramitação e visa oferecer mais segurança
jurídica para situações envolvendo animais de estimação.
Mesmo
sem uma legislação clara, algumas decisões judiciais têm inovado ao estabelecer
a guarda compartilhada de pets, muitas vezes inspiradas no modelo de guarda de
crianças. “Hoje, o que temos
são decisões judiciais que tratam os pets de forma semelhante a crianças,
criando jurisprudência e estabelecendo que os animais de estimação são vistos
como membros da família, cujos direitos e bem-estar precisam ser resguardados”,
explica Nakano. O reconhecimento dos pets como seres sencientes — capazes de
sentir dor e sofrimento — traz à tona a necessidade de garantir que eles não
sofram com o processo de separação e continuem a receber cuidados adequados.
Como esse ainda é um campo em evolução, muitos tutores preferem resolver essas
questões de forma amigável, estabelecendo acordos informais que garantam o
bem-estar do animal.
A
guarda compartilhada de pets envolve desafios e responsabilidades que vão além
do simples carinho. Existem três aspectos principais a serem considerados: guarda, alimentos e regulamentação de visitas.
No caso da guarda, é importante entender as diferentes modalidades. A guarda unilateral
determina que a responsabilidade pelo pet fica com apenas um tutor, ainda que o
animal possa viver com ambos em certos períodos. Já a guarda compartilhada
divide a responsabilidade entre os dois tutores, mas não significa
necessariamente que o animal precise se alternar entre as casas. Por fim,
existe a guarda alternada,
onde o pet passa um período de tempo fixo com cada tutor, algo que pode causar
estresse no animal, assim como ocorre com crianças em algumas situações.
A
Dra. Claudia Nakano, advogada especialista em direito animal, ressalta que o
diálogo saudável entre as partes envolvidas é fundamental para evitar que o
processo de separação se torne mais desgastante, especialmente quando há
crianças convivendo com o pet. “A
cooperação entre os tutores é essencial. O equilíbrio nos acordos e a clareza
nas responsabilidades garantem que o animal não sofra com o processo de
separação”. Ela também destaca a importância de manter uma rotina
estável para o pet, evitando mudanças bruscas de ambiente que possam impactar
sua saúde emocional.
A
tendência da guarda compartilhada de pets reflete uma evolução nas relações
entre humanos e seus companheiros de quatro patas. À medida que a sociedade
passa a valorizar cada vez mais o vínculo com os animais, os tribunais e a
legislação caminham para reconhecer e proteger esses laços, assegurando que o
bem-estar dos pets seja prioridade, mesmo em meio às complexidades das
separações.
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