Pesquisar no Blog

segunda-feira, 2 de setembro de 2024

Cresce demanda por ambulâncias de Médicos Sem Fronteiras que socorrem pacientes na Ucrânia

Veículos transportaram 8 mil entre janeiro e julho, com alta de 30%; maioria é vítima de combates


As ambulâncias de Médicos Sem Fronteiras (MSF) na Ucrânia transportaram mais de 8.000 pacientes de hospitais próximos à linha de frente entre janeiro e julho de 2024, mais da metade com queimaduras, ferimentos por explosão e outras lesões diretamente causadas pelos combates. Isso representa um aumento de 30% em relação aos seis meses anteriores e evidencia o impacto humano alarmante e contínuo da guerra, alerta a organização médica e humanitária.

As 17 ambulâncias de MSF transportam pacientes a pedido das unidades de saúde em áreas próximas às linhas de frente no leste, sul e nordeste do país para hospitais menos sobrecarregados ou mais bem equipados para tratar seus ferimentos. Mais de 15% dos pacientes transportados neste ano estavam em um estado tão grave que precisaram ser transferidos em ambulâncias equipadas com unidades de terapia intensiva (UTI) especiais. Dentre os que precisaram de transporte em UTI, 38 eram crianças, sendo a mais jovem com apenas 3 anos de idade.

"Precisamos de ambulâncias de UTI para transportar pacientes com ferimentos graves e problemas respiratórios, como traumas cranianos, queimaduras, múltiplas fraturas e danos a órgãos internos. Eles precisam de equipamentos como ventiladores e oxigênio”, disse o vice-coordenador médico de MSF, Maksym Zharikov. “Sessenta por cento dos pacientes que transportamos têm ferimentos relacionados à guerra, como ferimentos na cabeça, no tronco e nos membros, lesões nos tecidos moles e hemorragias maciças.”

Em 6 de agosto, uma equipe de MSF na região leste do país transportou um homem de 45 anos que sofreu queimaduras em 90% de seu corpo, incluindo órgãos internos, como resultado de um bombardeio. Pacientes como este necessitam de cuidados médicos especializados, que muitas vezes só estão disponíveis em hospitais longe das áreas de conflito. MSF administra um sistema de encaminhamento de ambulâncias desde abril de 2022 e atualmente conta com 17 ambulâncias, incluindo cinco ambulâncias de UTI e três veículos capazes de transportar múltiplos pacientes ao mesmo tempo. Ambulâncias multipacientes podem transportar até sete pacientes de cada vez, possibilitando o transporte de várias vítimas com graus variados de gravidade. Além disso, durante bombardeios intensos, realizar uma única viagem em vez de várias reduz o risco para pacientes e equipe.

A necessidade de transporte médico de ambulância torna-se especialmente aguda durante ataques com mísseis pesados, quando os hospitais estão sobrecarregados por vítimas em massa. É difícil prever quantos leitos de terapia intensiva ou cirúrgicos serão necessários em um hospital a cada dia. Os bombardeios podem ocorrer a qualquer momento, e nossas equipes operam em estado de constante emergência. O paramédico de MSF Dmytro Bilous relata que, quando pergunta aos civis por que eles continuam morando perto da linha de frente, apesar do perigo, a resposta mais comum é que eles simplesmente não tiveram tempo de evacuar.

Estamos seriamente alarmados com os impactos devastadores de ataques repetidos, inclusive em áreas civis. Nós vemos as consequências todos os dias. Um ataque recente em Kostiantynivka, região de Donetsk, em 9 de agosto, deixou 14 mortos e mais de 40 feridos. Médicos de MSF ajudaram a responder, e dois pacientes gravemente feridos foram transferidos para Dnipro”, disse Christopher Stokes, coordenador de emergência de MSF na Ucrânia. “Com um fluxo constante de pacientes de trauma necessitando de encaminhamentos, as equipes de ambulância de MSF garantem que os pacientes sejam transferidos para hospitais onde possam receber o atendimento especializado de que precisam.” Mas à medida que mais e mais instalações de saúde são destruídas, danificadas ou fechadas, e ataques como este continuam, a pressão sobre os hospitais restantes só vai crescer, deixando mais e mais pessoas sem acesso aos cuidados de saúde de que precisam.”


Nenhum comentário:

Postar um comentário

Posts mais acessados