Especialistas em
gestão de comportamento de risco apontam situações em que os desvios éticos
surgem dos colaboradores em relação à chefia
Histórias sobre assédio moral, infelizmente, não
são incomuns. Só nos últimos três anos, a Justiça do Trabalho
recebeu mais de 330 mil novas ações sobre o tema. Essa quantidade expressiva
corrobora outros dados; por exemplo, segundo o Índice PIR de 2020, do Instituto de Pesquisa do
Risco Comportamental (IPRC Brasil), mais da metade dos brasileiros praticam ou
toleram assédio moral no ambiente profissional. Ou seja, todo ano ocorrem
milhares de casos, e toda empresa com valores humanizados deve buscar evitar
situações do tipo, seja com práticas de prevenção ou com ações investigativas e
resolutivas após um caso.
Apesar deste ser o padrão, poucos negócios estão
preparados para ocasiões em que o problema acontece na direção contrária — de
baixo para cima na hierarquia. Apesar de não ocorrer o tempo todo, é uma
realidade que merece atenção e tem até nome: assédio moral vertical ascendente,
de acordo com o Tribunal Superior do Trabalho (TST) e o Conselho Superior da
Justiça do Trabalho (CSJT). Trata-se de cenários em que colaboradores agem de
má-fé, ameaçam, chantageiam ou se comportam de qualquer outra maneira abusiva
em relação às lideranças.
No geral, é de se esperar que esse tipo de ação
seja cortada rapidamente com advertências ou demissão, mas não é o que sempre
acontece. Em determinadas circunstâncias, o líder pode se ver sem saída,
incapaz de resolver ou de escapar do transtorno. “Há uma variedade de situações
em que o assédio moral inverso, ou ‘vertical ascendente’ em termos jurídicos,
pode acontecer. Alguém pode ter razões pessoais para desgostar de determinado
superior, querer boicotar seu trabalho, realizar chantagens, questionar
decisões e dificultar seu trabalho de forma geral”, explica Alessandra Costa,
psicóloga e sócia da S2 Consultoria, referência brasileira em gestão de comportamentos
de risco.
Na prática, isso pode acontecer a partir de
humilhações e críticas exageradas e infundadas, ou mesmo coerção. Uma pessoa
subordinada pode influenciar outras a maltratarem o líder, inclusive com
mentiras ou manipulações. Também é possível ameaçar — até mesmo com o próprio
assédio moral. Conflitos de gerações ou de modos de atuação podem levar a
discordâncias sobre o que consiste um comportamento inadequado, o que
eventualmente pode progredir e intoxicar toda a relação.
Segundo Alessandra, é importante perceber que os
diferentes cargos enfrentam dilemas éticos variados. Isso é reconhecido no PIR
(Potencial de Integridade Resiliente), um Teste de Integridade desenvolvido
pela S2 que usa uma metodologia própria, cientificamente validada pelo
Instituto de Pesquisa do Risco Comportamental (IPRC Brasil) e outros estudos. O
teste identifica quais são os gatilhos que levariam profissionais a adotarem
determinados comportamentos e conta com análise de vários especialistas da
Psicologia e do Direito.
“Trabalhamos com quatro tipos de PIR: o
Operacional, o Tático, o Especialista e o Estratégico. O nível de decisão ou o
cargo podem influenciar no nível de exposição e nos tipos de dilemas éticos que
cada profissional vai encarar em seu dia a dia. Alguns estão mais presentes no
trabalho de gerentes e diretores, outros dizem respeito ao cotidiano de
estagiários e analistas”, explica a psicóloga.
O teste de integridade funciona principalmente como
prevenção para que as empresas conheçam melhor os candidatos antes mesmo de os
contratarem, descobrindo com antecedência se os valores estão alinhados. Além
de identificar os gatilhos de cada pessoa que poderiam levar a situações de
assédio, o PIR também analisa o potencial para fraude, conflito de interesses,
discriminação e outros desvios comportamentais.
Nos casos em que o assédio já ocorreu, é fundamental
garantir uma investigação séria, sem desvalorizar o sofrimento da vítima por
conta de sua posição na empresa. Como em toda situação desse tipo, os efeitos
podem ser prolongados e causar o adoecimento mental do profissional envolvido.
“O assunto requer seriedade em todas as suas
instâncias. Por mais que exista uma relação de poder preestabelecida pela
hierarquia, humanos são complexos e cada ambiente traz desafios específicos no
dia a dia. É preciso levar denúncias a sério, investigar e identificar a origem
do problema. Assédio moral não deve acontecer nunca, não importa de onde
parta”, conclui Alessandra.
https://s2consultoria.com.br
S2 Consultoria
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