Tratamento cirúrgico minimamente
invasivo ajuda a impedir a progressão e a afastar o risco de cegueira https://br.freepik.com/
De origem genética, o ceratocone é uma doença ocular caracterizada
pela alteração estrutural da córnea, camada fina e transparente que recobre a
parte frontal do globo ocular. A enfermidade afeta a transparência e a
curvatura da córnea, que fica com um formato semelhante a um cone.
O ceratocone pode evoluir de forma silenciosa e, em quadros
avançados, provocar a perda da visão. Por isso, é importante buscar ajuda
médica se houver piora visual, como mudanças frequentes no grau, astigmatismo
elevado ou dificuldade para enxergar à noite. A pessoa também pode perceber
círculos brilhantes ou reflexos ao redor de fontes luminosas.
“Adotar cuidados como não esfregar os olhos constantemente
contribui para reduzir o risco da doença e o seu avanço”, orienta a
oftalmologista Thaís Borges, do H.Olhos - Hospital de Olhos localizado
em São Paulo, referência em saúde ocular no estado. Ela explica que “embora o
ceratocone não tenha cura, já existe tratamento para interromper sua
progressão.”
De acordo com a médica, “o crosslinking corneano é um procedimento
cirúrgico minimamente invasivo que combina riboflavina (vitamina B2) e
aplicação de luz ultravioleta na córnea, a fim de fortalecer e estabilizar as
fibras de colágeno. Depois o paciente fica por cerca de uma semana com uma
lente terapêutica, que age como uma espécie de curativo sobre a córnea”.
“A resposta ao tratamento é individual, os resultados variam de
acordo com a gravidade da doença e a técnica específica utilizada”, complementa
a oftalmologista. Outro recurso para melhorar a visão e regularizar a curvatura
da córnea, quando os óculos e as lentes não surtem mais efeito, é a implantação
do anel intracorneano, um dispositivo rígido com formato de anel, posicionado
dentro da córnea.
A médica cita o caso de uma paciente que foi diagnosticada com
ceratocone avançado bilateral e precisou passar por um segundo transplante de
córnea no olho direito para melhorar a visão. Na primeira tentativa, houve
rejeição e falência do tecido doado. O segundo transplante, todavia, obteve
sucesso. No olho esquerdo, o tratamento indicado foi o crosslinking corneano e
o resultado foi ainda melhor, com estabilização da doença.
Embora hoje a paciente precise de óculos ou lentes para enxergar
bem, sem o procedimento a perda de visão causada pela doença avançaria de forma
progressiva, com risco de cegueira. “Ao estabilizar a córnea, o tratamento
evitou a progressão do ceratocone e trouxe mais qualidade de vida para a
paciente”, complementa a oftalmologista Thaís Borges.
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