Não é novidade que promover uma nutrição saudável desde os primeiros meses de vida é essencial para prevenir problemas futuros e contribuir para o desenvolvimento saudável de uma pessoa. A alimentação no berçário desempenha um papel crucial nesse processo, visto que uma dieta inadequada durante essa faixa etária acarreta uma série de complicações que podem afetar, a longo prazo, a vida de uma criança.
Diante disso, um estudo conduzido pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), com cerca de 15 mil crianças, concluiu que o Brasil apresenta um quociente de desenvolvimento de 0,93 em uma escala onde o ideal é 1. Isso indica que as crianças estão levando mais tempo do que o esperado para se desenvolverem física e intelectualmente.
Nesse contexto, a procura por
um berçário muitas vezes coincide com o início da introdução alimentar, o que
pode gerar dúvidas significativas durante o processo
de escolha. Portanto, é fundamental que os pais e responsáveis reconheçam
o papel crucial desse ambiente na alimentação e como ele pode contribuir para o
desenvolvimento do bebê antes de tomarem a decisão final.
O que saber antes de realizar a matrícula?
Durante as visitas a um berçário, é essencial que as famílias tirem suas dúvidas relacionadas à alimentação e questionem pontos fundamentais, como se o cardápio é variado e balanceado, se seguem as orientações do pediatra de cada criança em relação às texturas dos alimentos e ao modo de preparo e armazenamento.
Os questionamentos não devem se limitar apenas à questão nutricional, mas também verificar se os momentos de alimentação são corretos e se promovem a autonomia e o processo de aprendizagem dos bebês.
Além disso, como as crianças costumam permanecer por longos períodos no berçário, muitas vezes realizando todas as refeições do dia, a presença de um profissional de nutrição é fundamental. Esse profissional elabora os cardápios para que atendam às necessidades nutricionais dos bebês, assegurando que todas as crianças recebam uma alimentação balanceada, além de ser responsável pela condição e qualidade higiênico-sanitária dos alimentos oferecidos.
No berçário, o nutricionista também deve orientar, as famílias e os responsáveis quanto às dificuldades ou necessidades na alimentação. Ele ajuda a pensar em alternativas para substituir certos alimentos se houver restrição alimentar, garantindo assim a necessidade nutricional da criança.
As famílias devem fornecer
essas informações prontamente, por escrito, assinadas pelo médico pediatra
responsável, para que possam ser seguidas corretamente pelo berçário. Essas
informações devem ser compartilhadas com todos os colaboradores e expostas por
escrito na cozinha e no refeitório.
Nutrição saudável é um ponto chave
A alimentação nessa faixa etária deve ser simples e natural, recomendando-se a oferta de frutas, legumes e verduras da safra, arroz e feijão, macarrão e proteínas animal e vegetal diariamente.
Temperos naturais e azeite
podem ser usados para incrementar as preparações e deve-se, ainda, evitar
alimentos industrializados, como macarrão instantâneo, nuggets, biscoitos e
iogurtes industrializados, que, apesar de muitas vezes serem vendidos como
saudáveis, podem trazer grandes prejuízos à saúde nesta faixa etária,
principalmente, se consumidos frequentemente.
Como deve ser feita a alimentação no berçário?
Levando em conta esse contexto, a introdução alimentar deve ser lenta e gradual, pois o paladar do bebê ainda está sendo moldado. É possível oferecer o mesmo alimento à criança até dez vezes antes de garantir que ela realmente não goste. É comum que os bebês não se adaptem a texturas ou sabores mais acentuados de alguns alimentos a princípio, mas aos poucos se acostumem. Explorar o visual, a temperatura e os sabores é a melhor opção para tornar o momento da refeição mais atrativo.
Oferecer alimentos conforme a etapa de desenvolvimento do bebê é um outro aspecto primordial. Aos seis meses, a alimentação deve ser bem pastosa, em pequenas quantidades e com atenção à deglutição adequada, introduzindo um alimento por vez. Para crianças um pouco maiores, os alimentos já podem ser apresentados em pedaços, permitindo um tempo maior para a degustação.
O ambiente da refeição também
pode influenciar a aceitação dos alimentos. O uso de telas ou o excesso de
pessoas ao redor podem interferir negativamente no interesse pelo alimento que
está sendo servido. Modificar a forma de apresentação dos alimentos também pode
ajudar e pode-se ainda variar o tempero. É importante avaliar também se, no
momento da refeição, o bebê não está com sono ou fome excessiva, o que pode
causar irritação e desmotivar a alimentação.
Como os pais podem apoiar esse processo?
A troca de informações sobre a alimentação dos bebês entre educadores e pais deve ser diária, independentemente da introdução de novos alimentos. Procurar manter os mesmos horários de refeição em casa e no berçário ajuda a estabelecer uma rotina alimentar, prevenindo a recusa.
Permitir que a criança explore o alimento com as mãos ou com a colher, conforme seu desenvolvimento, auxilia na criação de autonomia. As pessoas responsáveis pela alimentação devem ter paciência para aguardar o tempo necessário para a criança mastigar e engolir, garantir que ela esteja sentada de forma confortável e separar os alimentos no prato, em vez de misturá-los. Essas práticas podem contribuir significativamente para um melhor desenvolvimento alimentar.
Assim, a alimentação no berçário torna-se um processo colaborativo entre pais, educadores e nutricionistas. Quando realizada de maneira assertiva, essa parceria auxilia consideravelmente para o crescimento saudável de cada criança, contribuindo para um desenvolvimento harmonioso em diversas formas e gerando frutos positivos para o futuro.
Vânia de Almeida - Coordenadora
do Berçário na unidade de São Paulo e Márcia Juliane é Nutricionista da unidade
do Rio de Janeiro, ambas da Rede de Colégios Santa Marcelina, instituição que alia tradição à uma
proposta educacional sociointeracionista e alinhada às principais tendências do
mercado de educação.
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