Mais de 100 pecuaristas do Vale do Araguaia e Médio Norte Goiano angariaram R$ 320 mil que foram utilizados para o envio de 15 toneladas de carne de charque para pontos de urgência do Rio Grande do Sul.
“Fechamos uma carreta com 15 mil quilos de charque pelo fato de ser uma
proteína de qualidade e que não depende de refrigeração para ser conservada”,
explica Paulo Leonel, diretor do Grupo Adir, com propriedades em Ribeirão Preto
(SP) e Nova Crixás (GO).
A iniciativa que não se encerra só com essa primeira ação é dos grupos de
criadores “T@g”, capitaneado por Waldemir Alves da Silva e Amadeu Fagundes, e
“Unidos pela Pecuária”, liderado por Ery de Castro, Fernando Bernardino, Murilo
Caiado e Diego Faria. “Há outros produtores envolvidos também e a ideia é
seguir solidário”, adianta o pecuarista Luiz Humberto Guimarães.
Esta doação inicial saiu de sua origem na semana do dia 20 de maio e será
entregue nos postos de distribuição do Rio Grande do Sul. Para Leonel, quem
“cuida do Brasil, verdadeiramente, é quem cuida do seu povo no momento que ele
mais precisa”.
“Os gaúchos estão sem carne, porque não há pontos de fornecimento de energia
elétrica e isso não pode ficar assim”, reforça Leonel. São mais de 2,3 milhões
de pessoas afetadas pelas enchentes no estado gaúcho, sendo 72 mil acolhidas em
alojamentos improvisados como escolas, igrejas, clubes e outras instituições.
“Se não podemos cessar o sofrimento dessas pessoas, nossas ações podem amenizar
o flagelo e mobilizar outros doadores para contribuir”, acredita Luiz Humberto
Guimarães.
Os criadores de Goiás entendem que não se pode ficar de braços cruzados diante
da maior catástrofe já vivida no Brasil. “Então, como produzimos
alimento, e a maior dor provém da falta d’água e de comida, decidimos agir
cirurgicamente no fornecimento de carne”, explica Guimarães.
Segundo o produtor, é inadmissível o maior país exportador de alimentos ficar
preso a políticas e burocracias governamentais e não ser pontual e efetivo no
socorro às vítimas. “Muitos estão ajudando, mas as doações não chegam onde
deveriam. Então nós nos preocupamos, inclusive, com o destino final da carga”,
justifica.
Outro líder do movimento de apoio, Waldemir Alves da Silva, com propriedade em
Peixe (TO), porém morador de Porangatu (GO), pede que se mantenha a
mobilização, pois a reconstrução demandará meses e até anos.
“Há muita destruição na pecuária, na indústria e na prestação de serviços.
Milhares de pessoas estão sem alimento e sem trabalho remunerado, pois está
tudo dizimado. Vai levar tempo, muitos recursos e muita ajuda para voltar a um
estado de normalidade”, salienta Silva.
Certo é que um passo de cada vez deve ser dado. Primeiro, as ações para manter
as pessoas vivas, protegendo-as da sede, fome e frio. Depois, com as águas
voltando ao seu nível de base, todas elas poderão reconstruir suas vidas. “Mas
não estarão sozinhas”, conclui Silva.
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